O
TSF de Fátima
(Não resisti e fiz umas três ou quatro correções
no texto do e-mail para que ele possa ser melhor compreendido. Então
não é sic inteiro; é só meio sic.)
A Virgem Sagrada apareceu a três
crianças em 1917. Isto foi provado; uma das meninas, Lúcia (Irmã
Lúcia) viveu até 11 de fevereiro
de 2005 [na realidade,
13 de fevereiro
de 2005]. Era freira e vivia enclausurada em um convento na
Europa [mais exatamente em Portugal]. A Irmã Lúcia deu conhecer
a mensagem primeiramente ao Papa Pio XII que, ao terminar de lê-la,
estava tremendo, mas manteve isto em segredo e não a deu a conhecer.
No devido tempo também a leu o Papa João XXIII, que fez a mesma
coisa. Eles agiram daquele modo porque sabiam que, quando revelado, isto causaria
pânico mundial e desespero.
Agora,
com a morte da Irmã Lúcia, o segredo é revelado, não
para causar pânico, mas para que as pessoas tomem conhecimento e se
preparem.
A
Virgem contou a Lúcia: — 'Minha filha, eu digo
ao mundo o que acontecerá entre os anos 1950-2012. Os homens não
estão pondo em prática os Mandamentos que Nosso Pai nos deu.
O 'demônio' está dirigindo o mundo, semeando o ódio e
a discórdia em todos lugares. Os homens fabricaram armas mortais que
destruirão a Terra em minutos; a metade da humanidade será horrorosamente
destruída e a guerra começará. Contra Roma, haverá
conflitos entre ordens religiosas. Deus permitirá que todos os fenômenos
naturais, como a fumaça, o granizo, o frio, a água, o fogo,
as inundações, os terremotos, o tempo inclemente, os desastres
terríveis e os invernos extremamente frios acabem pouco a pouco com
a Terra. Estas coisas, de qualquer maneira, acontecerão antes do ano
2012.'
A
esses que não querem acreditar, agora é tempo, a Mãe
Sagrada Deles lhes fala:
'— Pratique atos de caridade
com seu próximo que necessita; os que não se amam uns aos outros
como meu Filho os tem amado, TODOS ESTES, NÃO SOBREVIVERÃO.
Eles quererão, quando for chegada a hora, ter morrido. Milhões
destes perderão a vida em segundos. A classe de castigos que está
à nossa frente, na Terra, é inimaginável e eles virão,
não tenham nenhuma dúvida. Nosso Senhor castigará duramente
os que não crêem Nele, os que o rejeitam e aqueles que não
tiveram tempo para Ele. Eu chamo a todos para que venham para meu Filho Jesus
Cristo. Deus é ajuda para o mundo, mas todo aquele que não der
testemunho de fidelidade e lealdade, este será destruído da
pior forma.'
A
Irmã Lúcia, que era monja de clausura, não podia sair,
nem receber visitas. O padre Agustín, que reside em Fátima,
afirma que o Papa Paulo VI lhe deu permissão para visitá-la.
Ele contou que ela o recebeu de coração partido e lhe falou:
'— Padre, Nossa Senhora está muito triste porque ninguém
se interessou pela profecia feita por ela em 1917; os bons têm que caminhar
por uma estreita estrada, enquanto os maus caminham por uma larga avenida,
que os levará diretamente à destruição; e acredite-me
Padre, o castigo virá muito em breve. Muitas almas podem perder-se
e muitas nações desaparecerão da face da Terra. Mas,
apesar de tudo isso, se os homens meditarem, rezarem e levarem a termo boas
ações, o mundo poderá ser salvo. Caso contrário,
se os homens insistirem em suas maldades, a Terra se perderá para sempre.
Já é chegado o tempo em que todos devem conhecer a verdade passada
por Maria, a mãe de Jesus e transmiti-la para os seus familiares, seus
amigos, para os amigos deles e ao mundo inteiro.'
'— Comecem a orar, a fazer penitência
e a sacrificarem-se. Nós estamos a um passo do último dia e
a catástrofe se aproxima. Devido a isso, muitos que estão afastados
se voltarão aos braços da Igreja Católica. Inglaterra,
Rússia, China, os protestantes e os judeus, todos regressarão,
adorarão e crerão em Deus, em seu Filho Jesus Cristo e em sua
mãe, a Santíssima Virgem Maria.'
Mas
o que nós devemos esperar?
'— Em todos lugares se fala de
paz e tranqüilidade, mas o castigo virá. Um homem que ocupa uma
posição muito elevada será assassinado e isto causará
a guerra. Uma armada poderosa caminhará através da Europa e
a guerra nuclear começará. Esta guerra destruirá tudo.
A escuridão cairá sobre nós durante 72 horas (três
dias). A terceira parte que sobreviverá a estas 72 horas de escuridão
e sacrifício começará a viver em uma era nova; serão
os eleitos (as pessoas boas). Em uma noite muito fria, 10 minutos antes da
meia-noite, um Grande terremoto sacudirá a Terra durante 8 (oito) horas.
Este será o Terceiro sinal de que Deus é quem governa a Terra.
Os bons, aqueles que propagarem esta mensagem — a profecia da virgem
de Fátima — não devem temer; não tenham nenhum
medo.'
'— O que fazer? Ajoelhe e peça
perdão a Deus. Não deixe a sua casa e não permita que
estranhos entrem nela, porque só o bom não estará em
poder do mal e sobreviverá à catástrofe. A fim de que
você possa se preparar e permanecer com vida, como meus filhos que são,
dar-lhe-eis os seguintes sinais: A noite será muito fria; soprarão
ventos fortes; haverá angústia e em pouco tempo começará
o terremoto e a Terra toda tremerá. Feche portas e janelas e não
fale com ninguém que não esteja em sua casa. Não olhe
para fora, não seja curioso, porque esta é a ira do Senhor.
Acenda velas benditas, porque, por três dias, nenhuma outra luz acenderá.
O movimento da Terra será tão violento que moverá a Terra
23 graus; depois ela regressará praticamente à sua posição
normal. Então, uma escuridão absoluta, total, cobrirá
a Terra inteira. Todo espírito maligno andará solto, fazendo
muito mal às almas que não quiseram escutar esta mensagem e
àqueles que não quiseram arrepender-se. Acendam as velas santificadas,
preparem um altar sagrado com um crucifixo para comunicar-se com Deus, e implorem
Sua infinita misericórdia. Tudo estará escuro e uma grande Cruz
Mística aparecerá no céu, lembrando o precioso preço
pago por Seu Filho pela nossa redenção. Na casa, a única
coisa que poderá dar luz serão as VELAS SANTIFICADAS de cera,
que uma vez acesas nada poderá apagá-las até que terminem
os três dias de escuridão. Tenham também Água Benta,
que aspergirão pela casa inteira, em especial nas portas e janelas.
O Senhor protegerá a propriedade dos eleitos. Ajoelhem-se diante da
cruz poderosa do Seu divino Filho, rezem o Rosário e depois que cada
Ave Maria digam o seguinte: - Oh Deus, perdoai nossos pecados, salvando-nos
do fogo do inferno e levai para o céu todas as almas, especialmente
as mais necessitadas de Tua misericórdia. Virgem Maria, protegei-nos.
Nós a amamos, salva-nos, salva o nosso mundo. Rezem 5 credos e o rosário
que é o segredo do coração imaculado De Maria. Aqueles
que acreditam nas minhas palavras, levem essas mensagens Aos demais: NÃO
DEVERÃO TEMER NADA NO GRANDE DIA DO SENHOR. Falem com Todas as almas
agora, enquanto ainda há tempo; os que permanecem calados agora serão
responsáveis por esse grande número de almas que se perderão
pela ignorância. Quando a Terra já não tremer, aqueles
que ainda não crerem em Nosso Senhor morrerão horrivelmente.
O vento trará gás e o espalhará por toda a parte. O Sol
não poderá ser visto. Pode ser que você viva depois desta
catástrofe. Não esqueça que o castigo de Deus é
Sagrado e que, uma vez começado, não devem olhar para fora,
por qualquer razão, já que Deus não quer que nenhum de
seus filhos veja quando castigar esses pecadores. Tudo isso está nas
Escritas Sagradas.'
Deve-se entender que Deus permite que
tudo isso aconteça para que se cumpram as escrituras. Espera-se outra
mensagem que falará de arrependimento e de oração. Lembre-se
sempre que Deus é infinitamente justo e bom e Sua a Palavra não
deve ser entendida como uma ameaça, mas como uma boa notícia.
A Irmã Lúcia, faleceu
em 11 de fevereiro de 2005. Desde os anos 20, dizia-se que essa profecia seria
cumprida após a morte dela.
REFLEXÕES
MÍSTICO-METAFÍSICAS
A
primeira observação que gostaria de fazer é que, relativamente
às aparições, elas se deram curiosamente em uma forma
graduada e hierárquica. Orlando Fedeli pondera e relata: Lúcia,
a mais velha das videntes – tinha 10 anos em 1917 – via Nossa
Senhora, ouvia o que Ela dizia e conversava com a Virgem Santíssima.
Jacinta Matos (1910-1920) via Nossa Senhora e ouvia suas palavras, mas não
falava nada. Francisco Matos (1908-1919) apenas via Nossa Senhora, mas não
ouvia o que Ela dizia e nem falava com a Virgem Maria (esta citação
foi editada). Preliminarmente, o que se pode especular dessa hierarquização
é que os três pastorinhos vibravam em níveis freqüenciais
distintos, naquilo que é conhecido como as aparições
de Nossa Senhora em Fátima. Mas, insatisfeito com essa especulação,
me pergunto: essa conclusão jerarquizável estará correta?
Foi realmente a Virgem Maria que lá apareceu? E mesmo que os três
pastorinhos vibrassem em níveis freqüenciais distintos, a Virgem
não poderia, por assim dizer, ter facilitado as coisas?
A
segunda observação é que o Papa João Paulo II
esperou quase 22 anos antes de liberar o TSF. A permissão
Papal se deu oficialmente, smj, em 26 de junho de 2000, acompanhada de um
documento explicando a interpretação eclesial do Vaticano sobre
o que a Virgem Maria teria dito aos três pequenos pastores portugueses
em aparições no ano de 1917. O texto original do TSF foi escrito em 1944 pela Irmã Maria Lúcia dos Santos.
|
O
Papa João Paulo II conversa com a Irmã Lúcia durante
uma visita a Portugal |
A
terceira é que a própria Monja Lúcia declarou, em um
certo momento, que, embora ela tivesse recebido a visão, não
lhe fora comunicada a interpretação dessa visão. Logo,
qualquer tradução religiosa ou laica que se queira dar para
o TSF poderá estar, em princípio, eivada de erros, pois uma
experiência pessoal, mística ou não, só poderá
ser interpretada (se puder ser interpretada) por quem passou por ela. Entretanto,
parece que em algum momento Lúcia passou a interpretar e/ou a transmitir,
segundo seu entendimento, o que a Virgem lhe segredava. Contudo, eu, realmente,
não sei bem como isso se deu, de que forma se deu e nem porque passou
a suceder. São os tais mistérios católicos nos quais
a Cúria sempre mete a sua colher intrometidiça. Quem sabe, um
pouquinho de marketing. Afinal, o Catolicismo vem geometricamente
perdendo fiéis para outras religiões, particularmente as evangélicas.
A
quarta vem das palavras do então Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa
Bento XVI: — Nenhum grande mistério foi divulgado; nem o
futuro foi revelado. Uma leitura cuidadosa do texto provavelmente causará
desapontamento ou surpresa depois de toda a especulação que
provocou. Continua Ratzinger: — A importância da liberdade
humana é ressaltada: o futuro não é um cenário
imutável e a visão de uma criança não é
uma previsão infalível do futuro, onde nada possa ser mudado
(grifo meu).
A
quinta diz respeito ao atentado contra João Paulo II, que ocorreu no
dia 13 de maio, data que coincide com uma das aparições da Virgem
aos pastores, ou seja, 13 de maio de 1917, na Cova da Iria, em Fátima.
(Tive a oportunidade de conhecer o sítio quando estive em Portugal.)
A
sexta, para concluir e não me encompridar demais, relaciona-se com
duas respostas que Irmã Lúcia deu em uma entrevista realizada
em março de 1988 e publicada na revista mensal católica portuguesa
Christus, editada em Lisboa: 1ª - O inferno é uma
realidade. É um fogo sobrenatural e não físico, e não
pode ser comparado ao fogo que arde, de madeira ou de carvão;
e 2ª - Continuem predicando sobre o inferno, porque Nosso Senhor
mesmo falou do inferno e está nas Sagradas Escrituras.
Bem,
como eu não sei exatamente por onde e como devo começar a examinar
este assunto. Vou fechar este arquivo e voltar a ele quando a inspiração
comandar as lucubrações que me impus a fazer sobre essa matéria.
Não posso simplesmente sair escrevendo o que a razão determina,
porque o assunto é um pouco mais complexo para depender apenas de uma
reflexão racional. Continuarei depois. Enquanto isso vou rever o que
já escrevi e procurar um fundo musical para este ensaio. (RJ, 23 de
maio de 2006.)
*
* * * * * * * * *
RJ,
24 de maio de 2006. Resolvi que não entraria no mérito das aparições
marianas de Fátima nem, tampouco, no conteúdo e na autenticidade
(conforme já havia decidido) dos escritos de Lúcia. Pelo menos
não o farei aprofundadamente. Discutirei nomeadamente o teor do
e-mail transcrito mais acima, pois ele anda circulando na WEB e atormentando
a cabeça de muita gente. Isso sim, penso que seja mais útil
e importante. Deixo ao leitor interessado na vida e na obra de Lúcia
a tarefa de pesquisar a coerência ou a incoerência e a autenticidade
ou inautenticidade dos seus relatos para chegar às suas próprias
conclusões. Penso que discutir o teor desse e-mail já
é mais do que suficiente, e o texto já está muito longo.
Paciência. Mas como até hoje não tive ânimo para
ler a Summa Theologica de Santo Tomás de Aquino, repito: paciência.
A
seguir, então, numerarei as observações que farei. Penso
que isto facilitará o acompanhamento das especulações
que se seguirão.
1
- Os papas anteriores a João
Paulo II não revelaram o TSF porque sabiam que, quando revelado,
isto causaria pânico mundial e desespero. Causaria? Não
vi qualquer pânico mundial quando o TSF foi revelado. Aliás e
indiscutivelmente, só entra em pânico aquele que desconhece quem
é, porque está aqui e para onde irá depois de morrer.
O próprio pânico é uma desordem psíquica que hoje
já pode ser tratada com terapia. De uma maneira geral, o pânico
assusta ou amedronta sem motivo determinado, podendo provocar uma reação
descontrolada de um indivíduo ou de um grupo. O vocábulo está
associado ao deus Pã, protetor dos rebanhos e dos pastores. Acreditava-se
que os ruídos que se ouviam nas montanhas e nos vales eram provocados
por esse deus (thórubos Panikós), que era cultuado
pelos atenienses por ter inspirado aos persas, durante as guerras médicas,
um tremendo terror ou pânico, o que não deixa de ser uma enorme
bobagem, porque é mesmo uma irreflexão imaginar que um deus
possa ter preferências. No Rio de Janeiro, as pessoas, realmente, têm
muito mais motivos para entrar em pânico, do que se descontrolarem por
causa dos catastrofismos relatados nesse e-mail que anda navegando
pela WEB. Salvo melhor juízo, penso que o pânico, em grande parte,
advém do medo que as pessoas têm em perder algo que, cosmicamente,
não pode (ou poderá) jamais ser perdido, porque para que algo
pudesse ser perdido teria que ser excluído do Universo, e isso é
uma impossibilidade. Agora, indubitavelmente, o pau já está
cantando e vai cantar muito mais. Pra valer. Sacaneamos tudo e todos e não
queremos que haja uma reação cósmica a esses desmandos?
Ora, não é necessário nenhum alerta espiritual para se
perceber isso, até porque se esses alertas dessem resultado o mundo
teria mudado depois dos eventos acontecidos em Fátima, ou depois de
outros muito mais significativos que ocorreram ao longo da história
da Humanidade. Os judeus, por exemplo, segundo a própria história
religiosa de seu povo, viram coisas do arco-da-velha. Pouco mudaram. O egoísmo
e a maldade não serão transformados por alertas; só uma
experiência transracional autêntica redirecionará o comportamento
humano. Mas, caramba! Quem não assistiu à trilogia de O
Poderoso Chafão? Enquanto Al Pacino (Dom Corleone filho) batizava
o sobrinho, sua caterva eliminava os concorrentes. No filme foi assim; na
vida real costuma ser assim. Portanto, não precisamos de Terceiros
Segredos para mudar; precisamos, sim, é de ter vergonha na cara e construir
o nosso Mestre-Deus Interior, porque é ele quem sobreviverá.
Repetindo: para que algo possa ser perdido, terá que ser
excluído do Universo, e isso é uma impossibilidade cósmica.
O inferno somos nós que construímos. Quando resolvermos demolir
esse inferno, e do entulho que restar construirmos o céu verdadeiro,
não entraremos mais em pânico e não teremos mais medo
de nada. E não nos (pre)ocuparemos mais com terceiros, quartos, quintos
ou milésimos segredos. Melhor: não daremos bola para segredos.
2
- O 'demônio' está
dirigindo o mundo, semeando o ódio e a discórdia em todos lugares.
Qual demônio ou quais demônios? Quem os criou? Certamente
que Deus não foi. Então, não temos que ter medo desses
demônios. Temos, sim, é que ter coragem para enfrentá-los
e para transmutá-los. Esse é o Trabalho Alquímico que
cabe a todos nós, religiosos ou não, místicos ou não.
Pedir a Deus que nos proteja ou que afaste esses demônios de nós
é mesmo um despropósito. Quem pariu esses demônios que
os dissolva. Se fomos nós que os construímos, e fomos, então,
a tarefa de desconstruí-los é nossa. Ponto final. Choramingar
não resolverá bulhufas.
3
- Deus permitirá que
todos os fenômenos naturais, como a fumaça, o granizo, o frio,
a água, o fogo, as inundações, os terremotos, o tempo
inclemente, os desastres terríveis e os invernos extremamente frios
acabem pouco a pouco com a Terra. E para que e por que Ele a criou?
Para destruí-La? Ora, precisamos acabar com essa infantilidade de acreditar
(porque alguém disse que é assim) que Deus criou... Que houve
uma criação a partir do nada... Que fomos criados por Deus...
Et cetera. Se alguém acredita que Deus criou o que quer que
seja, então é lícito, mas irracional, que creia também
que Ele é dono da sua criação, podendo fazer dela o que
bem quiser. Daí o sucesso que fazem os catastrofismos de vertente demonológica.
Agora, se admitirmos maduramente que o nada não pode gerar absolutamente
nada, porque nem esse nada existe como nada, o tudo e o todo que são
hoje sempre foram e sempre serão. Ex nihilo, nihil fit. [Do
nada, nada se faz]. Ou: De nihilo nihil. [Nada (vem) do nada]. Tudo
se move e tudo se transforma no perpétuo vir-a-ser cósmico.
Na Roma Antiga, em um certo sentido, as coisas eram muito piores. Morrer comido
por um leão deve ter sido muito mais dantesco do que morrer por uma
bala perdida ou evaporado por um artefato nuclear. Não estou
expressando aqui qualquer preferência. Muito pelo contrário.
Apenas estou refletindo que a maldade sempre existiu porque sempre teve sua
origem no próprio homem, e não em Deus ou nos demônios.
Ela apenas se sofisticou porque o homem se sofisticou. O que já está
acontecendo, e vai piorar, é apenas uma reação natural
(e desejável, por incrível que possa parecer) do Ser Terra,
que já lotou o pote de tanto ser desrespeitado. Os próprios
Espíritos-Grupo estão saturados de assistir a tantas dizimações
e a tantas devorações dos seus componentes. A água e
o ar já não suportam mais tanta poluição. Se se
somar (ou se se multiplicar, sei lá!) tudo isso que se conhece e se
sabe mais o que não se sabe e o que não se conhece de forma
objetiva, o resultado é uma potência incalculável de 'quilhões'
elevados a muitos 'zilhões' de produções medonho-desarmônicas.
A coisa é e acontece como ensina Max heindel no seu Conceito Rosacruz
do Cosmo (e Deus não tem nada com isso): O Caos não
é um estado que, tendo existido no passado, tenha desaparecido completamente.
É tudo o que atualmente nos rodeia. Não poderia haver progresso
se as formas velhas, que já prestaram toda a sua utilidade, não
se dissolvessem constantemente no Caos, e se este não desse origem,
também continuamente, a novas formas. A obra da evolução
cessaria e a estagnação impediria toda a possibilidade de desenvolvimento.
Isso é a Lei. Mas, com o nosso pérfido auxílio,
a coisa toda, como acabei de explicar, fica medonho-desarmônica, isto
é:
Para
encerrar este item, repito: Deus não tem nada com isso. A não
ser que se pense no Deus-dinheiro, no Deus-sobrevalia, no Deus-quadrilha,
no Deus-da-guerra, no Deus-mentira, no Deus-petróleo, no Deus-político-sem-vergonha,
no Deus-chupa-sangue, no Deus-que-só-é-Deus-quando-interessa-ser-Deus
etc.
4
- A
classe de castigos que está à nossa frente, na Terra, é
inimaginável e eles virão, não tenham nenhuma dúvida.
Nosso Senhor castigará duramente os que não crêem Nele,
os que o rejeitam e aqueles que não tiveram tempo para Ele.
Castigar? Isso é simplesmente revoltante. Não há castigo
no Cósmico. Há, sim, um permanente processo educativo. Já
cansei de expor isso e não acho que deva insistir nessa matéria.
Mas, me ocorreu um simples exemplo. Se um país qualquer sufoca, aperta
e explora o resto do mundo, chegará um dia que o resto do mundo não
terá mais como suportar ser sufocado, apertado ou explorado. E o que
acontece? Simples: pau que dá em João, acabará dando
em John. Por outro lado, mas decorrente do exemplo escolhido, subtraia progressivamente
proteínas e vitaminas da alimentação para ver o que acontece.
Carência de vitamina D produz raquitismo, doença típica
de crianças e de adolescentes subalimentados e que se caracteriza por
uma mineralização insuficiente dos ossos. O que Deus tem com
tudo isso? Se tem, por que permitiu que as criaturas por Ele criadas sejam
sufocadas,
apertadas, exploradas, subtraídas,
massacradas, assassinadas, torturadas, subalimentadas? Por
que permite a fome da África? Já
citei Epicuro de Samos – (341 a. C. - 270 a. C.), filósofo grego
do período helenístico –
em outros ensaios, mas penso ser conveniente citá-lo
novamente:
Ou
Deus quer impedir o mal e não pode, ou pode e não quer, ou
não pode e nem quer, ou quer e pode. Se quer e não pode, é
impotente. Se pode e não quer, é perverso. Se não pode
e nem quer, é impotente e perverso. Se quer e pode, por que não
o faz?
Não
custa nada, de passagem, recordar que a doutrina epicurista admitia
que o sumo bem reside no Prazer e, por isso, o pensamento de Epicuro foi diversas
vezes confundido com o hedonismo, ou mais exatamente com o prazer como estilo
de vida. O Prazer que sustentava Epicuro é o Prazer do sábio,
do místico, Prazer esse que deve ser entendido como quietude da mente
e domínio sobre as emoções.
Por
tudo isso, a afirmação seqüencial do e-mail apocalíptico
de que Deus é ajuda para o mundo, mas todo aquele que não
der testemunho de Fidelidade e lealdade, este será destruído
da pior forma, só pode encontrar guarida em mentes doentias
e apocaliptistas. Mas, ainda questionando: Deus é ajuda para
o mundo? Só se forem aqueles deuses que citei a pouquinho.
Vou, então, acrescentar mais um: o Deus-sexualidade-adulterada.
5
- ... se os homens insistirem
em suas maldades, a Terra se perderá para sempre. Esta é
uma ameaça que vem em seqüência. Um outro ângulo da
questão, é que nada tem valor se deixado de fazer por puro medo,
seja de Deus, da mãe, do pai, da polícia, da Receita Federal
etc. Recentemente publiquei um ensaio cujo título é
A
Questão Ambiental,
e eu o terminei discutindo os Imperativos kantianos, que transcrevo a seguir,
pois se adaptam como uma luva ao tema presente:
Imperativos
Hipotéticos
...
O que realmente importa (para todos,
mas particularmente para um místico) é que não podemos
viver ancorados em imperativos hipotéticos (imperativos que determinam
uma ação como meio para a obtenção de algo); a
vida só tem (ou terá) sentido espiritual e cósmico quando
for regida por juízos 'a priori' ou imperativos categóricos
[obrigação incondicional independente da nossa vontade ou dos
nossos desejos, ou seja: o imperativo categórico revela a universalidade
de uma lei à qual a máxima de uma ação deve ser
e deve estar conforme — o princípio subjetivo pelo qual é
determinado o agir (máxima) deve ser idêntico e irrefutável
ao princípio objetivo que determina(ria) o agir de qualquer ser racional].
Regra
de Vida para Kant:
O
céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim.
Imperativo
Categórico (É preciso porque é preciso):
Age
de tal modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre e ao mesmo
tempo como princípio de uma legislação universal. Isto
é: cumpre o teu dever incondicionalmente. Exemplo: 12 + 1 = 13. O 13
não está contido na idéia de 12 ou de 1; o resultado
ocorre independentemente de qualquer experiência e de modo irredutível
e absolutamente necessário, isto é: é uma legislação
universal.
Imperativo
Universal:
Age
como se a máxima de tua ação devesse se tornar, por tua
vontade, lei universal da Natureza.
Imperativo
Prático:
Age
de forma que reconheças a Humanidade, quer na tua pessoa como na de
qualquer outra, sempre e ao mesmo tempo como um fim, jamais meramente como
um simples meio.
Fórmula
da Autonomia:
Devemos
agir de forma que possamos pensar de nós próprios como leis
universais legislativas através das nossas máximas. Poderemos
pensar em nós como tais legisladores autônomos apenas se seguirmos
as nossas próprias leis.
Fica
evidente que Immanuel Kant (1724-1804) não pensou e nem se subordinou
a qualquer Deus para produzir essa máximas. Para que possamos apreciar
a obra kantiana (o que significa nos tornarmos independentes) é necessário,
de uma forma ou de outra, que nos livremos de todos os biblicismos e de todas
religiosidades fantasmagóricas que nos impuseram quando éramos
crianças. Pensando nisso, recentemente publiquei um texto que pode
ser examinado no endereço abaixo. O seu título é: Sanctum
Sanctorum (Um Experimento Místico de Criação Mental).
http://paxprofundis.org/livros/sanctum/sanctorum.htm
6
- Um homem que ocupa uma posição
muito elevada será assassinado e isto causará a guerra. Uma
armada poderosa caminhará através da Europa e a guerra nuclear
começará. Esta guerra destruirá tudo. A escuridão
cairá sobre nós durante 72 horas (três dias). A terceira
parte que sobreviverá a estas 72 horas de escuridão e sacrifício
começará a viver em uma era nova; serão os eleitos (as
pessoas boas). Em uma noite muito fria, 10 minutos antes da meia-noite, um
Grande terremoto sacudirá a Terra durante 8 (oito) horas. Este será
o Terceiro sinal de que Deus é quem governa a Terra. Os bons, aqueles
que propagarem esta mensagem — a profecia da virgem de Fátima
— não devem temer; não tenham nenhum medo. Fico
todo arrepiado quando me vêm com essa estorinha muito mal explicada
de povo eleito, povo de Deus, escolhidos do Senhor etc. Por que Deus, se fosse
o caso, fabricaria uns para serem eleitos ou escolhidos, e fabricaria outros
para arderem no fogo mais abrasador? Teria Ele fabricado os eleitos e os escolhidos
com a mão direita e os condenados ao suplício com a mão
esquerda? Eu, como não professo nenhuma dessas religiões, muito
provavelmente, segundo seus confrades, devo ter sido fabricado com a mão
esquerda. Segundo eles, sou um pobre 'desescolhido'. Já me
disseram até que eu sou um caso perdido e que o inferno está
a minha espera. Mas, enfim, é terremoto ou é guerra nuclear?
Não. Não existe castigo. Não existe punição.
Já disse isso mil vezes e direi mais mil se preciso for. O desquilíbrio
mundial, particularmente aquele provocado pela disversas formas de mais-valias
(no Liberalismo, a mais-valia é o aumento do valor de um bem ou de
uma renda após a sua avaliação ou aquisição,
em virtude de fatores econômicos que independem de qualquer transformação
intrínseca desse bem ou dessa renda; na teoria marxista, a mais-valia
é o lucro retido pelo capitalista resultante da diferença entre
o que ele paga pela mão-de-obra e o valor que ele cobra pela mercadoria
produzida por essa força de trabalho, ou seja, fração
do trabalho não paga) é que vai, sim, se incumbir de estimular
os ajustes necessários para que esta Nova Era Mental seja mais concertada
e mais harmônica, e, conseqüentemente, mais justa. Mas, farei uma
concessão: se chegarmos a uma guerra nuclear... fazer o quê?
Não usamos a tecnologia nuclear para fabricar bombas nucleares ao invés
de multiplicar as bombas de cobalto existentes? A bomba de cobalto, como é
conhecida no meio radioterápico, produz radiação ionizante
através do decaimento radioativo do radioisótopo Cobalto-60.
A energia produzida é indicada para tratar lesões cancerígenas
em profundidade. A primeira bomba de cobalto foi construída no Canadá
por uma equipe liderada por Ivan Smith e Roy Errington, tendo sido utilizada
em um paciente em 27 de outubro de 1951. Mas, preferências não
se discute. Há quem prefira fabricar bombas nucleares. Pior são
os que apóiam essas preferências. E Deus? O que Ele tem com isso?
7
- O fragmento que se seguirá
é diabólico. A
noite será muito fria; soprarão ventos fortes; haverá
angústia e em pouco tempo começará o terremoto e a Terra
toda tremerá. Feche portas e janelas e não fale com ninguém
que não esteja em sua casa. Não olhe para fora, não seja
curioso, porque esta é a ira do Senhor. Acenda velas benditas, porque,
por três dias, nenhuma outra luz acenderá. O movimento da Terra
será tão violento que moverá a Terra 23 graus; depois
ela regressará praticamente à sua posição normal.
Então, uma escuridão absoluta, total, cobrirá a Terra
inteira. Todo espírito maligno andará solto, fazendo muito mal
às almas que não quiseram escutar esta mensagem e àqueles
que não quiseram arrepender-se. Acendam as velas santificadas, preparem
um altar sagrado com um crucifixo para comunicar-se com Deus, e implorem Sua
infinita misericórdia. Tudo estará escuro e uma grande Cruz
Mística aparecerá no céu, lembrando o precioso preço
pago por Seu Filho pela nossa redenção. Na casa, a única
coisa que poderá dar luz serão as VELAS SANTIFICADAS de cera,
que uma vez acesas nada poderá apagá-las até que terminem
os três dias de escuridão. Tenham também Água Benta,
que aspergirão pela casa inteira, em especial nas portas e janelas.
O Senhor protegerá a propriedade dos eleitos. Ajoelhem-se diante da
cruz poderosa do Seu divino Filho, rezem o Rosário e depois que cada
Ave Maria digam o seguinte: - Oh Deus, perdoai nossos pecados, salvando-nos
do fogo do inferno e levai para o céu todas as almas, especialmente
as mais necessitadas de Tua misericórdia. Mas,
caramba, o que dizer dessa peça de horror? Será uma reprodução
de passagens bíblicas caóticas adaptadas sem criatividade alguma?
Acender velas benditas? O que são velas benditas? Por
que o movimento da Terra será tão violento que a moverá
em 23 graus? Por que não 5, 7 13, 17, 22, 27, 33, 40 ou 72? Esses números
também servem. E todos
têm um significado cabalístico importante. Mas, o número
23 foi bem escolhido pelo profeta do caos que escreveu esse
e-mail; a soma dos seus algarismos é igual a 5 (2 + 3), e
cinco pode representar (quem
sabe?) a estrela de cinco pontas invertida. Bem
demoníaca a idéia! Mas, sob que milagre ou sob a ação
de que lei física Ela, a Terra, regressará, depois, praticamente
à sua posição normal? A Terra é a Terra, não
é uma concertina. Por
que preparar um altar sagrado com um crucifixo para se comunicar com Deus?
Por que implorar Sua infinita misericórdia? E se o indivíduo
não tiver um crucifixo
disponível? E se todos os crucifixos
tiverem acabado porque todo mundo saiu correndo para comprar? Por que implorar
a infinita misericórdia de Deus? Ora, convenhamos. Tudo isso é
um 'religiosismo' sem pé nem cabeça, e não fica
nada a dever a qualquer mandingaria que na Idade Média dava fogueira.
Mas, o que é curioso é que na Idade
Média
a Inquisição cuidava direitinho daqueles que ela achava que
eram feiticeiros ou apóstatas. Hoje, a Igreja faz vistas grossas para
esses bruxedos internetianos. Acho até que, no fundo, ela gosta e veladamente
incentiva, porque o medo arrebanha os perdidos e os esquecidos da fé,
e os conduz de volta ao aconchego salvífico eclesial. Mais óbolos!
Isso tudo é mesmo um grande negócio, um verdadeiro e rentável
negócio das arábias. Melhor do que petróleo, que está
acabando. E fé estúpida dificilmente acaba. Por que, ainda,
rezar o Rosário? Nessa linha, cabe inquirir: o Terço não
bastaria? E, para concluir,
por que Deus levaria para o céu, especialmente, as almas mais
necessitadas de Sua misericórdia? Esse especialmente
cheira a privilégio no pior sentido. Um Deus que privilegiasse nesse
sentido estaria em declínio e acabaria deixando de ser Deus. Se tivesse
dignidade, pediria demissão do cargo. Será que as pessoas não
pensam nisso? Isso é por demais elementar para que alguém possa
admitir que qualquer Deus (A, B, C ou D) possa fazer esse tipo de escolha.
Ou será que o foguete da salvação poderá lotar?
Não é tanta gente assim, mas há os arrependidos de última
hora. Isso é que poderá complicar a escrita e congestionar o
embarque. Ora bolas! Eu não aceito nada disso. Isso tudo, para mim,
é puro preconceito. É aquela estória que já comentei
um pouco mais atrás: povo escolhido, povo de Deus etc. Tenho a mais
convicta certeza de que na cabeça desses malucos, homossexuais, prostitutas,
larápios e outros quetiliquês não arrumarão passagens
no foguete
da salvação. Nem no black.
8
- Não esqueça
que o castigo de Deus é Sagrado... Continuarei a insistir,
porque é educativo, que se alguém acredita na existência
de um Deus criador – e é inteiramente livre para isso –
deveria ponderar que esse mesmo Deus não poderia ter criado os entes
do Universo para que eles, por igorância, viessem a ser punidos, castigados,
calcinados, 'terremotizados' etc. Não há nada de sagrado
em castigar, e a idéia de um Deus-criador não combina com a
insanidade de um Deus-punidor! Pelo contrário, é o ato mais
antipedagógico que pode existir. E Deus, concedendo que Ele seja da
forma como muitos imaginam – então, vou admitir, Pedagogo dos
pedagogos – não poderia desejar assegurar a adaptação
educativo-encarnacionista do conteúdo informativo-religioso dos indivíduos
que Ele criou e que deseja que a Ele retornem salvos e transformados, na base
da palmatória e do joelho no milho. Nem quando eu acreditava em Deus,
porque me obrigaram bondosamente a isso, pensei nesse Deus como odiento ou
vingativo. O Deus da minha infância e da minha adolescência era
uma tríade composta de um só Deus: Deus-compaixão, Deus-bondade
e Deus-amor. Nada mais. Por isso, nunca consegui visualizar direito o inferno
católico.
9
- Tudo isso está nas
Escritas Sagradas... Primeiro: tudo nunca esteve, não está
e jamais poderá estar em qualquer escritura sagrada. O que é
o sagrado? Sagrado não é o que está em um livro. Sagrado
não é... O Sagrado está apenas e tão-somente dentro
de nós. Podemos sacralizar um espaço qualquer? Simbolicamente,
sim. Essa sacralização é efetivada pela nossa conduta
mental e objetiva, porque se estivermos no lugar mais santo que se possa imaginar
com atitudes e/ou pensamentos pecaminosos, para nós esse local será
o inferno na Terra. Segundo: a Bíblia foi não só amputada
como profundamente adulterada ao longo dos séculos. Muito do que se
poderia denominar ou considerar sagrado nesse Livro foi profundamente profanado,
substituído e adulterado. Seria interessante examinar o porquê
de o número 666
ser considerado esotericamente o número do homem, e por que ele é
equivalente aos números 8 e 36. O que é certo e sem falsidade
é que esse número precisa ser transmutado em 999. E essa é
uma tarefa que só cabe a nós. Deus não tem nada com isso.
10
- O que fazer? Ajoelhe e peça
perdão a Deus. Perdoar? Bem, com todo o respeito: eu não
quero ser perdoado de nada. Quero, sim, compreender onde errei e porque errei.
Quero aprender. Quero vir-a-ter melhor compreensão para poder
deixar de ser rodolfo, e poder, apenas pelo meu esforço e pelo meu
mérito, um dia poder ser Rodolfo. Não apenas para saber para
mim; isso seria um supremo egoísmo e incompatível com aquilo
que tenho para mim que seja o Svmmvm Bonvm, mas para esparramar o
que possa e deva ser esparramado. Então, se esse Deus, de que tanto
falam, é também um Deus-perdoador, Ele que me desculpe e não
se zangue, mas não quero o Seu divino perdão. Perdoar –
eu já disse isso alguma vez em algum lugar – é um tolo
ato de onipotência. E se o Deus-onipotente acreditado tem a faculdade
de perdoar e a usa, está sendo permissivo e um péssimo elevado
a péssimo exemplo para os seus piedosos devotos. Polidamente se deve
pedir desculpas, e social e fraternalmente se deve desculpar, mas, iniciaticamente,
só há um caminho: a compreensão. Morrer e ir um burro
perdoado para o céu eu não quero. Essa eu passo. Volto a esta
Terra quantas vezes forem necessárias para aprender tudo aquilo que
aqui deva ser aprendido, e que é impossível de ser introjetado
em uma única visita. Porém, quando eu escrevi logo acima que
polidamente se deve pedir desculpas, exagerei um pouco; quando alguém
reconhece que cometeu uma desproporção e se arrepende sinceramente,
deve pedir desculpas. Com o coração contrito, senão não
vale nada. Agora, deve se esforçar para compreender o descompasso cometido,
porque, do contrário, vai fazer de novo. Quando eu era garoto, terrível,
por sinal, cansei de me confessar e de comungar domingo de manhã, e
domindo à tarde já estava fazendo as mesmas rodolfices de novo.
Ficava meio envergonhado, mas fazia. Muita gente ficou sem leite de manhã
porque eu furtava as garrafas da porta das casas por pura molecagem. Eu nem
gostava lá muito de leite. Bom mesmo era a sensação infanto-juvenil
de furtar a garrafa de leite e sair correndo. Hoje, claro, não furto
nada, muito pelo contrário. Acho que, em certa medida, fui meio parecido
com Santo Agostino, que, segundo consta, teria dito: Senhor, dai-me a
castidade, mas não agora! Eu fiquei casto, porque me considero
casto, meio burro velho. Mas fiquei.
11
- Este trabalho está muito longo.
Vou
escolher mais uma incoerência para poder concluí-lo. Está
no e-mail: Deve-se entender que Deus permite que tudo isso
aconteça para que se cumpram as escrituras. Ora, permitir
que o mundo rache ao meio e que 'zilhões' de pessoas morram
só para que se cumpram as escrituras? Desisti de comentar
essa toleima e vou parar por aqui. Isso não merece qualquer análise,
como, de fato, esse e-mail enxofrento também não merecia.
Mas, penso que não joguei fora o labor dos meus neurônios. Alguma
coisa deve prestar neste ensaio. Enfim...
DIÁRIO
ATEÍSTA
Domingo, Janeiro 29, 2006
Antes
de concluir, farei um parêntese necessário.
A
matéria abaixo transcrita está assinada por Carlos Esperança.
Não discutirei o seu conteúdo, mas admito francamente que se
o tema desenvolvido pelo autor não se aplicar à Lúcia,
como penso que não se aplique no todo, aplicar-se-á, certamente,
a muitos religiosos marca Roskopf e a diversos falsos místicos que
meteram os pés pelas mãos ao longo de seus passeios mirabolantes
a castelos quiméricos que nada têm de mirabile dictu ou de
mirabile visu. Estou, entretanto, de acordo com o autor quando se insurge
contra a clausura
perpétua. Admito que, em um dado momento, alguém
deva ou precise se isolar por um motivo definido. O próprio tempo do
isolamento depende da necessidade e da finalidade do aprendizado e da missão
a ser desempenhada. Poderá durar um pouco mais ou um pouco menos. Este
foi, por exemplo, o caso de Helena Petrovna Blavatsky, que passou sete ou
mais anos internada em mosteiros
no Tibete. A Voz do Silêncio e A Doutrina Secreta derivaram,
em grande parte, desse aprendizado. Certa vez, ela declarou: — Sou
budista até as pontas de meus dedos, e isso tenho dito durante anos.
Se se prestar atenção ao que disse em certa ocasião
o seu colaborador H. S. Olcott, talvez se compreenda a declaração
de Helena. Escreveu Olcott:
Ser um budista regular é uma coisa, e ser um corrompido sectário
budista moderno é muito outra. Parafrasearei essa citação
nas conclusões. Seguindo. O fato é que, completada a aprendizagem,
o Místico volta ao Mundo para
difundir e partilhar o que aprendeu. De uma maneira geral (porque há
exceções), penso que um enclausuramento perpétuo
(religioso ou místico) é uma forma patológica de egoísmo.
Mas insisto: há
exceções.
Irmã
Lúcia (sic)
(Carlos
Esperança)
http://www.ateismo.net/diario/2006/01/irm-lcia.php
Quando a 11 de Fevereiro de 2005
[na realidade, 13 de
fevereiro de 2005] faleceu
Lúcia, a mais antiga sequestrada do mundo, condenada a clausura perpétua,
acabou-se o sofrimento e a solidão a que a condenaram.
Não
foi a única a quem, no primeiro quartel do século XX, a fome,
instrução rudimentar e fanatismo religioso deram volta à
cabeça e a levaram a ter visões. Os mais agressivos acabaram
no Sobral Cid e no Hospital do Lorvão, duas unidades criadas para os
doentes psiquiátricos da zona centro do país.
Quando
os pacientes eram dóceis e crentes e os delírios apenas mostravam
o Inferno e as almas que o habitavam, particularmente o administrador de concelho
de Ourém, que desprezava a missa e os sacramentos, eram destinados
à vida monástica.
Lúcia
teve o azar de não encontrar um médico e tropeçar nos
padres; de não precisar de calmantes e bastar-lhe o terço como
redutor da ansiedade; de lhe recusarem os pingos e internarem-na. Assim, passou
a vida, mortificada pela fé, a jogar às adivinhas com o fim
da guerra, o mau feitio do divino e o tiro na batina de um Papa vindouro.
Pobre
mulher que sofreu cárcere privado sem que uma assistente social lhe
valesse, sem que um juiz indagasse da situação a que a submeteram,
sem que alguém lhe aliviasse as dores do corpo e lhe curasse a tristeza
da alma.
Se
Deus existisse não seria tão cruel que submetesse uma pastora,
habituada às cabras e às mentiras para divertir os primos, a
tão cruel calvário. O rapto, sequestro e lavagem ao cérebro
a que foi submetida a pobre criança é um crime sem perdão,
uma crueldade de que só o clero é capaz.
CONCLUSÕES
Como
devo concluir este trabalho?
Realmente
não me incomoda ou me preocupa se Irmã Lúcia viu ou se
não viu e se falou ou se não falou com a Virgem. Isso é
irrelevante. As experiências místicas e religiosas, autênticas
ou não, em princípio, só interessam a quem passou por
elas. Quando são comunicadas, quem deve chegar a uma conclusão
sobre a veracidade ou falsidade das informações é quem
as lê ou quem as ouve. Mas, antes que me esqueça, vou reproduzir
o que disse o Papa Bento XVI, na época Cardeal Joseph Ratzinger: —
Nenhum grande mistério foi divulgado; nem o futuro foi revelado.
Uma leitura cuidadosa do texto provavelmente causará desapontamento
ou surpresa depois de toda a especulação que provocou. A importância
da liberdade humana é ressaltada: o futuro não é um cenário
imutável e a visão de uma criança não
é uma previsão infalível do futuro, onde
nada possa ser mudado. (Grifo meu). Isso dá a entender que a Alta
Administração da Igreja Católica não dá
muito crédito ou valor ao que aconteceu em Fátima naquele 1917.
No fundo, sabem que um tipo de histeria coletiva não pode ser descartado.
Fé demais é um perigo; fé de menos, outro perigo. Fé
nenhuma...
O
que é curioso é como as coisa se repetem. Quando
comecei as Reflexões Místico-Metafísicas sobre o e-mail
recebido (que tem como pano de fundo o TSF de Fátima), a quinta
observação que fiz foi referente ao atentado contra João
Paulo II, que ocorreu no dia 13 de maio, data que coincide com uma das aparições
da Virgem aos pastores, ou seja, 13 de maio de 1917, na Cova da Iria, em Fátima.
Quando digo que é curioso como as coisa se repetem, na verdade, não
há nada de curioso. Se alguém se envolve emocionalmente com
o que quer que seja acaba fabricando mentalmente certas condições
que poderão se repetir, seja em sentido direto, seja em sentido inverso.
Vira-e-mexe aparece um religioso com as chagas de Jesus. Então, as
coisas faladas e divulgadas têm um poder oculto avassalador, pois são
matérias-primas para que se produzam formas-pensamentos as mais diversas.
Não foi por acaso, em nenhum sentido, que o papa João Paulo
II quase foi assassinado em um dia 13 do mês de maio. Precisamos ter
cuidado com o que falamos e com o que divulgamos, mas, principalmente com
o que pensamos. Então, não fui inteiramente coerente quando,
ao iniciar estas conclusões, disse que não me incomoda ou me
preocupa se Irmã Lúcia viu ou se não viu e se falou ou
se não falou com a Virgem. É irrelevante, sim, para mim, como
gostaria que fosse para todos; mas, para muitos católicos não
é. Se ela não tivesse divulgado o que viu e o que ouviu teria
feito um trabalho mais sadio para grande parte da Humanidade. Mas, como ela
entendeu que recebeu uma ordem direta para divulgar o que ouviu da Virgem,
o que hoje se assiste é uma paranóia em torno do assunto. Acho
que ela morreu sem se dar conta do imbróglio que provocou.
Antes
de concluir, vou fazer uma observação muito interessante. Irmã
Lúcia viveu e morreu acreditando que o inferno é uma realidade.
Viveu e morreu crendo piamente que o inferno é um fogo sobrenatural
e não físico, e não pode ser comparado ao fogo que arde,
de madeira ou de carvão. E recomendou: Continuem predicando
sobre o inferno, porque Nosso Senhor mesmo falou do inferno e está
nas Sagradas Escrituras. Ora, fico no direito de especular: se as visões
que Lúcia teve foram mesmo da Virgem Maria, por que Maria não
disse à ela que o inferno está dentro de nós? Por que
nunca apaziguou aquela alma devota quanto a esse tórrido e tormentoso
lugar? Tórrido e tormentoso, mas inexistente. Ou será que...
Para
concluir, vou parafrasear H. S.
Olcott: Ser
um católico sincero é uma coisa; ser um corrompido sectário
católico contemporâneo é inteiramente outra.
E
para concluir definitivamente vou citar Fernando Pessoa (No Túmulo
de Christian Rosenkreutz):
Deus
é o Homem de outro Deus maior:
Adam
Supremo, também teve Queda;
Também,
como foi nosso Criador,
Foi
criado, e a Verdade lhe morreu…
De
além o Abismo, Sprito
Seu, Lha veda;
Aquém
não a há no Mundo, Corpo Seu.
Rio
de Janeiro, 1º de junho de 2006.
Páginas WEB e Websites
consultados:
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documentsf
/rc_con_cfaith_doc_20000626_message-fatima_po.html
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas
&subsecao=igreja&artigo=vaticanonaopublicou&lang=bra
http://www.apocalipse.org.br/noticias/3segredo.htm
http://www.ecclesia.pt/fatima/cronologia.htm
http://www.btinternet.com/%7Efireballxl5/light/
http://old.fatima.org/port/pseers.html
http://www.karmel.pl/lucja/
http://www.marypages.com/fatima.htm
http://www.corazones.org/maria/fatima/lucia.htm
http://de.wikipedia.org/wiki/Lucia_dos_Santos
http://www.xl.pt/correiomanha/microsites/cd_lucia/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Epicuro
http://www.irwam.com.br/servicos.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cobalto
Música
de fundo:
I
Honestly Love You (Peter Allen & Jeff Barry)
Fonte:
http://www.pendragon-ent.com/bobmidi/themusic.htm
objetivo desta pesquisa é especular reflexivamente, ainda que de forma
limitada, sobre aquilo que é conhecido como o Terceiro Segredo de Fátima
(TSF). Não de maneira particular ou específica sobre o TSF em
si, mas, direcionadamente, sobre o que anda sendo desconexamente divulgado
na WEB sobre ele. Estou convencido de que ameaçar as pessoas com a
iminência de riscos e perigos catastróficos, individuais ou coletivos,
não leva a lugar algum, e, se levar, levará apenas a paranóias
e/ou a comportamentos hipotéticos que só redundarão em
malefícios. Não surde nenhum benefício em meter medo
a alguém. Não
resulta em nenhum proveito para a Humanidade inquietar
as pessoas com a possibilidade iminente de riscos e de perigos irremediáveis,
terminais e apocalípticos. Tudo isso, em grande medida, porque o Livro
da Revelação sempre foi muito mal compreendido, e há
um forte interesse em que continue pessimamente compreendido.
