Embora
os Irmãos [da
Rosacruz] possuam as medicinas
mais eficazes do mundo, não se vangloriam disso, antes o escondem;
talvez os seus pós contenham cinábrio ou alguma outra matéria
ligeiríssima, mas produzem seguramente mais efeito do que se pode
imaginar. Possuem a 'Phalaia' bem como a 'Asa de Basílio', o 'Nepenthes'
que afasta as mágoas e pesares de Homero e do Trimegisto, o ungüento
de ouro, a fonte de Júpiter Hammon, que é quente de noite,
fria ao meio-dia, e tépida ao nascer e ao pôr do Sol. Desdenham
lucros e proveitos e não são seduzidos por altos cargos nem
por honrarias; nem desejam de nenhum modo evidenciar-se […];
submetem-se tranqüilamente à proteção divina,
não se exibem nem se escondem, mas exercem a sua atividade em silêncio.
Os
verdadeiros anjos estão cantando (como declaram as Sagradas Escrituras);
os céus estão cantando, como Pitágoras confirma; e
eles proclamam a glória de Deus, como reporta o salmista; as musas
e Apolo estão cantando; os pássaros, os carneiros e os gansos
estão cantando em seus instrumentos musicais do mesmo modo que nós,
também, cantamos e tocamos música, e não o fazemos
sem razão.
O
Lar dos Irmãos Rosacruzes se localiza no Helicón ou Parnaso,
onde 'Pegasos', o Cavalo Alado [de
Perseu], faz surgir fontes com
simples golpes de suas patas contra a Terra.
O
Conhecimento do oculto auxilia o homem inteligente e confunde ainda mais
o idiota. [Em
Les Douze Clefs de la Philosophie, de Basilius Valentinus (Alquimista
do século XV), obra traduzida e comentada por Eugène Canseliet
(1899 – 1982), a Primeira Chave ensina: Assim,
pois, se vais trabalhar com os nossos corpos, toma o lobo cinzento muito
ávido que, pelo exame do seu nome, está sujeito ao belicoso
Marte, mas, pela sua raça de nascença, é filho do velho
Saturno, e que, nos vales e nas montanhas do mundo, é presa da fome
mais violenta. Deita-lhe o corpo do Rei, a fim de que dele receba o seu
sustento e, logo que tenha devorado o Rei, faz um fogo forte e deita-lhe
o lobo para o consumir inteiramente; então, o Rei será libertado.
Quando isso se fizer três vezes, o Leão triunfará do
Lobo e não encontrará mais nada que comer nele. E, assim,
o nosso corpo ficará pronto para o começo da nossa Obra.]
Faz
um fogo forte...
Les Douze Clefs de la Philosophie
Primeira
Chave
O
Sol precisa da Lua como o galo precisa da galinha.
Do
homem e da mulher faze um círculo, e deste um quadrado, em seguida
um triângulo, e ainda um outro círculo, e terás a Pedra
Filosofal. [E
o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (Kesswil, 26 de julho
de 1875 – Küsnacht, 6 de junho de 1961) sentenciou: Em
alguma parte, alguma vez, houve uma Flor, uma Pedra, um Cristal; uma Rainha,
um Rei, um Palácio; um Amado e uma Amada, há muito tempo,
no Mar, numa Ilha, há cinco mil anos... É o Amor, é
a Flor Mística da Alma, é o Centro, é o Si–Mesmo...]1
Atalanta
Fugiens (ilustração 21)
Na
Alquimia, há uma certa substância nobre –
o 'Lapis'. Em seu começo, reina a aflição com o vinagre,
mas em seu fim reina a felicidade com alegria. Assim, supus que o mesmo
aconteceria comigo; que, primeiro, sofreria dificuldades, tristeza e desgosto,
mas que, finalmente, todas as coisas seriam alegres e mais fáceis.
Quem
quer que deseje entrar no Jardim-das-Rosas Filosofal sem a Chave é
como um homem que queira andar sem ter pés.
Se
alguém retirar o Rei do mar vermelho, deve ter cuidado para que não
perca a coroa, pois com suas pedras podem-se curar as enfermidades. Em seguida,
deve-se mantê-lo em um banho de vapor, para que perca a água
que engoliu, e depois casá-lo para que gere um filho real.
O
vento transporta-a no seu ventre... O nascimento da Pedra Filosofal ocorre
no Ar.
A Terra é a sua ama... A Água
Mercurial alimenta-o.
A
matéria-prima para o 'Lapis' encontra-se em toda
parte; dentro da Terra, no cimo dos montes, no ar e na água nutriente.
[E,
como não poderia deixar de ser, em nossos Corações.]
O
Sol e a sua sombra completam a Obra. O Sol Filosófico gera, através
do seu esplendor e das suas sombras, um dia e uma noite uniformes, a que
se pode dar o nome de Latona ou Magnésia. Demócrito ensinou
a extinguir e a incinerar a sua sombra com uma poção ardente.
Atalanta
Fugiens (ilustração 45)
A
Pedra que Saturno devorou [início
da Obra: fase negra da Putrefação],
vomitou, em vez de Júpiter, o seu filho, e está colocada no
Monte Helicon como uma advertência para o Homem.
No
mar, o Rei nada e clama em alta voz: aquele que me apanhar e me salvar dar-lhe-ei
uma Grande Recompensa. [Ora,
aqui, claramente, estão simbolicamente gravados o chamamento e a
advertência de que precisamos e devemos desembargar nosso Deus Interior
do lamaçal em que foi enfiado. Por nós. E qual é a
Grande
Recompensa: a Liberdade-Compreensão.]
Atalanta
Fugiens (ilustração 31)
Uma
quádrupla esfera de Fogo rege esta Obra... A de baixo é de
Vulcano; a segunda mostra Mercúrio; a terceira é da Lua; e
no cimo ergue-se o Sol, que é o Fogo da Natureza. Deixa que esta
cadeia seja o teu guia e que oriente as tuas mãos nesta Arte.
Atalanta
Fugiens (ilustração 17)
Eu
sou o Negro do Branco e o Vermelho do Branco e o Amarelo do Vermelho; eu
sou o Arauto da Verdade e não minto. [No
Rosarium Philosophorum está escrito: Saibam
que o cume da Arte é o corvo, que voa sem asas nas trevas da noite
e na santidade do dia.]
O
Mercúrio é o Rei de todas as coisas terrestres.
Repara
em uma mulher e aprende como ela lava a roupa branca; deita água
quente e mistura com cinzas. Imita-a, e tudo correrá bem, porque
a água lava e deixa limpo o corpo tão negro... Do mesmo modo
que a mulher prepara o peixe, o ferve lentamente e o cozinha na própria
água, o Artista também trata a sua Matéria na sua própria
Água, que é mais forte do que o mais forte dos vinagres. O
Artista destrói-A, amolece-A, dissolve-A e coagula-A, e tudo isto
no Vaso bem selado de Hermes.
Hermes
escreveu: O dragão só morrerá quando for morto, ao
mesmo tempo, pelo seu irmão e pela sua irmã. Não apenas
por um, mas por ambos e ao mesmo tempo, ou seja, pelo Sol e pela Lua...
O dragão representa o Mercúrio, seja estável, seja
volátil.
O
Andrógino nasce de duas montanhas: de Mercúrio
(Hermes) e de Vênus (Afrodite).
Atalanta
Fugiens (ilustração 38)
Deixa
que a Natureza sempre seja o teu guia... Toma o lato2
branco e rasga os teus livros, se não queres que o teu Coração
seja despedaçado.
Não
estamos, todos nós, aqui embaixo, em Peregrinação a
caminho da Terra onde o Cristo Redentor nos precedeu? O próprio Febo,3
o magnífico Deus do Sol, percorre os céus, dia após
dia. O coração do homem bate e pulsa no seu peito desde a
primeira hora de vida até a última... O mercador atravessa
terras e mares para comprar produtos dos mais remotos lugares; mas os bens
mais valiosos são o Conhecimento e a Ciência. São estes
os bens do Espírito... Foi por todas estas razões que eu concebi
a idéia de que seria interessante, agradável, meritório
e também extraordinariamente proveitoso seguir o exemplo do mundo
inteiro e partir em Peregrinação, com o propósito de
descobrir essa Ave maravilhosa – a Fênix ('Lapis').
O
Peregrino4
______
Notas:
1. Há
duas Unidades que precisam ser conquistadas: a primeira – o Primeiro
Círculo – é a Unidade do Eu Exterior com o Eu Interior;
a segunda – o Segundo Círculo – é a Unidade com
o Todo-Sempre-Um. Michael Maier acrescenta a explicação a
seguir a este Iantra Hermético: Quando
o Triângulo atingir a sua perfeição máxima deverá
ser transformado novamente em um Círculo, ou seja, em um Vermelho
imutável. Através desta operação místico-alquímica,
a Mulher regressa ao Homem, e das pernas de ambos se forma um só
Ser. E Ralph
M. Lewis (1904 - 1987) – 2º Imperator da AMORC
para a Jurisdição Internacional das Américas, Comunidade
Britânica de Nações, França, Alemanha, Holanda,
Suíça, Suécia e África deste segundo Ciclo Iniciático
no Ocidente, que teve início em 1915 – em sua obra Símbolos
Antigos e Sagrados, afirmou:
Esta ilustração simbólica é a mais venerada
de todas as alegorias Rosacruzes, pois representa os princípios fundamentais
da filosofia da Ordem. O círculo maior é o emblema do macrocosmo
sem começo nem fim. O triângulo é o símbolo da
perfeição e representa a Lei da Dualidade – as forças
binárias da Natureza combinando-se para produzir toda a criação.
O círculo menor, com as figuras humanas em seu interior, refere-se
ao microcosmo – parte do macrocosmo – sendo governado pelas
mesmas Leis que regem o macrocosmo. O quadrado simboliza a estabilidade
e indica que toda conduta humana, de acordo com os princípios dos
mundos macro e microscópico, é apropriada e se presta a uma
vida em segurança. Os outros símbolos geométricos que
aparecem na cena alegórica visam ensinar que as Leis do Universo
são verdades organizadas e tão fidedignas quanto os axiomas
da matemática, uma das ciências baseada nessas Leis Universais.
2.
Lato é um termo usado no sentido de grande amplitude, não
restrito, largo, extenso, extensivo, e também de latão e de
outras ligas de cobre. Mas, em Alquimia, é um nome-código
utilizado para designar a matéria depois da fase de decomposição,
quando é impregnada por Júpiter – a primeira faixa de
prata no céu noturno do nigredo, e que começa lentamente
a secar.
3.
Febo [do grego, Phoíîos,
literalmente 'o radiante'] era o deus romano equivalente ao grego Apolo,
de cujo nome passou a ser um epíteto. Irmão gêmeo de
Diana, também conhecida por Ártemis, e também filho
de Júpiter com Latona. Personificava a luz; era o deus das músicas
e o mais belo de Roma. De acordo com a mitologia, quando Juno descobriu
que a mãe de Febo estava grávida de seu esposo Júpiter,
ficou muito enciumada e pediu para que a deusa Gaia não cedesse lugar
algum da Terra para que a pobre moça pudesse ter seus filhos, tendo,
assim, com o ventre dolorido atravessado o mundo todo, sem jamais receber
abrigo de quem quer que fosse, pois tinham medo da ira das duas deusas.
Depois de muito vagar, Latona acabou por chegar à Ortígia,
encontrando, finalmente um lugar seguro onde pôde dar à luz
os seus dois filhos. Ortígia era uma ilha flutuante, não estando
fixa em lugar algum, e, portanto, não fazendo parte da Terra. Logo
após seu nascimento, Febo matou a serpente Píton, em Delfos,
lugar onde foi construido o mais célebre de seus templos. Entre seus
tantos filhos, o mais querido e o mais conhecido é o deus da Medicina
Esculápio.
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Febo
4.
No dia seguinte ao convite,
o Peregrino põe-se a caminho cingindo as espáduas com uma
faixa vermelho-sangue sobre o avental branco e quatro rosas vermelhas no
chapéu. (Johann Valentin Andreä, Die Alchemieshce
Hochzeit von Christian Rosenkreutz, 1616).
Bibliografia:
LEWIS,
H. Spencer (supervisão). Manual Rosacruz. Biblioteca Rosacruz,
volume especial. Coordenação de Maria A. Moura. 6ª edição.
Rio de janeiro: Renes, s.d.
LEWIS,
Ralph M. Símbolos antigos e sagrados. Copyright © 1944
by Ancient Mystical Order Rosæ Crucis – AMORC, San Jose, California,
EUA. Coordenação de Maria A. Moura, FRC. Rio de Janeiro: Editora
Renes, 1979.
ROOB,
Alexander. O museu hermético. (Alquimia e misticismo). Tradução
de Teresa Curvelo. Itália: Taschen, 1997.
Páginas
da Internet e Websites consultados:
http://paxprofundis.org/livros/rml/rml.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Michael_Maier
http://lojahiranabiff.org.br/
archives/2008/08/entry_5.html
http://www.brazilsite.com.br/
mistiscismo/alquimia/alq02.htm
http://www.alchymie.net/clefs_basile.valentin/clef1.htm
http://pwp.netcabo.pt/r.petrinus/BVKey1-p.htm
http://www.fraternidaderosacruz.org/
frcp_atalantafugiens.htm
http://commons.wikimedia.org/
wiki/Category:Atalanta_Fugiens
http://literaturaearte.blogspot.com/
2006/04/atalante-fugitive.html
http://www.amaranthpublishing.com/atalanta.htm
http://www.levity.com/alchemy/atalanta.html
http://en.wikipedia.org/
wiki/Michael_Maier#Biography
http://en.wikipedia.org/
wiki/Michael_Maier
http://simbologiaealquimia.blogspot.com/
2006_02_01_archive.html
http://www.fraternidaderosacruz.org/crcenigma.htm
http://astrograal.net/?page_id=19
http://www.symbolon.com.br/artigos/omitodeatalan.htm
http://www.triplov.com/alquimias/bmacedo.htm
Fundo
musical:
Atalanta
Fugiens (Fuga Nº 2)
Seqüenciada por Rafael Gómez Senosiain.
Fonte:
http://www.levity.com/alchemy/music.html