Este
texto é a 7ª parte de um resumo, em forma de fragmentos (às
vezes, comentados, às vezes, seguidos de uma animação
explicativa) de um estudo que fiz da obra Isis
Unveiled: A Master-Key to the Mysteries of Ancient and Modern Science and
Theology (em português, Ísis sem Véu:
Uma Chave-Mestra para os Mistérios da Antiga e Moderna Ciência
e Teologia) publicado em 1877. É um livro de filosofia esotérica,
e é a primeira grande obra de Helena Petrovna Blavatsky – um
texto-chave no movimento teosófico e um marco na história
do esoterismo ocidental. Como este será um trabalho muito extenso,
para não ficar cansativo para o leitor, cada parte conterá
apenas 30 fragmentos.
Fragmentos
Os
ciclos se sucedem por transições imperceptíveis. Nações
florescentes e altamente civilizadas crescem em poder, atingem o clímax
do desenvolvimento, declinam e se extinguem. Reinos desmoronam e as nações
se sucedem às nações, raças sobem alternadamente
aos graus de desenvolvimento mais elevado e descem até os mais baixos.
A
raça humana deverá ser, finalmente, de acordo com a Lei da
Evolução, fisicamente espiritualizada.
Emanado
do Cadmo Andrógino, o
Adão do segundo capítulo do Gênese é
ele também andrógino. Portanto, uma vez que o primeiro Homem-deus
–
que simboliza os dois princípios da criação, o elemento
dual masculino e feminino –
não tinha noção do bem e do mal,
ele não podia hipostasiar [considerar
falsamente (uma abstração, um conceito, uma ficção)
como realidade] “a mulher”, pois, ela estava nele
como ele nela. Foi à medida que a matéria foi se condensando
que a união andrógina foi cessando, e este Segundo Adão
emanou de si a mulher, como uma entidade separada. E assim, foi quebrado
o elo entre o Espírito Puro e a Matéria Pura. A partir de
então, o ser-humano-aí-no-mundo se tornou um criador físico,
e o Reino do Espírito passou a só poder ser conquistado por
um longo aprisionamento na matéria.
Aurora
Consurgens
—
Sei que sou cosmicamente andrógino.
Sei que tudo e todos são andróginos.
Mas, esta saudosa Androginia
não pode se manifestar agora,
conforme aconteceu outrora.
Daí, essa casual agonia,
que sinto nos endógenos
– porque sou e não sou andrógino.
O
ser-humano-aí-no-mundo, como todas as outras formas orgânicas
ou inorgânicas,
teve sua origem na Fonte de LLuz Eterna.
Todos
os que se arrependem dos seus erros obtêm a oportunidade de progredir.
—
Eu 'pequei' tanto,
que até me esqueci de quanto.
Mas, me arrependi,
e, ainda que morto, eu Vivi.
A
Luz Astral ou Anima Mundi é dual e bissexuada. A sua parte masculina
é puramente divina e espiritual –
é a Sabedoria [ShOPhIa]
– ao
passo que a porção feminina (o Spiritus dos nazarenos) é
maculada, em certo sentido, pela matéria, e, portanto, é maligna.
Axioma
Cabalístico: Uma
pedra se transforma em uma planta; a planta, em um animal; o animal, em
um homem; o homem, em um Espírito; e o espírito, em um Deus.
Todas
as formas superiores evoluíram. evoluem e evoluirão das formas
inferiores.
Átomo
de Carbono —› Diamante
No
Oceano Sem Limites, brilha o Sol Central, Espiritual e Invisível.
O Universo é seu corpo, seu espírito e sua alma; e todas as
coisas são criadas1
de acordo com este modelo ideal.
—
Oh!, Quanto, quanto esforço!
Quanta luta!
Quanto conflito!
Quanta estreiteza!
E eu sigo existindo sem saber nada!
Oh!, Tanto, tanto estorço!
Continuo minguta!
Ainda pequetito!
Sinto fraqueza!
Mas, eu jamais desistirei da Estrada!
O
Peregrino2
Em
incessante romaria, de uma forma a outra, a [personalidade-]alma
peregrina!
De modificações em modificações, de compreensões
em compreensões,
de
libertações em libertações,
ela irá mais e mais alto.
De
uma forma a outra,
a [personalidade-]alma
peregrina,
em incessante romaria!
De
uma forma a outra,
a [personalidade]alma peregrina,
até conquistar a Alforria!
De
uma forma a outra,
a [personalidade]alma peregrina,
até reconhecer a Alegria!
O
Adão,
ao completar o Círculo da Necessidade, estará livre do último
vestígio do seu envoltório físico.
—
Completei
o Círculo da Necessidade,
e, então, me Alforriei.
Agora, posso dizer: Sei.
E, hoje, já não sinto mais Saudade!
Augoeides
é a radiação luminosa divina do Eu, que, quando encarnado,
não é mais do que sua sombra pura. E, entre os neoplatônicos
parece significar o Corpo Astral.
O
deus de qualquer religião exotérica, incluindo o Cristianismo,
não obstante as suas pretensões ao mistério, é
um ídolo, uma ficção, e não pode ser outra coisa.
Enfim, em lugar de estabelecer que Deus faz o homem segundo a Sua própria
imagem, deveríamos em verdade dizer que o ser-humano-aí-no-mundo
imagina Deus de acordo com a sua imagem, esquecendo que Ele erigiu o seu
próprio reflexo para adoração.
Na
doutrina aristotélica, não se considera a ideação
como um princípio na composição dos corpos, mas, como
uma propriedade externa em sua produção, pois, a produção
é uma modificação pela qual a matéria passa
da forma que não tem para aquela que assume. Embora a ideação
da forma futura, por exemplo, de um relógio ainda não construído
não seja uma substância, nem uma extensão, nem uma qualidade,
nem qualquer espécie de existência, mesmo assim é algo
que é, embora seus contornos, para existir, devam adquirir uma forma
objetiva. Em suma, o abstrato deve se tornar concreto. Assim, logo que esta
ideação da matéria é transmitida pela energia
ao Éter Universal, ela se torna uma forma material, ainda que sublimada.
— Eu não era.
Um dia...
Vim a ser.
Longa espera...
Um Dia...
Deus-Ser!
O
pensamento
não cria matéria. Ele cria apenas o plano da forma
futura, uma vez que a matéria que serve para fazer este plano sempre
existiu [na
forma de Energia, pois, o Universo, primariamente, é energia.]
Na
escala dos seres,
as criaturas inferiores são as criaturas invisíveis que os
cabalistas chamam de elementares.
Existem três classes distintas de tais seres. A mais elevada, em inteligência
e em discernimento, é a dos chamados espíritos
terrestres. Basta dizer, por enquanto, que eles são
as larvas ou as sombras dos que viveram sobre a Terra, recusaram toda Luz
Espiritual, permaneceram e morreram profundamente imersos no barro da matéria,
e de cujas almas pecaminosas o Espírito Imortal gradualmente se afastou.
A segunda classe é composta dos antitipos
invisíveis dos homens a nascer. Nenhuma forma pode
vir à existência objetiva –
da mais alta à mais baixa –
antes que o ideal abstrato desta forma, ou, como Aristóteles
a chamaria, a privação
desta forma, seja evocado. A terceira classe são
os elementais, que
jamais se transformam em seres humanos, mas, ocupam um grau específico
na escala de seres, e, em comparação com os outros, podem
ser justamente chamados de Espíritos da Natureza ou Agentes Cósmicos
da Natureza, uma vez que cada ser se acha confinado ao seu próprio
elemento e nunca transgride os limites dos outros.
O
Universo é pleno e não existe vácuo em a Natureza.3
Se,
durante a vida, o último e desesperado esforço do Eu Interior
para se reunir com o Raio debilmente bruxuleante de seu Pai Divino é
negligenciado, e se esse Raio é mais e mais ocultado pela espessa
crosta da matéria, a [personalidade-]alma,
uma vez livre do corpo, segue as suas atrações terrestres,
e é magneticamente atraída e retida pelo denso nevoeiro da
atmosfera material. Ela começa, então, a cair cada vez mais
baixo, até se encontrar, voltando à consciência, no
que os antigos chamavam de Hades (o Reino das Sombras). A aniquilação
de uma tal [personalidade-]alma
nunca é instantânea; pode durar séculos, talvez, pois,
a Natureza nunca age aos trancos e barrancos, e, visto que a [personalidade-]astral
é formada de elementos, a Lei da Evolução deve seguir
seu curso, e começa, então, a funcionar a terrível
Lei da Compensação.
No
Oriente, os elementares terrestres ou
materiais são conhecidos como os Irmãos
das Trevas. Velhacos, abjetos, vingativos e desejosos de
desforrar os seus sofrimentos sobre a Humanidade, eles se transformam, até
a aniquilação final, em vampiros, em espíritos necrófagos
e em refinados atores. Eles são as estrelas principais no grande
palco espiritual da materialização, cujos fenômenos
eles desempenham com a ajuda das criaturas genuínas –
os elementais mais inteligentes –
que flutuam em redor e os acolhem com prazer em suas
próprias esferas.
—
A querida Geli4
foi pouco.
E eu, que nasci infausto,
'schwarzer magier' e louco,
decidi fazer o holocausto.
—
Deixei o mundo adoecido.
O que foi feito foi feito,
e, hoje, me sinto perdido.
Mas, não pode ser desfeito.
—
O que acontecerá comigo?
Não sei. Sofro aflitivamente.
Sei que fui meu maior inimigo,
e me sinto pesadamente doente.
Duas
importantes verdades: 1ª) para o exercício do Poder Mágico,
a pureza pessoal e o adestramento de uma força de vontade treinada
e indômita são indispensáveis; e 2ª) os espiritistas
jamais podem se assegurar da realidade das manifestações mediúnicas,
a menos que elas se produzam à luz do dia e sob condições
de controle tais, que toda tentativa de fraude seja imediatamente descoberta.
Alguns
bons espíritos humanos desencarnados podem, sob circunstâncias
excepcionais, como a aspiração de um Coração
puro e a necessidade da ocorrência de alguma emergência favorável,
manifestar a sua presença, exceto a materialização
pessoal. Mas, é preciso que haja uma atração deveras
poderosa para arrancar um espírito puro e desencarnado de sua morada
radiante, e arrojá-lo na atmosfera viciada de que escapou ao deixar
o corpo terreno. [Sublinhado
meu.]
—
Circunstâncias
excepcionais
não
são desejos egoístas.
Circunstâncias
excepcionais
são
disposições altruístas.
Os
Magos e os Filósofos Teúrgicos sempre se opuseram energicamente
à evocação das [personalidades-]almas.
Eles se opunham e se opõem por várias e boas razões:
1ª) é extremamente
difícil distinguir um bom demônio de um mau,
dizia Jâmblico; 2ª) se uma [personalidade-]alma
humana consegue penetrar a densidade da atmosfera terrestre –
sempre opressiva para ela e, muitas vezes, odiosa –
não pode ela, contudo, evitar incorrer em um perigo
que resulta da proximidade do mundo material: ao partir, ela retém
alguma coisa deste Plano, vale dizer, contamina a sua pureza, o que a fará
sofrer mais ou menos após a sua partida. Por isto, o Verdadeiro Teurgista
evita causar qualquer sofrimento a esse puro cidadão da Esfera Superior,
que não seja absolutamente necessário aos interesses da Humanidade.
Somente o praticante da Magia Negra compele a presença, mediante
os poderosos encantamentos da Necromancia, das [personalidades-]alma
maculadas de aqueles que levaram más
vidas na Terra, e estão prontos a lhes secundar os objetivos egoístas.
Necromancia
Apenas
o estudo e a ciência pura podem destruir as superstições
e os absurdos difundidos pelos intérpretes ignorantes espalhados
entre todos os povos deste mundo. Esses intérpretes cegos do Verbum
–
a Palavra –
sempre tentaram impor aos seus pupilos a obrigação
de afirmarem todas as coisas sem exame, 'in verba magistri' [pelas
palavras do mestre].
O
Espírito sopra sobre todos, e os raios da Luz Espiritual Illuminam
todas as consciências. E, quando todos os corpos e todas as mentes
refletirem igualmente esta Luz, as pessoas verão muito mais claro
do que agora.
—
Preparei-me e renasci,
e voltei a peregrinar.
Peregrinei por aí,
mas, consegui chegar.
Combati e ascendi,
e vi a Luz brilhar.
Ensinei e desparzi,
e ajudei a libertar.
Minha missão cumpri,
e já posso Navegar.
Chegou a Hora. Parti.
Um Dia... Recomeçar.
Uma coisa apreendi:
nunca desistir de lutar.
E também eu intuí:
unidade em todo lugar.
Se
os gnomos, os silfos, as salamandras e as ondinas dos Rosa+Cruzes existiram
no passado, eles devem existir agora.
—
O que foi
continua sendo.
O que é
'ad æternum' será.
O que muda
é tão-só a forma.
A Consciência
permanece imutável.
O que evolve
no Sempre-Sempre?
O que se perde
no Sempre-Sempre?
O que é criado
no Sempre-Sempre?
Um 'mâvântâra' dura
tanto quanto um 'prâlâya'.5
A eternidade
é a eternidade.
Os
Filósofos e Ocultistas de todos os tempos concordam em que o ser-humano-aí-no-mundo
ocupa um lugar em um degrau acima dos animais, e possui algo que falta a
estes últimos, seja ele o mais ignorante dos selvagens ou o mais
sábio dos filósofos. Os antigos ensinavam que enquanto o ser-humano-aí-no-mundo,
basicamente, é uma trindade de Corpo Físico,
Corpo Astral e [personalidade-]alma,
os animais são apenas uma dualidade –
seres que só têm um Corpo
Físico e um
Corpo Astral que os animam.
O ser-humano-aí-no-mundo
físico é apenas o desenvolvimento mais elevado da vida animal.
Vale
a pena repetir:
fomos pedras,
fomos plantas,
fomos bichos,
somos seres-aí,
seremos Deuses,
e, um Dia,
+ do que Deuses.
O
Divino, o Espírito Mais Elevado e Imortal, não pode ser punido
nem recompensado. Sustentar uma tal doutrina seria, ao mesmo tempo, absurdo
e blasfemo, pois, o Espírito não é apenas uma chama
alumiada na Fonte Central e Inextinguível de LLuz, mas, na verdade,
uma parte Dela, e da Mesma Essência. Desde que o ser-humano-aí-no-mundo
duplo, isto é, o ser-humano-aí-no-mundo
de carne e Espírito, se mantenha nos limites da Lei da Continuidade
Espiritual e desde que a Centelha Divina nele se conserve, ainda que fragilmente,
ele está no caminho de uma imortalidade em um estado futuro. Mas,
aqueles que se resignarem a uma existência materialista, ocultando
o Fulgor Divino irradiado por seus Espíritos, no início da
peregrinação terrestre, e emudecendo a voz acauteladora desta
Sentinela Fiel, a consciência, que serve de foco para a Luz na [personalidade-]alma
– seres
que abandonaram a Consciência e o Espírito e que cruzaram os
limites da matéria
– deverão
naturalmente seguir as Leis da Matéria.
A
matéria é tão eterna e
indestrutível [pois,
o Universo é Energia, e a Energia Universal não pode ser destruída]
quanto o próprio Espírito Imortal,
mas, apenas em suas partículas, e não em suas formas organizadas.
[E Energia permanece ad
æternum; as formas mudam.]
A
Geheenna, que os Ocultistas chamam de Oitava Esfera (contando ao contrário),
é apenas um planeta como o nosso, que se vincula a este e que o segue
em sua penumbra. É, digamos assim, uma espécie de urna funerária,
um lugar em que todas as
suas sujeiras e imundícies se consomem, e em que
todas os refugos da matéria cósmica que pertence ao nosso
planeta estão em um contínuo estado de remodelagem.
A
Doutrina Secreta ensina que se o homem atingir a imortalidade, permanecerá
para sempre a Trindade que é em vida, e, assim, continuará
por todas as esferas.
Continua...