(Quinta Parte)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Mestre Kut Hu Mi
Mestre Morya

 

 

Introdução

 

 

Esta é a continuação de um trabalho que continuo a fazer sobre as Cartas dos Mahatmas (traduzidas por Alcyr Anísio Ferreira). Esta parte contém ensinamentos do Mestre Kut Hu MI e do Mestre El Morya. Repito o que escrevi na parte anterior: continuo (e continuarei) nessa faina, ainda que eu concorde com Kut Hu Mi que o Oeste, apesar de estar tão ansioso de aprender algo do Leste, é evidentemente incapaz de digerir o que (talvez) nunca irá satisfazer às exigências do paladar especial de seus estéticos, pois são formidáveis as dificuldades para explicar a Metafísica oriental às mentes ocidentais, mesmo as mais inteligentes. A cada carta que leio, observo a enorme dificuldade dos Mahatmas, em especial de Kut Hu Mi, em se fazerem entender e em conseguirem explicar sua Doutrina. Tempos difíceis aqueles (final do século XIX) em que a vaidade e a ignorância, em um certo sentido, eram piores do que agora. Mas o que impressiona é a paciência inesgotável desses Illuminados com a impudente babaquice e a incomensurável vaidade humanas. Em muitas ocasiões, Kut Hu MI e El Morya mais pareciam mães ensinando aos seus filhos os primeiros passos e a não tirar meleca em público. E com que humilde resignação e superlativa perseverança – apesar de tantas vezes humilhados e outras tantas ridicularizados! O Mahatma Kut Hu Mi, em certa ocasião, chegou mesmo a dizer ao Mahatma Morya: Sinto-me cansado e desanimado com essas intermináveis discussões. Quanto mais me esforço em explicar... menos me entendem! ... De fato, não há em nenhum lugar na natureza física um abismo montanhoso tão desesperadamente intransponível e obstrutivo ao viajante como esse de natureza espiritual, que os mantêm afastados de mim. Nessas horas eu paro e penso: como estou distante desses Homens, como ainda estou tão estupidificado. Ainda hoje, por incrível que pareça, sou capaz de me irritar profundamente (particularmente por causa de injustiças) e, até certo ponto, de perder um pouco (às vezes, perco mais do que um pouco) meu modesto controle duramente conquistado. Depois, claro, morro de vergonha; isso quando não adoeço. É por isso que já disse que não sou o pior dos Rosa+Cruzes, mas estou à 'zilhômetros' de estar entre os melhores. Mas como sou absurdamente obstinado – no bom sentido, claro – vou caminhando.

 

Para ler a primeira parte, dirija-se a:

http://paxprofundis.org/livros/cartas/mahatmas.htm

Para ler on-line integralmente as Cartas dos Mahatmas, consulte o Website da Loja Esotérica Virtual no endereço:

http://www.levir.com.br/index.php

Informo que as pictóricas animações distribuídas ao longo dos excertos são de minha única e exclusiva responsabilidade. Esse é um cacoete de professor do qual, como tenho dito, não consigo me livrar (porque não quero). Há outra coisa: como os fragmentos selecionados são, algumas vezes, muito intrincados e árduos, as animações auxiliam a compreendê-los e também ajudam a quebrar a monotonia de nossas cabeças ocidentais, que sempre querem tudo muito explicadinho e quanto mais rapidinho melhor. Mas, felizmente ou infelizmente, nessa matéria não há rapidez, nem demonstração, prova ou documento que normalmente confirme de maneira exotérica ou objetiva uma Lei Esotérica ou Mística. Temos que encontrar as confirmações em nossos Corações. Em princípio, não há outro jeito.

 

 

 

Fragmentos de Algumas Cartas
(Ensinamentos dos Mestres KH e Morya)

 

 

Lei de efeitos: os resultados são proporcionais às energias antecedentes. (Mestre Kut Hu Mi).

 

 

Há dois campos de manifestação causal, a saber: o objetivo e o subjetivo. Assim, as energias mais grosseiras – aquelas que operam nas condições mais pesadas ou densas de matéria – manifestam-se objetivamente na vida física, sendo o seu resultado a nova personalidade de cada nascimento, compreendido dentro do grande ciclo da individualidade em evolução. As atividades morais e espirituais encontram a sua esfera de efeitos no 'Devachan'.1 Por exemplo: os vícios, as atrações físicas etc., digamos, de um filósofo, podem resultar no nascimento de um novo filósofo, de um rei, de um mercador, de um rico epicúrio ou de qualquer outra personalidade cuja natureza, inevitavelmente, derivaria das tendências preponderantes do ser no nascimento imediatamente anterior. (Mestre Kut Hu Mi).

Não há relógios nem aparelhos para marcar o tempo no 'Devachan', embora todo o Cosmos, em certo sentido, seja um gigantesco cronômetro. (Mestre Kut Hu Mi).

O tempo é algo criado inteiramente por nós... De todos os seres sensíveis e conscientes na Terra, o homem é o único animal que possui sentido do tempo, embora isto não o faça nem mais feliz nem mais sábio. (Mestre Kut Hu Mi).

 

 

Os exemplos finitos são inadequados para expressar o abstrato e o infinito, da mesma forma que o objetivo não pode refletir o subjetivo. Para compreender a bem-aventurança do 'Devachan' ou as angústias do 'Avitchi' (a perfeita antítese do 'Devachan'), deveis assimilá-los, como nós o fazemos. O idealismo crítico ocidental tem ainda que aprender a diferença que existe entre o verdadeiro ser dos objetos supersensíveis e a obscura subjetividade das idéias a que foram reduzidos. O tempo não é um conceito objetivo e, portanto, não pode ser nem analisado nem provado de acordo com os métodos de uma filosofia superficial. A não ser que aprendamos a neutralizar os resultados negativos desse método de estabelecer as nossas conclusões agradáveis aos ensinamentos do chamado 'sistema de razão pura'2 e a distinguir entre a matéria e a forma do nosso conhecimento dos objetos perceptíveis, nunca poderemos chegar a conclusões corretas e definitivas.3 (Mestre Kut Hu Mi).

No 'Devachan' não encontramos as idéias 'a priori' do 'espaço-tempo' (o espaço e o tempo podem ser, segundo Kant, não o produto, mas os reguladores das sensações; mas somente no que concernem às nossas sensações na Terra, não aquelas no 'Devachan') controlando as percepções dos seus moradores no que se refere aos objetos dos seus sentidos. Mas, ao contrário, nós descobrimos que é o próprio morador do 'Devachan' quem cria a ambos e os aniquila ao mesmo tempo. Daí advém o fato de que os chamados 'estados posteriores' jamais podem ser julgados corretamente pela razão prática, pois que essa última pode ter aplicação somente na esfera das causas ou objetivos finais, que dificilmente podem ser relacionados (como queria Kant que a considerava em uma página como razão e na seguinte como vontade) como o mais alto poder espiritual no homem, tendo como sua esfera aquela vontade. (Mestre Kut Hu Mi).

A doutrina esotérica é a única guardiã da verdade.4 (Mestre Kut Hu Mi).

Como serão a vidas no 'Devachan' e na Terra, respectivamente, em cada caso, está determinado pelo 'Karma'. E essa fatigante ronda de nascimentos que se seguem deve ser percorrida repetidamente até que o ser alcance o fim da Sétima Ronda ou atinja, nesse ínterim, a sabedoria de um 'Arhat', e depois, a de um Buddha e, desse modo, libertado de cumprir uma ronda ou duas, tendo aprendido como irromper os círculos viciosos e passar periodicamente ao Paranirvana. (Mestre Kut Hu Mi).

Na Oitava Esfera5 caem somente as não-entidades absolutas. Esses 'fracassos da Natureza' serão completamente remodelados. Suas Mônadas Divinas se separaram dos Cinco Princípios durante suas vidas terrestres (tenha isso acontecido no nascimento anterior ou em vários nascimentos anteriores, pois tais casos existem nos nossos registros), posto que viveram como seres humanos sem alma. Essas pessoas foram abandonadas pelo seu Sexto Princípio, enquanto que o Sétimo – por ter perdido o seu 'vahan' (ou veículo) – não pode existir independentemente por mais tempo; seu Quinto Princípio ou alma animal naturalmente desce 'ao poço sem fundo'. (Mestre Kut Hu Mi). (Grifos meus).

Para ser imortal no bem, o indivíduo deve se identificar a si mesmo com o Bem; para ser imortal no mal, o indivíduo deve se indentificar com o Mal. (Mestre Kut Hu Mi).

No 'Devachan' todas as esperanças, todas as aspirações e todos os sonhos não realizados se realizam completamente, e os sonhos da existência objetiva se tornam as realidades da existência subjetiva. E ali, por detrás da cortina de 'maya', o Adepto percebe os seus vapores e as aparências ilusórias, pois aprendeu o grande segredo de como penetrar assim profundamente nos mistérios do ser. (Mestre Kut Hu Mi).

No final de cada uma das Sete Rondas produz-se uma recordação menos completa: somente a recordação das experiências que ocorreram entre os numerosos nascimentos ao final de cada vida pessoal. Mas a recordação completa de todas as vidas (terrestres e 'devachânicas') – ou seja, a onisciência – chega somente no grande final das Sete Rondas totais (a menos que nesse período o indivíduo tenha se tornado um 'Bodhisatva', um 'Arhat') – o limiar do 'Nirvana' como um período indefinido. (Mestre Kut Hu Mi).

O 'Nirvana' é um estado no qual todas as coisas objetivas são esquecidas. É um estado de absoluto Repouso e de assimilação com 'Parabrahman'. É o próprio 'Parabrahman'. (Mestre Kut Hu Mi).

O 'Devachan' é um estado, não uma localidade: 'Kama Loka', 'Rupa Loka' e 'Arupa Loka' são três esferas de ascendente espiritualidade nas quais os vários grupos de entidades subjetivas encontram as suas atrações. No 'Kama Loka' (a esfera semifísica) moram o cascões, as vítimas e os suicidas; esta esfera está dividida em inumeráveis regiões e sub-regiões correspondentes aos estados mentais dos que ali chegam na hora de sua morte... Do 'Kama Loka', então, no grande Chiliocosmo, uma vez despertadas do seu torpor 'post-mortem', as recém-trasladadas almas vão todas (exceto os cascões), conforme as suas atrações, ou para o 'Devachan' ou para o 'Avitchi'. Esses dois estados se diferenciam de novo 'ad infinitum'. Seus graus ascendentes de espiritualidade recebem os seus nomes das 'lokas' que os produzem. Por exemplo: as sensações e percepções de um morador do 'Devachan' em 'Rupa Loka' serão, naturalmente, de uma natureza menos subjetiva do que seriam no 'Arupa Loka' e, em ambos os estados, as experiências devachânicas variarão em sua apresentação para a entidade-sujeito, não só no que se refere à forma, cor e substância, mas também em suas potencialidades formativas. Mas nem mesmo a mais exaltada experiência de uma mônada no estado devachânico mais elevado em 'Arupa Loka' (o último dos sete estados) é comparável àquela perfeita condição subjetiva de pura espiritualidade da qual a mônada emergiu para 'descer na matéria', e para a qual deve retornar no final do Grande Ciclo. Nem mesmo é o 'Nirvana' comparável ao 'Paranirvana'. (Mestre Kut Hu Mi).

A permanência no 'Devachan' é proporcional aos impulsos psíquicos inconclusos originados na vida terrena... Uma faculdade mais alta, pertencente à Vida Superior, é que deve ver e compreender estes temas. É verdadeiramente impossível forçar uma compreensão apenas verbalmente. A pessoa deve ver com seu olho espiritual, ouvir com o seu ouvido 'Dharmakayco' e sentir com as sensações de seu 'Ashta Vijnana' (Eu Espiritual) antes que possa compreender toda esta Doutrina. De outra maneira, pode apenas aumentar o seu próprio desconforto e aumentar muito pouco o seu conhecimento. (Mestre Kut Hu Mi).

A personalidade é sinônimo de limitação. Quanto mais estreitas sejam as idéias, tanto mais se aferrará a pessoa às esferas inferiores da existência, e tanto mais tempo despenderá no plano do intercâmbio social egoísta. (Mestre Kut Hu Mi). (Grifo meu).

A posição social de uma pessoa é naturalmente o resultado do 'Karma', sendo a lei 'a atração do semelhante pelo semelhante'. O indivíduo renascente é atraído pela corrente gastadora com a qual se afina devido às atrações predominantes no último nascimento. Assim, alguém que morreu como camponês pode renascer como rei; e o soberano falecido pode de novo ver a luz na tenda de um cule [trabalhador assalariado em antigas colônias na China e na Índia]. (Mestre Kut Hu Mi). (Grifo meu).

Faça Justiça, ainda que os céus caiam. (Mestre Kut Hu Mi).

Expresse a verdade, ainda que lhe caiam em cima os Himalayas... Mas o desvelamento da amarga verdade tem que ser feito com a maior discrição e a maior cautela. (Mestre Kut Hu Mi).

Ficai certo de que nenhum médium inteligente, perspicaz e veraz necessita de 'inspiração' de um espírito desencarnado. A Verdade se sustentará sem a inspiração de Deuses ou Espíritos, e, melhor ainda, se sustentará apesar deles; os 'anjos' não fazem, em geral, mais do que sussurrar falsidades e aumentar o estoque de superstições. (Mestre Kut Hu Mi).

Muitos homens permaneceram castos e virtuosos somente porque nunca conheceram o que era a tentação. (Mestre Kut Hu Mi).

A mais ligeira causa produzida – mesmo inconscientemente e por qualquer motivo – não pode ser desfeita ou interceptar o progresso dos seus efeitos, nem por milhões de deuses, nem por milhões de demônios e nem por milhões de homens combinados.6 (Mestre Kut Hu Mi).

 

 

Todos os nossos predecessores tiveram que aprender tudo o que sabem por si próprios; apenas lhes foi dado o fundamento. (Mestre Kut Hu Mi).

A atmosfera da casa saturada de' brandy' é horrorosa. (Mestre Kut Hu Mi).

Como o homem é um ser nascido com livre-arbítrio e dotado de razão, de onde derivam as suas noções de bem e mal, ele não representa 'per se' nenhum ideal moral definido. O conceito de moralidade em geral se relaciona primeiramente, e antes de tudo, com a intenção ou motivo, e só depois com os meios ou modos de ação. Segue-se daí que se nós não chamamos moral – e não poderíamos fazê-lo nunca – ao homem que, seguindo as normas de um famoso intrigante religioso, usa meios maus para um bom propósito, quanto menos moral chamaríamos àquele que usa meios aparentemente bons e nobres para atingir um objetivo decididamente mau ou depreciável? (Mestre Kut Hu Mi).

A consciência pode, talvez, nos indicar o que não devemos fazer, mas nunca nos guiará para o que devemos cumprir, nem dará propósito definido à nossa atividade. E nada pode ser adormecido com mais facilidade – e até completamente paralisado – do que esta mesma consciência, por uma vontade treinada mais forte do que a do seu possuidor. (Mestre Kut Hu Mi).

A imaginação, assim como a vontade, cria. A suspeita é o agente mais provocativo da imaginação... Cuidado! (Mestre Kut Hu Mi).

Uma vez que sou obrigado a falar, devo dizer TUDO ou não dizer nada. (Mestre Morya).

Nós, moradores das cabanas indo-tibetanas, não disputamos nunca... Deixamos as lutas, e mesmo as discussões, para aqueles que, incapazes de avaliar uma situação num relance, são, dessa maneira, forçados, antes de chegar a uma decisão final, a analisar e pesar ponto por ponto e repetidamente, mesmo, a cada detalhe. (Mestre Morya).

Aquilo que a maioria dos homens considera como um 'fato', não nos parece mais que um simples resultado, uma constatação que não merece a nossa atenção, atraída geralmente por fatos primários. A vida, mesmo quando indefinidamente prolongada, seria demasiado curta para que sobrecarregássemos nossos cérebros com pequenos detalhes, meras sombras. (Mestre Morya).

Nossas conclusões jamais são tiradas de dados secundários, mas da situação como um todo. (Mestre Morya).

A Sofística7 chegou a ser na Europa (portanto, entre os anglo-indianos) o 'exercício lógico das faculdades intelectuais', enquanto que para nós nunca superou o seu estágio original de 'raciocínio enganador' (de premissas cambaleantes e inseguras) do qual derivam, se formam e se estabelecem a maioria das conclusões e opiniões. (Mestre Morya).

Em um certo lugar, que não deve ser mencionado a estranhos, existe um abismo, atravessado por uma frágil ponte de fibras entrelaçadas, com uma impetuosa correnteza embaixo... A ponte está pendurada como uma teia de aranha e parece apodrecida e intransponível. E, no entanto, não é assim; aquele que ousa enfrentar a prova e tem êxito (como o terá se estiver certo de que lhe seja permitido) chega à uma garganta de insuperável beleza de cenário – a um dos nossos lugares e até a alguns de nossa gente, em relação aos quais não existe nem anotação nem descrição entre os geógrafos europeus. À distância do arremesso de uma pedra, desde a velha Lamaseria, ergue-se a antiga torre dentro da qual se desenvolveram gerações de 'Bodhisatvas'. É aí, onde descansa agora, aparentemente sem vida, o vosso amigo, meu Irmão, a Luz de minha alma, a quem fiz uma solene promessa de velar pela sua obra durante a sua ausência. [Este passo faz referência ao Mahatma Kut Hu Mi que havia partido para um Retiro Espiritual em um certo lugar que não deve ser mencionado a estranhos.] (Mestre Morya).

Aquele que está desejoso de aprender em como beneficiar a Humanidade e crê que é capaz de ler o caráter das outras pessoas, tem que começar, em primeiro lugar, a aprender a conhecer-se a si mesmo, a fim de compreender o seu próprio caráter no seu verdadeiro valor. (Mestre Morya).

Nós nunca consideramos uma advertência amistosa como uma 'ameaça', nem nos sentimos irritados quando ela nos é oferecida. (Mestre Morya).

Para nós, um honesto limpador de bota é tão bom quanto um rei honesto, e um varredor imoral muito melhor e mais desculpável do que um imperador imoral. (Mestre Morya).

Sobre Kut Hu Mi: Jamais um homem honesto, sincero ou bondoso como Ele respirou sobre os Himalayas. (Mestre Morya).

O primeiro requisito – mesmo para um simples faquir – é se adestrar a permanecer indiferente, tanto à dor moral como ao sofrimento físico. (Mestre Morya).

Eu, sou como eu era. E como eu era e sou, assim sempre serei – o escravo do meu dever para com a Loja e a Humanidade... (Mestre Morya).

Para nós, a Lei é a Lei; e nenhum poder pode fazer com que deixemos de cumprir um pouquinho do nosso dever. (Mestre Morya).

Onde estais e estareis sempre errado, meu querido senhor, é em sustentar a idéia de que os fenômenos possam se tornar invariavelmente 'uma poderosa máquina' para sacudir os fundamentos das crenças errôneas na mente ocidental. Ninguém, a não ser os que conseguem ver por si mesmos, crerá jamais, apesar do que fizerdes. (Mestre Morya). (Grifos meus).

Enquanto os homens duvidarem haverá curiosidade e pesquisa; e a pesquisa estimula a reflexão que gera o esforço. Mas, uma vez que o nosso segredo tenha sido completamente vulgarizado, não só a sociedade cética não terá maiores benefícios, como também a nossa privacidade estaria constantemente em perigo e teria que ser resguardada a um custo irracional de energia. (Mestre Morya).

Realmente, nós não possuímos o poder de ler nas mentes... a menos que nos puséssemos em sintonia completamente e concentrássemos uma total atenção sobre a pessoa cujos pensamentos quiséssemos conhece. (Mestre Kut Hu Mi).

A mentira é um refúgio do débil... Não é do nosso interesse parecer sábios em relação a assuntos que ignoramos. (Mestre Kut Hu Mi).

A um chela sob provação, é permitido pensar e fazer o que quiser. Ele é prevenido e avisado de antemão: 'Sereis tentado e enganado por exterioridades. Serão abertas duas sendas diante de vós, ambas conducentes à meta que estais tentando alcançar. Uma é fácil, que conduzirá mais rapidamente ao cumprimento das ordens que possais receber; a outra – mais árdua e mais prolongada – é uma senda cheia de pedras e de espinhos que vos farão tropeçar mais de uma vez durante a marcha, e, ao final da qual, podereis achar, depois de tudo, o fracasso e sentir-vos incapaz de cumprir as ordens dadas para algum pequeno trabalho particular. Entretanto, enquanto que a última senda fará com que as dificuldades que nela sofrestes sejam registradas no futuro ao lado do seu crédito, a primeira, a senda fácil, pode tão-somente oferecer-vos uma satisfação momentânea, um cumprimento fácil de tarefa.' (Mestre Kut Hu Mi).

Carta destinada a A. O. Hume e recebida em 18 de agosto de 1882: Certa vez nos chamastes de jesuítas. Vendo as coisas como as vedes, talvez tivésseis razão, até certo ponto, em nos considerar assim, pois que, aparentemente, os nossos sistemas de adestramento não diferem muito. Mas isso só ocorre externamente. Como eu disse antes, eles sabem que o que ensinam é uma mentira, e nós sabemos que o que transmitimos é a verdade, apenas a verdade e nada mais do que a verdade. Eles trabalham para o maior poder e glória de sua Ordem; nós, pelo poder e pela glória final dos indivíduos, de unidades isoladas, da Humanidade em geral, e estamos contentes, e ainda mais: forçados a deixar a nossa Ordem e os seus Chefes inteiramente na sombra. Eles (os jesuítas) trabalham, se afanam e enganam buscando o poder mundano nesta vida; nós trabalhamos e nos esforçamos e permitimos aos nossos chelas que sejam temporariamente enganados, para lhes possibilitar meios e modos para que jamais venham a ser enganados daí em diante, e vejam todo o mal da falsidade e da mentira, não apenas nesta como em muitas das suas vidas futuras Eles – os jesuítas – sacrificam o princípio interno, o cérebro Espiritual do Ego, para nutrir e desenvolver melhor o cérebro físico do homem pessoal e evanescente, sacrificando a toda Humanidade para oferecê-la em holocausto à sua Sociedade, o insaciável monstro que se alimenta do cérebro e da medula da Humanidade, desenvolvendo um incurável câncer em cada setor de carne saudável que toca. Nós – os criticados e mal compreendidos Irmãos – buscamos persuadir os homens a que sacrifiquem a sua personalidade (um relâmpago passageiro) pelo bem-estar de toda a Humanidade e uma parte dela pelos seus próprios Egos imortais, pois a Humanidade é uma fração de Todo Integral em que se converterá um dia. Eles (os jesuítas) são treinados para enganar; nós, para desenganar. Eles fazem o trabalho dos vermes com finalidades egoístas, excetuando a alguns pobres e sinceros instrumentos seus que trabalham 'con amore'; nós deixamos isso a cargo dos nossos serventes, os 'dugpas' a nosso serviço, dando-lhes 'carte blanche' por algum tempo e apenas com o objetivo único de extrair da total natureza interna do chela a maior parte dos escaninhos e recantos que permaneceriam obscuros e ocultos para sempre, caso não fosse proporcionada uma oportunidade para testar sucessivamente cada um desses recantos. Enfim, se o chela perder ou ganhar a sua recompensa, depende somente dele. (Mestre Kut Hu Mi).

A respeito do Mestre Morya: Ele é um tipo muito enérgico, e certamente, algumas vezes, é capaz de se irritar muito, em especial se é contrariado no que ele sabe que é correto... Morya é um homem tão austero consigo mesmo, tão severo com seus defeitos, como indulgente é com os defeitos dos outros, não em palavras, mas nos mais íntimos sentimentos de seu Coração. Enquanto está sempre disposto a dizer-vos em vosso rosto tudo o que pensa de vós, sempre se mostrará, no entanto, um amigo mais fiel para convosco do que eu mesmo, Ele que pode com freqüência vacilar em ferir os sentimentos de alguém, mesmo dizendo a mais estrita verdade. (Mestre Kut Hu Mi).

Se, por um lado, é um ato meritório extirpar todos os sentimentos de cólera, de modo a não se sentir o mais leve paroxismo por uma paixão que todos nós consideramos como pecaminosa, por outro, é um pecado pretender que esses mesmos sentimentos sejam extirpados por ocultação e através de mentiras a si mesmo e a estranhos, e assim levá-los a nos atribuir uma virtude que não temos. (Mestre Kut Hu Mi).

Nas idéias do Ocidente, tudo se inclina para as aparências, mesmo na religião. Um confessor não pergunta ao seu penitente se ele sentiu cólera, mas se ele mostrou cólera para alguém. Se mentes, roubas, matas etc. evitas ser descoberto. Este parece ser o principal mandamento dos Senhores Deuses da civilização: a sociedade e a opinião pública. (Mestre Kut Hu Mi).

Não é suficiente conhecer completamente o que o chela é capaz de fazer ou não fazer em uma dada ocasião e sob determinadas circunstâncias durante o período de provação. Temos que saber de que ele pode se tornar capaz sob oportunidades diferentes e muito variadas. (Mestre Kut Hu Mi).

Quem não é vaidoso? Quem de nós está completamente livre desse defeito? (Mestre Kut Hu Mi).

Ninguém deveria esperar agradecimentos por fazer o seu dever para a Humanidade e para a causa da verdade, porque, afinal, quem trabalha para os demais trabalha para si próprio. (Mestre Kut Hu Mi).

 

 



 

Continua: Sexta Parte

 

 



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Notas:

1. Como explica o Mestre Kut Hu Mi, o 'Devachan' é um estado, digamos, de intenso egoísmo, durante o qual o Ego (combinação do Sexto e Sétimo Princípios) colhe a recompensa do seu altruísmo na Terra. Está completamente mergulhado na felicidade de todos os seus afetos pessoais, preferências e pensamentos terrenos, e recolhe o fruto de suas ações meritórias. Nenhuma dor, nenhuma pena, nem mesmo a sombra de uma aflição obscurecem o brilhante horizonte de sua incontaminada felicidade, porque é um estado de perpétuo 'maya'. Vai ao 'Devachan' o ego pessoal, mas beatificado, purificado, santificado. Todo Ego que, depois do período de gestação inconsciente, renasce no 'Devachan' é necessariamente tão puro e inocente como uma criança recém-nascida. O fato de haver renascido comprova, já por aí, a preponderância do bem sobre o mal em sua velha personalidade. E, enquanto o 'karma' (do mal) fica temporariamente suspenso, para segui-lo mais tarde em sua futura encarnação terrena, ele só leva ao 'Devachan' o 'karma' de suas boas obras, palavras e pensamentos.

2. A Crítica da Razão Pura (Kritik der Rreinen Vernunft), publicada inicialmente em 1781 com uma segunda edição em 1787, é considerada a obra mais influente e mais lida do filósofo alemão Immanuel Kant e uma das mais influentes e importante em toda história da Filosofia ocidental. Neste livro Kant responde a três questões fundamentais da Filosofia: O que podemos saber? O que devemos fazer? O que nos é lícito esperar? E assim, ele distingue duas formas de saber ou de conhecer: o conhecimento empírico (a posteriori), vinculado às percepções fornecidas pelos sentidos (posterior à experiência), e o conhecimento puro (a priori), aquele que não depende dos sentidos, ou seja, é anterior à experiência, este, dependendo de uma afirmação universal, que para ser válida não depende de nenhuma condição específica.

3. Relativamente definitivas.

4. Ainda que sempre relativa.

5. A Oitava Esfera, segundo Rudolf Steiner, foi considerada um segredo até que Mr. Sinnett a mencionasse. A Oitava Esfera é uma espécie de resto ou sobra proveniente da antiga Lua (3ª Esfera) derivada de seu desenvolvimento como antecessora da Terra, e, portanto, (ainda) tem alguma relação com a Terra. O termo decorre do fato de existirem sete esferas conhecidas há muito tempo: Saturno, Sol, Lua, Terra, Júpiter, Vênus e Vulcano. A Oitava Esfera, segundo Steiner, só pode ser atingida pela clarividência imaginário-imaginativa. Ela é uma etapa tardia do desenvolvimento da Lua, ou seja, algo que foi deixado para trás pela Terceira Esfera de sua substancialidade e retido pelas entidades luciféricas e arimânicas. Lúcifer e Arimã, segundo o Fundador da Antroposofia, estão ininterruptamente empenhados em arrancar da Terra e do homem tudo que possa ser incorporado e escravizado à Oitava Esfera, até o dia em que, vibratoriamente, a Terra possa se desprender ou se desligar dessa influência, quando, então, essa Oitava Esfera percorrerá caminhos próprios com Lúcifer e Arimã no comando, e a Terra se dirigirá em direção a Júpiter para mais um ciclo evolutivo em uma dimensão superior e mais refinada. Como tem sido anunciado, possivelmente o início dessa Grande Transformação se dará no mês de fevereiro de 2034. A luta Daqueles que Podem e Sabem tem sido efetivada no sentido de impedir que o desenvolvimento da Humanidade se esvaia no seio da Oitava Esfera e tome outro curso. Mas, infelizmente, isso não será possível para o conjunto dessa mesma Humanidade. Muitos já se entregaram ao domínio de Lúcifer e Arimã, e outros ainda se entregarão. Porém, aqueles que permitem que o princípio do amor (presente na reprodução e na hereditariedade) norteie seus pensamentos, suas palavras e seus atos nada têm a temer, pois as entidades luciféricas e arimânicas nada podem contra o amor. Associativamente ao princípio do amor está vinculada a liberdade de querer, que não havia em Saturno, no Sol e na Lua. Foi apenas no período terrestre que ela se manifestou. Logo, amor e liberdade são as chaves efetivas para que o homem possa fazer valer sua vontade e seu discernimento e não ceder aos apelos magnetizantes e escravizantes das entidades da Oitava Esfera. Como explica Rudolf Steiner, continuamente Lúcifer e Arimã estão ocupados em comprometer o livre-arbítrio do homem e simular uma porção de coisas, para depois lhe arrebatar o que haviam simulado, fazendo-o desaparecer na Oitava Esfera. E também: Todas as vezes que os homens se entregam ao fatalismo ao invés de se decidirem a partir de sua força [interior] de julgamento, mostram uma inclinação para a Oitava Esfera. Dante Alighieri (1265-1321), no Canto I do Inferno da Divina Comédia, que reproduz as concepções cosmológicas e teológicas da época, escreveu: Lasciate ogne speranza, voi ch'entrate! (Deixai, ó vós que entrais, toda a esperança!). A natureza intrinsecada da Oitava Esfera é contra o progresso e a evolução espiralar, e as ações luciféricas e arimânicas, por esse motivo, desenvolveram e vêm desenvolvendo sua maior força no ponto mais vulnerável do ser humano: a cabeça e o intelecto. É por isso, como foi dito acima, que só o amor pode fazer frente a esse conjunto de forças, e só o amor poderá transformar o homem em seu verdadeiro e único senhor, pois ele, o amor, é o passaporte universal e insubstituível para Júpiter. Isto que acabou de ser dito foi definitivamente impresso na consciência humana pela manifestação do Cristo na Terra e com o Supremo Sacrifício de Jesus, recusado, aviltado e fantasiado por muitos nos dias que correm. Uns estão presos ao passado; outros admitem que o futuro começa apenas no presente. O Princípio Crístico veio unir, por meio do Amor Universal, os dois ilusórios e impossíveis extremos. Logo, ficar preso ao antes significa estar a serviço das forças luciféricas, e pensar que o depois começa apenas e a partir do agora é estar submetido às forças arimânicas, ainda que seja aqui e agora que esse inexistente, fictício e utópico futuro deva ser construído. Contradição? Não. Tudo é UM.

6. Todos nós haveremos de aprender que somos responsáveis por tudo. Por tudo. Não há exceção. Inclusive, qualquer ato que praticamos afeta o Universo inteiro.

7. Na Grécia dos séculos V a. C. e IV a. C., a Sofística foi um fenômeno cultural de implicações filosóficas, e especialmente retóricas, caracterizado pelos ensinamentos e doutrinas dos diversos mestres da eloqüência denominados sofistas (Protágoras de Abdera, Górgias de Leontinos etc.), que, além de ministrarem aulas de oratória e de cultura geral para os cidadãos gregos, interferiram em acirrados debates filosóficos, religiosos e políticos da época.

 

Bibliografia:

LEWIS, H. Spencer. Manual Rosacruz. 6ª edição. Coordenação de Maria A. Moura. Biblioteca Rosacruz. Volume especial. Rio de Janeiro: Renes, s. d.

SINNETT, Alfred P. O mundo oculto (A verdade sobre as cartas dos Mahatmas). Tradução de Alf Eyre. Brasília - DF: Editora Teosófica, 2000.

 

Páginas da Internet e Websites consultados:

http://br.geocities.com/cosmosofia_rdfa/textos9.html

http://www.levir.com.br/membros/membros7.php

http://www.levir.com.br/membros/ml/intronotes.htm

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wiki/Cr%C3%ADtica_da_Raz%C3%A3o_Pura

http://www.filosofiavirtual.pro.br/crp.htm

 

Música de fundo:

La Mer

Fonte:

http://www.damadanoite.adm.br/internacionais.htm