(Quarta Parte)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Mestre Kut Hu Mi

 

 

Introdução

 

 

Esta é a continuação de um trabalho que estou fazendo sobre as Cartas dos Mahatmas. Esta parte contém exclusivamente ensinamentos do Mestre Kut Hu MI.

 

Para ler a primeira parte, dirija-se a:

http://paxprofundis.org/livros/cartas/mahatmas.htm

Para ler on-line integralmente as Cartas dos Mahatmas, consulte o Website da Loja Esotérica Virtual no endereço:

http://www.levir.com.br/index.php

Informo novamente que as pictóricas animações distribuídas ao longo dos excertos são de minha única e exclusiva responsabilidade, com exceção da animação do átomo, que não fui eu quem a produziu (apenas a modifiquei e a transformei em flash). Esse é um cacoete de professor do qual não consigo me livrar. (Não consigo porque não quero).

 

 

 

Fragmentos de Algumas Cartas
(Ensinamentos do Mestre KH)

 

 

Sempre há exceções para cada regra, e que geram exceções secundárias... Os 'acidentados' bons e puros dormem no 'Akasa' ignorantes da mudança sofrida; os muito maus e impuros sofrem todas as torturas de um horrível pesadelo. A maioria, os não muito bons, nem muito maus – as vítimas de acidentes ou de violência (incluindo o assassinato) – alguns dormem, outros se convertem em pisachas da Natureza, enquanto que uma pequena minoria pode cair vítima de médiuns e originar uma nova série de 'skandas' do médium que os atrai. Por pequeno que o número destes possa ser, seu destino é o mais deplorável.

A Mente Infinita mostra (a FORÇA INFINITA) não mais do que as batidas regulares e inconscientes do eterno e universal pulso da Natureza, através de miríades de mundos, tanto dentro como fora do primitivo véu do nosso sistema solar.

É a faculdade peculiar do poder involuntário da Mente Infinita (que ninguém poderia jamais pensar em chamar de Deus) estar eternamente transformando matéria subjetiva em átomos objetivos (deveis recordar que os dois adjetivos são usados unicamente em um sentido relativo) ou matéria cósmica, que mais adiante se desenvolverá em formas. E é igualmente esse mesmo poder mecânico involuntário – que vemos tão intensamente ativo em todas as leis fixas da Natureza – que governa e controla o que é chamado de Universo ou Cosmos.

O movimento perpétuo e universal – que nunca cessa, nem nunca diminui, nem aumenta a sua velocidade, nem mesmo durante os intervalos entre os 'pralayas' ou 'noites de Brahma' – continua como um moinho colocado em movimento, tenha ou não algo para moer (porque o 'pralaya' significa a perda temporária de toda forma, mas de nenhuma maneira a destruição da matéria cósmica, que é eterna). Dizemos que esse movimento perpétuo é a única Divindade eterna e incriada que nos é possível reconhecer. Considerar Deus como um espírito inteligente e aceitar ao mesmo tempo a sua absoluta imaterialidade é conceber uma não-entidade, um vazio absoluto. Considerar Deus como um Ser, um Ego, e colocar a sua inteligência sob uma tela por algumas razões misteriosas é a mais consumada tolice. Dotá-lo com inteligência frente ao mal cego e brutal é fazer dele um demônio, um Deus maléfico. Categoricamente, a divindade mosaica é um Ser, por mais gigantesco que seja, que ocupa espaço e tem um comprimento e uma largura... Para o que está além e fora dos mundos da forma e dos seres, em mundos e esferas em seu estado mais espiritualizado (e talvez possais nos fazer o favor de nos dizer onde possa estar esse mais além, pois o Universo é infinito e ilimitado) é inútil que qualquer um o busque, pois nem mesmo os Espíritos Planetários têm o conhecimento ou percepção dele.

 

 

 

 

Enquanto isso, posso dizer que é o movimento que governa as leis da Natureza; e que ele as governa assim como o impulso mecânico dado à água corrente a impelirá, seja em uma linha reta ou ao longo de uma centena de sulcos laterais que pode encontrar em seu caminho, sejam esses sulcos laterais ou canais, naturais ou preparados artificialmente pela mão do homem. E mantemos que onde houver vida e ser, e por mais espiritualizada que seja a forma, não há lugar para um governo moral, e muito menos para um Governador moral – um Ser que, ao mesmo tempo, não possui forma alguma nem ocupa espaço! Na verdade, se a Luz brilha nas trevas e elas 'não a abrangem' é porque tal é a lei natural. Mas quão mais sugestivo e cheio de significação é, para aquele que sabe, dizer que a Luz poderia abranger ainda menos as trevas, nem jamais abrangê-las, pois que as mata aonde penetrem e as aniquila instantaneamente. Um espírito puro e, no entanto volitivo, é um absurdo para uma mente volitiva.

A resultante de um organismo não pode existir independentemente de um cérebro organizado, e um cérebro organizado construído do nada é ainda uma maior falácia. Se me perguntardes: — 'De onde, então, provêm as leis imutáveis?; as leis não podem fazer-se a si mesmas. Então eu, por minha vez, vos perguntarei: — De onde provêm o vosso suposto Criador? Um Criador não pode se criar ou se fazer a si mesmo. Caso o cérebro não se fez a si mesmo, pois isso seria afirmar que o cérebro atuava antes de existir, como poderia a inteligência (o resultado do cérebro organizado) atuar antes que fosse feito o seu criador?

Existe uma Força tão ilimitada como o pensamento, tão potente como a vontade sem limites, tão sutil como a essência da vida, tão inconcebivelmente terrível em sua força arrasadora, que poderia convulsionar o Universo até o seu próprio centro, se fosse usada apenas como uma alavanca. Mas essa Força não é Deus, pois existem homens que aprenderam o segredo de sujeitar essa Força à sua vontade, quando necessário.

Uma corrente de ar chega até mim, vinda do lago mais próximo, enquanto escrevo esta carta com os dedos meio gelados. Então, eu mudo a corrente de ar que entorpece os meus dedos para uma brisa quente, por meio de uma certa combinação de influências elétricas, magnéticas, ódicas e outras, e, assim, neutralizo a intenção do Todo-poderoso, destronando-o por minha vontade! Posso fazer isso ou quando não quero que a Natureza produza fenômenos estranhos e muito visíveis, eu obrigo ao ser, dentro de mim mesmo, que vê a Natureza e sente a sua influência, a que desperte repentinamente às percepções e sensações novas, e dessa forma sou meu próprio Criador e Regente. (Grifos meus).

Leis imutáveis não podem surgir, pois elas são eternas, incriadas e são impelidas na Eternidade, e Deus mesmo – se tal coisa existisse – não teria jamais o poder de detê-las. E quando disse que essas Leis eram fortuitas 'per se', quis me referir às suas cegas correlações, nunca às Leis, ou melhor à LEI, pois somente reconhecemos uma LEI no Universo: a LEI da HARMONIA, do perfeito EQUILÍBRIO.

A dificuldade de explicar o fato de que 'forças que não são inteligentes possam produzir seres altamente inteligentes, como nós', é conciliada pela eterna progressão dos ciclos e o processo evolutivo, sempre aperfeiçoando a sua obra à medida que avança.

O conceito de Matéria e Espírito como inteiramente distintos e ambos eternos, não poderia certamente haver entrado jamais na minha cabeça, por pouco que conheça acerca de ambos, pois é uma das doutrinas elementares e fundamentais do Ocultismo que os dois são um só na limitada percepção do mundo dos sentidos. Longe de 'carecer de amplitude filosófica', então, as nossas doutrinas mostram somente Um Princípio em a Natureza – Espírito-Matéria ou Matéria-Espírito – sendo o Terceiro o Absoluto Supremo ou a Quinta-essência dos dois, se me permitem usar um termo errôneo na presente explicação, que se situa além da vista e das percepções espirituais dos mesmos 'Deuses' ou Espíritos Planetários. Este Terceiro Princípio, dizem os filósofos vedantinos, é a Única Realidade, sendo tudo mais 'maya', pois que nenhuma das manifestações proteicas do espírito-matéria, ou 'Purusha' e 'Prakriti', foram jamais consideradas sob qualquer outro aspecto que o de ilusões temporárias dos sentidos... No livro de Kiu-te, o Espírito é denominado a Suprema Sublimação da Matéria, e a Matéria a Cristalização do Espírito. E nenhuma ilustração melhor poderia ser dada do que no fenômeno muito simples do gelo, água e vapor, e a dispersão final deste último com a reversão do fenômeno em suas consecutivas manifestações chamada de queda do Espírito na geração ou Matéria. Esta trindade resolvendo-se em uma unidade – uma doutrina tão antiga como o mundo do pensamento – foi captada por alguns primitivos cristãos, que a aprenderam na Escola de Alexandria e a converteram no Pai, ou espírito gerador, no Filho, ou matéria (homem) e no Espírito Santo, a essência imaterial ou o vórtice do triângulo eqüilátero, idéia que se encontra até os nossos dias nas pirâmides do Egito. (Grifo meu).

 

 

Os Dois São Um

 

 

O movimento é eterno porque o Espírito é eterno. Mas, nenhuma modalidade de movimento pode ser concebida a menos que esteja em conexão com a Matéria.

Para se tornar um perfeito Adepto são necessários longos anos, mas, por fim, o Adepto torna-se Mestre. As coisas ocultas se tornam evidentes, e mistério e milagre fugiram para sempre da sua visão. Ele vê como guiar a força nesta ou naquela direção para produzir os efeitos desejados... Nenhuma mudança nas vibrações etéricas pode lhe escapar... Mas, cada um de nós tem que começar desde o princípio, não pelo fim... Eu tive de estudar quinze anos antes que chegasse à doutrina dos ciclos, e tive que aprender coisas mais simples de início.

Menos do que dois séculos antes da chegada de Cortez [à América], existia já uma 'aceleração' tão grande para o progresso entre as sub-raças do Peru e do México como existe hoje na Europa e nos Estados Unidos da América. Aquelas sub-raças terminaram em uma quase total aniquilação devido a causas geradas por elas mesmas; da mesma maneira, acontecerá com a vossa no final do seu ciclo.

A civilização é uma herança, um patrimônio, que passa de uma Raça para outra ao longo dos caminhos ascendentes e descendentes dos ciclos.

No Período Eoceno – ainda mesmo no seu começo – o grande ciclo da Quarta Raça humana, os Atlantes, já haviam alcançado o seu nível mais culminante e o grande continente, o pai de todos os continentes atuais, mostrava os primeiros sintomas do afundamento, um processo que perdurou até 11.446 anos atrás, quando a sua última ilha, a qual, traduzindo o seu nome idiomático, podemos chamar propriamente de Poseidonis, afundou com grande estrépito... E a Lemúria não pode mais ser confundida com o Continente Atlântico, da mesma forma que a Europa com a América. Ambas afundaram e foram afogadas com suas altas civilizações e 'deuses', embora entre as duas catástrofes tenha decorrido um curto período de 700.000 anos. Lemúria floresceu e terminou a sua carreira justamente por ocasião daquele curto lapso de tempo antes da primeira parte da era Eocena, pois a sua raça era a Terceira.

Os nossos atuais continentes, do mesmo que a Lemúria e a Atlântida, estiveram várias vezes submersos e tiveram tempo para reaparecer e desenvolver os seus novos grupos de humanidade e civilização.

A aproximação de cada novo 'obscurecimento' é sempre assinalada por cataclismos, sejam pelo fogo ou pela água. Mas, afora isso, cada 'Anel' (ou Raça Raiz) tem que ser dividido em dois, por assim dizer, por um ou outro (água ou fogo). Assim, tendo a quarta Raça atingido o ápice do seu desenvolvimento e glória (os Atlantes foram destruídos pela água) somente encontrareis agora os seus degenerados e caídos remanescentes, cujas subraças, não obstante, tiveram mesmo, cada uma delas, os seus dias florescentes de glória e grandeza relativa. O que são agora, vós sereis algum dia, pois que a lei cíclica é una e imutável. Quando vossa Raça, a Quinta, tiver alcançado o zênite de sua intelectualidade física e desenvolvido a mais elevada civilização (recordai a diferença que fazemos entre civilizações materiais e espirituais), incapaz, então, de se elevar mais em seu próprio ciclo, o seu progresso rumo ao mal absoluto será detido (tal como os seus predecessores – os Lemurianos e Atlantes, homens da Terceira e Quarta Raças – foram detidos em seu avanço em direção ao mesmo) por uma dessas mudanças cataclísmicas.

O que emerge no final de todas as coisas não é somente o 'Espírito Puro e Impessoal', mas as recordações coletivas 'pessoais' extraídas de cada novo Quinto Princípio na larga série de existências. E, se no final de todas as coisas – digamos, daqui há alguns bilhões de anos – o Espírito tiver que descansar em sua não-existência pura e impessoal como o Uno ou o Absoluto, não obstante deve haver 'algo bom' no processo cíclico, pois que cada Ego purificado tem a oportunidade, nos grandes intervalos entre a existência objetiva nos planetas, de existir como um 'Dhyan Chohan', desde o mais inferior 'Devachânico' até o mais elevado Planetário, gozando os frutos de suas vidas coletivas.

O 'Espírito' puro e impessoal 'per se' é uma não-entidade, uma abstração pura, um vazio absoluto para os nossos sentidos, mesmo para os mais espirituais. Converte-se em algo somente ao unir-se com a Matéria; por isso é sempre algo, pois que a Matéria é infinita, indestrutível e não-existente sem o Espírito, o qual é a Vida e do ser, pois a Matéria é inseparável do mesmo.

 

 

 

 

A vida nunca poderá ser compreendida enquanto for estudada separadamente ou desvinculado da Vida Universal. Para resolver o grande problema, o indivíduo deve se tornar um ocultista. Analisar e experimentar com ela pessoalmente em todas as suas fases: como vida na Terra; vida além do limite da morte física; ; vida mineral, vegetal, animal e espiritual; vida em associação com a matéria concreta; e a vida presente no átomo imponderável.

 

 

 

 

O movimento interpenetra tudo; o repouso absoluto é inconcebível. Sob qualquer forma ou máscara o movimento aparece, seja como luz, calor, magnetismo, afinidade química ou eletricidade, ainda que todas estas formas sejam apenas fases da mesma Força Una, Universal e Onipotente – um 'Proteo' – que nós denominamos simplesmente a 'Vida Una', a 'Lei Una', o 'Elemento Uno'.

Se, em alguns anos, como espero, eu seja por completo o meu próprio Mestre, pode ser que tenha o prazer de vos demonstrar em vossa própria escrivaninha que a vida como vida não só é transformável em outros aspectos ou fases da Força Onipenetrante, mas que pode ser realmente infundida em um homem artificial. Frankenstein é um mito apenas como um herói de um conto místico; em a Natureza é uma possibilidade, e os físicos e médicos da última subraça da Sexta Raça inocularão a vida e reviverão cadáveres, tal como agora inoculam a varíola e com freqüência outras enfermidades mais perigosas. Espírito, vida e matéria, não são princípios naturais que existam independentemente uns dos outros, mas os efeitos de combinações produzidas pelo movimento eterno no Espaço.

 

 

 

 

Todos nós sabemos que o calor que a Terra recebe por radiação do Sol é, no máximo, um terço, senão menos, da quantidade recebida por ela diretamente dos meteoros.

Nós sabemos que o Sol invisível está composto daquilo que não possui nome, nem pode ser comparado a coisa alguma conhecida pela vossa ciência na Terra...

O Sol não é nem um sólido, nem um líquido, nem mesmo uma fulguração gasosa, e, sim, uma esfera gigantesca de Forças eletromagnéticas, o depósito da vida e do movimento universais, de onde o última pulsa em todas as direções, para alimentar o mais pequeno átomo como o maior gênio, com o mesmo material, até o final do Maha Yug.

Não há senão uma só coisa: energia radiante, que é inesgotável e que não conhece nem aumento nem diminuição, e que prosseguirá em seu trabalho autogerador até o final do 'manvantara' solar.

Uma crença amplamente difundida entre os hindus é a de que o estado pré-natal e o nascimento futuros de uma pessoa são moldados pelo último desejo que tenha tido no momento da morte. Mas, este último desejo, eles dizem, depende necessariamente da forma que a pessoa deu aos seus desejos, paixões etc. durante a sua vida passada. É por esta mesma razão, isto é, que o nosso último desejo pode não ser desfavorável ao nosso futuro progresso, que devemos vigiar nossas ações e controlar nossas paixões e desejos ao longo de toda a nossa carreira terrena. (Grifo meu).

No último momento, toda a vida se reflete em nossa memória, e emerge de todos os escaninhos e recantos esquecidos, quadro após quadro, acontecimento após acontecimento. O cérebro moribundo desaloja a memória com um forte impulso supremo e a memória devolve, com fidelidade absoluta, cada uma das impressões que lhe foram confiadas durante o período da atividade cerebral. Aquela impressão e pensamento que foram mais poderosos se tornam naturalmente os mais vívidos, e sobrevivem, por assim dizer, a todo o resto que agora se desvanece e desaparece para sempre, para reaparecer unicamente no 'Devachan'. Nenhum homem morre insano ou inconsciente, como asseguram alguns fisiólogos. Mesmo um louco ou alguém em um ataque de 'Delirium Tremens'1 terão o seu instante de perfeita lucidez no momento da morte, ainda que sejam incapazes de manifestá-lo aos presentes. O homem pode, muitas vezes, parecer que está morto. Entretanto, desde a sua última pulsação – desde e entre a última batida de seu coração e o momento quando a última partícula de calor animal deixa o corpo – o cérebro pensa e o Ego revive nesses breves segundos toda a sua vida. Falai em voz baixa, vós que estais juntos a um leito de morte e estais diante da solene presença da Morte. Em especial, deveis manter-vos silenciosos justamente depois que a Morte tenha colocado a sua viscosa mão sobre o corpo. Falai em sussurros, eu vos digo; do contrário, ireis perturbar a calma onda de pensamento e dificultareis o afanoso trabalho do Passado vertendo os seus reflexos sobre o Véu do Futuro.

Mau, irreparavelmente mau, deve ser aquele Ego que não colhe nem um fragmento do seu Quinto Princípio e deve ser aniquilado, para desaparecer na Oitava Esfera.

Todos nós, moradores das cadeias, temos que evoluir, viver e percorrer todos os degraus da escala, na mais elevada e última das cadeias setenárias (na escala da perfeição), antes que o 'pralaya' solar faça desaparecer com um sopro o nosso pequeno sistema.

Exceto uns poucos casos excepcionais – como o dos nossos Iniciados Teshu-Lamas e os Bodhisatvas, e mais alguns – nenhuma mônada jamais reencarna antes do seu ciclo predestinado.

Os poucos homens da Quinta Ronda não geram filhos da Quinta e sim da vossa Quarta Ronda.

Em cada Ronda, há menos e menos animais evoluindo os últimos para formas mais elevadas. Na primeira Ronda, foram eles os 'reis da criação'. Durante a Sétima, os homens terão se tornado Deuses e os animais seres inteligentes... Começando com a Segunda Ronda, a evolução prossegue em um plano muito diferente. Tudo está desenvolvido e apenas tem que prosseguir em sua viagem cíclica e se tornar perfeito. É só na Primeira Ronda que o homem surge de um ser humano no Globo B, um mineral, uma planta e um animal no Planeta C. O método muda por completo a partir da Segunda Ronda.

Todos aqueles que não escorregaram no lodaçal do pecado e da bestialidade irremediáveis vão para o 'Devachan'.2

Fatos (muito importantes) relacionados com o Adeptado:

1) Um Adepto (tanto o mais elevado como o de menor grau) o é somente durante o exercício de seus poderes ocultos.

2) Sempre que tais poderes sejam necessários, a vontade soberana abre a porta para o homem interno (o Adepto) que pode emergir e atuar com liberdade, mas com a condição de que seu carcereiro (o homem externo) esteja completa ou parcialmente paralisado, segundo o caso requeira, seja: (a) mentalmente e fisicamente; (b) mentalmente, mas não fisicamente; (c) fisicamente mas não inteiramente mentalmente; (d) nem um nem outro, mas com uma película akásica interposta entre o homem externo e o interno.

3) O menor exercício de poderes ocultos requer, então, como vereis agora, um esforço. Podemos compará-lo ao esforço muscular de um atleta preparando-se para usar a sua força física. Da mesma maneira que não é provável que um atleta esteja a todo tempo distraindo-se em dilatar as suas veias como preparação entes de levantar um peso, tampouco devemos supor que um Adepto manterá a sua vontade em constante tensão e o homem interno em plena função, quando não houver necessidade imediata para isso. Quando o homem interno repousa, o Adepto torna-se um homem comum, limitado aos seus sentidos físicos e às funções de seu cérebro físico. O hábito aguça as intuições deste último, mas não é capaz de torná-las supersensíveis. O Adepto interno está sempre pronto, sempre alerta, e isso é suficiente para nossos propósitos. Nos momentos de descanso suas faculdades também descansam. Quando me sento para tomar os meus alimentos, ou quando me visto, leio ou faço outra coisa, não estou pensando nem mesmo naqueles próximos de mim, e Djual Khool pode fraturar o nariz, até sangrar ao tropeçar na obscuridade de encontro a uma coluna – como lhe ocorreu outra noite (justamente porque, em vez de criar uma película, paralisou totalmente todos os seus sentidos externos enquanto falava com um amigo distante) – e eu permaneci placidamente ignorante do fato. Eu não estava pensando nele, e daí a minha ignorância.

Do que foi dito, podeis deduzir que um Adepto é um mortal comum em todos os momentos da sua vida diária, menos quando o homem interno está atuando. Conclusão: Quando K. H. nos escreve não é um Adepto. Um não-Adepto é falível. Portanto, K. H. pode muito facilmente cometer enganos.

A 'mônada astral' é o 'Ego pessoal' e, portanto, nunca reencarna como os espíritas franceses querem, salvo em 'circunstâncias excepcionais'. Nesse caso, reencarnado, não se converte em um cascão; mas se tem êxito em sua segunda reencarnação irá se tornar um cascão e, então, gradualmente, perderá a sua personalidade depois de ser, por assim dizer, esvaziado dos seus melhores e mais elevados atributos pela Mônada Imortal ou o 'Ego Espiritual' durante a última e suprema luta.

Cada entidade com quatro princípios recém-desencarnada (seja por morte natural ou violenta, de suicídio ou acidente, sã ou insana, jovem ou velha, boa, má ou indiferente) perde toda a recordação no instante da morte; é mentalmente aniquilada. Dorme o seu sono 'akásico' no 'Kama Loka'. Este estado dura algumas horas (raramente muito) dias, semanas, meses e, às vezes, até vários anos. Tudo isso conforme a entidade e seu estado mental no momento da morte, a espécie de sua morte etc. Essa recordação retornará à entidade ou Ego lenta e gradualmente até o final da gestação em forma ainda mais lenta e bastante imperfeita e incompleta ao cascão, e, completamente, ao Ego no momento de sua entrada no 'Devachan'. E agora, sendo este último um estado determinado e produzido por sua vida passada, o Ego não entra nele subitamente, e, sim, emerge nele de modo gradual e por etapas imperceptíveis. Desde o primeiro alvorecer desse estado, aparece a vida recém-terminada (ou melhor é revivida pelo Ego) desde o seu primeiro dia consciente até o último. Desde os acontecimentos mais importantes até os mais insignificantes, todos se desenvolvem diante do olho espiritual do Ego; mas, em contraste com os acontecimentos da vida real, só permanecem os que são escolhidos pelo novo vivente (perdoai-me a palavra) que se adere a certas cenas e atores. Esses ficam permanentemente, enquanto que todos os outros se desvanecem para desaparecer para sempre ou para retornar ao seu criador: o cascão. Tratai, pois, de compreender esta lei tão altamente importante por ser exatamente justa e retributiva nos seus efeitos. Nada resta desse passado que ressurgiu, a não ser o que o Ego sentiu espiritualmente (aquilo que se desenvolveu e viveu por e através de suas faculdades espirituais), seja o amor ou o ódio. Tudo que estou agora tentando descrever é, na verdade, indescritível. E assim como nunca dois homens e nem mesmo duas fotografias da mesma pessoa se assemelham entre si, linha por linha, tampouco se assemelham dois estados no 'Devachan'. A não ser que seja um Adepto, que pode experimentar tais estados em seu próprio 'Devachan' periódico, como se pode esperar que alguém forme uma imagem correta do mesmo? Portanto, não existe contradição ao dizer que o Ego, uma vez renascido no 'Devachan', retém por certo tempo, proporcional à sua vida terrestre, uma recordação completa de sua vida (Espiritual) na Terra.

Todos aqueles que não caem na Oitava Esfera vão ao 'Devachan'.

Todo sentimento é relativo. Não existe nem bem nem mal, nem felicidade nem miséria, 'per se'.

Eu não tenho direito de olhar sua vida passada. Cada vez que tive um vislumbre da mesma, afastei invariavelmente a minha visão, porque tenho que lidar somente com o presente A. P. Sinnett.

Amor e Ódio são os únicos sentimentos imortais; mas as graduações de tons ao longo das sete vezes sete escalas de todo o teclado da vida são inumeráveis. E dado que esses dois sentimentos são os que modelam o futuro estado do homem, seja para o 'Devachan' ou para o 'Avitchi', então a variedade desses estados deve ser também inesgotável.

 

 


 

Continua: Quinta Parte

 

 



_____

Notas:

1. O Delirium Tremens é uma psicose causada pelo alcoolismo. Assim, é uma forma mais intensa e complicada da abstinência. Delirium é um diagnóstico inespecífico em Psiquiatria que designa estado de confusão mental: a pessoa não sabe onde está, em que dia está, não consegue prestar atenção em nada, tem um comportamento desorganizado, sua fala é desorganizada ou ininteligível e à noite pode ficar mais agitado do que de dia. A abstinência e várias outras condições médicas não relacionadas ao alcoolismo podem causar esse problema. Como dentro do estado de delirium da abstinência alcoólica são comuns os tremores intensos ou mesmo convulsão, o nome ficou como Delirium Tremens. Um traço comum no Delirium Tremens, mas nem sempre presente são as alucinações tácteis e visuais em que o paciente insetos ou animais asquerosos próximos ou pelo seu corpo. Esse tipo de alucinação pode levar o paciente a um estado de agitação violenta para tentar se livrar dos animais que o atacam. Pode ocorrer também uma forma de alucinação induzida, por exemplo, o entrevistador pergunta ao paciente se está vendo as formigas andando em cima da mesa sem que nada exista e o paciente passa a ver os insetos sugeridos. O Delirium Tremens é uma condição potencialmente fatal, principalmente nos dias quentes e nos pacientes debilitados. A fatalidade, quando ocorre, é devida ao desequilíbrio hidro-eletrolítico do corpo.

2. Como explica o Mestre Kut Hu Mi, o 'Devachan' é um estado, digamos, de intenso egoísmo, durante o qual o Ego (combinação do Sexto e Sétimo Princípios) colhe a recompensa do seu altruísmo na Terra. Está completamente mergulhado na felicidade de todos os seus afetos pessoais, preferências e pensamentos terrenos, e recolhe o fruto de suas ações meritórias. Nenhuma dor, nenhuma pena, nem mesmo a sombra de uma aflição obscurecem o brilhante horizonte de sua incontaminada felicidade, porque é um estado de perpétuo 'maya'. Vai ao 'Devachan' o ego pessoal, mas beatificado, purificado, santificado. Todo Ego que, depois do período de gestação inconsciente, renasce no 'Devachan' é necessariamente tão puro e inocente como uma criança recém-nascida. O fato de haver renascido comprova, já por aí, a preponderância do bem sobre o mal em sua velha personalidade. E, enquanto o 'karma' (do mal) fica temporariamente suspenso, para segui-lo mais tarde em sua futura encarnação terrena, ele só leva ao 'Devachan' o 'karma' de suas boas obras, palavras e pensamentos.

 

Observação:

A animação Os Dois São Um foi elaborada a partir da tela em acrílico de Alceon Jones. Fonte:

http://www.uncp.edu/nativemuseum/
collections/art/multiplicity.htm

 

Bibliografia:

LEWIS, H. Spencer. Manual Rosacruz. 6ª edição. Coordenação de Maria A. Moura. Biblioteca Rosacruz. Volume especial. Rio de Janeiro: Renes, s. d.

SINNETT, Alfred P. O mundo oculto (A verdade sobre as cartas dos Mahatmas). Tradução de Alf Eyre. Brasília - DF: Editora Teosófica, 2000.

 

Páginas da Internet e Websites consultados:

http://br.geocities.com/cosmosofia_rdfa/textos9.html

http://www.levir.com.br/membros/membros7.php

http://www.levir.com.br/membros/ml/intronotes.htm

http://www.extrabyte.info/img/moneta.gif

http://en.wikipedia.org/wiki/Allan_Octavian_Hume

http://pt.wikipedia.org/wiki/Manvantara

http://users.ez2.net/nick29/theosophy/lessons16.htm

http://www.urutagua.uem.br//005/07fil_fontana.htm

http://www.filosofiavirtual.pro.br/
naturezaschopenhauer.htm

http://www.tantrayoga.pro.br/
Diversos/Aquiles_e_Arjuna.pdf

http://pt.wikipedia.org/wiki/Tor%C3%A1

http://pt.wikipedia.org/wiki/Delirium_tremens

http://www.gifmania.com.pt/geometria/atomos/

 

Música de fundo:

La Mer

Fonte:

http://www.damadanoite.adm.br/internacionais.htm