Uma
Iniciação poderá acontecer em qualquer lugar, desde
que esse mesmo lugar tenha sido sacralizado pelos pensamentos e pela
conduta do iniciando. Preenchidas as condições de santidade
requeridas, ela poderá ocorrer, e uma dessas condições
é a predisponência do estudante. Portanto, não é
correto admitir que uma Iniciação só possa se verificar
em um Templo, em uma Loja ou em um Santuário privado. Pode suceder,
sim, no conforto do lar, como também nas estepes geladas do ártico,
nas areias tórridas do deserto ou em um quarto de hotel. Não
esqueçamos de que o Santuário dos Santuários está
em nosso interior. Quando esse Santuário é correta e dignamente
acessado, a experiência mística poderá se processar.
Contudo, também pode suceder que uma Iniciação
só surta os efeitos iniciáticos desejados e iluminadores
muitos anos depois de ter acontecido. É incrível mas é
assim mesmo que uma Iniciação pode se desenovelar, principalmente
se o indivíduo for um rebelde como eu. O propósito deste
depoimento é discutir um dos maiores impedimentos na Via Iniciática
– a vaidade – relatando didaticamente uma esperiência
místico-psíquica que sucedeu comigo há mais ou
menos dez anos.
DESENCONTROS
EDUCATIVOS
Nesta
bendita encarnação, como já tive oportunidade de
relatar em outro texto que escrevi, eu me casei quatro vezes e tive
dois filhos com a minha primeira mulher. Posso dizer sem errar que,
maiormente, meus desencontros se deram todos no âmbito afetivo
com as mulheres com quem me relacionei. Errei eu? Erraram elas? Erramos
nós? Houve erro? Isso é o que menos importa, inclusive
porque envolve julgamentos sobre o que é certo e o que é
errado, e julgar o que quer que seja é olhar um fato qualquer
de maneira pessoal, peculiar e geralmente parcial. Quem julga, de alguma
forma, sempre comete algum erro de avaliação. Por outro
lado, essa questão do errar é tremendamente relativa;
tudo na vida acaba se configurando em parte de um somatório de
experiências educativas, e, para um místico, isso é
de fundamental importância. São as experiências vividas
(as agradáveis e, principalmente, as desagradáveis) que
moldam a personalidade e dão a força necessária
para podermos seguir em frente. As experiências da vida são
os verdadeiros testadores e os antênticos catalisadores da vontade,
pois, como advertiu Raymund Andrea, FRC (1882/1975) em A Técnica
do Discípulo, um espírito fraco e tímido, nutrido
no colo macio das boas coisas da vida, sem se ter exercitado nas virtudes
cardeais da paciência e da compaixão, e nada sabendo
do antagonismo saudável que se mede contra
forças contrárias, muito
terá a superar e muito a construir naquela personalidade que
agora tem de se esforçar. (Grifo
meu). E também, como continua a advertir Andrea, dar a um
homem de vontade fraca o nome de discípulo é uma impropriedade.
Citei esses dois fragmentos para dar ênfase ao fato de que, seja
o estudante de Misticismo um neófito ou um discípulo,
o místico (como, na realidade, qualquer pessoa) sempre se deparará
na vida com múltiplas situações difíceis
e desconfortáveis – todas elas criadas por ele
mesmo – que porão
a prova sua vontade de progredir, de servir e de vir a ser. Mas nada
acontece por acaso e nada é inútil. Revoltar-se contra
as aflições que a encarnação impõe
a todos nós talvez seja um dos maiores erros que um místico
possa cometer.
Nesse
sentido, não se deve confundir rebeldia com insubordinação.
Rebeldia, em seu melhor sentido, está associada à perseverança,
à tenacidade e à obstinação; já a
insubordinação está associada à desobediência
ou a uma maior ou menor insurgência contra uma autoridade legitimamente
investida ou a uma dada ordem estabelecida. Isto devidamente explicado,
justifica o fato de eu me classificar como um rebelde, mas jamais como
um insubordinado. Mas, se a rebeldia carreia vantagens para o rebelde,
em contrapartida, é foco de desencontros, particularmente com
os indolentes e com aqueles que foram acostumados e nutridos
no colo macio das boas coisas da vida. Não há rebelde
que não acabe pagando, em um certo sentido, o preço de
sua rebeldia.
IGNORÂNCIA
E VAIDADE
Apesar
de ser um rebelde, sofri muito com a minha ignorância e com a
minha vaidade inconsciente. E um dos maiores sofrimentos que passei
em minha vida foi quando meu terceiro casamento acabou. Parecia que
o Mundo havia desabado sobre a minha cabeça. Emagreci dez quilos
e a minha vida foi coberta de sombras. Isto, em uma certa medida, aconteceu
nos meus casamentos anteriores, só que desta vez foi muito pior,
muito mais devastador. Até respirar me era penoso, e viver ou
morrer, durante um curto espaço de tempo, também me foi
indiferente. Mas, algo em meu interior me dizia que eu iria sair daquela
situação e compreender o que estava acontecendo. Minha
rebelde vontade interior de vencer aquela crise era irredutível,
apesar do desânimo que tomara conta do meu ser.
Nessa
ocasião eu já estava na Ordem
Rosacruz AMORC
há mais ou menos 25 (vinte e cinco) anos, mas nada do que eu
aprendera estava sendo utilizado por mim para pôr fim àquele
drama. Meus
companheiros inseparáveis de suplício eram o choro permanente
e a música New York, New York, e
eu só me lembrava da frase; If
I can make it there, I’ll make it anywhere. A
coisa toda se resumia no seguinte: dor, alimentação
da dor, querer sair da dor.... mas sem força para vencer e sair
da dor. Minha vida se tornou um redemoinho alimentado principalmente
por uma doentia falta de vontade de viver. Mas, não desisti.
E que aquilo haveria de passar, isso eu tinha certeza. Sucumbir por
causa de uma relação que se esgotara eu não iria
mesmo permitir. Mas, que estava muito difícil e doloroso, estava,
como também deve ter sido sofrido para a minha companheira, que,
a partir de então, também teria de seguir sua vida. Ambos
sofremos, tenho certeza. De qualquer sorte, eu suportei, com o máximo
de dignidade que me foi possível, a dor e as dificuldades daquela
hora sombria.
A
FORÇA
Para
encurtar este depoimento – que considero extremamente educativo
– uma certa noite, no apart-hotel em que eu estava morando
depois da separação, no auge do meu desespero, antes de
ir dormir, por volta de duas horas da madrugada, tomei a decisão
de fazer uma Invocação Mística que não acho
conveniente reproduzi-la, mas que a Ela me referirei de Invocação
à Força. Pessoas despreparadas poderiam tentar reproduzi-la
e as conseqüências poderiam ser desagradáveis.
Portanto, seria uma irresponsabilidade minha relatar os pormenores
dessa Santa Invocação. Isto só se faz, e mesmo
assim com toda a responsabilidade decorrente da decisão de fazê-lo,
em casos extremamente especiais. Eu estou com 59 (cinqüenta e nove)
anos e só fiz essa Invocação uma vez. Não
pretendo e não vou repeti-La.
Nessa
época eu estava morando sozinho em um apat-hotel no
Leblon, um bairro do Rio de Janeiro. Mais ou menos uns cinco minutos
depois da Bem-Aventurada Invocação a coisa começou.
A Força chegou de repente. Sem aviso. Não vi a Força
invocada, mas Ela estava ali, presente, amorosa, e duramente passou
a me educar e a me mostrar todo o meu passado de equívocos e
todas as misérias que eu havia produzido. Em suma: todas as desgraças
das quais eu era o responsável. Aquilo foi simplesmente um horror.
Todo o meu corpo tremia, a respiração se tornou descompassada
e eu sentia claramente a energia do meu ser se esvaindo. Angústia
e desespero totais e inenarráveis. Parecia que a morte havia
chegado da forma mais tenebrosa e assustadora. Em um certo
sentido, chegou mesmo, pois eu passei por um certo tipo de Morte Iniciática.
Morri e renasci. Mas isso foi só o começo, porque durante
uns 25 (vinte e cinco) minutos eu passei a limpo a minha vida. Fiquei
chocado com as coisas que eu vi, pois muitas delas eu já havia
esquecido e não me dava conta de quanto sofrimento eu fora capaz
de produzir. Entretanto, tudo era minha responsabilidade. Nada, absolutamente
nada, era, por assim dizer, culpa dos outros. A responsabilidade de
tudo era somente minha. Até, inclusive, a de tentar fazer um
presumido bem, quando ele não deve ou não pode ser feito,
o que é um procedimento equivocado. E isso eu também fiz.
Tenho que enfatizar: aquilo foi o maior horror místico-educativo
que eu passei nesta vida. Nem quando vi meu demônio pessoal (aos
vinte e poucos anos) foi tão assustador. Uma explicação
necessária: cada um de nós tem o seu próprio demônio
(ou muitos). Ele é o produto mimado e medonhamente construído
por todos os maus pensamentos, todas as más palavras, todas as
más ações, todas as perversas omissões,
todas as cumplicidades etc. que consentimos em praticar. Essa bola demoníaca
vai aumentando ao longo da vida até que nos consome inteiramente.
O Eu Interior não tem mais como conviver nesse inferno e a desagregação
ocorre, pois a desarmonia, nesses casos, é irreversível.
Essa fragmentação do ser pode ser violenta e traumática,
ou pode começar a se manifestar mais ou menos lentamente, como
que a nos avisar. Mas, como na maioria das vezes não temos consciência
de nossas indigências espirituais, não percebemos os avisos.
E assim, padecemos... e acabamos morrendo descontroladamente, quando
a dita morte deveria ser uma espécie de beijo suave e reconfortante.
Simplificadamente, penso que seja isso que ocorra. Nenhum de nós
precisa de um inferno mítico para temer, simplesmente porque
temos a mais absurda capacidade de, dia após dia, fabricarmos
o mais demoníaco dos infernos. Dentro de nós.
Chorei
muito. Chorei e me envergonhei muito. Mas quando tudo acabou, lá
pelas 2:30 horas da madrugada, algo de muito profundo se operara em
meu ser. Posso dizer que, dentre tantos, um dos aprendizados
– naquele tempo concentrado de ensinamento místico –
foi o reconhecimento de minha vaidade. Isso era uma coisa que
não me passava. Simplesmente eu não percebia o quanto
era vaidoso. E a vaidade foi o instrumento perverso de muitas dores
que causei aos outros. Mas, da mesma forma como a Força chegou,
Ela partiu. Não houve apresentações em Sua chegada,
nem despedidas em Sua partida. Cumprida a missão de me orientar
e de me esclarecer, Ela se foi como chegou. Sou grato a tudo que aprendi
naquela madrugada, mas não desejo a ninguém essa experiência.
Acho mesmo que quem não estiver preparado para levar essa Surra
Mística, não a levará, apesar de, na época,
eu não saber a priori que aquilo iria acontecer, nem
que eu seria capaz de resistir à vibração a qual
fui sujeito. Se eu soubesse o que iria passar, talvez não tivesse
coragem de fazer a Santa Invocação.
Mas,
antes de prosseguir, direi uma coisa que geralmente não é
dita. Pelo menos, não explicitamente, pois nunca a li em lugar
algum da forma como a apresentarei. É
impossível de se extirpar definitivamente a vaidade.
Pode-se até dormir sem ela, mas acorda-se sempre com ela. Cada
dia é um novo dia, e é necessário que o místico
esteja atento aos seus pensamentos e às suas representações.
Se ele fraquejar, escorregará; se escorregar, retrocederá;
se retroceder, deverá recomeçar. Muitos são os
motivos e muitas são as oportunidades para que a vaidade se manifeste.
Muitos são os disfarces que autorizam a que a vaidade se expresse.
E, parafraseando Raymund Andrea, porque concordo com seu pensamento,
digo: o conhecimento místico pode destruir com a mesma facilidade
com que pode construir; ele submete à prova a constituição
do discípulo, indiferente se ele resiste ou se sucumbe. Então,
o trabalho de se autoconhecer não termina jamais, e a luta contra
as ilusões da astralidade devem ser diuturnas e permanentes.
Ninguém deve se julgar definitivamente preparado; a Obra não
tem fim.
Se me fosse possível – mas não é –
eu desobrigaria a todos aqueles que me causaram algum tipo de sofrimento
de passarem por qualquer tipo de compensação. Até
porque, insisto, os responsáveis por nossas mazelas somos nós
e mais ninguém. Então, o desejo de isentar alguém
de contrabalançar um equívoco contra si pode ser uma expressão
de amor, de solidariedade e de desprendimento, mas, além de ser
praticamente impossível abolir a Lei, é deseducativo.
O que pode ser feito é auxiliar o possível ofensor a passar
por sua prova educativa de forma mais branda, mas nem por isso menos
efetiva. O contrário disso é vendetta e revanche
— dois absurdos primários, injustificáveis e retardativos.
A vingança nunca é doce, como pensam alguns. É
amarga como fel.
UMA
ESTÓRIA
Enfim,
auxiliar um possível transgressor a passar por sua prova educativa
de forma mais branda pode ser exemplificado pela seguinte estória:
Conta-se
que houve, séculos atrás, uma tribo cujo chefe era tido
como superior aos chefes de todas as demais tribos. Naquela
época, a superioridade era medida pela força física.
Assim, a tribo mais poderosa era a que tinha o chefe mais forte.
Mas
o chefe de que fala esta estória não tinha somente força
física. Ele era também conhecido por sua sabedoria.
Desejando
que o povo vivesse em segurança, ele criou leis abrangendo todos
os aspectos da vida tribal. Eram
leis severas que ele, como juiz imparcial, fazia cumprir com rigor.
Certa
feita, problemas começaram acontecer na tribo. Alguém
estava cometendo pequenos furtos.
O
chefe reuniu a tribo e com tristeza no olhar, frisou que as leis tinham
sido feitas para os proteger, para os ajudar. Como todos tinham o que
necessitavam para viver, não havia motivo de ocorrerem furtos.
Assim, ele estabeleceu que o responsável teria o castigo habitual
aumentado de 10 para 20 chibatadas.
Os
furtos, entretanto, continuaram. Ele voltou a reunir o grupo e aumentou
o castigo para 30 chibatadas.
Mas
os furtos não cessaram.
— Por favor — pediu o chefe. — Estou
suplicando. Para o bem de vocês, os furtos precisam parar. Eles
estão causando sofrimento a todos nós. E
aumentou o castigo para 40 chibatadas.
Naquele
dia, os que estavam próximos a ele, viram que uma lágrima
escorreu pela sua face, quando ele dispersou o grupo.
Finalmente,
um homem veio dizer que fora identificado o autor dos furtos. A notícia
se espalhou e todos se reuniram para ver quem era.
Um
murmúrio de espanto percorreu a pequena multidão, quando
a pessoa foi trazida por dois guardas. A face do chefe empalideceu de
susto e sofrimento. Era
sua própria mãe – uma senhora idosa e frágil.
Todos começaram a se questionar se o chefe seria, ainda assim,
imparcial. Será que ele faria cumprir a lei? Seria o amor por
sua mãe capaz de o impedir de cumprir o que ele mesmo estabelecera?
Notava-se
a luta íntima do chefe que, por fim, falou:
— Meu amado povo. Faço isso pela nossa segurança
e pela nossa paz. As 40 chibatadas devem ser aplicadas, porque o sofrimento
que este delito nos causou foi grande demais.
Acenou
com a cabeça e os guardas fizeram sua mãe dar um passo
à frente.
Um
deles retirou o manto da velha senhora deixando à mostra suas
costas ossudas e arqueadas. O carrasco, armado de chicote, se aproximou
e começou a desenrolar o seu instrumento de punição.
Nesse
momento, o chefe deu um passo à frente. Retirou o seu manto e
todos puderam ver seus ombros largos, bronzeados e firmes. Com
muito carinho, ele passou os braços ao redor de sua querida mãe,
protegendo-a, por inteiro, com o próprio corpo. Ele
encostou o seu rosto ao da mãe e misturou as suas lágrimas
com as lágrimas dela. Murmurou-lhe
algo ao ouvido e, então, fez um sinal afirmativo para o encarregado.
O
homem se aproximou e desferiu nos ombros fortes e vigorosos do chefe
da tribo uma chibatada após outra, até completar exatamente
40.
Foi
um momento inesquecível para toda a tribo, que aprendeu, naquele
dia, como se podem harmonizar com perfeição o amor e a
justiça. A vergonha de ver seu filho apanhar por sua causa foi
uma forma educativa de abrandar uma pena que, para uma senhora idosa,
poderia ter sido fatal. E, se fosse fatal, não teria sido tão
útil.
Deixo,
finalmente, duas perguntas para reflexão: 1ª - Será
lícito punir com chibatadas uma pessoa que padece de cleptomania
(compulsão que leva um indivíduo a furtar objetos, independentemente
de seu valor)? 2ª - Será lícito condenar à
morte um serial killer?
Preciso, por último, esclarecer que as coisas comigo, em termos
místicos, geralmente, não se repetem. Isto é: as
experiências místicas marcantes pelas quais passei nesta
vida aconteceram uma única vez. Não sei como essas vivências
acontecem com outras pessoas, mas comigo geralmente não se repetem.
E assim, a Força só me visitou uma única vez. Ensinou
o que tinha que me ensinar. E eu aprendi. Houve, contudo, uma única
exceção que se repetiu por três vezes. Posso dizer
com segurança que não fui digno de nenhuma delas.
___________
CONCLUSÃO
O
que de útil pode ser extraído desse depoimento? Em Reflexões
Sobre a Vaidade dos Homens (1752), de Matias Aires Ramos da Silva
de Eça (1705-1763) – considerado o primeiro filósofo
brasileiro – está a resposta: É próprio
da vaidade o dar valor a muitas coisas que não o têm; e
quase tudo o que a vaidade estima é vão. Mas, estou
absolutamente convicto de que, na maioria das vezes, o homem é
vaidoso inconscientemente. Aí, principalmente para os místicos,
é que reside o grande perigo, porque estar inconsciente de sua
vaidade espiritual, faz do místico escravo e agente dessa mesma
vaidade. Então, pensemos novamente nas palavras de Matias Aires:
A vaidade propõe, e decide logo, de sorte que quando as cousas
chegam ao entendimento já este está vencido; o que faz
é aprovar o preconceito anterior, que a vaidade lhe introduz,
e assim quando a vaidade busca o entendimento é só por
formalidade, e só para a defender, e autorizar, e não
para aconselhar. O discorrer com liberdade, supõe uma exclusão
de todas as paixões... Penso que nada mais precise ser dito.
Mas direi: peço perdão a todos que sofreram por minha
causa. E, sem qualquer resquício de onipotência, perdôo
a todos que me tenham ofendido. Este sentimento está acorde com
um texto que escrevi há algum tempo — A Caverna (Um
Encontro Insólito com Platão) disponibilizado em:
http://paxprofundis.org/livros/caverna/caverna.htmL