Perguntem
a vocês mesmos se são felizes, e deixarão de sê-lo.
No mundo físico,
o trabalho
é sempre e somente empregado para
colocar os objetos em movimento; as propriedades da matéria e as
Leis da Natureza fazem o restante.
A
renda é o preço pago pelo uso de um agente
natural apropriado. Certamente, este
agente natural é indispensável
como qualquer outro implemento; mas, ter de pagar um preço por ele
não o é.
A
distribuição da riqueza depende das leis e dos costumes da
sociedade. As regras pelas quais ela é determinada são feitas
pelas opiniões e pelos sentimentos que as partes dirigentes estabelecem,
e são muito diferentes em épocas e em países diversos;
e poderia ser ainda mais diferente se a Humanidade assim escolhesse.
O
melhor estado para a natureza humana é aquele no qual ninguém
seja pobre e ninguém deseje ficar mais rico, e, também, no
qual ninguém tem razões para temer ser passado para trás
em virtude do esforço de outros para ir em frente.
Um
critério fundamental de bom e ruim é o efeito sobre a liberdade
do indivíduo. Se a
liberdade é restringida, é ruim; se é ampliada,
é bom.
A
liberdade social é uma proteção contra a tirania dos
governantes políticos.
Sobre
a escravização da mulher: não restam escravos
legais, com exceção das senhoras em cada casa.
Ao
considerarmos nossas políticas nós devemos procurar a maior
felicidade do maior número de pessoas.
O
bem maior deve ser entendido como a evolução moral e intelectual
da sociedade.
Somos
independentes, capazes de mudança e de sermos racionais. A liberdade
individual é a melhor rota para o desenvolvimento moral.
A
religião serve às importantes necessidades éticas fornecendo
concepções ideais maiores e mais bonitas do que poderíamos
ver concretizados na prosa da vida humana.
A
preguiça intelectual é que permite a crença em um Deus
onipotente e benevolente. O mundo, tal como o conhecemos, não poderia
ter surgido de tal Deus, caso contrário não existiria o mal
desenfreado que cerca a vida de cada um de nós. Ou o poder de Deus
é limitado ou Ele não é todo benevolente.
As
ações são corretas na medida em que tendem a promover
a felicidade, erradas na medida em que tendem a promover o reverso da felicidade.
Não é a chamada liberdade
do querer, tão infortunadamente oposta à doutrina mal denominada
“da necessidade filosófica”; mas, sim, a liberdade civil
ou social: a natureza e os limites do poder que a sociedade legitimamente
exerça sobre o indivíduo.
A
única finalidade justificativa da interferência
dos homens, individual e coletivamente, na liberdade de outrem, é
a autoproteção. O único propósito com o qual
se legitima o poder sobre algum membro de uma comunidade civilizada contra
a sua vontade é impedir dano a outrem. O próprio bem do indivíduo
– seja material, seja moral –
não constitui justificação
suficiente. O indivíduo não pode legitimamente ser compelido
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa porque tal coisa seja melhor para
ele, porque tal coisa
o faça mais feliz, porque, na opinião
dos outros, tal coisa
seja sábia ou reta.
A independência do indivíduo
é, de direito, absoluta. Sobre si mesmo, sobre o seu próprio
corpo e seu espírito, o ser humano é a autoridade suprema.
A
sociedade pode executar e executa os próprios
mandatos; e, se ela expede mandatos errôneos ao invés de certos
ou mandatos relativos a coisas nas quais não deve se intrometer,
pratica uma tirania social mais terrível do que muitas outras formas
de opressão política, desde que, embora não apoiada
ordinariamente nas mesmas penalidades extremas que estas últimas,
deixa, entretanto, menos meios de fuga do que elas, penetrando muito mais
profundamente nas particularidades da vida e escravizando a própria
alma. A proteção, portanto, contra a tirania do magistrado
não basta. Importa, ainda, o amparo contra a tirania da opinião
e do sentimento dominantes: contra a tendência da sociedade para impor,
por outros meios além das penalidades civis, as próprias idéias
e práticas como regras de conduta, àquelas que delas divergem,
para refrear e, se possível, prevenir a formação de
qualquer individualidade em desarmonia com os seus rumos, e compelir todos
os caracteres a se plasmarem sobre o modelo dela própria. Há
um limite à legítima interferência da opinião
coletiva com a independência individual. E achar este limite, e mantê-lo
contra as usurpações, é indispensável tanto
a uma boa condição dos negócios humanos como à
proteção contra o despotismo político.
Prazer
e ausência de dor são as únicas coisas desejáveis
como fins.
Se,
portanto, a escolha tivesse de ser feita entre o Comunismo com todas as
suas chances e o atual sistema social com todos seus sofrimentos e injustiças;
se a instituição da propriedade privada implicasse com conseqüência
que o produto do trabalho fosse partilhado como agora o vemos ser, quase
que na razão inversa ao trabalho – a porção maior
para os que jamais trabalharam, a segunda maior para aqueles cujo trabalho
nominal e assim em escala descendente, a remuneração se apequenado
na medida em que o trabalho se torna mais duro e mais desagradável,
até que o trabalho corporal mais fatigante e exaustivo não
possa contar com certeza sequer com o ganho da satisfação
das necessidades vitais; se isto ou o Comunismo fosse a alternativa, todas
as dificuldades, grandes ou pequenas, do Comunismo não seriam mais
do que poeira no prato da balança.
Quem
só conhece seu próprio lado do problema sabe pouco sobre ele.
A
liberdade abrange, primeiro, o domínio da consciência, exigindo
liberdade de consciência no mais compreensivo sentido, liberdade de
pensar e de sentir, liberdade absoluta de opinião e de sentimento
sobre quaisquer assuntos, práticos ou especulativos, científicos,
morais ou teológicos. A liberdade de exprimir e de publicar opiniões
pode parecer que cai sob um princípio diferente, uma vez que pertence
àquela parte da conduta individual que concerne às outras
pessoas. Mas, sendo quase de tanta importância como a própria
liberdade de pensamento, e repousando, em grande parte sobre as mesmas razões,
é praticamente inseparável dela. Em segundo lugar, o princípio
requer a liberdade de gostos e de ocupações; de dispor o plano
de nossa vida para seguirmos nosso próprio caráter; de agir
como preferirmos, sujeitos às conseqüências que possam
resultar; sem impedimento da parte dos nossos semelhantes enquanto o que
fizermos não os prejudiquem, ainda que considerem a nossa conduta
louca, perversa ou errada. Em terceiro lugar, desta liberdade de cada indivíduo,
segue-se a liberdade, dentro dos mesmos limites, de associação
entre os indivíduos, de se unirem para qualquer propósito
que não envolva dano, suposto que as pessoas associadas sejam emancipadas,
e não tenham sido constrangidas nem iludidas.
O
maior perigo de nossos tempos é que tão poucos ousam ser excêntricos.
A
sociedade tem todo o direito de revogar ou alterar qualquer direito particular
de propriedade que, depois de cuidadosa consideração, ela
considere ser um obstáculo ao bem público. E, reconhecidamente,
o terrível libelo que os socialistas podem apresentar contra a atual
ordem econômica da sociedade exige completa consideração
de todos os meios pelos quais a instituição pode vir a ter
uma chance de funcionar de maneira mais benéfica para aquela grande
parcela da sociedade, que, presentemente, usufrui a menor parcela de seus
benefícios diretos.
Aparentemente,
uma pessoa pode progredir durante um certo tempo e, então, parar.
Quando ela pára? Quando deixa de ter individualidade.1
Quem
deixa que o mundo – ou uma porção deste –
escolha seu plano de vida não tem
necessidade, senão, da faculdade de imitação dos símios.
Uma
condição de exaltado prazer somente se mantém por momentos
ou, em alguns casos, e com algumas interrupções, por horas
ou dias. Ela é o brilhante clarão ocasional da alegria, e
não a sua chama firme e constante. Disto sempre estiveram tão
cientes os Filósofos, que ensinaram ser a felicidade a finalidade
da vida como aqueles que a eles se opuseram. A felicidade que concebiam
não era a do arrebatamento, mas, de momentos assim em meio a uma
existência constituída de poucas e transitórias dores,
muitos e variados prazeres, com um predomínio decidido do componente
ativo sobre o passivo, e tendo como fundamento do todo não esperar
da vida mais do que ela é capaz de oferecer. Uma vida assim constituída,
para aqueles que tiveram a boa fortuna de obtê-la, sempre pareceu
merecedora da designação de feliz. E uma existência
assim é, mesmo hoje em dia, o destino de muitos durante uma parte
considerável de suas vidas. A educação falida e os
arranjos sociais falidos são os únicos obstáculos reais
que impedem que isto esteja ao alcance de quase todos.
As
pessoas de gênio, é verdade, são e provavelmente sempre
serão uma pequena minoria; no entanto, para [man]tê-las
é necessário conservar o solo em que crescem. O gênio
só pode respirar livremente em uma atmosfera de liberdade.
Um
conservador não é necessariamente parco de inteligência,
mas, a maioria das pessoas pouco inteligentes é conservadora.
É
impossível que ocorram grandes transformações positivas
no destino da Humanidade, se não houver uma mudança de peso
na estrutura básica de seu modo de pensar.
Poucas
criaturas humanas consentiriam ser transformadas em qualquer dos animais
inferiores em troca da promessa do mais pleno acesso aos seus prazeres bestiais;
nenhum ser humano inteligente consentiria se tornar um tolo, nenhuma pessoa
instruída, um ignorante, ninguém de sensibilidade e consciência,
um ser egoísta e reles, e isso mesmo que eles fossem persuadidos
de que o tolo, o beócio ou o infame estavam mais satisfeitos com
a sua sorte do que eles estão com a deles. É melhor ser um
ser humano insatisfeito que um porco satisfeito; melhor ser um Sócrates
insatisfeito que um tolo satisfeito; e, se o tolo ou o porco tem uma opinião
distinta, é porque eles só conhecem o seu próprio lado
da questão.
A
liberdade de um indivíduo deve ser limitada para não ser prejudicial
aos outros.2
Ainda
que as circunstâncias influam sobre o nosso caráter, a vontade
pode modificar as circunstâncias em nosso favor.3
Todas
as tendências egoístas que há nos homens – o culto
de si próprio e o desprezo pelos outros –
têm origem na organização
atual das relações entre os homens e as mulheres.
Nunca
podemos ter certeza de que a opinião que tentamos sufocar é
falsa; e, se tivéssemos, sufocá-la continuaria sendo um mal.
No
final de contas, o valor de um Estado é o valor dos indivíduos
que o compõem.
Se
toda a Humanidade menos um fosse da mesma opinião, e apenas um indivíduo
fosse de opinião contrária, a Humanidade não teria
maior direito de silenciar essa pessoa do que esta o teria, se pudesse,
de silenciar a Humanidade.
Todas
as coisas boas que existem são frutos da originalidade.
A
disciplina é mais forte do que o número; isto é,
a perfeita cooperação
é um atributo da civilização.
Aprendi
a procurar a felicidade limitando os desejos, em vez de tentar satisfazê-los.
Se
a servidão sempre corrompe, corrompe menos o escravo do que o senhor,
exceto quando é levada até ao embrutecimento. No plano moral,
é melhor para um ser humano sofrer coerções, mesmo
se emanam de um poder arbitrário, do que exercer sem controle um
poder dessa natureza.
O
preço da liberdade é a eterna vigilância.
Os
sentimentos morais não são inatos, mas adquiridos. Mas. tal
não significa que não são naturais, pois é natural
para o homem, falar, raciocinar, construir cidades, cultivar a terra, apesar
destas competências serem faculdades que são adquiridas. Os
sentimentos morais, na realidade, não fazem parte da nossa natureza,
se entendermos por tal que deveriam estar presentes em todos nós,
em um grau apreciável, realidade que, indubitavelmente, é
um fato muito lamentável, reconhecido até pelos que mais veementemente
acreditam na origem transcendente destes sentimentos. No entanto, tal como
as outras faculdades referidas, a faculdade moral, não fazendo embora
parte da nossa natureza, vai se desenvolvendo naturalmente; tal como as
outras, pode nascer espontaneamente e, apesar de muito frágil, no
início, é capaz de atingir, por influência da cultura,
um grau elevado de desenvolvimento.4
Infelizmente, também, mas recorrendo, tanto quanto é
necessário, às sanções externas, e aproveitando
a influência das primeiras impressões, ela pode ser desenvolvida
em qualquer direção, ou quase, a ponto de não haver
idéia, por mais absurda e perigosa que possa ser, que não
se consiga impor ao espírito humano, conferindo-lhe, pelo jogo destas
influências, toda a autoridade da consciência.
Uma
pessoa com uma crença se iguala à força de noventa
e nove.
Pessoas
felizes são aquelas cujas mentes estão fixadas em algum outro
objetivo que não seja a própria felicidade; na felicidade
dos outros, no aperfeiçoamento da Humanidade, até mesmo em
alguma arte ou busca empreendida não como meio, mas como fim ideal.
Ao visar, assim, o outro, elas encontram a felicidade casualmente.
Da
mesma maneira, deve ser considerado despreparado para algo mais do que uma
liberdade limitada e qualificada, o povo que não estiver disposto
a cooperar ativamente com a lei e com as autoridades públicas na
repressão aos malfeitores. Um povo que está mais disposto
a esconder um criminoso do que a prendê-lo; um povo que, como os hindus,
comete perjúrio para salvar o homem que o roubou, ao invés
de se dar ao trabalho de depor contra ele e daí extrair sua vingança;
um povo que, a exemplo de algumas nações da Europa até
recentemente, quando vê um homem apunhalar outro em plena rua, passa
para o outro lado, porque cuidar do assunto é tarefa da polícia,
e porque é mais seguro não interferir em assuntos que não
lhe dizem respeito; um povo, enfim, que se revolta por uma execução,
mas que não se choca por um assassinato – esse povo precisa
de autoridades agressivas, melhor armadas do que quaisquer outras, uma vez
que as primeiras e indispensáveis condições para uma
vida civilizada não possuem outras garantias.5
A
religião, o mais poderoso dos elementos formadores do sentimento
moral, tem sido, quase sempre, governada ou pela ambição de
uma hierarquia que procura controlar todos os aspectos da conduta humana
ou pelo espírito puritano. E alguns dos reformadores sociais modernos,
que mais se colocam em forte oposição às religiões
do passado, não ficam atrás na afirmativa do direito de dominação
espiritual.
Negar
ouvido a uma opinião porque se esteja certo de que é falsa
é presumir que a própria certeza seja o mesmo que certeza
absoluta. Impor silêncio a uma discussão é sempre se
arrogar infalibilidade.
A liberdade
de pensamento e a liberdade
de discussão têm tanto a dimensão
da liberdade moderna – a de não ser molestado pelo Estado e
pelos Outros por conta das próprias opiniões – quanto
a dimensão da liberdade antiga – a de poder expressar, publicamente,
idéias e pontos de vista que dizem respeito à vida individual
e coletiva.
Em
geral, admitimos a livre discussão, mas invariavelmente temos dificuldade
em aceitar a opinião divergente da nossa – a crítica
–
e, em especial, as opiniões que consideramos
extremadas. Em outras palavras, aceitamos a liberdade de pensamento e de
discussão, mas não plenamente. O homem que está seguro
da sua crença em Deus pode ser acusado de que se arroga infalibilidade?
É possível questionar a moral e a doutrina religiosa? A opinião
que impugna a crença em Deus deve ser impugnada em nome das nossas
mais sagradas convicções? Deve-se observar que não
é se sentir seguro de uma doutrina (seja o que isto for) o que chamo
de se arrogar infalibilidade. Infalibilidade
é a ousadia de decidir a questão pelos outros, sem lhes conceder
o que possa ser dito em contrário. E eu denuncio e reprovo esta pretensão.
Nosso
ideal de desenvolvimento final vai mais além da Democracia, e nos
classificaria decididamente sob a designação geral de Socialismo.
Consideramos que o problema social do futuro seja como reunir a maior liberdade
individual de ação com a propriedade comum das matérias-primas
do globo e uma participação igualitária de todos nos
benefícios do trabalho associado.
Não
são os espíritos heréticos que mais se corrompem pela
ação do anátema lançado a toda investigação
que não finde por conclusões ortodoxas. O maior dano sofrem
os que não são heréticos, aos quais se embaraça
todo o desenvolvimento mental, e cuja razão se acovarda de medo da
heresia. Quem pode calcular o que se perde com a multidão de inteligências,
a coexistirem com caracteres tímidos, que não se aventuram
a se incorporar em nenhuma corrente arrojada, vigorosa e independente de
opinião, com o temor de que ela os levasse a alguma coisa que pudesse
ser tachada de irreligiosa ou de imoral.
É
questionável se todas as invenções mecânicas
já feitas aliviaram a luta do ser humano. Elas permitiram que maior
população vivesse a mesma vida de fadiga e de aprisionamento,
e que maior número de manufatureiros e outros fizessem fortuna.
Não
pretendo que o mais ilimitado uso da liberdade de enunciar todas as opiniões
possíveis poria fim aos males do sectarismo religioso ou filosófico.
É certo que toda verdade de que os homens de capacidade estreita
falam com fervor é afirmada, inculcada, e, ainda, de muitas formas,
posta em prática, como se não existisse nenhuma que pudesse
limitar ou modificar a primeira. Reconheço que a tendência
de todas as opiniões para se tornarem sectárias, não
se sana com a mais livre discussão possível, antes, freqüentemente,
por essa forma aumenta e se exacerba. A verdade que se devia ver e não
se viu, é, então, rejeitada do modo mais violento, porque
é proclamada por adversários. Mas não é no partidário
apaixonado, e, sim, no mais calmo e desinteressado espectador, que esta
colisão de opiniões produz o seu salutar efeito. Não
o violento conflito entre partes da verdade, mas a silenciosa supressão
da metade dela, eis o formidável perigo. Há sempre esperança
quando as pessoas são forçadas a ouvir os dois lados. É
quando atendem apenas a um, que os erros se endurecem em preconceitos, e
a verdade cessa de causar o efeito de verdade, por se ter exagerado em falsidade.
Se
a escolha tiver de ser feita entre Comunismo, com todas as suas oportunidades,
e a presente situação da sociedade, com todos os seus sofrimentos
e injustiças; se a instituição da propriedade privada
necessariamente carrega consigo, como conseqüência, que o produto
do trabalho seja repartido, como vemos atualmente, quase em razão
inversa ao trabalho: as maiores parcelas àqueles que jamais trabalharam
para o todo, a parcela seguinte àquele cujo trabalho é apenas
nominal e, assim, em uma escala decrescente, a remuneração
diminui à medida que o trabalho cresce mais duro e mais desagradável
até que o mais exaustivo e fatigante trabalho não possa contar
com a certeza de estar apto a ganhar sempre o mínimo necessário
à existência. Se isto ou o Comunismo for a alternativa, todas
as dificuldades maiores ou menores do Comunismo serão apenas um átomo
na balança.
Uma
educação geral pelo Estado é puro plano para moldar
as pessoas de forma exatamente semelhante. E, como o molde em que são
plasmadas é o que agrada a força dominante no Governo, quer
seja esta um monarca, um clero, uma aristocracia, quer a maioria da geração
existente, a educação pelo Estado, na medida em que é
eficaz e bem sucedida, estabelece um despotismo sobre o espírito,
que, por uma tendência natural, conduz a um despotismo sobre o corpo.
Uma
pessoa poderá causar o mal para os outros não só por
sua ação, mas por sua inação, e, em ambos os
casos, deverá prestar contas por seus atos.
A
afirmação de que a verdade sempre triunfará sobre a
perseguição é uma dessas falsidades agradáveis
que os homens gostam de repetir.
Não
haverá grandes melhorias no destino da Humanidade até que
uma grande mudança ocorra na constituição fundamental
do seu modo de pensar.
O
que parece o cúmulo do absurdo em uma geração muitas
vezes se torna o ápice da sabedoria na próxima.6
A
pessoa que não está disposta a lutar por
nada, que nada
é mais importante do que sua própria segurança pessoal,
é uma criatura miserável sem possibilidade de ser verdadeiramente
livre.
Nós
nunca poderemos ter certeza de que a opinião que estamos nos esforçando
para sufocar é uma opinião falsa, e, mesmo se tivéssemos
certeza, sufocá-la seria um mal ainda assim.7
Próxima
do egoísmo, a causa principal que faz a vida insatisfatória
é a falta de cultura.
Todo
aquele que recebe a proteção da sociedade deve um retorno
por este benefício.8
Devemos
usar a observação para ver, aplicar o raciocínio para
julgar e prever, coletar informações para discriminar
e decidir, e, quando tivermos decidido, ter
firmeza e autocontrole para manter a decisão deliberada.
Ninguém
poderá se tornar um pensador efetivo [um
ser livre] se não consultar
e seguir seu intelecto para o que quer que seja.
A
única
liberdade que merece o nome de liberdade
é a busca do nosso próprio
bem à nossa própria maneira, contanto que não privemos
os outros da sua liberdade
ou que desbaratemos seus esforços
para obtê-la.
O
costume
do despotismo está em toda parte impedindo
assustadoramente o progresso humano.
O
que quer que seja
que esmague a individualidade é despotismo, seja qual for o nome
pelo qual seja chamado.
O
perigo que ameaça a natureza humana não é o excesso,
mas, a deficiência dos impulsos e a insuficiência das preferências
pessoais.
Em
qualquer sociedade, geralmente,
a excentricidade
costuma ser proporcional à quantidade
de gênio, de vigor mental e de coragem que ela contenha.
Ordem,
estabilidade, progresso e reforma são elementos necessários
a um Estado para que sua vida política se mantenha saudável.
O
que distingue a maioria dos homens de uns poucos é a sua incapacidade
de agir de acordo com as suas crenças.9
Eu
não estou de acordo que uma comunidade tenha o direito de forçar
outra a ser civilizada.10
A
tendência geral das coisas em todo o mundo é a de tornar a
mediocridade do poder ascendente entre a Humanidade.
Em
todos os debates intelectuais, ambos os lados tendem a ser corretos no que
afirmam e errados no que negam.11
Não
podemos fugir da vida. Precisamos aprender a sofrer com seus sofrimentos
e a prazerar com seus prazeres.
É
preciso
arrancar pela raiz todos os princípio
da religião dogmática, da moral dogmática e da filosofia
dogmática. A pedra angular de uma educação destinada
a formar grandes mentes deverá suscitar poder intelectual e inspirar
o mais intenso amor pela verdade.
A
liberdade de consciência é um direito inalienável.
Não
só o que os homens fazem é
importante, mas,
também, a maneira como fazem.
Toda
burocracia tende a se tornar uma pedantocracia.
Fazer
como deve ser feito e amar o próximo como a si mesmo constituem a
perfeição ideal da moralidade utilitarista.
Se
uma sociedade trocar um pouco
de liberdade por um pouco de ordem perderá
as duas, e não merece nenhuma.
Um
grande estadista é aquele que sabe quando deve se afastar das tradições,
bem como quando deve a aderir a elas.
Existem,
sem dúvida, mulheres, assim como homens, a quem a igualdade de respeito
não irá satisfazer; tais pessoas não ficarão
em paz enquanto qualquer vontade ou desejo, que não seja o seu próprio,
não seja atendido. Essas pessoas servem somente para viver sozinhas,
e nenhum ser humano deveria ser obrigado a unir sua vida com elas.