Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Hotel Cria Sobremesa
Mais Cara do Mundo

 

 

A Indulgência Elevada do Pescador
e um Irmão que se Arrasta de Fome

 

 

Um superluxuoso hotel-resort, localizado no Sri Lanka, acabou de entrar no Livro dos Recordes. O hotel está descaradamente oferecendo e sem-vergonhamente cobrando nada menos do que US$ 14.500 (cerca de R$ 27.500) pela sobremesa mais cara do mundo – um doce-rococó cheio de frutas que vem acoplado a uma escultura de chocolate e, de quebra, acompanhado de uma pedra preciosa (que se for comida junto com o doce-rococó certamente entupigaitará a porção terminal do tubo digestivo que vai do cólon ao ânus do infeliz, entupigaitação por mim batizada de CoPePreDeJuDo-R, abrevidamente CoPePre, isto é: Copróstase de Pedra Preciosa Deglutida Junto com Doce-Rococó).

Segundo o Website do Forbes Traveler, esta é realmente a sobremesa mais cara do mundo; mas, para ser saboreada, tem que ser encomendada previamente. Em segundo lugar, empatados, estão um brownie, de um resort de Atlantic City, e um sundae, fabricado em Nova York, por US$ 1.000 cada (cerca de R$ 1.900), ainda conforme o Site citado.

A Indulgência Elevada do Pescador (The Fortress Stilt Fisherman Indulgence) – nome grandíloquo mas nada indulgente da guloseima cingalesa – foi criada para dar aos visitantes do resort A Fortaleza (The Fortress, em inglês), na cidade costeira de Galle, uma experiência degustadora única (one-of-a-kind experience), segundo Shalini Perera, o gerente de relações-públicas do hotel. A sobremesa é uma cassata italiana de folha dourada com irish cream, servida com compota de manga e romã, e, para iluminar a obra-de-arte, vai uma calda de sabayon de champagne (sobremesa francesa feita de gema de ovo batida). Esse 'fudelhufas srilankês' alimentício é decorado com uma escultura de chocolate representando um pescador (fisherman) agarrado à uma palafita (conjunto de estacas que sustentam habitações construídas sobre a água), que é uma antiga forma de pesca local, além de uma maravilhosa água marinha de 80 quilates* (a tal pedra que, se comida, poderá estacionar em algum lugar do ceco ao reto, entupigaitando o infeliz), que, dizem, tem propriedades prescientes, estimula a intrepidez e promove a boa fortuna. Vai ver que é por isso que custa US$ 14.500!

* Se o quilate, unidade de medida de peso usada para pedras preciosas, corresponde a 200 mg, essa pedrinha azul colocada no The Fortress Stilt Fisherman Indulgence pesa algo em torno de 16 gramas.

Sei lá! Mas, cagão como eu sou, eu acho que se eu comesse essa Fisherman Indulgence, provavelmente iria direto para o cagatório do Fortress. Compota de manga com romã deve funcionar como uma bomba de nêutrons no intestino. Sinceramente, eu prefiro uma fruta-de-conde madurinha, que está sendo vendida nos hortifrútis do Rio de Janeiro a R$ 1,60 (um real e sessenta centavos). E não entope (desde que você não coma os caroços) e não dá caganeira.

 

 

 

 

O Sri Lanka, antigo Ceilão (até 1972), é um país insular asiático, localizado ao largo da extremidade sul do subcontinente indiano. Tem costas para a Baía de Bengala, a leste, Oceano Índico, a sul e a oeste, e Estreito de Palk, a noroeste, que o separa da Índia. A sua capital é Sri Jayawardenapura, nome antigo Kotte (até 1977), subúrbio da antiga capital Colombo.

 

 

The Fortress Sri Lanka

 

 

 

 



 

 

To com fome! Por favor, tenha dó!

Tem uma piccola cassata aí?

To com fome! Por favor, tenha dó!

Tem sabayon de champagne aí?

 

To com fome! Por favor, tenha dó!

Tem um tiquinho de irish cream aí?

To com fome! Por favor, tenha dó!

Mango? Pomegranate? Tem aí?

 

To com fome! Por favor, tenha dó!

Se não tiver nada disso,

Já me acostumei com isso.

 

 

 

 

Observação 1:

Milho soboró = milho sem miolo; chocho, murcho, seco.

Milho saboró = milho que faz parte das lendas e dos rituais dos indígenas. É utilizado como alimento e também para a fabricação de chicha (bebida alcoólica, geralmente feita com mandioca, mel e água; em muitos países da América do Sul e da América Central, é uma espécie de cerveja feita principalmente de milho fermentado). Marta Adriana Pedri – em sua Dissertação de Mestrado A Dinâmica do Milho (Zea mays L.) nos Agroecossostemas Indígenas, apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Agroecossistemas, Programa de Pós-Graduação em Agorecossistemas, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina – afirma que: Schaden (1954) relata que o milho primitivo dos Guaranis é o milho mole, conhecido como saboró, que apresenta grão mole, frutifica de 2 a 3 meses e amadurece em 4 meses. Os Guaranis atribuem caráter sagrado ao milho saboró, em função da sua relação com a religião. O significado do milho para os índios Guaranis, denominado por eles de 'avaxi etei', está registrado na vasta bibliografia sobre o grupo. Ao se referir aos Guaranis, Schaden (1954), afirma que para tal grupo 'tudo o que diz respeito ao milho se associa ao mundo sobrenatural', chegando a sugerir uma 'religião do milho'. Já o Resumo do Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação da Terra Indígena Morro dos Cavalos, elaborado pelo Grupo Técnico constituído pela Portaria nº 838/PRES, de 16 de outubro de 2001, coordenado pela antropóloga Maria Inês Ladeira, informa: No início de 'ara pyau' (verão/chuvas) começa o tempo do plantio. Na primeira lua minguante dessa estação, a terra deve estar preparada para os primeiros plantios do milho tradicional ('avaxi etei' - milho autêntico). Para os Guaranis, a importância da agricultura se encontra na sua própria realização e no que isto implica: organização interna, reciprocidade, intercâmbio de espécies, experimentos, rituais, renovação dos ciclos. Desse modo, a agricultura faz parte de um sistema mais amplo que envolve aspectos da organização social e princípios éticos e simbólicos fundamentados, antes na dinâmica temporal de renovação dos ciclos, do que na quantidade e disponibilidade de alimento para consumo.

 

Observação 2:

Há algum tempo divulguei a crônica Cherry Jubilee. Para lê-la, dirija-se a:

http://paxprofundis.org/livros/jubilee/jubilee.html

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.trabalhoindigenista.org.br/Docs/Relatorio-de-Identifi
cacao-Delimita%C3%A7%C3%A3o-TI-Morro-dos-Cavalos.pdf

http://www.pos.ufsc.br/cursos/index.jsp

http://google-hot-trends-swicki.eurekster.com/
the+fortress+stilt+fisherman+indulgence/

http://www.80design.net/
2007-09-25/the-fortress-stilt-fisherman-indulgence.html

http://www.seasonsinstyle.com/
Indian_Ocean/SriLanka/TheFortress/

http://www.zimbio.com/
The+Fortress+Stilt+Fisherman+Indulgence

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sri_Lanka

http://g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/0,,MUL109979-6091,00-HOTEL+CRIA+A+SOBREMESA+MAIS+CARA+DO+MUNDO.html

 

Fundo musical:

Arabesque Op 45 Nº 1 (Theodor Leschetizky)

Fonte:

http://www.musicforpianos.com/
classical%20piano%20rolls.htm