VEM
AÍ A
DOS SEVERINOS
(Arnaldo
Jabor)
|
Esse
aí é um severino! |
Vamos
botar a bola no chão: o Severino não é uma verruga
maligna surgindo na cara da política nacional. As verrugas são
outras. Há dois governos tentando impor ao Brasil uma modernidade
que ele não aceita. A era-FHC trouxe um pacote renovador com
a crítica-prática às idéias da velha esquerda,
com uma visão de “processo” e não de “solução”,
e nos mostrou as vinculações da economia-política
brasileira com o resto do mundo. Além disso, aceitou o paradoxo
de se utilizar do fisiologismo do “atraso”, para extrair
dele uma política modernizadora “republicana”. Depois,
Lula chega ao poder com seus militantes e pensa em “radicalizar”
o trabalho anterior de FHC. O PT (mais que Lula) tenta “esquerdizar”
a realidade brasileira, desconfiado da democracia “burguesa”,
mas vivendo nela. FHC quis ser realista.
O PT (mais que Lula) quer ser ideológico. FHC criticou as ridículas
utopias paralisantes. O PT (mais que Lula) quer realizar utopias em
um País de paralíticos. A verdade é que estamos
há dez anos tentando pespegar [enganar ou iludir alguém
com afirmações falsas] na vida política nacional
uma “modernização”, seja ela “petista-moralista-esquerdista”
ou “social-democrata-uspiana-chic”.
E,
nesses dez anos, esta “modernização” tem sido
uma tênue casca sobre uma realidade política que sempre
tenta expeli-la, como a rejeição de um implante. Nesses
dez anos, todas as armadilhas dispararam contra as reformas, submetendo
os presidentes a torturas infamantes, como sofreu FHC com ACM, Sarney
e com o próprio PT; exatamente como, agora, sofre o Lula com
o “fogo inimigo” dos comunas e com a resistência fisiológica
dos conservadores. A Velha Guarda do atraso não agüenta
mais continuar no banco dos reservas, aliados inferiores das tais “vanguardas
progressistas”, e querem retomar o querido caminho da paralisia
histórica.
Os
projetos de FHC e de Lula é que têm sido as anormalidades
— as verrugas. Abortos foram os oito anos da tentativa tucana
de imprimir Weber na política nacional e os dois anos de um sutil
“leninismo” e de um secreto “gramscianismo”
vulgar nas brechas da informação. Os severinos sempre
estiveram aí nas bocas, debaixo do tapete da nacionalidade, mas
loucos para voltar à doce escrotidão de um mundo de toupeiras.
Graças
a Deus que, assim como FHC aprendeu com o primeiro Lula — que
trouxe um espontâneo pragmatismo “social-democrata”
para o ABC, inspirando o nascimento do PSDB — Lula também
aprendeu a prudência macroeconômica com FHC. O Brasil só
não afundou porque a sensatez do governo FHC teve a continuidade
do núcleo central do governo Lula, feito de gente competente
como Palocci e os ministros técnicos. Os dois se imitam na “realpolitik”.
Só que FHC foi mais paciente e respeitou a força da sordidez
nacional. Lula, assediado por eternos bolchevistas, respeitou menos.
Todos os bodes que perseguem Lula foram sempre oriundos dos delíquios
[estado de fraqueza ou torpor; abatimento] babacas dos leninistas. Ignorantes
e ambivalentes, nunca entenderam que uma política progressista
no Brasil consiste em combater o aparelho patrimonialista-oligárquico-corrupto
de 500 anos e não ficar fazendo bravatas sobre lutas de classes,
que já foram perdidas desde as capitanias hereditárias.
Essa gente não entende que ser “de esquerda” no Brasil
é combater o Estado gastador, destroçar a burocracia,
o clientelismo, a estrutura política arcaica do País.
Nada mais. Mas continuam disfarçados de “democratas”,
usando todos os cacoetes da velha tradição “comuna”.
Quando Zé Dirceu deixou o trambiqueiro Waldomiro negociar no
Congresso, deve ter pensado: “Ah... tudo bem... os fins justificam
os meios... trambiqueiro é bom para negociar com trambiqueiro...”
Deu no que deu. O exemplo de Dirceu é emblemático porque
denota o procedimento geral do PT no poder e seu desprezo pelos severinos,
que são a maioria. A aliança do PT com “partidos
burgueses” sofre do autoritarismo dos que acham que podem mergulhar
na sacanagem sem se sujar, por serem de “outra cepa”. Se
antes eram “virgens no bordel”, agora se acham “prostitutas
puras”.
Disse-o
Dora Kramer com perfeição outro dia: — “O
PT construiu estereótipos e, uma vez no governo, passou a agir
como acreditava que agissem os poderosos: sem escrúpulos e sem
limites, tomando como ponto de partida a premissa de que ao Poder todos
se rendem, o Poder a todos corrompe, o Poder tudo pode.”
A
superioridade pragmática de Lula não dá conta.
Seus articuladores políticos desfazem suas costuras inteligentes
com arrogância, impondo ao baixo clero as leis de suas intenções.
Enquanto FHC tinha o saco de ouro de seduzi-los, o governo PT despreza-os
nas salas de espera e tenta empurrar em suas goelas figuras indigeríveis
com o “perfil avançado do companheiro Greenhalgh”,
como o definiu Genoíno no doce jargão comuna. O mesmo
Greenhalgh, trêmulo e ideológico, que defendeu os seqüestradores
de Abílio Diniz com a atenuante de serem “de esquerda”.
Pode? Esses “atos falhos” definem bem o pensamento profundo
e “genoíno” dos petistas no poder, tratando os aliados
e os severinos como se fossem babacas, logo eles, “cobras criadas”
muito mais espertas do que os utópicos otários. Deu no
que deu. Os severinos saíram de debaixo do tapete verde da Câmara
e iniciaram a revolução das toupeiras, para vingar os
dez anos de humilhações.
E
quem não é severino no Brasil? FHC não era, mas
os tucanos que agora votaram nele o são. Lula não é
um severino de esquerda, se bem que os há e muitos — Babá,
Virgílio, tantos... Costa e Silva era severino. Castello Branco
parecia, mas não era. Paes de Andrade é, Itamar é
severino. JK não era, mas Dutra era, Jânio... tantos. Collor
era um severino de Hermès. Sarney não é severino,
mas é ribamar. Garotinho não é severino, mas é
uma anomalia pior, é um pós-severino evangélico-populista-ambicioso.
Severino é a restauração da estupidez nacional,
o maior perigo para a reeleição de Lula.
Severino
é o retorno do reprimido, nossa cara antes da plástica
que a modernidade parecia ter feito. Severino traz de volta a caricatura
nacional que estava oculta pelos ternos Armani dos tucanos e pelos rostos
barbudos dos petistas.
Severino
é a cara do Brasil.
COMENTÁRIOS
RÁPIDOS
Recentemente
escrevi um texto pequeno – um poema cujo título é
Panamá(s) – que, de certa forma, tem qualquer
coisa a ver com esse documento que o Jabor escreveu. Talvez seja interessante
dar uma espiada nele. O endereço é:
http://paxprofundis.org/livros/panama/panama.html
Admitindo
que o texto-poema acima foi consultado e lido, devo esclarecer que não
estou fazendo qualquer acusação específica contra
qualquer autoridade pública brasileira em especial, mas não
há quem não saiba que uma parcela ponderável de
políticos é tanto corrupta quanto medíocre. No
Brasil e por aí. Reis, rainhas, príncipes, princesas,
cortesãos, cortesãs, primeiros-ministros, presidentes,
ditadores etc. são sabidamente oportunistas e se locupletam da
coisa pública (e da privada, se puderem). A pobre África,
por exemplo, que o diga. Uma determinada parte da grana coletada-arrecadada
nas exportações de petróleo de determinados países
vai direto para as contas bancárias de determinados tiranos-administradores
estelionatários de meia-pataca determinadíssimos a enriquecer
e não permitir a autodeterminação de seus patrícios.
O povo? Ah! O povo dane-se. Que viva e morra à míngua.
Lá, aqui e acolá. Por que não levar uma vantagem(zinhinha)?
O que são afinal alguns milhões de dólares?
Mas,
com relação ao texto do Jabor, quero dizer umas coisinhas,
acrescentar outras e mastigar algumas idéias correlatas. Aliás,
só vou repetir, com outras palavras e com novos argumentos e
exemplos, o que venho escrevendo há algum tempo. Os ventos andam
soprando de forma mais acelerada! Então, repetir um pouquinho
não é 'pecado', pois não? Como professor,
creio ser fundamental. E, por favor: quem estiver lendo este rascunho
não confunda catastrofismo (doutrina ou linha de ação
ou de raciocínio tendente a ressaltar a iminência de riscos
e de perigos catastróficos naturais, individuais ou sociais)
com realismo (no caso, atitude daquele que percebe a realidade e a avalia
presumidamente com justeza; sentido da realidade). Esses vocábulos
terminam em ismo, mas representam conceitos bem diferentes.
Uma
parte do Documento Jaborano cita Dora Kramer. Reescrevendo: —
... agir como ... os poderosos: sem escrúpulos e sem limites,
tomando como ponto de partida a premissa de que ao Poder todos se rendem,
o Poder a todos corrompe, o Poder tudo pode. Sim, tudo pode e tudo
corrompe no Plano Terra em termos de relações humanas:
interpessoais e intergrupais. Ora, isso acontece porque a corrupção
é uma via de mão e de contramão. O corruptor só
pode agir, deitar e rolar e a corrupção só pode
prosperar se há um corruptível para permitir e aceitar
o jabá. Se as pessoas não necessitassem dos tais supérfluos,
que são diariamente inventados e especificamente produzidos para
escravizar os seres humanos, não se submeteriam — quando
se fazem as ocasiões — a se comprometer cosmicamente com
envolvimentos fedorentos, purulentos, avarentos, lamacentos, truculentos,
odientos e outros entos mais. A própria ilusão de poder
é corruptora. Quem não tem desejos não se submete.
Quem não precisa de nada não se verga. E quem não
teme não se arqueia. Definitivamente estou convencido de que
a Sagrada LLUZ é inteiramente incompatível
com qualquer tipo de agem (vantagem,
sacanagem, besouragem, molecagem,
ciumagem, açambarcagem, agiotagem,
bilontragem, paparrotagem etc.)
Uma
das questões que estão postas no Mundo contemporâneo
é a seguinte: todo mundo deve a todo mundo e as dívidas
crescem sem parar. São necessários superavits colossais
(e serão necessários superavits progressivamente
maiores) para honrar os serviços das dívidas (mal) contraídas
por todos os países deste Planeta Azul. No caso dos países
dos Terceiro e Quarto Mundos a coisa é muito pior, porque foram
maiormente explorados e sangrados. Exemplo: Pabratrosilpi (Brasil Patropi)
que começou a se endividar já no Império.
O
maior devedor do mundo é exatamente os Estados Unidos, que gasta
uma baba de respeito para fazer guerras. Eles adoram! E o Brasiltropi
é patropiproprietário de uma dívida interna-externa
que não pagará nunca. Quem não sabe? E o BACEN
– Banco Central do Brasil agora (2004/2005) cismou de aumentar
os juros em 0,5% todos os meses. Bem, como eles são economisterdas
devem saber o que (não) estão fazendo. Interessante isso
aí! Uma criança que nasça hoje no Brasil já
nasce dona de uma dívida de alguns milhares de dólares.
E, enquanto mama para crescer, sua dívida aumenta. É mesmo
muito interessante isso aí! Talvez os bebês chorem ao nascer
porque sabem que já nascem devendo (uma grana firme e outras
coisas). Boa teoria essa que eu inventei agora. Não? Quem sabe
eu ganho o Prêmio Nobel de Economia com isso. Quero avisar à
Real Academia Sueca: se eu for contemplado, darei tudo para os países
necessitados da África.
Então,
os políticos, além de pessoalmente se abarrotarem, têm
que inventar toda a sorte de artifícios para que os países
que administram não entrem em bancarrota, isto é, têm
que impedir que seus países, por impossibilidade financeira,
suspendam o pagamento de suas obrigações legais (mas na
maioria das vezes ilegítimas) e vencidas. Assim e então,
o jeito é aumentar os impostos e os juros, empobrecendo o povo,
aumentando os descumprimentos e as inadimplências e minando a
sustentabilidade dos respectivos Estados. No caso do Brasiltropi –
país onde se praticam os maiores juros reais do Mundo! –
o argumento econômico invariável para o aumento escabroso
dos juros é para segurar a inflação. Esses monetarismos!
Mas, como cá ainda prevalece a idéia de que em se
plantando tudo dá... Acho que esse senhor Pero Vaz de Caminha
estava mais por fora do que 'bigo' de xavante e deu uma caminhada
na maionese.
Ora
bolas! Procurar, portanto, em outros escaninhos a explicação
para a violência (particularmente a urbana) crescente, a que hoje
se assiste em todos os quadrantes da Terra, é boçalmente
colocar a culpa aonde culpa não há, e querer resolver
essa questão pela via policialesca e pela repressão. A
violência não será jamais resolvida assim. Explicando
o vovô Vavá viu uma uva voando: quando, por exemplo, em
países como o Brasil, o salário-mínimo é
da ordem de R$ 300,00 (que não dá para nada e para nada
dá), e os parlamentares brasileiros (que muitas vezes são
inteiramente analfabetos e descomprometidos com o solidário e
insubstituível dever de servir) ganham ± R$ 12.000,00
(e, 'severinamente', ensaiam passar esse salário
para vinte e não sei quantos mil), assaltar, se prostituir e
vender cocaína é muito mais rentável e mais próximo
da ilusão de riqueza e de poder. Então, por outro lado,
o abominável, execrável e injustificável terrorismo
(que eu não aprovo sob nenhuma alegação) tem lá
sua faceta heróica. Isso é duro de ser engolido, mas é
a pura verdade! O que acontecerá com um sujeito que tem uma artéria
seccionada e não consegue suturá-la? Quem pode se alimentar
de brioches (quando há brioches!!!) entra século sai século?
Um dia o cara acha que chegou a hora de comer um bifinho! Brioche todos
os dias enjoa. Aí o pau canta, todo mundo chora e ninguém
segura! Isso tudo é mais do que elementar de ser compreendido.
Então, por que as coisas não são fraternalmente
corrigidas? Pura e simplesmente por causa daquela incompleta lista de
'agens' que eu citei acima. Só por isso.
Para
piorar e 'minhocar', os filmes e as novelas (com carrões,
mansões, piscinões, iatões, luxo e fausto) metem
na cabeça das pessoas essas fantasias milionárias que
dificilmente poderão ser realizadas. Uma pobre menina que alugue
seu corpo pode, muitas vezes, ganhar mais em um 'dia
de trabalho' (SEM QUALQUER PRECONCEITO DE MINHA PARTE) do
que em um mês empregada em uma lanchonete. Por que, também,
um fogueteiro irá trabalhar de carteira assinada e honestamente,
se pode ganhar R$ 300,00 por semana apenas para avisar (soltando rojões)
os traficantes quando a polícia e a droga estão chegando?
Tudo isso é muito tentador. Uma evidência que todo mundo
também sabe: enquanto existirem dependentes, haverá traficantes.
Então, quando alguém compra um papelote ou um jererê
está alimentando o tráfico. Solução a médio
ou longo prazos:
(EDUCAR
+ EDUCAR + EDUCAR)m+n
(REPETIR
+ REPETIR + REPETIR)m+n
A
Economia mundial está podre em suas bases. Se o nosso Planeta
não comercializa com outros planetas, como é possível,
por exemplo, que as bolsas oscilem em percentuais tão absurdos?
Pergunta idiota? Não, não é não. Como explicar
– em termos místico-iniciáticos – que uma
ação de uma empresa qualquer hoje valha um dólar
e amanhã dois dólares? Pergunta imbecil? Também
não é não. Eu sei a resposta: Ma... Mani... Manipu...
Manipula... Manipulação. Tchã, tchã, tchã,
tchã!!! É óbvio que para que alguém ganhe,
alguém terá que perder. E as bolsas de valores não
são para amadores. Quem nelas se mete sem compreender seu vampiresco
mecanismo, cai duro em pouco tempo. Vampiro quando está com fome
chupa até o sangue da mãe! Não vai chuchar o do
pacóvio que se meteu aonde não devia? Vai, é claro.
E se meter em bolsas de valores (ou quaisquer outras bolsas) é
simplesmente compactuar e ser cúmplice da grande putaria mundial.
Esse negócio de dizer que o mercado de capitais é a mola
propulsora do desenvolvimento é a maior balela inventada pelo
Neoliberalismo. Inevitavelmente, para que eu lucre, você terá
que perder. — Mas, o que eu vou fazer com o meu dinheiro?
Sei lá. Cada um pode e deve fazer o que bem quiser.
Só que é responsável pelo que faz. Quem nunca pensou
nisso, é bom pensar agora.
O fato é que, com dívida ou sem dívida (que não
existe), os países do Primeiro Mundo estão crescendo economicamente
(ainda) em uma proporção semelhante à uma progressão
geométrica [an = a1.qn-1],
e os países dos Segundo, Terceiro e Quarto Mundos crescem (quando
crescem) em taxas aritméticas [an = a1+(n–1).r].
Essa coisa, um dia, terá inevitavelmente que explodir. Ou não?
Chegaremos à ridícula situação que haverá
o que ser vendido, mas haverá poucos que possam comprar. Depois,
a continuarem as coisas como estão (e piorando), não haverá
o que ser vendido e não haverá nem quem compre. Pode ser,
inclusive, que isto se misture de maneira incontrolável, e a
coisa toda seja muito pior. De qualquer sorte, a fome e a miséria
serão planetárias, e os soldados não terão
mais força nos braços para levantar as carabinas da morte.
Esse será o lado bom da desgraceira.
Se hoje se invade por causa de petróleo, amanhã se fará
a guerra por água e por alimento. E eles já estão
de olho na Amazônia! Ora, caramba! Comer e beber são os
prerrequisitos fundamentais da vida. Les Misérables!!!
Jean Valjean!!! A tristeza é que um baita crash mundial
está em curso. Quem viver, verá. E quem pode entender,
apenas a título de exemplo, a existência neste nosso micromundo
dos George Soros, dos Bill Gates e dos Paul Getty, este último
o homem mais rico dos Estados Unidos da América no final da década
de 50 e início da década de 60 e, logo em seguida, do
mundo, às custas de um império cons(DES)truído
na área do petróleo? Sempre o ouro negro! Parece que esse
senhor Getty teria dito que o melhor negócio do Mundo é
petróleo bem administrado. O segundo melhor é petróleo
mal administrado. E o terceiro melhor negócio é petróleo
sem administração alguma! Muita gente morreu e continua
morrendo de fome por causa de figuras como essas, que escravizam os
outros para ficarem cada vez mais rica$$$.
No Brasil, muito pilantropo acha
que o melhor negócio do pedaço é ter uma universidade
('faulcudade' também serve), para formar, por
exemplo, medicastros e chicaneiros. Eles não serão atendidos
nem defendidos por eles mesmo! — Então, dane-se a população
porque meu nome não é Tião. Tudo pela pilantropia!!!
Ou $acananpilantropiapurulenta!!!
O
que acabei de comentar pode dar a falsa impressão de que sou
contrário ao empresariado, seja nacional, seja internacional.
Em princípio, não sou. Mas, um empresário que crie
100 empregos e fique riquíssimo, poderia criar 1000 e ficar apenas
rico, ou 5000 e viver modestamente. É preciso saber, entretanto,
quem está (ou estará) disposto a esse tipo de sacrifício!
Utopia? A mim não interessa o que as pessoas acham ou não
acham. Na verdade, penso que quem usa a inteligência para explorar
os outros, não é menos do que um bom filho da puta. Eu
penso assim, e sempre procuro agir da forma mais fraterna possível.
E, geralmente, penso mais nos outros do que em mim. Quando me comporto
a menor, fico com vergonha de mim mesmo e me sinto indigno da Humanidade.
Mas, isso foi raríssimo em minha vida. Aconteceu no passado em
pouquíssimas ocasiões (em menos vezes do que os cinco
dedos de uma mão), mas reconheço que falhei e que fui
indigno de ser Rosacruz. Vou parar para chorar um pouquinho... Continuando:
por isso, admito que até alcançarmos o Teocientificismo
(matéria que já comentei em outro texto), uma etapa insubstituível
e intermediária pela qual teremos que passar, será algo
semelhante (mas mais gentil e concertado) a uma fraterna social democracia
planetária. Não como uma ilusória mediação
entre o Capitalismo e o Socialismo, nem como um sistema obrigatoriamente
aliado do Imperialismo Neoliberal ou a qualquer outra forma de poder.
Uma emenda político-econômico-ideológica assim seria
e sairia pior do que o soneto. Mas, essa dupla conspiração
fedorenta de lucros exorbitantes com exploração escravocrata
terá que acabar um dia. E quando só houver bagaço
o recuo será inevitável. Isso é mais fácil
de compreender do que as regras de um jogo de pôquer. E, de passagem:
como alguém pode cair duro em Vegas, em Atlantic City, em Monte
Carlo e em outros cassinos do Mundo? Será que as pessoas não
desconfiam que aquelas maquininhas infernais são feitas para
tomar o dinheiro dos otários? Roleta, black jack, bacarat
idem. Nesse métier não há bonzinho.
Mas,
não sei porquê, me lembrei de Oscar Schindler (1908-1974)...
descrito como um cínico, um explorador ganancioso de escravos
durante a 2ª Guerra Mundial, um mercador que fazia comércio
no mercado negro, jogador, membro do Partido Nazi eternamente à
procura de lucro, um playboy alcoólico, um desavergonhado...
Oscar Schindler – que começou a ganhar milhões de
marcos alemães através de uma cruel exploração
de trabalhadores escravos – acabou por despender até ao
seu último cêntimo arriscando a sua própria vida
para salvar os seus 1200 'judeus de Schindler'. Por que teria mudado
Schindler? Talvez, arrisco supor, porque apesar dos seus inúmeros
equívocos, acima de tudo, ele amasse o ser humano. Fala-se que
teria gasto 4 milhões de marcos alemães mantendo os 'seus
judeus' fora dos campos da morte. Bem, mas poderia ter salvo 2400,
3600... Esse foi o seu desespero ao ser homenageado com um anel no dia
em que se despediu dos 'seus judeus' – já libertos,
mas sem nada – em maio de 1945, em Brinnlitz, na Checoslováquia.
Poldek Pfefferberg, o judeu que ajudava Schindler a arranjar mercadoria
no mercado negro para subornar os oficiais nazis durante a guerra, prometeu
mais tarde a Schindler contar a sua história: '— O senhor
protegeu-nos, salvou-nos, alimentou-nos. Nós sobrevivemos ao
Holocausto, à tragédia, à dura batalha, à
doença, ao espancamento, às mortes! Nós temos que
contar a sua história.' No início dos anos 60,
Oscar Schindler foi honrado em Israel e declarado 'Righteous' (Justo)
e convidado a plantar uma árvore em Jerusalém. Uma estátua
no Parque dos Heróis louva-o como o salvador de mais de 1200
judeus. Oscar Schindler não será esquecido jamais
pelo povo judeu.
|
|
Os
jornalistas, os historiadores, os economistas de todas as correntes
e as autoridades públicas conhecem todos esses grandes momentos
e sabem de todas essas armações que recordei um pouco
mais acima. Mas, os políticos preferem 'enchê'
o pandulho de cachaça e se 'locupretá', que é
'muito mais mió qui governá'. Se se acrescentar
a isso a ignorância e o fanatismo religioso, então, o limite
é o inferno.
Só
o povão é que não sabe lhufas de bulhufas, mas
se mete em múltiplas prestações para parecer igual
a eles – os donos do 'poder'. Se o sujeito não
possui um celular ou um forno de microondas, se sente humilhado e complexado.
Vira e mexe eu ouço a seguinte pergunta: — Por que
você não troca o seu celular por um mais novo? Eu
respondo sempre: — Ele 'fala' muito bem. Vou trocar por quê?
Nessa matéria de celular, já andam fabricando celulares
de ouro cravejados de brilhantes. Vai ver que é para o seu (in)feliz
possuidor ficar olhando para ele e se masturbar até sangrar.
Só pode ser isso. O marketing [estratégia empresarial
de otimização maldita de lucros através de uma
adequação sórdida da produção e da
oferta de mercadorias (inúteis na maioria dos casos) ou de serviços
(igualmente supérfluos) às necessidades e preferências
quiméricas dos consumidores bobocas (ou babacas), para isso recorrendo
a pesquisas induzidas de mercado, designs atrativos de produtos,
campanhas publicitárias muito bem boladas, atendimentos pós-venda
nos quais o cliente se sente simplesmente o máximo ouvindo os
gerundismos gerundiais dos boçais geração-gerúndio
etc.] mete isso na cuca das pessoas a toda hora, entra segundo sai segundo,
todos os dias. É tudo 'por apenas' não
sei o quê vírgula noventa e nove centavos, em não
sei quantas vezes no cheque pré ou no cartão de crédito.
Parece moleza! Mas, não é. E os juros pagos pelos iludidos
e pelos mal informados (e pelos desinformados) e as compras desnecessárias
só fazem engordar as contas dos sanguessugas, e empobrecer os
bolsos dos compradores e dos tomadores desses empréstimos escorchadores.
Depois, CHORO, SERASA e SPC. E, muitas vezes, perda do bem que foi adquirido
sem o devido lastro.
Penso,
em outra dimensão, que o fator futuro de desestabilização
mundial da Economia, provavelmente, poderá vir da China. Lester
R. Brown, no ensaio Lençóis Freáticos em Declínio
na China Poderão Brevemente Causar Elevação Mundial
nos Preços dos Alimentos, adverte: De hoje a 2010, quando
a população da China deverá ter crescido em
[torno de] 126 milhões, o Banco Mundial prevê que a
demanda urbana de água aumentará de 50 bilhões
de metros cúbicos para 80 bilhões, um crescimento de 60%.
A demanda industrial, entretanto, está projetada para aumentar
de 127 bilhões de metros cúbicos para 206 bilhões,
uma expansão de 62%... O Rio Amarelo... está superexplorado.
Após fluir ininterruptamente por milhares de anos, este berço
da civilização chinesa secou em 1972, deixando de chegar
ao mar durante cerca de 15 dias. Nos anos seguintes, secou alternadamente
até 1985. Desde então, tem secado durante parte de cada
ano. Em 1997, um ano de seca, o Rio Amarelo deixou de alcançar
o mar durante 226 dias... A pressão crescente sobre o Rio Amarelo
significa que um dia ele não mais chegará à Província
de Shandong, privando-a de aproximadamente metade da sua água
de irrigação. A perspectiva de importação
maciça de grãos e a crescente dependência do grão
norte-americano, em particular, causa grande inquietação
aos líderes políticos em Beijing... Enquanto isso, com
a economia da China se expandindo a uma taxa anual de 7%, sua população
crescendo em 12 milhões de pessoas por ano e os chineses comendo
mais carne alimentada por grãos, a necessidade nacional de grãos
continuará a crescer. Isto, coincidindo com a queda na produção
de grãos nas principais regiões produtoras, decorrente
da maior escassez de água, poderá transformar a China
rapidamente no principal importador mundial de grãos, ultrapassando
até mesmo o Japão... A China não está sozinha
nesse confronto com a escassez da água. Em outros países
também a escassez da água está elevando as importações
de grãos, ou ameaçando fazê-lo: Índia, Paquistão,
Irã, Egito, México e muitos outros países menores.
Porém, apenas a China – com cerca de 1,3 bilhões
de habitantes (grifo meu), uma economia em ritmo acelerado
e um 'superavit' comercial de mais de US$ 40 bilhões com os Estados
Unidos – tem o potencial de perturbar os mercados mundiais de
grãos. Em resumo, a queda dos lençóis freáticos
na China poderá significar, em breve, a elevação
mundial dos preços dos alimentos. E depois, penso eu, o
caos. 2034.
Então,
ensaio e erro, procedimentos econômicos monetaristas estapafúrdios,
despotismo, descompromisso, corrupção crescente, explosão
demográfica, esgotamento das reservas naturais (principalmente
água) etc. levarão a ajustamentos pesadíssimos.
A aquarela ficará cinza-negra. Ari Barroso
deve estar muito triste com tudo isso. Eu estou.
Por
último, porque senão eu escrevo um mês sem parar,
uma perguntinha pra lá de idiota: Será que os sacanocratas
aos quais me referi descobriram uma forma de, ao morrerem, levar para
o lado de lá essas fortunas mal adquiridas? Isso eu gostaria
muito de saber. Porque, se houver um jeitinho de levar alguma coisa
para o lado de lá, eu gostaria por demais de levar os
'meus' CDs do Frank Sinatra e o colchão da minha caminha
– que foram adquiridos com o santo suor do meu rosto. Sei lá!
Pode ser que não haja cama lá no céu. Pode ser
também que lá no céu não fabriquem mais
os CDs do Francis. Aparelho de som não me preocupa. Não
é possível que São Pedro não goste de música.
Se os anjos tocam harpa... Se os severinos descobrirem isso...