PANAMÁ(S)
Rodolfo Domenico Pizzinga
Música
de fundo: Me Dá Um Dinheiro Aí
Fonte: http://www.publiweb.it/midi/t/tristeza.html
— Então, concordou com a porcentagem?
Isso precisa ser definido 'a priori'.
Não estou aqui de "brincanagem".
Ninguém topa cala-boca 'a posteriori'.
— Você sabe que o projeto é bom
E dá pra todo mundo se arrumar.
Se ele não fosse muito bom,
Você nem começaria a negociar.
— Eu represento uns certos caras
Que não são de brincadeira.
Eles vão ficar umas araras
Se houver qualquer bandalheira.
— E a coisa só vai pra frente
Se eles levarem trinta por cento.
E nenhum deles é inexperiente
Para aceitar qualquer abatimento.
— E há gente graúda nisso
Que não pode aparecer.
Compromisso é compromisso.
Você não vai se arrepender.
— Então? Posso garantir a eles
Que o projeto será aprovado?
Não se esqueça de que sem eles
Você jamais seria nomeado!
É isso aí, de uma maneira geral,
O que se passa nos gabinetes.
Ninguém se importa com o mal,
Que advém desses 'banketes'.
A miséria, a dor e a violência
– Que hoje prosperam no mundo –
Provêm de cada delinqüência
– Verdadeira doença-do-mundo!
O que não sabem esses infelizes
É que nus um dia ficarão.
Mortos, não poderão ser felizes,
E cada roubalheira compensarão.
Pensam que verão os deuses,
Que, vivos, fingiam adorar.
Não há deuses ou semideuses
Que falcatruas possam abonar.
Viver não é um eterno carnaval*
De sacanices e atos demeritórios.
Se o viver é um perene vendaval,
Como efetivar gestos meritórios?
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Este rascunho é dedicado a todos os seres de bem. Acho que não preciso citar as fontes das imagens (algumas das quais foram modificadas) e da animação do gatinho (que não tem nada com tudo isso!). A do diamante tem! Penso que os detentores dos direitos autorais (se forem pessoas de bem – e quero acreditar que sejam) ficarão contentes em vê-las ilustrando estas reflexões. Paz ao Mundo.
Carnaval |
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*OBSERVAÇÃO: Há diversos sentidos para o vocábulo 'carnaval'. Em um sentido, por exemplo, pode ser o período de três dias anteriores à Quarta-Feira de Cinzas, dedicado a festejos, bailes, desfiles e folguedos populares (o que, no passado, equivalia ao entrudo, e que vigorou no Brasil até 1854); em outro, significa provocar confusão ou desordem, e mesmo viver irresponsavelmente. Foi este último sentido que emprestei à palavra carnaval.