e você se esforçar e for capaz
de, em Silêncio,
ouvir a Voz do Silêncio,
sem Dela, por vaidade,
duvidar um nanograma
nem com Ela, impertinente,
argumentar um picograma...
e você se esforçar e for capaz
de não se indispor
e não se revoltar contra
a sua personalidade-alma,
contra o seu Anjo da Presença
e contra o seu Melhor
Amigo – o seu Deus Interior...
e você se esforçar e for capaz
de, em nenhuma circunstância,
se sentir diminuído,
se sentir perseguido
e se sentir excluído...
e você se esforçar e for capaz
de nunca se comportar
como um inocente útil,
de nunca se comportar
como um maria-vai-com-as-outras
e de nunca se comportar
como um pau-mandado...
e você se esforçar e for capaz
de, em nenhum tempo, sancionar
o autoritarismo,
de, em nenhum tempo, sancionar
o totalitarismo
e de, em nenhum tempo,
sancionar o escravagismo...
e você se esforçar e for capaz
de, de modo nenhum, admitir
a xenofobia,
de, de modo nenhum, admitir
a homofobia
e de, de modo nenhum,
admitir a sobrevalia...
e você se esforçar e for capaz
de nunca promover a separatividade,
de nunca catalisar a ofensividade
e de nunca facilitar
a descontinuidade...
e você se esforçar e for capaz
de não maldizer
o padecimento,
de não praguejar
por causa do adiamento
e de não desdenhar
o esquecimento...
e você se esforçar e for capaz
de, com dignidade, cumprir
suas compensações,
de, com dignidade, suportar
suas aflições
e de, com dignidade,
dominar suas comoções...
e você se esforçar e for capaz
de nunca jamais pré-qualificar
e deslustrar,
de nunca jamais prejudicar
e obstaculizar
e de nunca jamais apocopar
e apoucar...
e você se esforçar e for capaz
de deixar a pão
e laranja os demônios que gerou,
de congelar os infernos
que ideou
e de anular os consultos
que criou...
e você se esforçar e for capaz
de se desenredar da tradição
e dos dogmas,
de se libertar das crendices
e das venerações
e de se desvencilhar
da autoridade religiosa...
e você se esforçar e for capaz
de viver sem pedir bulhufas,
de
peregrinar sem ambicionar xongas
e de fazer direitinho
o seu dever de casa...
Esses
monstrinhos aí em cima
estão fazendo o dever de casa!
e você se esforçar e for capaz
de Servir sem esperar
qualquer recompensa
nem agora, nesta vida,
nem depois de desencarnar...
e você se esforçar e for capaz
de, ofendido, não
se ofender,
de, oprimido, não
se rebaixar,
e de, traído, não
odiar...
e você se esforçar e for capaz
de malograr sem se lamentar,
de empobrar sem reclamar,
e de quebrar sem um milagrinho
pedinchar...
e você se esforçar e for capaz
de, prisioneiro, se manter
livre,
de, amputado, se manter
inteiro,
e de, na Noite, se manter
honrado...
e você se esforçar e for capaz
de, tentado, resistir,
de, fragilizado, se erguer,
e de, injustiçado,
não vociferar...
e você se esforçar e for capaz
de a cada contratempo
não desanimar,
de a cada desdita se reabilitar
e de a cada derrota não
renunciar...
e você se esforçar e for capaz
de a cada estiagem tornar
a regar,
de a cada curto-circuito
não colapsar
e de a cada vendaval voltar
a navegar...
e você se esforçar e for capaz
de não (pre)julgar
nem condenar,
de não disjungir
nem desagregar
e de não constranger
nem subjugar...
e você se esforçar e for capaz
de partir sem olhar para
trás,
de não deplorar
o que já passou
e de reconstruir o que
foi destruído...
e você se esforçar e for capaz
de chegar na curva da
Estrada
sem medo da morte inevitável
e sem idéias salvíficas
preconcebidas...
ntão,
meu irmão, você
está trilhando
o Caminho Alforriador
que o Illuminará,
que o Ascensionará
e que o Transmutará
em um Deus (entre Deuses).