OH!, QUEM ME DERA...

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Do miúdo ao mantena,
tudo, tudo vale a pena.
O erro é só insabidade;
aí, metafísica saudade.

 

De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que
estamos sempre começando...
A certeza de que
precisamos continuar...
A certeza de que
seremos interrompidos
antes de terminar...

Portanto, devemos:
Fazer da interrupção
um caminho novo...
Da queda
um passo de dança...
Do medo,
uma escada...
Do sonho,
uma ponte...
Da procura,
um encontro...

 

 

 

 

Valeu a pena? Tudo vale a pena
se a alma não é pequena.

 

Fernando Pessoa

 

 

 

 

h!, quem me dera

que a dolorida espera

não demorasse tanto

para secar cada pranto!

 

h!, quem me dera

que o que nos desespera,

bem tranchã e ajustado,

pudesse ser transmutado!

 

h!, quem me dera

que o filho-da-mãe do bera

se mancasse hoje-agora,

e se livrasse da escora!

 

h!, quem me dera

que o sonso anhangüera

pudesse já ser contido;

bem melhor, se abolido!

 

h!, quem me dera

que o tolo rastaqüera

transpusesse a ilusão

 

h!, quem me dera

que o pobre calavera

tivesse um tico de tento

para dar fim ao desalento!

 

h!, quem me dera

que o débil manengüera

reouvesse a harmonia

 

h!, quem me dera

que o infausto tapera

visse em seu horizonte

a Senda depois do monte!

 

h!, quem me dera

que qualquer besta-fera

miasse ao invés de rosnar

e amasse em vez de odiar!

 

h!, quem me dera

que a negra Oitava Esfera1

não mais atraísse o homem,

 

h!, quem me dera

que a coisa fosse à vera,

que se repelisse à brinca

e que clareasse a cinca!

 

h!, quem me dera

que aquele que venera

– antes, depois e durante –

fosse sempre tolerante!

 

h!, quem me dera

que aquilo que acelera

tivesse tão-só por raiz

 

h!, quem me dera

que a Augusta Nova Era

ensinasse a bem gaivotar2

a quem só sabe rastejar!

 

h!, quem me dera

que uma grinalda de hera3

ornasse a alma esquecida

da Androginia adormecida!4

 

 

 

Rebis5

 

 

 

O Setenário (Sete Princípios do Homem)
1 – Corpo Físico Denso
2 – Duplo Etérico

3 – Prâna, a Vida
4 – Corpo de Desejo
5 – Manas, o Pensador ou a Mente
6 – Buddhi
7 – Âtmâ

 

 

 

______

Notas:

1. Recapitulando: a Oitava Esfera é uma espécie de resto ou sobra proveniente da antiga Lua (3ª Esfera) derivada de seu desenvolvimento como antecessora da Terra, e, portanto, (ainda) tem alguma relação com a Terra. O termo decorre do fato de existirem sete esferas conhecidas há muito tempo: Saturno, Sol, Lua, Terra, Júpiter, Vênus e Vulcano. O diagrama esquemático abaixo (o original é de autoria de Rudolf Steiner) pretende dar uma idéia do que seja essa Oitava Esfera, que se situa fora (do eixo evolutivo dos estágios de desenvolvimento seqüencial) das sete esferas anteriormente citadas (que, concertadamente, deveriam ser desenhadas uma dentro da outra).

 

 

A Oitava Esfera, segundo Steiner, só pode ser atingida pela clarividência imaginário-imaginativa. Ela é uma etapa tardia do desenvolvimento da Lua, ou seja, algo que foi deixado para trás pela Terceira Esfera de sua substancialidade e retido pelas entidades luciféricas e arimânicas. Lúcifer e Arimã, segundo o Fundador da Antroposofia, estão ininterruptamente empenhados em arrancar da Terra e do homem tudo o que possa ser incorporado e escravizado à Oitava Esfera, até o dia em que, vibratoriamente, a Terra possa se desprender ou se desligar desta influência, quando esta Oitava Esfera percorrerá caminhos próprios com Lúcifer e Arimã no comando, e a Terra, vibratoriamente, se dirigirá em direção a Júpiter para mais um ciclo evolutivo em uma dimensão superior e mais refinada. A luta Daqueles que Podem e Sabem tem sido efetivada no sentido de evitar que o desenvolvimento da Humanidade se esvaia no seio da Oitava Esfera e tome outro curso. Mas, infelizmente, isto não será possível para o conjunto da Humanidade. Muitos já se entregaram ao domínio de Lúcifer e de Arimã, e outros ainda se entregarão. Todavia, aqueles que permitem que o Princípio do Amor (presente na reprodução e na hereditariedade) norteie seus pensamentos, suas palavras e seus atos nada têm a temer, pois as entidades luciféricas e arimânicas nada podem contra o Amor. Associativamente ao Princípio do Amor está vinculada a Liberdade de Querer, que não havia em Saturno, no Sol e na Lua. Foi apenas no Período Terrestre que ela se manifestou. Logo, Amor e Liberdade são as chaves efetivas para que o homem possa fazer valer sua vontade e seu discernimento, e não ceder aos apelos magnetizantes e escravizantes das entidades da Oitava Esfera. Como explica Rudolf Steiner, continuamente Lúcifer e Arimã estão ocupados em comprometer o livre-arbítrio do homem e em simular uma porção de coisas, para depois arrebatar-lhe o que haviam simulado, fazendo-o desaparecer na Oitava Esfera. E também: Todas as vezes que os homens se entregam ao fatalismo, ao invés de se decidirem a partir de sua força [interior] de julgamento, mostram uma inclinação para a Oitava Esfera. Dante Alighieri (1265 – 1321), no Canto I do Inferno da Divina Comédia, que reproduz as concepções cosmológicas e teológicas da época, escreveu: Lasciate ogne speranza, voi ch'entrate! Deixai, ó vós que entrais, toda a esperança! A natureza intrinseca da Oitava Esfera é contra o progresso e a evolução espiralar, e as ações luciféricas e arimânicas, por este motivo, desenvolveram e vêm desenvolvendo sua maior força no ponto mais vulnerável do ser humano: a cabeça e o intelecto. É por isto, como foi dito acima, que só o Amor pode fazer frente a esse conjunto de forças, e só o Amor poderá transformar o homem em seu verdadeiro e único senhor, pois ele, o Amor, é o passaporte universal e insubstituível para Júpiter. Isto que acabou de ser dito foi definitivamente impresso na consciência humana pela manifestação na Terra do Cristo e com o Supremo Sacrifício de Jesus, recusado, aviltado e fantasiado por muitos nos dias que correm. Uns estão presos ao pasado; outros admitem que o futuro começa apenas no presente. O Princípio Crístico veio unir, por meio do Amor Universal, os dois ilusórios e impossíveis extremos. Logo, ficar preso ao antes significa estar a serviço das forças luciféricas, e pensar que o depois começa apenas e a partir do agora é estar submetido às forças arimânicas, ainda que seja aqui e agora que esse inexistente, fictício e utópico futuro deva ser construído. Contradição? Não. Tudo é UM. Eu só desejo duas coisas aos seres-no-mundo: Paz e Compreensão. A Paz harmoniza; a Compreensão liberta.

2. Fernão Capelo Gaivota é uma linda especulação sobre liberdade, aprendizagem e amor de autoria o escritor estadunidense Richard Bach (Oak Park, Illinois, 23 de junho de 1936), publicado em 1970. Uma gaivota, de nome Fernão, decide que voar não deve ser apenas uma forma para a ave se movimentar. Voar deve ser mais. Uma gaivota é uma ilimitada idéia de liberdade; uma imagem da Grande Gaivota. A Grande Gaivota interior. Mas, esta idéia de liberdade só se transformará em Liberdade Verdadeira, ainda que relativa, se e quando trabalharmos para amar e compartilharmos nossas idéias e nossas descobertas. A idéia de que os mais fortes podem atingir mais por deixar para trás os mais fracos é inadequada e errônea, e deve ser totalmente rejeitada. Gaivotar, sim, ad æternum e cada vez mais alto; mas, o ser-no-mundo deve sempre ensinar e auxiliar o outro a gaivotar também ([ultra]passagem gradativa do senso comum, enquanto simplória e egoísta visão de mundo, e explicação da realidade no conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e organizado, e que busca respostas não na casualidade, mas na inexorável causalidade, ou seja ligação entre causas e efeitos, contemporizações e compensações), ainda que até possa vir a ser morto por isto, como, por exemplo, Sócrates (469 – 399 a.C.) que acabou se deixando cicutar pelos cidadãos(!?) de Atenas. Somos todos Um! O pecado como simples pecado e a morte como simples morte não existem.

3. A grinalda de hera simboliza a fidelidade, a alegria e a jovialidade.

4. A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera...

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

(Fernando Pessoa, In: Eros e Psique).

5. O Rebis é uma figura alquímica que foi publicada no Traité de l'Azoth, de 1659, por Basile Valentin, e simboliza o andrógino sublimado e perfeito, depois sofrer transformações sucessivas sob a influência do Fogo. Rebis, segundo o Alquimista francês Eugène Léon Canseliet, é um material duplo, úmido e seco – amálgama de ouro e mercúrio filosófico complemento de opostos. Para um Iniciado, o Rebis significa o momento final, a última etapa, dos seus esforços, quando ele se funde misticamente (e para sempre) com o Deus do Seu Coração. Isto significa que, a partir deste momento, o Iniciado se torna o seu próprio Mestre.

6. O número sete (setenário) é o mais sagrado de todos os números. Segundo a Teosofia, todas as coisas do Universo, tanto físico quanto metafísico, são setenárias. Por isto, a cada corpo sideral, a cada planeta, seja visível ou invisível, são atribuídos seis globos companheiros. A evolução da vida procede nestes sete globos ou corpos, desde o primeiro ao sétimo, em sete tempos ou sete ciclos. Sete algarismos romanos (I, V, X, L, C, D, M)... Sete Sábios... Sete raças primitivas... Sete mundos (Original, Inteligível, Celestial, Elemental, Astral, infernal e Temporal)... Sete castas... Sete Cidades Santas... Sete Ilhas Santas... Sete Mares Santos... Sete Montanhas Santas... Sete Árvores Sagradas... Sete Sacramentos... Sete Igrejas... Sete pecados capitais... Sete virtudes (quatro cardeais e três teologais)... Sete cores prismáticas do arco-íris... Sete esferas superiores... Sete notas da escala musical... Sete maravilhas do mundo... Sete épocas... Sete passos da Maçonaria, que conduzem ao Santo dos Santos ('Sanctum Sanctorum')... Sete períodos mundanos... Sete tempos... Sete mânvântâras ou dias de Brama... Sete práticas da Magia... Sete grandes esquemas de evolução planetária... Sete voltas sobre si mesmo... Sete princípios do homem... Sete planetas do nosso sistema solar... Sete zonas... Sete câmaras... Sete envoltórios internos... Sete envoltórios externos... Sete esferas uterinas (1ª embrião; 2ª – líquido amniótico; 3ª – âmnios; 4ª – cordão umbilical; 5ª – alantóides; 6ª – interstício entre os âmnios e o córion; e 7ª – córion)... Sete estados da matéria (1º – matéria física em estado atômico ou eletrônico; 2º – matéria física em estado subatômico ou núcleo positivo; 3º – matéria física em estado superetérico ou neutralizado; 4º – matéria física em estado etérico ou atômico; 5º – matéria física em estado gasoso ou gás molecular; 6º – matéria física em estado líquido; e 7º – matéria física em estado sólido)... Sete forças fundamentais da Natureza... Sete estados de consciência (1º – vigília; 2º – sonolência; 3º – sono natural; 4º – sono hipnótico; 5º – psíquico; 6º – superpsíquico; e 7º – espiritual)... Sete planos cósmicos... Sete raças raízes... Sete Sons em Um... In principio erat Verbum Dimissum et Inenarrabile, hoje, perdido, mas, que precisa ser novamente encontrado.
22 ÷ 7 = 3,142857.
142857 x 7 = 999999.
142 + 857 = 999.

 

Fundo musical:

Hino a Apolo Délfico nº 1
Composição: sabe-se apenas que o autor era ateniense
Reconstrução: Stefan Hagel

Fonte:

http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0280

Observação:

Este peã, que coloquei como fundo musical, o Paean Delphicus I in Apollinem 1, é um dos hinos cantados em homenagem ao deus Apolo. A letra, com notações musicais, estava inscrita em uma das paredes do Tesouro dos Atenienses, em Delfos. Data aproximadamente de 97 a. C, e do autor sabe-se apenas que era ateniense.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.espiritualismo.info/teosofia2.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Sete_princ%C3%ADpios_do_homem

http://books.google.com.br/

http://veterinariosnodiva.com.br/books/
9-Blavatsky-Doutrina-Teosofica.pdf

http://pt.wikipedia.org/wiki/
Fern%C3%A3o_Capelo_Gaivota

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Mito_da_caverna

http://literaturaearte.blogspot.com.br/
2006/12/rebis-alquimico.html

http://www.editionsdeletre.com/boutique/
couple_initiatique.php?id=SKU010

http://literaturaearte.blogspot.com.br/
2006/12/rebis-alquimico.html

http://dcsymbols.com/rebis/rebis.htm

http://www.wpclipart.com/

http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/
casamento/tradicao-do-casamento-3.php

http://www.spectrumgothic.com.br/gothic/acer
vo_cemiterial/simbologia_cemiterial/flores.htm

http://intothecontinuum.tumblr.com/post/884073660
5/rotation-around-the-symmetry-axis-of-4th-order-in

http://www.insite.com.br/art/pessoa/

http://pensador.uol.com.br/frase/ODI3MDU1/

http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tetrahedron.gif

 

Direitos autorais:

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