Pistis Sophia (2)
(Fragmentos e Comentários)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução

 

 

 

 

Pistis Sophia é um importante texto gnóstico. As cinco cópias remanescentes, que os estudiosos datam de c. 250 – 300 A.D., relatam os ensinamentos gnósticos do Jesus transfigurado aos apóstolos (incluindo Maria de Magdala, Maria, mãe de Jesus e Marta), quando o Cristo elevado havia cumprido onze anos falando com seus discípulos. Nele as estruturas complexas e as hierarquias celestes familiares nos ensinamentos gnósticos são reveladas. Para ler a primeira parte deste estudo, por favor, dirija-se a:

http://paxprofundis.org/livros/pisthia1/pisthia1.htm

 

 

 

 

Fragmentos Comentados

 

 

 

Filipe: és tu, Tomé e Mateus a quem o Primeiro Mistério manda escrever todos os discursos do Reino da Luz e ser testemunhas... Filipe: escreverás os discursos que Eu pronunciarei até que o correspondente número de palavras que terás de escrever sobre o Reino da Luz esteja completo.

 

Deixai que aquele em quem se agitar o Poder do seu Espírito se adiante e fale, para que compreenda o que digo.

Comentário: Sim; todos devem falar e perguntar tudo. Todavia, cabe a quem sabe e estiver explicando, comentar apenas o que deve e pode ser comentado, pois não estamos todos no mesmo plano de compreensão, e uma explicação poderá mais escurecer do que esclarecer. Por outro lado, entretanto, muito cuidado com os que só discursam por vaidade; estes são perigosíssimos, tanto quanto ou mais do que a cicuta.

 

 

 

 

Terceiro Arrependimento de Pistis Sophia:

 

1 — Oh!, Luz de Poderes! Atende-me e salva-me.

2 — Que aqueles que arrebatam a minha Luz careçam Dela e permaneçam na escuridão. Que aqueles que arrebatam o meu Poder retornem ao Caos e sejam postos em vergonha.

3 — Que retornem rapidamente à escuridão aqueles que me lastimam e dizem: Agora somos os seus amos.

4 — Pelo contrário, que aqueles que procuram a Luz se regozijem e alvorocem; e que aqueles que desejam o Mistério digam sempre: que o Mistério seja exaltado.

5 — Salva-me, pois, agora – Oh!, Luz! – pois careço da minha Luz, a qual eles me arrebataram. Necessito do meu Poder, que eles me retiraram. Assim pois – Oh!, Luz! – Tu és o meu Salvador e Tu és o meu Redentor. Oh!, Luz! Retira-me prontamente deste Caos.

 

Bendito todo aquele que se humilha porque Eles terão misericórdia dele.

 

Quarto Arrependimento de Pistis Sophia, recitando-o antes de se ter visto oprimida pela segunda vez, para que o poder rosto de leão e com ele todas as emanações materiais que o Obstinado havia enviado ao Caos, não arrebatassem toda a Luz que nela havia:

1 — Oh!, Luz! em quem confiei! Presta ouvidos ao meu Arrependimento e deixa que a minha voz chegue à Tua morada.

2 — Não retires de mim a Tua Imagem-Luz, mas me atende se eles me oprimem e me salva prontamente no momento em que Te chame.

3 — Pois os meus dias se desvanecem como um suspiro e me converto em matéria.

4 — Eles retiraram-me a minha Luz e o meu Poder se extinguiu. Esqueci o meu Mistério que já não consumarei.

5 — Devido à voz do medo e ao poder do Obstinado, o meu Poder se desvaneceu.

6 — Tornei-me um demônio à parte que mora na matéria e que carece de Luz; tornei-me um falso espírito que está em um corpo material e que carece de Luz e Poder.

7 — Tornei-me um decano solitário no ar.

8 — As emanações do Obstinado oprimiram-me e o meu Par disse a si mesmo:

9 — Em vez da Luz que havia nela, eles encheram-na de Caos. Devorei o aprazível da minha própria matéria e a angústia das lágrimas da matéria nos meus olhos, para que aqueles que me oprimem não possam me tirar o restante.

10 — Tudo isto caiu sobre mim por Teu mandato – Oh!, Luz! – e é por Tua ordem que eu estou aqui.

11 — O Teu mandato trouxe-me até embaixo e estou na descida como um poder do Caos e o meu Poder está paralisado em mim.

12 — Porém Tu – Oh!, Senhor! – és Luz Eterna e visitas aqueles que estão oprimidos para sempre.

13 — Agora e portanto – Oh!, Luz! – surge e busca o meu Poder e a Alma que está em mim. A Tua ordem está cumprida e o que Tu decretaste para mim nas minhas aflições. O meu momento chegou, aquele no qual Tu terias de procurar o meu Poder e a minha Alma. Este é o momento decretado por Ti para me buscares.

14 — Pois os Teus redentores buscaram o Poder que está na minha Alma, porque o número está completo e também para que a sua matéria seja salva.

15 — E, então, nesse momento, todos os Regentes dos Aeons materiais sentirão o temor da Tua Luz e todas as emanações do Décimo Terceiro Aeon material sentirão o temor do Mistério da Tua Luz, de modo que os outros possam lograr a purificação da sua luz.

16 — Pois o Senhor buscará o poder da tua Alma. Ele revelou o Seu Mistério.

17 — Para que possa observar o Arrependimento daqueles que estão nas regiões inferiores. Ele não ignorou o seu Arrependimento.

18 — Este é, pois, esse Mistério que chegou a ser modelo da raça que haverá de nascer. E essa raça cantará louvares à Altura.

19 — Pois a Luz olhou para baixo da Altura da Sua Luz. Olhará para baixo para a matéria total.

20 — Para ouvir a lamentação daqueles que estão agrilhoados, para libertar o poder das Almas, o qual está atado.

21 — De modo que possa pôr o Seu Nome na Alma e o Seu Mistério no Poder.

 

Quinto Arrependimento que Pistis Sophia expressou no Caos, quando todas as emanações materiais do Obstinado continuavam a oprimi-la:

1 — Luz de minha salvação! Canto-Te o meu louvor na Região das Alturas e também no Caos.

2 — Canto a Ti o meu louvor com o hino que cantei nas Alturas e com ele Te louvei quando estive no Caos. Permite-me chegar à Tua presença e ouve – Oh!, Luz! – o meu Arrependimento.

3 — Pois o meu Poder está cheio de obscuridade e a minha Luz esfumou-se no Caos.

4 — Cheguei a ser como os Regentes do Caos que entraram nas trevas que há embaixo. Tornei-me um corpo material que não tem ninguém na Altura que o salve.

5 — Sou também como as matérias a quem o poder foi arrebatado e são arrojadas ao Caos; matérias, a quem Tu não salvaste e que estão absolutamente condenadas por Teu mandato.

6 — Agora e portanto, puseram-me nas trevas de baixo, na obscuridade e entre matérias que estão mortas e carecem de poder.

7— Tu efetuaste o Teu mandato em mim e todas as coisas que decretaste.

8 — E o Teu Espírito afastou-se, abandonando-me. E mais ainda: por Teu mandato, as emanações do meu Aeon não me ajudaram, detestaram-me e separaram-se de mim e, ainda assim, não estou totalmente destruída.

9— E diminuiu em mim a minha Luz e clamei pela Luz com a Luz que ainda há em mim e elevei as mãos para Ti.

10 — Agora e portanto– Oh!, Luz! – não cumprirás o Teu mandato no Caos e os mensageiros que vêm, de acordo com as Tuas ordens, não se elevarão na obscuridade e virão e serão Teus discípulos?

11 — Não gritarão o Mistério do Teu Nome no Caos?

12— Ou não pronunciarão, talvez, o Teu Nome em uma matéria do Caos na qual Tu (Tu mesmo) não Te purificarás?

13 — Mas eu Te cantei louvores – Oh!, Luz! – e o meu Arrependimento chegará a Ti na Altura.

14 — Deixa que a Luz venha até mim.

15 — Pois eles arrebataram a minha Luz e estou em tribulação por causa da Luz, desde o momento em que fui emanada. E quando olhei a Luz na Altura, e vi, embaixo, o poder da Luz no Caos, levantei-me e caí.

16 — O Teu mandato veio sobre mim e os terrores que decretaste para mim levaram-me ao engano.

17 — E rodeando-me em grande quantidade, semelhante à água, mantiveram-se junto de mim o tempo todo.

18— E por Teu mandato, não fizeste as emanações dos meus companheiros me ajudarem, nem o meu Par me salvar das minhas aflições.

 

Sexto Arrependimento de Pistis Sophia:

1 — Cantei-Te Louvores – Oh!, Luz! – na obscuridade que embaixo há.

2 — Escuta o meu Arrependimento e que a Tua Luz atenda a minha súplica.

3 — Oh!, Luz! Se pensas no meu pecado, não serei capaz de estar frente a Ti e Tu me abandonarás.

4 — Porém Tu – Oh!, Luz! – és o meu Salvador, pois pela Luz do Teu Nome tive Fé em Ti, oh!, Luz!

5 — E o meu Poder teve Fé no Teu Mistério. E ainda mais: o meu Poder confiou na Luz quando se encontrava entre aqueles das Alturas e confiou n‘Ela quando se encontrava no Caos de baixo.

6 — Deixa que todos os poderes que há em mim confiem na Luz, agora, quando estou na obscuridade de baixo, e que possam confiar de novo na Luz se chegam à Região da Altura.

7 — Porque é a Luz quem teve compaixão de nós e nos guiou. Um grande Mistério de Salvação há n‘Ela.

8 — E Ela levará todos os poderes para fora do Caos devido à minha transgressão, pois deixei a minha Região e vim para baixo, ao Caos.

 

 

 

 

Ordenarei ao Sábio Fogo – sobre o qual passa o Perfeito – para devorar esses tiranos até que entreguem a última purificação da sua luz. (Grifo meu).

Comentário: Meu entendimento sobre esta passagem é que, em princípio, não há, realmente, punição cósmica (nem premiação). O até que desta fala, salvo melhor juízo, está a indicar que – no tempo que não é tempo, mas que é Tempo – o processo Iniciático-educativo seguramente será completado. Interpretações teológicas que levam à crença da existência de um Hades tórrido e sulfuroso, nos subterrâneos da Terra ou em outro lugar, mais do que uma tolice imprópria e inoportuna, objetiva o crudelíssimo domínio das mentes e dos corações dos seres-no-mundo ingênuos (porque insistem em permanecer ingênuos) e mal informados (porque não se esforçam para se tornar informados). Isto, sim, é uma superlativa heresia, de mão e contramão!

 

Sétimo Arrependimento de Pistis Sophia:

1 — Oh!, Luz! Elevei o meu Poder para Ti, a minha Luz.

2 — Em Ti tive Fé. Não permitas que se riam de mim, não deixes que os Regentes dos Doze Aeons, que me odeiam, se regozijem por minha causa.

3 — Pois todo aquele que tenha Fé em Ti não será envergonhado. Que os que arrebataram o meu Poder permaneçam nas trevas, e que disso não obtenham proveito, mas que este lhes seja retirado.

4 — Oh!, Luz! Mostra-me os Teus modos e neles serei salva; mostra-me os Teus caminhos pelos quais serei retirada deste Caos.

5 — E guia-me na Tua Luz e deixa-me saber – Oh!, Luz! – que Tu és o meu Salvador. Em Ti confio todo o tempo.

6— Apressa-Te a salvar-me, oh!, Luz! Que a Tua Graça perdure para sempre.

7— Quanto à transgressão que cometi desde o princípio, na minha ignorância, não a leves em conta – Oh!, Luz! – mas salva-me através do Teu Grande Mistério do Perdão dos pecados devido à Tua Bondade, oh!, Luz!

8 — Pois boa e sincera é a Luz e por Ela me será dada a forma de ser salva da minha transgressão.

9 — E quanto aos meus Poderes – que foram diminuídos por medo das emanações materiais do Obstinado – retirá-los-á pouco depois do Teu mandato e mostrará em mim esses Poderes que foram diminuídos devido ao ímpio, no seu conhecimento.

10 — Pois todos os Conhecimentos da Luz são meios de Salvação e Mistérios para todo aquele que busca as Regiões da sua Herança e dos seus Mistérios.

11 — Pelo Mistério do Teu Nome – Oh!, Luz! – perdoa a minha transgressão que é grande.

12 — A todo aquele que confie na Luz, Ela dará o Mistério adequado.

13 — E a sua Alma habitará nas regiões da Luz e herdará seu Poder – o Tesouro da Luz.

14— A Luz dá Força a todos os que têm Fé n‘Ela, e o Nome do Seu Mistério pertence aos que n‘Ela confiam. E Esta haverá de lhes mostrar a Região da Herança que está no Tesouro da Luz.

15 — Mas eu sempre tive Fé na Luz, pois Ela libertará os meus pés das ataduras das trevas.

16— Atende-me – Oh!, Luz! – e me salva, pois no Caos me foi retirado o meu Nome.

17— Devido a todas as emanações, as minhas aflições e a minha possessão foram multiplicadas excessivamente. Salva-me do meu pecado e desta obscuridade.

18 — Vê o meu pesar e a minha angústia e perdoa o meu pecado.

19— Vigia os Regentes dos Doze Aeons que, por ciúmes, me detestam.

20 — Cuida do meu Poder, salva-me e não me deixes permanecer nas trevas, pois tive fé em Ti.

21 — Eles riram-se do meu Poder por ter tido fé em Ti, oh!, Luz!

22 — Agora e portanto – Oh!, Luz! – salva os meus Poderes das emanações do Obstinado, por cuja culpa estou angustiada.

 

Como verdadeiramente ela havia tido Fé na Luz que realmente pertence ao Tesouro, seria levada para fora do Caos e o seu Arrependimento seria aceite.

Comentário: O arrependimento sincero é o primeiro passo para tudo. Jamais uma Iniciação (ou o que a equivalha) surtirá o efeito desejado, se no Coração houver mágoa, medo, desgosto, preconceito, sobrevalia, vaidade, rancor, intolerância, vendetta et cetera.

 

 

 

 

 

 

Continua...

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.rdesignonline.com/
design/2009/07/

http://panspipebomb.blogspot.com/
2008/01/yuk.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pistis_Sophia

http://www.jesusfreak.com.br/
apocrifos/pistis-sophia/view

http://books.google.com.br/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Kundalini

http://gnose-gnosis.blogspot.com/
2009/10/o-arcano.html

http://www.galeon.com/magiatodos/
mantras.html

 

Música de fundo:

Autumn Leaves (Les Feuilles Mortes)
Letra: Jacques Prévert
Música: Joseph Kosma
Versão para o inglês: Johnny Mercer
Interpretação: Diana Krall

Fonte:

http://www.iraimawebsites.hpg.ig.com.br/
internacionais.htm