Pistis Sophia (1)
(Fragmentos e Comentários)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução

 

 

 

 

Os seis estudos que se seguirão, ordenados à medida que foram formatados, são constituídos de excertos (algumas vezes editados para melhor compreensão) da obra Pistis Sophia (SOPhIa = 300 + 6 + 80 + 10 = 396), que, de acordo com Arnold Krumm-Heller (Venerável Mestre Huiracocha) é Poder, é Ciência, é Teurgia, e, como observa Raul Branco, com quem concordo, não tem qualquer conexão com a tradição judaica, que a precedeu, nem com a católica, que a sucedeu, ainda que trechos do Antigo Testamento (Odes de Salomão e alguns fragmentos sapienciais salmísticos) e breves passagens do Novo Testamento sejam citados para explicar os ensinamentos gnósticos de Jesus.

 

Em virtude da linguagem impenetrável de seu simbolismo haverá motivo mais insuperável do que este? – não tentarei explicar a cosmogonia do texto. Lamento, mas não posso tornar inteligível o que entendi mais ou menos ou o que não entendi; mais do que desonestidade, isto seria um despautério herético. Oscar Uzcategui escreveu: ... existia uma profecia que sentenciava enfaticamente o seguinte: 'Somente alguém que tenha encarnado [integralmente] os Princípios Crísticos em sua natureza espiritual será capaz de entender, compreender e desvelar o conteúdo da Pistis Sophia'. Certamente, este não é o meu caso; contudo, recordando um antigo axioma cabalístico – meio plagiando, meio parafraseando confesso: um dia, resolvi tomar a eito o escudo de minha Pistis Sophia e decidi avançar com passo decidido, fosse a favor do vento, fosse contra todos os ventos, para libertar minha consciência engarrafada. Mas, o pouco que entendi, com amor, ofereço a todos, para que da reflexão dos extratos e dos poucos comentários que inseri, algum entendimento, e mesmo uma espécie de metanóia (mudança de mente e/ou transformação interior) – tal qual as metanóias de Pistis Sophia possa surgir.

 

Quem sabe, possamos pôr um bridão em nosso eu egoísta, presunçoso e fútil, que está sempre demandando ser o centro das atenções e que não sossega enquanto não gratifica os apelos dos sentidos e não vê aplaudida e reconhecida sua inócua vaidade. Então, que não se pense que o poder com cara de leão seja um demônio exterior; antes e particularmente, o poder com cara de leão corresponde a aspectos internos, mais ou menos tenebrosos e melancólicos, irresolvidos de todos nós seres-no-mundo em peregrinação. Paz Profunda. Vale a pena dar uma conferida na página:

http://webcache.googleusercontent.com/

 

Pistis Sophia, simbolicamente a personalidade-alma encarnante, é um importante texto gnóstico. As cinco cópias remanescentes, que os estudiosos datam de cerca de 250 – 300 A.D., relatam os ensinamentos gnósticos do Jesus transfigurado (feito Sumo Sacerdote para a eternidade, segundo a Ordem de Melchizedek, o Grande Receptor de Luz que está na Região dos da Direita) aos apóstolos (incluindo Maria de Magdala, Maria – mãe de Jesus – e Marta), quando o Cristo elevado havia cumprido onze anos falando com seus discípulos. Na obra, as estruturas complexas e as hierarquias celestes familiares nos ensinamentos gnósticos são reveladas, mas só transracionalmente poderão ser compreendidas. Qualquer um que tente explicá-las com a fé ou com a simples razão transformará seus ensinamentos gnósticos em um monstrengo.

 

O título Pistis Sophia é obscuro e é, às vezes, traduzido como Sabedoria da Fé, Sabedoria na Fé ou Fé na Sabedoria. Uma tradução mais exata, levando em conta seu contexto gnóstico, é a fé de Sophia, uma vez que Sophia, para os gnósticos, era a sizígia divina do Cristo, e não uma simples palavra significando sabedoria. Em uma versão anterior e mais simples de uma Sophia no Códice de Berlim e também encontrado em um papiro em Nag Hammadi, o Cristo transfigurado explica Pistis de um modo bastante obscuro:

Novamente, seus discípulos disseram: 'Diga-nos claramente como eles desceram das invisibilidades, do imortal para o mundo que morre?'

O perfeito Salvador disse: 'O Filho do Homem entendeu-se com Sophia, sua consorte, e revelou uma grande Luz Andrógina. Seu nome masculino é designado Salvador, progenitor de todas as coisas. Seu nome feminino é designado Todo-progenitora Sophia. Alguns a chamam de Pistis'.

 

O mais bem conhecido dos cinco manuscritos da Pistis Sophia está amarrado com um outro texto gnóstico intitulado na encadernação Piste Sophiæ Cotice. Este Códice Askew foi adquirido pelo Museu Britânico, em 1795, de um certo Dr. Askew. Até a descoberta da biblioteca de Nag Hammadi, em 1945, o Códice Askew era um dos três códices que continha quase todos os escritos gnósticos que haviam sobrevivido à eliminação deste tipo de literatura, tanto no Leste quanto no Oeste, sendo os dois outros códices o Códice Bruce e o Códice de Berlim. A menos dessas fontes, tudo o que foi escrito sobre o Gnosticismo antes da Segunda Guerra Mundial é baseado em citações, referências e inferências a partir dos escritos patrísticos dos inimigos do Gnosticismo, uma fonte nada neutra, onde as crenças gnósticas eram selecionadas para mostrar seus absurdos, seu comportamento bizarro e não-ético e sua heresia do ponto de vista do Cristianismo Paulino ortodoxo. Sempre foi assim e continua sendo assim: quem não compreende ou tem sua intuição congestionada classifica de herético e de demoníaco.

 

O texto Pistis Sophia proclama que Jesus, após a ressurreição, permaneceu no mundo por alguns anos, e foi capaz, nesse tempo, de ensinar a seus discípulos até o primeiro (isto é, inicial) nível dos Mistérios; outros temas mais avançados, como o próprio Jesus advertiu, seriam ensinados e transmitidos na expansão do Universo. Pistis Sophia começa com uma alegoria fazendo um paralelo entre a morte e ressurreição de Jesus e descrevendo a descida e a ascensão da personalidade-alma. Depois disto, Ele prossegue descrevendo figuras importantes na cosmologia gnóstica, e, então, finalmente, lista diversos desejos carnais que devem ser superados antes que a salvação seja possível, sendo que a superação de todos eles constitui a salvação.

 

Para concluir esta introdução, deixo um pensamento teosófico para reflexão, que se encontra na obra A Voz do Silêncio, de Helena Petrovna Blavatsky (1831 – 1891): o homem não pode entrar no Caminho até que se torne o Caminho. E, como adverte Raul Branco, já citado, o homem deve renunciar a este mundo e transformar a sua mente, se pretende buscar e receber os Mistérios que lhe abrirão as portas da Herança da LLuz. Ou vencemos ou venceremos a ilusão da desunidade. Mas, há certos tipos de derrotas que levam à inevitável entropia.

 

 

 

Fragmentos Comentados

 

 

 

... e toda a Luz junta se harmonizava.

 

Senhor, se és Tu, recolhe a Tua Luz de Glória em Ti próprio para que possamos resistir; do contrário, os nossos olhos estarão em trevas. Estamos perturbados, e toda a Terra também está em perturbação devido à Grande Luz que Te rodeia.

 

... o Último Mistério é o Vigésimo Quarto Mistério de dentro para fora...

Comentário: o Último é o Primeiro, pois que existiu desde o princípio, causa pela qual o Universo surgiu (acordou do Prâlâya e se manvantarizou)...

24 2 + 4 = 6

6 é o Valor Secreto de 3 (1 + 2 + 3)

A letra ALeF possui Valor Pleno igual a 111, pois os componentes das letras desta letra arqueométrica têm os seguintes Valores Externos: ALeF = 1, LaMeD = 30 e PhE = 80. 1 + 30 + 80 = 111 3 (1 + 1 + 1). Já seu Valor AThBaSh é 400, de tal sorte que 400 4 + 0 + 0 = 4. E o Valor Secreto de 4 é 10 porque 1 + 2 + 3 + 4 = 10. E 10 1 + 0 = 1. Então, 24 (o Vigésimo Quarto Mistério) 1.

 

E sucedeu, então, quando cheguei ao Meio dos Regentes dos Aeons, que olhei para baixo sobre o Mundo da Humanidade por ordem do Primeiro Mistério. Encontrei Elizabeth, a mãe de João, o Batista, antes de o haver concebido, e nela semeei a força que havia recebido do IAO menor – o Digno – que está no Meio, Aquele que tem o poder de proclamar antes do que Eu, de preparar o caminho e de Batizar com a Água do perdão dos pecados. Esta Força, por conseguinte, está no corpo de João.

Comentário: IAO (+ + –, é o Supremo Nome Secreto dos Antigos Mistérios) = 10 + 1 + 6 = 17. No Evangelho de João, XIII, está revelado um momento singular da vida do AMeN da Era Pisciana – o Mestre Jesus. Esta passagem, entendida de forma meramente ritualística pelos teólogos como sendo um ato de humildade, oculta um princípio místico que, na época, o próprio Avatar não divulgou publicamente. Limitou-se a dizer: — O que faço agora será conhecido depois. Dos pequeninos (Iniciados). Se esta frase foi realmente proferida por Ele, não importa. Importa, isto sim, o Exercício. O simbolismo ritualístico-esotérico da lavagem dos pés só tem validade e resultado místico-iniciático, se acompanhado da entoação do som vocálico IAO, que atrai forças cósmicas de altíssimas freqüências, que purificam e harmonizam aquele que pratica o experimento. A vogal I representa o Fogo Solar do meio-dia. Tem ação direta sobre as glândulas pituitária e pineal e estimula o desenvolvimento da clarividência. A vogal A atua purificando e transmutando as vibrações grosseiras e de baixa freqüência do ser humano. Está diretamente ligada aos pulmões e ao inexistente tempo. A vogal O simboliza um pôr-do-sol microscópico. Estimula o Chakra Cardíaco e fortalece a intuição. Os místicos sempre souberam que o mantra IAO (cujas vogais devem ser pronunciadas, uma a uma, sem serem unidas, IIIIIII... AAAAAAA... OOOOOOO...) liberta a contraparte anímico-espiritual do ser, permitindo vivências e experiências místicas em oitavas mais elevadas do Teclado Universal, ou seja, da Consciência Cósmica. A Sociedade Brasileira de Reiki ensina a seus confrades um ritual, reproduzido abaixo, cuja finalidade é, terapeuticamente, libertar a personalidade-alma de suas limitações originadas pelo processo encarnativo, e estimular gradualmente o despertamento da LLuz Maior no ser. O Ritual (editado) é o que segue:

1 - Visualize o Mestre Jesus [ou Akhnaton ou um outro Mestre de sua preferência] e um Facho de Luz que emana de Sua Fronte até seu pé esquerdo e entoe o som vocálico I;

2 - Visualize outro Facho de Luz emanando do Seu Coração e indo ter ao seu pé direito. Entoe o mantra A;

3 - Visualize um terceiro Raio de Luz emanado do Seu plexo solar e mantenha a concentração nos três Raios de Luz, e, em seguida, imagine que eles sobem através das pernas e coxas; [entoar a vogal O];

4 - Pronuncie o nome místico IAO, e envie, do fundo seu ser, a seguinte oração: Procuro-Vos, Oh Senhor! Guiai-me, não como eu quero, mas como Vós o desejais, para que eu possa Vos achar e entrar no Vosso Eterno Amor.

 

Arnold Krumm-Heller ensinou na Igreja Gnóstica: Diodoro disse: Sabei que entre todos os deuses o mais elevado é IAO. Entre os Gnósticos, IAO é o nome de Deus. Finalmente, devo alertar: Kundalini (palavra feminina oxítona, é o Poder Espiritual Primordial que jaz adormecido no Múládhára Chakra – o centro de força situado próximo à base da coluna e aos órgãos genitais) não deve ser despertada a trouxe-mouxe, sem se saber exatamente o que se está fazer, pois, do contrário, no limite, poderá levar à loucura. O melhor é não cutucá-La. Sou estudante Rosacruz da AMORC há mais de quarenta anos e, que eu me lembre, a Ordem jamais transmitiu qualquer exercício específico para despertar este Chakra. Agora, tenho certeza de que, pelo mérito, trilhando a Senda Estreita e, se possível, evitando ejacular, um dia, o calor que esquenta, mas que não queima, subirá. E, se não for agora, será depois. Por que a pressa?

 

 

 

 

 

 

 

 

O Espírito de Elias está ligado a João, o Baptista. João, o Baptista é Elias, de quem vos falei que viria.

 

Olhei para baixo, sobre o mundo da Humanidade, e encontrei Maria, a quem chamam de minha mãe, de acordo com o corpo de matéria. Falei com ela como Gabriel, e quando retornou do alto, para Mim, dali verti a Primeira Força que havia recebido de Barbelo, que é o corpo que tenho levado no alto. E, em vez do espírito, verti nela a força que recebi do Grande Sabaoth, o Digno, que está na região da Direita.

 

ZAMA ZAMA OZZA RACHAMA OZAI = Oh!, Mistério que não tem par no Mundo, por cuja causa surgiu o Universo! Esta é a total saída e a ascensão total que emanou todas as emanações e tudo o que está depois e por cuja razão surgiram todos os mistérios. Vem a nós porque somos vossos membros e semelhantes. Todos estamos contigo; somos um e o mesmo. Tu és o Primeiro Mistério que existiu desde o princípio, no Inefável, antes de aparecer, e o Seu Nome somos todos nós. Agora, portanto, vimos encontrar-Te no último limite, o qual é o Último Mistério desde dentro; Ele mesmo é um pedaço de nós. Agora, enfim, enviamos-Te a vestidura que Te pertence desde o princípio e que deixaste atrás no Último Limite, o qual é também o Último Mistério desde dentro, até que seja consumada a sua hora de acordo com os mandamentos do Primeiro Mistério. A sua hora chegou. Veste-a!

Comentário: Segundo Helena Petrovna Blavatsky (1831 – 1891), na Doutrina Secreta, volume IV, os orientalistas traduzem ZAMA ZAMA OZZA RACHAMA OZAI como as vestes – as gloriosas vestes de minha força. Tais palavras eram, na verdade, um Véu Anagramático dos Cinco Poderes Místicos representados sobre as vestes do Iniciado Ressuscitado, após sua última prova de três dias de sono cataléptico, porque o cinco só passa sete depois da sua Morte, quando o Adepto se converte no Christos pleno...

 

O Grande Tirano e todos os tiranos em todos os Aeons começaram a lutar em vão contra a Luz, sem saberem contra quem estavam a lutar, uma vez que nada mais viam do que a sobredominante Luz. Sucedeu, então, que, quando lutavam contra a Luz, todos se debilitaram e foram expulsos dos Aeons e se converteram nos habitantes da Terra, mortos e sem alento de vida.

 

E eles se amotinaram e lutaram contra a Luz...

 

Deixai ouvir o que tiver ouvidos para ouvir.

 

Mudei os seus caminhos... a fim de que aqueles que se salvam possam ser rapidamente purificados e elevados... e aqueles que não se salvam possam ser rapidamente destruídos.

 

E abreviei os círculos e tornei o seu caminho mais veloz; e este será sumamente acelerado... Abreviei os tempos da minha eleição; de outro modo nenhuma Alma poderia ter sido salva. E abreviei os tempos e os períodos devido ao perfeito número de Almas que receberão os Mistérios, quer dizer, os escolhidos. E se Eu não tivesse abreviado os seus períodos, nenhuma Alma material teria sido salva, mas todas teriam perecido no fogo que está na carne dos Regentes.

 

 

 

 

Como é que o Senhor do Universo passou entre nós sem o sabermos?

Comentário: Como alguns podem e conseguem viver apartados do Deus de seus Corações e dos Deuses de todos os Corações? Como alguns se pensam e se dizem deuses, quando, ainda, não são nada mais do que meros homens peregrinantes? Como alguns dizem eu, se todos somos nós?

 

Pistis Sophia e o seu Par e as outras Vinte e Duas Emanações formam as Vinte e Quatro Emanações que o Antepassado Invisível e os Dois Grandes Triplos Poderes emanaram.

 

Canção de louvor que Pistis Sophia expressou no seu Primeiro Arrependimento:

1 — Oh!, Luz das Luzes!, em quem, desde o princípio, eu tive Fé. Escuta-me, agora – Oh!, Luz! – no meu arrependimento! Salva-me – Oh!, Luz! – pois entraram em mim maus pensamentos!

2 — Olhei – Oh!, Luz! – para as Partes inferiores; vi ali uma luz e pensei: Irei a essa região a fim de poder tomar essa luz. E fui e me encontrei a mim própria na escuridão que está no Caos de baixo e não pude me apressar a voltar à minha região porque todas as emanações do Obstinado me prenderam dolorosamente e o poder rosto de leão tirou-me a minha Luz.

3 — E gritei pedindo ajuda, mas a minha voz não saiu das Trevas. E olhei para as Alturas para que a Luz, na qual eu tive Fé, me ajudasse.

4 — E quando olhei para as Alturas, vi todos os Regentes dos Aeons. E como em seus Números olhavam para baixo e se regozijavam à minha custa, mesmo quando eu não lhes fizera mal, mas eles me detestavam sem motivo. E quando as emanações do Obstinado viram os Regentes dos Aeons regozijarem-se por minha causa, souberam que os Regentes dos Aeons não viriam em minha ajuda; assim, essas emanações se animaram e me oprimiram dolorosamente e com violência, e a Luz que eu não tomei delas, tomaram-Na de mim.

5 — Agora e portanto – Oh!, Luz da Verdade! – Tu que sabes que eu fiz isto inocente, pensando que o Poder-luz com rosto de leão Te pertencia, o pecado que cometi é evidente para Ti.

6 — Não permitas que me falte a minha Luz, oh!, Senhor! Pois eu, desde o princípio, tive Fé na Tua Luz, oh!, Senhor! Oh!, Senhor dos Poderes! Que eu não sofra mais por falta da minha Luz!

7 — Pois, por me teres induzido e por Amor à Tua Luz, caí nesta opressão e me vejo coberta de vergonha.

8 — E, pela ilusão da Tua Luz, converti-me em uma estranha para a minha família, os Invisíveis, e para as Grandes Emanações de Barbelo.

9 — Isto aconteceu-me – Oh!, Luz! – por ter ambicionado a Tua morada, e a ira do Obstinado caiu sobre mim. Ele, que não escutou o Teu mandato para emanar a emanação do seu poder porque eu estava no seu Aeon sem desempenhar o seu mistério.

10 — E todos os Regentes dos Aeons se riram de mim.

11 — E eu estava nessa região, lamentando-me e procurando a Luz que vira nas Alturas.

12 — E os Guardiões das portas dos Aeons procuraram-me e todos os que permaneciam no seu Mistério se riram de mim.

13 — Mas eu olhei as Alturas, para Ti e tive Fé (em Ti). Agora e portanto – Oh!, Luz das Luzes! – encontro-me dolorosamente oprimida na escuridão do Caos. Se agora Tu desejas me salvar, — grande é a Tua Misericórdia — escuta-me então de verdade e salva-me.

14 — Retira-me da escuridão desta matéria! Que não me submerja nela, que eu seja salva das emanações do Obstinado que me mantém oprimida e das suas más ações.

15 — Não permitas que me submerja nestas Trevas e não permitas que o poder rosto de leão devore por completo todo o meu poder... E não permitas que este Caos amortalhe o meu poder!

16 — Escuta-me – Oh!, Luz! – pois a Tua Graça é preciosa! Olha-me, para baixo, de acordo com a Grande Misericórdia da Tua Luz!

17 — Não me vires o rosto, pois estou sumamente atormentada.

18 — Apressa-Te, escuta-me e salva o meu Poder!

19 — Salva-me dos Regentes que me detestam, pois Tu sabes da minha dolorosa opressão e do meu tormento; do tormento do meu Poder que eles me tiraram. Eles, que me colocaram em todo este mal, estão ante Ti; trata-os segundo o Teu desejo.

20 — O meu Poder olhou para diante no meio do Caos e no meio da Escuridão e esperei pelo meu Par, ele que devia vir e lutar por mim, mas que não veio, o que eu procurei para que viesse e me emprestasse seu Poder, mas que não encontrei.

21 — E quando procurei a Luz, eles me deram Trevas! E quando procurei o meu Poder, eles me deram matéria!

22 — Agora, portanto – Oh!, Luz das Luzes! – que a obscuridade e a matéria que as emanações do Obstinado me trouxeram cheguem até eles, os observem e que sejam aí apanhados e castigados, e que sejam forçados a tropeçar e a não voltar à região do seu Obstinado.

23 — Que permaneçam na escuridão e não vejam a Luz; que olhem o Caos para sempre e não lhes seja permitido olhar para a Altura.

24 — Caiam sobre eles as suas próprias vinganças; e que o Teu Juízo neles permaneça!

25 — Que não venham, daqui em diante, à sua região, ao seu Deus Obstinado, e que as suas emanações não venham, daqui em diante, até às suas regiões; pois o seu deus é ímpio e obstinado, o qual pensou que fiz este mal, por si mesmo, sem saber que, se não tivesse sido eu trazida para baixo de acordo com o Teu Mandato, ele não teria tido qualquer autoridade sobre mim.

26 — Todavia quando Tu, por Teu próprio Mandato, me trouxeste para baixo, mais eles me perseguiram, e as suas emanações acrescentaram tormento à minha humilhação.

27 — E eles tiraram-me o Poder de Luz e caíram sobre mim, oprimindo-me até à dor, a fim de levar toda a Luz que havia em mim. Por isto em que me colocaram, que não ascendam ao Décimo Terceiro Aeon – a Região da Justiça.

28 — E que não sejam considerados no lote d’Aqueles que se purificam a si próprios e à Luz, e que não sejam considerados entre Aqueles que rapidamente se arrependerão e rapidamente poderão receber Mistérios na Luz.

29 — Eles me tiraram a Luz e o meu Poder começou a cessar e fui destituída da minha Luz.

30 — Agora e portanto – Oh!, Luz! – que estás em Ti e em mim, eu canto louvores ao Teu Nome – Oh!, Luz! – glorifïcando-Te.

31 — Que o meu Canto de Louvor seja do Teu agrado, oh!, Luz! Como um Mistério admirável que guia às Portas da Luz, às quais Aqueles que se arrependerão, o pronunciarão e aos quais a Luz purificará.

32 — Agora e portanto, que todas as matérias se regozijem, que toda a Luz Te busque e que o poder das estrelas que está em Ti, perdure.

33 — Pois a Luz ouviu as matérias e a ninguém deixará sem as haver purificado.

34 — Que as Almas e as matérias louvem o Senhor de todos os Aeons; que as matérias e tudo o que nelas há O louvem.

35 — Pois Deus salvará a Alma de todas as matérias e uma Cidade será preparada na Luz. E todas as Almas que se salvarem habitarão nesta Cidade e a herdarão.

36 — A Alma d’Aqueles que receberão os Mistérios habitará nessa Região e Aqueles que tenham recebido Mistérios em seu Nome, morarão nela.

Comentário: O Valor Secreto de 36 é 666 [(36 x 37) ÷ 2].

 

Segundo Arrependimento de Pistis Sophia:

1 — Luz de Luzes em quem tive Fé, não me deixes na obscuridade até ao fim dos meus dias.

2 — Ajuda-me e salva-me através dos Teus Mistérios; inclina Teu ouvido para mim e salva-me.

3— Que o poder da Tua Luz me salve e me leve até os mais altos Aeons, pois Tu me salvarás e me guiarás à altura dos Teus Aeons.

4 — Salva-me – Oh!, Luz! da mão deste poder rosto de leão e das mãos das emanações do deus Obstinado.

5 — Porque és Tu – Oh!, Luz! Aquele em cuja Luz tive fé e em cuja Luz confiei desde o princípio.

6 — Eu tive Fé nela desde o momento em que me emanou e naquele em que Tu mesmo fizeste que eu emanasse; tive Fé na Tua Luz desde o princípio.

7 — E quando tive Fé em Ti, os Regentes dos Aeons riram-se de mim, dizendo: Ela cessou no seu Mistério. Tu és o meu Salvador e Redentor e Tu és o meu Mistério, oh!, Luz!

8 — A minha boca se encheu de louvares. Que eu possa falar do Mistério da Tua grandeza a todo o momento.

9 — Agora e portanto – Oh!, Luz! não me deixes no Caos até o término dos meus dias. Não me abandones, oh!, Luz!

10 — Pois todas as emanações do Obstinado me retiraram todo o meu Poder-luz e me derrotaram. Elas desejam arrebatar por completo toda a minha Luz e vigiam o meu Poder.

11 — Dizem umas às outras: A Luz abandonou-a. Capturemos e arrebatemos toda a Luz que nela há.

12 — Portanto – Oh!, Luz! não me deixes. Vira-Te – Oh!, Luz! e salva-me das mãos dos imisericordiosos.

13 — Que aqueles que arrebatam o meu Poder caiam e se tornem impotentes. Que aqueles que arrebatam o meu Poder-luz se vejam envolvidos na escuridão e afundados na impotência.

Comentário: Mutatis mutandis, a Luz, à qual Pistis Sophia apela, é o Deus de nossos Corações; e os imisericordiosos são os demônios que, há milênios, descaradamente, temos fabricado e que têm por morada o nosso Corpo Astral. Quanto mais filhos-da-puta formos, mais eles adoram! Bolas! Let’s fall in love!


 

 

 

 

Continua...

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.vopus.org/pt/publicacoes/
livros-revistas/pistis-sophia-desvelada.html

http://webcache.googleusercontent.com/

http://panspipebomb.blogspot.com/
2008/01/yuk.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pistis_Sophia

http://www.jesusfreak.com.br/
apocrifos/pistis-sophia/view

http://books.google.com.br/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Kundalini

http://gnose-gnosis.blogspot.com/
2009/10/o-arcano.html

http://www.galeon.com/magiatodos/
mantras.html

 

Música de fundo:

Let's Do It, Let's Fall in Love
Composição: Cole Porter
Interpretação: Diana Krall

Fonte:

http://www.iraimawebsites.hpg.ig.com.br/
internacionais.htm