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Notas:
1. Cada
vez que resvalamos para a esquerda, para baixo, para o mal, ao invés
de escolhermos o bem, por imitação (geralmente entorpecida)
estamos insistindo nas preferências que nas primeiras vezes fizemos
ao nos tornarmos conscientes de que existíamos. Ou, em outras palavras:
começamos a construir nosso inferno pessoal ao nos percebermos como
uma res cogitans
(uma substância que pensa). Por este motivo, tenho insistido muito
no ponto fundamental de que a Primeira Katégoría
é a Liberdade. Por isto, também, fica a dupla pergunta: O
que é o mal? O que é o bem? Ainda que não possamos
abolir o dubito, ergo cogito,
ergo sum
(duvido, logo penso, logo existo), quando nos tornarmos livres, livres
de verdade, integralmente livres, não mais, por ignorância
[des]consentida, escolheremos o mal e suas parecenças. Não
mais gastaremos ou desperdiçaremos nossa existência com coisas
inúteis ou como propósito para malévolas intenções,
cobiças, paixões e prazeres imediatos. Em duas palavras: seremos
livres. Faremos o dia; faremos a hora; aproveitaremos concertadamente e
categoricamente o momento. Ou em outras duas palavras: Carpe Diem.
Mas não no sentido de apelo à fruição imediata
dos prazeres, e, sim, no sentido de tornar a vida um evento extraordinário,
como recomendou o Professor John Keating (Robin Williams) no filme Dead
Poets Society (A Sociedade dos Poetas Mortos). Enfim, estaremos livres
(ou estaremos em franco processo e progreso de ficarmos livres) do nosso
ignorante pecado original,
porque a coisa será mais ou menos como escreveu um poeta chinês
da dinastia Tang: Colha a flor
quando florescer; não espere até não haver mais flores,
só galhos a serem quebrados. Mas,
que flor? A nossa Rosa que, como um borrão vermelho, meio disforme,
ainda está pregada na nossa Cruz, mas que quer enflorar e Peregrinar.
Mas ela não enflorescerá sozinha, espontaneamente...
2. Na
realidade, não houve propriamente uma abjuração do
bem; quem não conhece ou esqueceu o que é o bem não
pode optar por ele. Quem nunca provou bombom de licor da Kopenhagen acha
bombom Sonho de Valsa simplesmente o máximo! E quando, por outro
lado, edificarmos nosso Sanctum
Cordis,
não mais precisaremos nos ajoelhar em templos terrenos consagrados.
Façamos já o dia; façamos já a hora; aproveitemos
concertadamente e categoricamente o momento. Oh!, meu Deus! Oh!, meu Deus!
Quando todos nós seremos livres? Porque eu sei: enquanto um de nós
ainda não estiver liberto, todos nós seremos cativos.
Fundo
musical:
Can
Can
Fonte:
http://www.hotfiles.co.za/midi/misc/