Agora, século XXI, esquecimento
e manifestações violentas contra os gays e
palavras de ordem nazi-intolerantes (que certamente serão ditas)
na entrada de Jerusalém, em 21 de junho de 2007;
depois, nem eles nem eu sabemos aonde toda essa
muvuca fedorentérrima poderá chegar.
Eu só fico imaginando o seguinte filme de horror: judeus adorando
e dançando porque os militantes do Fatah e do Hamas
estão se matando uns aos outros na Faixa de Gaza, e palestinos festejando
e berrando por verem judeus se esculhambando e se preconceituando entre
si. Pratos cheios, em ambos os lados, para esquizofrenias de qualquer matiz!
O ódio,
fundado ou infundado, do povo palestino contra
o povo judeu é tanto, que melhor seria – para economizar balas
e foguetes –
que os judeus também começassem já
a se matar uns aos outros. Shalom.
Salam. Então, senhores
superortodoxos,
começar
pelos gays é uma ótima opção! Shalom.
Mas
será que o Deus que se revelou a Moisés no Monte Horeb (Êxodo,
III, 1) e que fez a aliança com os Patriarcas no Antigo Testamento
–
escolhendo, segundo o que consta na Torah,
seus descendentes como o povo eleito –
estará de acordo com a absurdeza desses preconceitos
ultra-radicais
veiculados pela mídia? Se eu fosse Deus, não
estaria. Na mesma Torah, a Profecia de Zacarias começa
com a veemente admoestação de
para que o povo judeu se arrependa e volte sua face novamente para seu Deus.
Não sei se, nesta situação, será propriamente
o caso de os judeus hiperortodoxos
se arrependerem, pois, só nos arrependemos
quando nos conscientizamos de que nos equivocamos. Logo – s.m.j. –
a questão não é de arrependimento;
é de compreensão. Somos todos um, gays e não-gays.
Isso dói? Dói por quê? Em mim, nem comicha. Shalom.
Mutatis
mutandis, mas circunscrito ao mesmo tema, primeiro, classificação
indicativa, depois, censura obliterativa, e, dependendo da saudade e se
houver margem, expatriação aflitiva. Não se educa com
proibições censuradoras ou com censuras proibidoras. Simples:
educa-se educando.
Seja como for, cabe lembrar duas
sentenças de Aleister Crowley (1875-1947). Mas é preciso fazer
os ajustes místicos à essas máximas, para não
se incorrer no erro falaz de se acabar resvalando par o desmando irresponsável.
Por
quê?
Por
que[m] o Orgulho Gay
é
considerado abominação?
Por
que[m] a Parada Gay
é
considerada devassidão?
Se
o Senhor é o meu pastor,
Ele
me aceita como eu sou.
Sim,
o Senhor é um bom pastor:
Ele
me ama como eu ainda sou.1
_____
Nota:
1.
Na verdade, não somos; estamos. Por isso, simbolicamente, diz o soneto:
Ele me ama como eu ainda sou. Na Espiral
da Vida, em princípio, a cada instante, mudamos de um estar ilusório
para outro estar um pouco menos ilusório, mas, ainda
assim, ilusório. [Outro dia, fiquei estarrecido com a sincera declaração
da jornalista andaluza María del Pilar del Río Sánchez,
esposa querida de José de Sousa Saramago – escritor português
galardoado em 1998 com o Nobel da Literatura – quando afirmou em uma
entrevista em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, que Saramago, hoje,
é exatamente o mesmo como era no dia em que se casaram, há
coisa de mais ou menos vinte anos. Se isso for verdade, o que não
creio, é um baita desastre.] O fato é que, apenas na Grande
Fusão Final,
talvez, possamos, então, dizer que finalmente somos. Mas...
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.beth-shalom.com.br/campos/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_de_
concentra%C3%A7%C3%A3o_de_Auschwitz
http://a-alma-aqui-e-alem.blogspot.com
/2005_01_01_archive.html
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/
0,,MUL49953-5605,00.html
Música
de fundo:
Eu Sei Que Vou Te Amar (Vinícius de Morais & Tom Jobim)
Interpretação: Maria Creuza e Vinícius de Morais
Soneto da Fidelidade: Declamação de Vinícius de Morais