1614
– Fama
Fraternitatis Rosæ Crucis.
1615
– Confessio
Fraternitatis.
1616
– As
Bodas Alquímicas de Christian Rosenkreutz.
2001
– Positio
Fraternitatis
Rosæ Crucis.
2014
– Appellatio
Fraternitatis
Rosæ Crucis.
Os
Rosacruzes, desde sempre, têm lutado pelo bem da Humanidade. Isto
é o mínimo que se pode dizer deste grupo de homens e mulheres
que, historicamente, têm suas origens nas Escolas de Mistério
do Antigo Egito, durante a 18ª Dinastia. Mas, mais do que isto, como
declarou o célebre Rosacruz do século XVII Michael Maier 1568
– 1622) em uma de suas obras, nossas
origens não são só egípcias, mas, bramânicas,
e advêm também dos Mistérios de Elêusis e da Samotrácia,
dos Magos da Pérsia, dos Pitagóricos e dos Árabes.
Contemporaneamente,
há mais de duas dezenas de ordens, fraternidades, confraternidades
e sociedades rosacruzes, todas fiéis ao princípio máximo
que norteia todos os Rosacruzes: Servir.
Foi
com este espírito de serviço fraterno e altruísta que
a Antiga e Mística
Ordem Rosacruz (AMORC) divulgou recentemente um novo Manifestus
denominado Appellatio
Fraternitatis Rosæ Crucis, selado
em 6 de janeiro de 2014 (Ano Rosacruz 3367), que, como o próprio
nome sugere, é um apelo (ou
uma apelação) baseado em três pilares: Espiritualidade,
Humanismo e Ecologia. Como nem todos conhecem ou leram este Documento, com
todo carinho, me propus a garimpar seus pontos principais, adicionando umas
coisinhas aqui e outras ali, e os disponibilizar em forma de apotegmas,
para servirem de reflexão neste Natal. Bem, você observará
que este Appellatio
é, de certa forma, mas, sem diminuir sua importância, um conjunto
de obviedades. O que acontece é que, em virtude dos lufa-lufas da
vida, costumamos nos esquecer por completo de dar atenção
e de cumprir as obviedades. Aí, as coisas se complicam, e é
por isto que sempre os Iniciados estão nos lembrando das trivialidades
e dos lugares-comuns, porque cada coisa trivial vencida, por mais pequenininha
que seja, é menos uma dor e uma ferida. Enfim, pergunto: terá
havido, na História da Humanidade, ensinamento mais óbvio
do que a preocupação de Jesus em recomendar a todos nós
para que nos amássemos uns aos outros? Alguém precisa lembrar
ou ensinar isto a alguém? Pois é, mas, continuamos violentos,
ofensivos e preconceituosos, apesar de Jesus ter, basicamente, se projetado
na Terra para nos ensinar-lembrar que o Primeiro Mandamento da Existência
é o Amor. Então, leiamos com acuidade e assimilabilidade e
aceitemos com humildade e amabilidade o conteúdo deste Appellatio.
Não
há um dia em minha vida que eu não faça esta invocação:
Que haja paz no mundo. E mais: Que
haja LLuz,
Vida Amor, Bem, Beleza, Humildade, Paciência, Caridade, Fraternidade,
Dignidade, Misericórdia, Justiça, Coragem, Temperança,
Desapego, Inofensividade e Compreensão, para que possa haver Libertação
para todos. Sem exceção. Hoje, sempre e para sempre. Está
feito. Está selado.
Se
você quiser ler o Appellatio
integralmente, divulgado pela Grande Loja da Jurisdição de
Língua Portuguesa da AMORC, o endereço é:
http://www.amorc.org.br/wp-content/
uploads/2015/09/Manifesto_Appellatio.pdf
Appellatio
Fraternitatis Rosæ Crucis
(Apotegmas)
A
crise que atualmente grassa em muitos países, para não dizer
em todos, não é exclusivamente social, econômica e financeira.
Trata-se, em realidade, das conseqüências de uma crise da civilização,
no sentido global do termo.
A
Humanidade, hoje, passa por uma crise de espiritualidade. E as duas principais
causas são: 1ª) as grandes religiões estabelecidas há
vários séculos não respondem mais às questões
existenciais formuladas pelos homens e mulheres de nossa época, criando,
com isso, um grande vazio espiritual; e 2ª) a sociedade se tornou cada
vez mais materialista, no sentido de que incita as pessoas a procurar o
bem-estar através das possessões materiais e do consumo desenfreado.
O
dinheiro, com o tempo, adquiriu importância excessiva, a ponto de
condicionar e reger praticamente todos os setores da atividade humana. Em
nossos dias, ele é objeto de um verdadeiro culto que faz as vezes
de religião, sendo, provavelmente, aquela [a
religião do dinheiro] que tem o maior número de
adeptos ao redor do mundo. E, infelizmente, sacrificam-se diariamente, nos
altares do dinheiro, os valores éticos mais elementares, de modo
que ele constitui acima de tudo um vetor de degradação.
Tio Patinhas
(Uncle Scrooge)
O
objetivo da existência não é se tornar rico, mas, não
é natural, nem tampouco normal, aspirar a ser pobre e fazer 'voto
de pobreza'.
O
fato de estar desprovido material ou financeiramente não
faz do indivíduo alguém melhor no plano humano e não
é um critério de elevação espiritual, assim
como também não o é o fato de ser rico.
Todo
indivíduo que se consagra unicamente à espiritualidade, a
ponto de se privar dos prazeres legítimos da vida, não pode
ser feliz.
A
espiritualidade transcende qualquer religiosidade.
A
Luz que as pessoas esperam ver despontar só poderá vir delas
mesmas, e não de uma causa que lhes seja exterior.
A
malevolência, a intolerância, o egoísmo, a inveja, o
orgulho e o ódio são os pais e as mães da injustiça,
dos conflitos, da desigualdade e do sofrimento.
O
mal, que não tem propriamente existência real, só poderá
se manifestar se o bem estiver ausente, e, portanto, se
originando unicamente
no (ou do) equivocado
comportamento humano. Desta forma, precisamos compreender que não
existem demônios que pretensamente trabalhariam a serviço do
mal. Se demônios existirem, os demônios somos nós.
Crer
em Deus e se conformar a um credo que se diz inspirado por Ele não
basta para ser feliz. Caso contrário, os bilhões de fiéis
que vivem no mundo seriam felizes, excluindo os ateus. Efetivamente, a felicidade
a que todo ser humano aspira se situa além das crenças religiosas.
Uma palavra define isto: Espiritualidade.
É
chegado o tempo, nesta Era de Aquário, de cruzarmos a Ponte, isto
é, de passarmos das crenças religiosas à espiritualidade,
ou seja, de substituirmos definitivamente a crença inócua
em um Deus antropomórfico pelo conhecimento das leis divinas, no
sentido de leis universais, naturais e espirituais. Precisamos compreender
que não existem sobrenaturalidades nem milagres no Universo. Tudo
é absolutamente natural e tudo está perfeitamente de acordo
com as leis que regem a existência e a manutenência do próprio
Universo. [Isto se resume
no enunciado de um antigo adágio rosacruz: É
da ignorância, e apenas da ignorância, que o homem deve se libertar.
Por isto, tanto tenho dito
e insistido que só a compreensão libertará.]
A
laicidade é uma necessidade absoluta, a fim de preservar a sociedade
de todo desvio dogmático-teocrático.
Todo
indivíduo tem o dever de considerar a Humanidade inteira como sua
família e de se comportar em toda circunstância e em todo lugar
como um cidadão do mundo, fazendo assim do Humanismo a base de seu
comportamento e de sua filosofia.
Seja
do ponto de vista ontológico, seja do ponto de vista científico,
o dogma de que toda a Humanidade teria sido originada de um único
e mesmo casal, no caso Adão e Eva, não tem nenhum fundamento.
Um
verdadeiro humanista considera que todos os seres humanos são células
de um único e mesmo corpo: o corpo da Humanidade. Um humanista digno
deste nome respeita tolerantemente todas as diferenças.
A
intolerância, em todas as suas formas, é geralmente o apanágio
da estupidez e do orgulho. A AMORC tem por divisa a
mais ampla tolerância na mais irrestrita independência.
A
sociedade atual se tornou excessivamente individualista, de modo que o “cada
um por si” e o “toma
lá dá cá” se transformaram
em algo cultural. Isto necessita ser modificado urgentemente.
Ou
da corrupção ficar livre
ou não terá jeito o Brasil!
Doença-mor
da atualidade: indiferença ao bem-estar do outro, o que contribui
para desumanizar a sociedade.
A
defasagem não cessa de se ampliar entre os países mais ricos
e os países mais pobres. Pode-se observar o mesmo fenômeno
em cada país, entre os mais desprovidos e os mais favorecidos. E
isto não pára de piorar!
A
pobreza e a miséria não são uma fatalidade, mas, sim,
o resultado de má gestão dos recursos naturais e dos produtos
da Economia local, regional, nacional e mundial. Ou seja: egoísmo
+ falta de solidariedade.
[Neste sentido, o escritor,
argumentista, teatrólogo, ensaísta, jornalista, dramaturgo,
contista, romancista e poeta português José de Sousa Saramago
(Golegã, Azinhaga, 16 de novembro de 1922 – Tías, Lanzarote,
18 de junho de 2010), Prêmio Nobel de Literatura de 1999, registrou:
Da
Literatura à Ecologia, da fuga das galáxias ao efeito estufa,
do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo
se discute neste nosso mundo. Mas, o sistema democrático, como se
de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza
até à consumação dos séculos, este não
se discute.]
Sob
o efeito da irreversível globalização (pois, o mundo
se tornou um único país), todos os carmas acabaram se tornando
objetivamente interligados, de tal maneira que, doravante, nenhuma
nação poderá prosperar a longo prazo, se não
se preocupar com aquelas que ainda estão em estado de necessidade.
Todavia, a globalização só será bem-sucedida
se tiver uma orientação humanista, de tal sorte que beneficie
o bem-estar de todos.
A
mecanização excessiva da sociedade contribuiu não apenas
para a desumanizar, como também para piorar essa enfermidade social
que é o desemprego. [Quanto
a isto, o ator, diretor, produtor, humorista, empresário, escritor,
comediante, dançarino, roteirista e músico britânico
Charles Spencer Chaplin (Londres, 16 de abril de 1889 – Corsier-sur-Vevey,
25 de dezembro de 1977), comentou: Pensamos
demasiadamente e sentimos muito pouco. Necessitamos mais de humildade do
que de máquinas. Mais de bondade e de ternura do que de inteligência.
Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá.]
Mecanização
O
maior dogma do materialismo: tempo é dinheiro.
Todos
os seres humanos são [personalidades-]alma
irmãs emanadas de uma mesma e única fonte espiritual, a saber,
a Alma Universal. O que difere os seres humanos é apenas seus níveis
de evolução interior, ou seja, o grau de tomada de consciência
das suas naturezas divinas. Visto deste ângulo, nenhum ser humano
é superior a outro; alguns são simplesmente mais evoluídos
espiritualmente e outros menos evoluídos
espiritualmente. Portanto, estejamos conscientes
de que sempre haverá [personalidades-]alma
mais evoluídas do que nós tanto quanto sempre haverá
[personalidades-]alma
menos
evoluídas do que nós. E
assim, o ignorante, rude e tosco de hoje poderá vir a ser o cientista
de amanhã, e o criminoso atual poderá se tornar um Iniciado
no futuro.
Os
seres-aí-no-mundo tendem a se prejudicar mutuamente sob efeito das
suas falibilidades e dos seus defeitos.
Não
é possível alguém ser um humanista se não for
um ecologista. [Em acréscimo,
pense no que disse o físico teórico alemão Albert Einstein
(Ulm, 14 de março de 1879 – Princeton, 18 de abril de 1955):
O ser humano vivencia
a si mesmo e seus pensamentos como algo separado do resto do Universo –
em uma espécie de ilusão de ótica de sua consciência.
E esta ilusão é uma espécie de prisão que nos
restringe a nossos desejos pessoais, aos nossos conceitos e ao afeto por
pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é nos livrarmos
desta prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão,
para que ele abranja todos os seres vivos e toda a Natureza em sua beleza.
Ninguém conseguirá alcançar completamente este objetivo,
mas, lutar pela sua realização já é, por si
só, parte de nossa liberação e o alicerce da nossa
segurança interior.]
Uma
verdade que precisa ser dita: se nada for feito a curto prazo, em escala
mundial, para se pôr fim aos males que infligimos ao nosso Planeta,
ele se tornará inviável para bilhões de pessoas, e,
talvez, mesmo para toda a Humanidade.
—
Disseram
que o mundo ia acabar,
então, eu resolvi me mudar.
Comprei uma palhoça no Afeganistão,
para escapar da confusão!
—
Mas,
o que eu, de fato, não sabia,
é que era parte da Acardia.
Não adiantou nada eu ter me mudado;
a Lei afeta todo Quadrado!
Ou
compreendemos agora ou compreenderemos no futuro que a Terra é um
ser vivo e mesmo consciente.1
[Como disse o Mestre Ascensionado
Tibetano Djwhal Khul na obra Telepatia e o Veículo Etérico,
o Corpo Etérico ou
Corpo de Energia de cada ser humano é parte integrante do Corpo Etérico
do próprio Planeta Terra e, em conseqüência, do Sistema
Solar.]
O fato é que, face à situação gravíssima
em que se encontra o nosso Planeta, as
decisões de e para mudanças anunciadas pelos Governos permanecem
sendo ridículas e irrisórias, e ainda acabam sempre
por esbarrar
nos interesses socioeconômicos. A verdade é que nenhum Governo
quer abrir mão de xongas-bulhufas. E assim, enquanto for privilegiada
a Economia em detrimento da Ecologia e o aquecimento global continuar (e
se acelerar, como vem acontecendo), a Natureza responderá de forma
cada vez mais violenta, mais dramática e mais imprevisível,
e tudo só tende a se agravar em grandes proporções.
Ora, não é isto que todos nós, todos os dias, estamos
assistindo? [Agora, reflita
sobre este ensinamento de Tenzin Gyatso (Taktser, Tibete, 6
de julho de 1935), 14º e atual Dalai Lama: Só
existem dois dias no ano nos quais nada pode ser feito: um se chama ontem
e o outro se chama amanhã. Portanto, hoje é o dia certo para
amar, acreditar, fazer e, principalmente, viver.]
É
isto o que todos nós estamos
fazendo conosco e com a Terra!
É
aqui, nesse Plano, que é preciso instaurar o paraíso que as
religiões situam no além. Para tanto, os seres humanos devem
aprender a gerir com sabedoria os recursos naturais e os produtos criados
por eles, de onde a necessidade de agir de modo que a Economia, em todos
os níveis e aspectos, beneficie com eqüidade todos os povos
e todos os seus cidadãos, com respeito à dignidade humana
e à Natureza.
Enquanto
continuarmos a pensar e a admitir que as desgraças só acontecem
com os outros... Vivemos uma falsa ilusão de que seremos poupados
das catástrofes. E tudo continua como dantes no Quartel de Abrantes!
Enfim, só não vê quem não quer o número
crescente de pessoas afligidas pelas catástrofes naturais que se
multiplicam em todas as partes do mundo. Isto sem contar aquelas que nós
próprios fabricamos, como, por exemplo, o desastre ambiental em Mariana,
Minas Gerais, Brasil – o maior acidente da História com rejeitos
de mineração – que
aconteceu no dia 5 de novembro de 2015, com conseqüências catastróficas
para vários ecossistemas, e que, provavelmente, demorarão
décadas para se recuperar.
Fala-se
muito de poluição ambiental, mas, a mais grave de todas as
poluições é, digamos assim, a poluição
metafísica, constituída dos pensamentos negativos que os seres
humanos geram sob efeito da separatividade, do ódio, da crueldade,
do rancor, do intolerantismo, do fanatismo, da inveja, do egoísmo,
do preconceito etc., tudo isto derivado, de maneira geral, da ignorância,
do orgulho e da ganância.
Aprendamos
que não existe nem vazio e nem fronteira entre os Quatro Reinos da
Natureza ou Quatro Hierarquias: Mineral, Vegetal, Animal e Hominal. Tudo
participa do mesmo processo de Evolução Cósmica.
Somos
responsáveis pela herança que legaremos às futuras
gerações. Por isto, por mais contraditório que possa
parecer, é o Humanismo, e não a Espiritualidade, que deve
ser privilegiado. Pense nisto.
—
Ajoelhei... Rezei... Dizimei...
Mas, com o outro nunca me importei.
Egoísta, quis o céu para mim!
O outro? Ora, que comesse aimpim!
—
Descaí... Adoeci... Morri...
Então, já do lado de lá, eu aprendi:
a pluralidade é uma Unidade:
ontem, hoje, amanhã, na eternidade!
Além
das diferenças e mesmo das divergências, precisamos aprender
a ver cada pessoa como uma extensão de nós mesmos. O contrário
disto é o que gera as discriminações, as segregações,
as divisões, as oposições, as exclusões e outras
formas de rejeição entre indivíduos. Opostamente, o
Humanismo é sinônimo de tolerância, de partilha, de generosidade,
de empatia e, em uma única palavra, de fraternidade. O Humanismo
é fundado sobre a idéia de que todos
os seres humanos são irmãos e cidadãos do Universo.
O
Homo Sapiens Sapiens, nome que os cientistas deram à
nossa espécie e que, literalmente,
significa “homem
que sabe que sabe”, ainda está muito longe de saber o essencial:
que deve tudo à Natureza, e que nada é que nada poderá
ser sem Ela.
As
dificuldades, as provações e os fracassos, mas, também
as satisfações, as conquistas e as esperanças se constituem
de uma passagem obrigatória e permitidora no sentido de que o Homo
Sapiens Sapiens cresça, amadureça, desabroche e,
finalmente, se realize plenamente, ou seja, que atinja a plenitude nos Planos
Material e Espiritual.
Seja
como for, como disse Platão (Atenas, 428/427 – Atenas, 348/347
a.C.), todo ser humano, sob impulso de sua [personalidade-]alma,
inevitavelmente, aspira
àquilo que é bom, ao bem e à verdade. É
por isto que todos os seres humanos [com
exceção dos degenerados] tendem a fazer o bem e
a trabalhar para a felicidade de todos.
A Peregrinação de Todos Nós
(É mais ou menos assim ou não é?)
tempo passa...
(Re)nascemos.
E recomeçam
as andanças!
tempo passa...
(Re)peregrinamos.
E refabricamos
esperanças!
tempo passa...
(Re)obsoletamos.
E só
ficam as lembranças!
tempo passa...
(Re)morremos.
E ressonhamos
com bonanças!
tempo passa...
(Re)devachamos.2
E reprometemos
mudanças!
tempo passa...
(Re)voltamos.
E reiniciam
as contradanças!
tempo passa...
Apre(e)ndemos.
tempo passa...
Ascensionamos.
E continuam
as medranças!
Um Comentário
Suplementar
O
que
irei reflexionar agora, neste parágrafo único compridão
e maçante, para concluir, se insere no que comentei na
abertura destas cogitações natalinas, ou seja, será
mais uma obviedade, mas, uma obviedade na qual dois cocôs
estão fedorenta e xifopagamente interligados: 1º)
como regra, a maioria das pessoas não dá a mínima
se é Tratado de Tordesilhas ou pepino-das-antilhas; e 2º)
de maneira geral, nem sequer procura refletir sobre a diferença,
pois, não percebe a diferença. E isto dói
mais do que calo em sapato apertado ou gônadas masculinas
em cuecas amarguradas! E, se for piolho-das-virilhas ou tartaruga-sete-quilhas,
tudo bem também! Esquentar a cuca pra quê? O negócio
é ligar o que-se-dane,
e, se der pane, seca ou molhada, então, que se dane mesmo,
que é transparente o celofane! Bem, então, vamos
lá: o que poderá interessar (este é o verbo
que a mídia costuma usar) a um político (marca roscofe)
que não interesse, prioritariamente, ao Brasil e ao povo
brasileiro? Acho que todos concordarão que a resposta é
o pronome indefinido nada, absolutamente nada, sinônimo
de xongas, nicas de pitibiribas e bulhufas. O que poderá
interessar (este é o verbo que a mídia costuma usar)
a um Partido (de meia-pataca) que não interesse, preferencialmente,
ao Brasil e ao povo brasileiro? Acho que todos concordarão
que a resposta é o pronome indefinido nada, absolutamente
nada, sinônimo de xongas, nicas de pitibiribas e bulhufas.
O que poderá interessar (este é o verbo que a mídia
costuma usar) a um Governo qualquer (particularmente, se for de
meia-tigela) que não interesse, fundamentalmente, ao Brasil
e ao povo brasileiro? Acho que todos concordarão que a
resposta é o pronome indefinido nada, absolutamente nada,
sinônimo de xongas, nicas de pitibiribas e bulhufas. Mas,
no Brasil, há muito tempo – acho que desde Dom João
Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António
Domingos Rafael de Bragança (Lisboa, 13 de maio de 1767
– Lisboa, 10 de março de 1826), cognominado O
Clemente, que, no tempo da monarquia, foi Rei do Reino Unido
de Portugal, Brasil e Algarves, de 1816 a 1822, de
facto (de fato), e desde 1822 até 1825, de
jure (de direito) – as coisas estão
invertidas e invertebradas, isto é, primeiro, os bem-bons
deverão interessar aos políticos, aos Partidos e
ao Governo (nem sempre nesta ordem), e, se sobrar algum lugar
nesta sarrabulhada fermentante, então, poderá ser
que venha o Brasil e o povo brasileiro. Isto, no mínimo,
é uma infâmia antipatriótica! Basta ver o
que anda acontecendo em Brasília atualmente, nomeadamente
no âmbito dos Poderes Executivo e Legislativo, que vivem,
para vergonha e desalento de todos nós, um tempo de mixórdia
conflituosa institucionalizada e avacalhada, cada qual de olho
no osso do outro. O fudelhufas
de cagahouse governamental é de tal magnensidade
ou intensitude
(magnitude + intensidade ou intensidade + magnitude), que nem
o Claude Lévi-Strauss (Bruxelas, 28 de novembro de 1908
– Paris, 30 de outubro de 2009), se estivesse vivo, agüentaria.
O Ministro da Fazenda Joaquim Vieira Ferreira Levy (Rio de Janeiro,
17 de fevereiro de 1961), que está vivo, depois do esvaziamento
progressivo ao qual foi submetido pelo Governo e seus aliados,
a ponto de ser considerado um ministro-zumbi na Esplanada, pois,
não conseguiu convencer o Palácio do Planalto a
realizar um ajuste fiscal consistente e responsável, se
rendeu à realidade, pediu as contas, pegou o boné
e desembarcou do Governo. Levy se cansou de colecionar derrotas.
Particularmente, eu, que não sou economista, quero ver
o que irá acontecer com o Brasil com a redução
da meta de fiscal para 2016, de 0,7% para 0,5% (o superavit
fiscal para 2.016 já foi de 2%, ainda que eu achasse
que, num esforço herculano, pois, acredito que seja politicamente
sustentável, ele devesse ter sido estabelecido em 2,5%
ou até um pouco maior), com possibilidade de até
ser zerado. Ora, para quem consegue ler nas entrelinhas, possibilidade
de o superavit
ser zerado, significa que ele acabará sendo zerado. Ou
você acredita que ele não será zerado? Sei
lá, mas, acho que o atual fudelhufas
de cagahouse político-econômico brasileiro
irá se transformar em um baita houselhufas
de cagafude. Por enquanto, de concreto, a Standard
& Poor's (S&P) tirou o selo de bom pagador do País
e a Fitch Ratings suprimiu o nosso grau de investimento. A realidade
é que Joaquim Levy nunca
foi um enxuga-gelo, e o Governo não suporta ser contrariado.
Mas, seja como for, anote aí: antes de a coisa melhorar,
piorará muito, porque com essa meta fiscal
primária tendente a zero (raciocínio keynesiano
às avessas) os impactos serão excepcionais e extraordinariamente
adversos. Não ecomizaremos o suficiente para pagar os juros
da dívida (deveremos cada vez mais), haverá maior
desequilíbrio nas contas públicas (tira aqui para
cobrir um rombo ali), desemprego crescente, retração
progressiva da atividade econômica, aumento das incertezas
(diminuição da confiança na solvência
do Governo), aumento da taxa de inflação (que já
é absurda), aumento da taxa de juros (que já é
absurda), aumento do dollar
e, conseqüentemente, arrecadação menor de impostos,
mais desaceleração da Economia, agravamento na queda
da arrecadação total de impostos, crescente encolha
do PIB, indisciplina fiscal, descrédito na política
fiscal e risco de o superavit
virar deficit,
o que acabaria transformando essa coisa toda em um
verdadeiro filme de horror. Enfim, como afirmaram Renato Fragelli
Cardoso e Pedro Cavalcanti Ferreira, professores da Escola de
Pós-graduação em Economia da Fundação
Getulio Vargas, no texto Redução do Superavit
Primário é uma Má Política de Crescimento,
o essencial
é entender que países crescem muito mais devido
a mudanças institucionais e ambiente estável e propício
ao investimento, do que com políticas públicas expansionistas
[irresponsáveis],
que se esgotam no curto prazo, quando não trazem, em si
próprias, a semente de crises futuras. Mudando
de assunto (que este já encheu), mas, continuando
dentro do mesmo assunto: sou absolutamente a favor da liberdade
de imprensa, e, se eu não tivesse sido professor de Química,
uma das alternativas teria sido ser jornalista. Realmente, admiro
profundamente o papel que a imprensa desempenha em uma Democracia
ou em qualquer outra forma de Governo estabelecido. Mas... Quando
assisto aos telejornais – e o meu preferido é o Jornal
das Dez, na GloboNews – sinto claramente um certo frisson
nos telejornalistas, com exceção, talvez do Merval
Pereira, em comentar o que interessa e o que não interessa
aos políticos, aos Partidos e ao Governo. Ora, convenhamos,
isto é um erro colossal de avaliação, e precisa
mudar, porque as pessoas que não dão a mínima
e que nem sequer procuram refletir sobre a gravíssima situação
em que está metido o País acabam engravidando e
se empanturrando com a idéia de que os políticos,
os Partidos e o Governo são mais importantes do que o Brasil
e do que o povo brasileiro. Ora, nunca foram! Não são!
E jamais serão! Pense bem: se não houvesse Brasil
ou se o Brasil, hipotética e apocalipticamente, deixasse
de existir, os políticos, os Partidos e o Governo valeriam
menos do que bosta podre de hiena bêbada do Deserto do Kalahary,
localizado na África Austral. Sei lá, mas, acho
que nem os políticos, nem os Partidos, nem o Governo e
nem as pessoas em geral já pensaram seriamente sobre isto.
O pior de tudo é como disse Platão (Atenas, 428/427
– Atenas, 348/347 a.C.), que não era Platão,
mas, Arístocles: A
punição que os bons sofrem, quando se recusam a
agir, é viver sob o governo dos maus. Não
há doença antidemocrática mais mórbida
do que a indiferença patusqueira e despatriótica!
Esse pessoal todo deveria dar uma espiada neste óbvio Appellatio
Rosacruz. Enfim, o
pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não
ouve, não fala e não participa dos acontecimentos
políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço
do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato
e do remédio dependem das decisões políticas
[normalmente, conciliabólicas,
isto é, decididas em conciliábulos].
O analfabeto político é tão burro que se
orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política,
nascem a prostituta, o menor abandonado e o pior de todos os bandidos:
o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas
nacionais e multinacionais. Isto parece ter sido dito
pelo dramaturgo, poeta e encenador alemão Bertolt Brecht
(Augsburg, 10 de fevereiro de 1898 – Berlim Leste, 15 de
agosto de 1956), pois, a autoria da citação não
é confirmada. Bem, finalmente, preciso dizer só
mais uma coisinha: quase deletei este horrível comentário
suplementar, pois, não é mesmo um comentário
próprio para o Natal. Mas, sabem por que não o deletei?
Por que, se nós – eu, você e o povo brasilense
– arrumarmos só um tiquinho de vergonha na lata,
talvez, o Natal de 2.016 seja um pouco melhor, ainda que –
quem sabe? – só mesmo lá para 2.019 ou 2.020
as coisas entrarão de fato nos eixos e se comportarão
de forma um pouco mais equilibrada, civilizada e republicana.
É triste? É; tristíssimo e desengonçante.
Mas, enquanto houver olho-barrigudo (ou caído, à
lá Volta-do-ó)
de olho na chance de faturar um alcance, cara-de-pau misturada
com descaramento e o contra-senso escova-botas continuar sentado
na cadeira do augusto bom senso, engataremos a primeira e andaremos
de marcha a ré ladeira abaixo. Como disse o político,
advogado brasileiro e opositor à ditadura militar Ulysses
Silveira Guimarães (Itaqueri da Serra, São Paulo,
6 de outubro de 1916 – Angra dos Reis, Rio de Janeiro, 12
de outubro de 1992), no dia 5 de outubro de 1987, na Sessão
Solene de Promulgação da Constituição
da República Federativa do Brasil, repito agora: —
A Nação
quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação
vai mudar... Mudar para vencer. Muda Brasil. Ninguém
agüenta mais tanta esculhambação anti-republicana
institucionalizada, como se fosse uma coisa natural, mesmo aqueles
que não dão a mínima se o Tratado é
ou se não é de Tordesilhas, se o pepino for da braguilha
ou se for das-antilhas ou se as coisas acabarem ficando tordilhas
ou mais para pardilhas e estrapilhas, como tanto gostam as negras
pandilhas! Não há um dia que eu não agradeça
esta minha encarnação no Brasil. E, já decidi:
irei reencarnar aqui!
|