3.
Kamasutram
– geralmente conhecido no mundo ocidental como Kama
Sutra – é um antigo texto indiano sobre o comportamento
sexual humano, amplamente considerado o trabalho definitivo sobre amor na
literatura sânscrita. O texto foi escrito pelo filósofo indiano
de tradição Carvaka e Lokyata Mallanaga Vatsyayana, que viveu
entre os séculos IV e VI a.C., como um breve resumo dos vários
trabalhos anteriores que pertencia a uma tradição conhecida
genericamente como Kama
Shatra. Excertos do Kama
Sutra:
•
Foi dito por alguém
que não há ordem ou momento exatos entre o abraço,
o beijo e as pressões ou arranhões com as unhas ou dedos,
mas que todas essas coisas devem ser feitas, de um modo geral, antes que
a união sexual se concretize, ao passo que as pancadas e a emissão
dos vários sons devem ocorrer durante a união. Vatsyayana,
entretanto, pensa que qualquer coisa pode ocorrer em qualquer momento, pois
o amor não se incomoda com o tempo ou ordem.
•
Quando o amor se
intensifica, entram em jogo as pressões ou arranhões no corpo
com as unhas. As pressões com as unhas, entretanto, não são
comuns senão entre aqueles que estejam intensamente apaixonados,
ou seja, cheios de paixão. São empregadas, juntamente com
a mordida, por aqueles para quem tal prática é agradável.
4. Apostatamos
e esquerdeamos por pura ignorância; compreendida e corrigida a ignorância,
lastimar o leite derramado é perda de tempo. Então, a lamentação
– Oh!, por que fui apostatar? – por um lado, é inútil;
por outro, é infantil; e, por um terceiro ângulo, é
carcerária, porque mói e remói, massacra e remassacra,
escarafuncha e reescarafuncha uma ignorância compreendida, corrigida
e ultrapassada.
5. O
pecado!
Que pecado?
A
história da maçã é pura fantasia; maçã
igual àquela o papai também comia –
isto é o que diz a História da Maçã,
uma marchinha de carnaval, de 1954, de autoria de Haroldo Lobo e Mílton
de Oliveira. Eu, que não acredito e não me conformo com a
tal da mordidela na matiana
pericùlósa da Malus
sylvestris, e muito menos aceito o tal do pecado
como simples pecado
(sejam pecadilhos,
sejam pecadões)
que possa ser considerado
justificável ou por não sei quem perdoado – seja original
(o pior de todos), seja venial, seja mortal, seja capital – usarei
este conceito esquisito, extravagante e excêntrico para explicar o
seguinte: sexo, em princípio, não é e nunca foi pecado,
desde que a sua ancoragem seja o amor, e que, concomitantemente, seja realizado
com responsabilidade responsável. Responsabilidade responsável
não é um circunlóquio,
porque, paradoxalmente, há a responsabilidade
irresponsável.
Então, Pecado
de verdade, que dá inferno quentinho sim senhor e faz a festa do
canheta, é, por exemplo, pedofilia de religioso que, à força
ou na lábia malandra, violenta uma criança. Entretanto, no
entra-e-sai do dia-a-dia, a desgraceira corriqueira, calamitosa e funesta
– que por ser calamitosa e funesta é muitissimamente pior do
que o inexistente, o imaginoso e o avernal pecado
– é fazer da vida uma doentia, dissipável e aviltante
finalidade sexual. Como ensina o professor, médium e orador espírita
brasileiro Divaldo Pereira Franco, o
sexo foi feito para a vida; não a vida para o sexo. Seja
como for, a energia sexual, sim, é, em um sentido esotérico
muito particular, a mais poderosa energia que o ser humano tem à
sua disposição. Então, se reprimir o fluxo da energia
sexual poderá acarretar inúmeros desvios, provocar distúrbios
e conseqüentizar várias doenças físicas e psíquicas,
dissipá-la perdulária e irresponsavelmente – como eu,
no passado, desajuizadamente, malbaratei com mil e uma mais não sei
quantas namoradas – oportunamente nos obrigará a compensar
a orgástica malgastança. Por este motivo, assumo
e digo: quero e vou compensar isto – e todo o resto, por omissões
e em comissões; e é grande este resto! – com muito prazer.
Querendo ou não querendo, como todos, eu terei mesmo que retribuir;
mas, por que com muito prazer? Com muito prazer, repito, porque, primeiro,
não adianta lhufas, nicas, bulhufas e picas, e não muda uma
vírgula o descontentamento e a rebeldia durante o transcurso do processo
compensatório, que é necessário, imprescindível
e inevitável; segundo, porque quando temos boa vontade em corrigir
uma imperfeição, aprendemos mais rápido e menos intensas
serão as sensações desagradáveis do aprendizado
educativo. Nesta matéria, como em tudo, a vociferação,
a rangedeira e o murmúrio só produzem duas coisas: barulho
inútil e retardamento retardante. Aqui, retardamento retardante é
um circunlóquio, sim; mas, de emprego legítimo, pois, no caso,
confere maior vigor ao que desejo expresar. Bem, nesta pequena nota cabe
um ensinamento de Madame Blavatsky, apresentado em sua Doutrina Secreta:
A Filosofia jamais
poderia ter formado a sua concepção de uma Deidade lógica,
universal e absoluta, se não tivesse tido algum Ponto Matemático
dentro do Círculo sobre o qual basear suas especulações.
Somente o Ponto Manifestado –
perdido para os
nossos sentidos após o seu aparecimento pré-genético
na Ilimitabilidade e Incognoscibilidade do Círculo –
é que acabará
tornando possível uma reconciliação entre a Filosofia
[místico-alquímico-esotérica)
e a Teologia. Esta
reconciliação,
acrescento, é mais (ou exclusivamente) no sentido teológico
em direção à Filosofia do que filosófico em
direção à Teologia. Talvez, até, exagerando,
digo: a Filosofia nada tem a aprender com a Teologia, enquanto a Teologia
tem tudo a aprender com a Filosofia! Isto nada tem a ver com fé e
razão, que, como já expliquei em trabalho anterior, são
dois pratos de uma mesma balança. A fé que, por exemplo, produziu
a inquisição e o Index Librorum Prohibitorum e a
razão que produziu o holocausto e a bomba nuclear, nada têm
de fideísmo ou de raciologicidade (racionalidade + logicidade);
têm, isto sim, tudo de entressonho malévolo e ilógico
e de boçalidade sanguinária e arrogante.
O
Ponto Matemático dentro do Círculo
Música
de fundo:
La Barca
Composição: Roberto Cantoral
Interpretação: Trío Los Panchos
Fonte:
http://www.pcdon.com
/EydieGorme-TrioLosPanchos.html
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.gifanatics.com/files/evil_clown.gif
http://www.raisites.com/letraviva/poesia/poemas-declama
dos/37-vou-me-embora-pra-pasada-manuel-bandeira.html
http://pre-vestibular.arteblog.com.br/51909/MANUEL-
BANDEIRA-recursos-modernistas-em-Libertinagem/
http://www.flickr.com/groups/ideas
brasil/discuss/72157605910941711/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pas%C3%A1rgada
http://pt.wikipedia.org/wiki/Kama_Sutra
http://en.wikipedia.org/wiki/Kama_Sutra
Observação
1:
Se
você quiser ouvir o poema Vou-me
Embora Pra Pasárgada de Manuel Bandeira, gravado
por ele em 1930, clique
AQUI.
Observação
2:
Se
você quiser ler a minha ultrapassada Pasárgada (Depoimento:
Em Pasárgada não encontrei a paz), clique AQUI.