Estive
em Meca, no círculo da Kaaba, mas,
eles impediram minha entrada, dizendo:
'Fora daqui! Que mérito ganhaste aí fora para te admitíssemos
aqui dentro?'
Então, na noite passada, eu bati na Porta da Taverna.2
De
dentro, falou uma Voz: 'Iraqi! Entra! Pois
tu és um dos Escolhidos!'
Quando,
por Decreto, este mundo foi criado, o trabalho
não foi feito depois da falta de Adão; mas,
do destino naquele Dia assinalado ninguém
escapará, nem jamais escapou.
La
ilaha illa'l-'ishq
Não há Deus senão o Amor.
Remoto está o Amor
acima das aspirações humanas, muito acima das lendas
de união e separação, pois,
o que transcende a imaginação escapa à toda
metáfora e à toda explicação.
A
Manhã da Manifestação suspirou, a brisa da
Graça soprou gentilmente, ondas se agitaram no mar da Generosidade...
O amante, então, saciado com a Água da Vida,3
despertou do sono da não-existência, vestiu a roupa
do Ser e atou em volta de sua testa o Turbante da Contemplação.
Cingiu o cinturão do desejo em seu flanco e caminhou com
os pés da sinceridade sobre a Senda da Busca.
Onde
está o Amado?
Quem sou eu?
Raiz e ramos são uma
só coisa.
Sou
tudo, sem dúvida; mas, através d'Ele.
Os
seres são atos do Divino.
Amar outra coisa que não
o Divino não é um caso de certo ou errado, mas, uma
impossibilidade.4
Se
os véus da manifestação fossem meramente atributos
humanos, seriam destruídos até virarem nada... Mas,
de fato, isto jamais acontece; a visão jamais os destrói,
tampouco eles deixam de bloquear nossa visão. Assim, estes
véus não devem ser humanos, mas, sim, Divinos –
Nomes e Atributos de Deus. Luminosos como a manifestação,
a benevolência e a Beleza; tenebrosos como a não-manifestação,
o domínio absoluto e Majestade... Mas, a Teofania da Essência
age Ela-mesma por detrás do véu dos Atributos e Nomes...
Por fim, o Divino é Seu próprio véu, pois Ele
se oculta pela própria intensidade de Sua manifestação
e Se vela pela própria potência de Sua Luz.
A
Unidade é uma esfera: onde quer que coloquemos nosso dedo,
ali estará seu centro.
Nossas
tintas e cores são apenas opinião e fantasia.
De
modo algum o desespero é obrigatório.
Não
há deus além de Deus – a união final
entre amante e Amado dissolve a ambos, e só permanece a Deidade.
Quando o amante contempla
a beleza do Amado em forma de espelho, nascem a dor e o prazer,
manifestam-se a tristeza e a alegria, surgem juntos o medo e a esperança,
e a contração e a expansão se alternam. Mas,
quando nos despimos das vestes da forma e mergulhamos da Unidade
do Oceano Todo-abrangente, já não sabemos nada de
tormentos ou de beatitude, de expectativa ou de preocupação,
de medo ou de esperança; pois, estas coisas dependem do passado
e do futuro, mas, agora, nos afogamos em um mar onde o Tempo é
abolido, onde tudo é Agora sobre Agora.