Máximas
do Rabino Hillel, o Ancião
Se
eu não for por mim, quem será por mim? Mas, se eu
for só para mim, quem serei eu? E se eu não for para
os outros, quem serei eu? Todavia, se não for agora, quando?
Não
faças aos outros aquilo que não gostarias que fizessem
a ti. Esta é toda a Torah... O resto é mero
comentário.
Aquele
que exalta o seu nome destrói o seu nome.
Se
eu estiver aqui, todos estarão aqui. Se eu não estiver
aqui, ninguém estará aqui.
Não
é a alma convidada em nosso corpo e merecedora de nossa melhor
hospitalidade? Hoje, ela está aqui; amanhã, ela terá
partido.
Aquele que se recusa a aprender
merece extinção.
Aquele
que se recusa a crescer se desvia para baixo.
Não
diga "quando eu tiver lazer, eu estudarei", porque nunca
se pode ter lazer.
O
provocador:
—
Por
que os babilônios têm a cabeça redonda?
—
Boa pergunta —
respondeu o Rabino Hillel. É porque suas parteiras
não são suficientemente competentes.
Ele
viu um crânio flutuando na superfície da água,
e lhe disse: —
Porque
você afogou outra pessoa você será afogado.
Em
um lugar onde não há seres humanos é preciso
se esforçar para ser humano.
Seja
um dos discípulos de Aharon. Ame a paz, persiga a paz, ame
os seus semelhantes e traga-os para perto da Torah.
Não
julgues o teu amigo até estares [enquanto
não estiveres] no lugar dele.
O
Judaísmo tem como objetivo implementar o cumprimento dos
deveres de cada indivíduo em relação a seu
próximo, e todos os Mandamentos são meios para alcançar
esta finalidade.
Você
tem a solene obrigação de cuidar de si mesmo, porque
você nunca sabe quando o mundo irá precisar de você.
Agora,
mais do que nunca.
Ame
o Senhor com todo o seu ouvir, com toda a sua mente, com todo o
seu espírito e ao próximo como a si mesmo.
Você
terá o que merecer.
Quanto maior for a caridade
maior será a paz.
1ª
observação:
Não
acho que – pura e simplesmente – não se deva
fazer aos outros aquilo que não gostaríamos que os
outros fizessem a nós. Que me perdoe o Venerável Rabino
Hillel, mas, isto é inteiramente hipotético, e não
deixa de ser uma espécie de negociata interesseira. Não
devemos fazer aos outros por um simples imperativo absoluto e insubstituível:
porque não devemos fazer aos outros. Isto, sim é toda
a Torah.
Fazer ou não fazer não são moedas de troca.
Quando alguém não faz alguma coisa por isto ou por
aquilo, melhor é que tivesse feito a coisa toda, porque o
que não é concretizado, apre(e)ndido e corrigido fica
arquivado no débito da lista de desejos irrealizados. Quem
não fez, porque não compreendeu, um dia, de uma forma
ou de outra, acabará fazendo. Mas, não estou sugerindo
que saiamos por aí a fazer tudo o que é anti-social
e o que não presta. Não é isto. O que estou
querendo dizer é que não fazer sem compreender não
adianta xongas. Por isto, repetindo: apenas não fazer aos
outros aquilo que não gostaríamos que os outros fizessem
a nós, de certa forma, é inútil, ainda que
seja um preceito religioso louvável. Seja como for, devemos,
sim, sempre, fazer tudo o que quisermos, desde que estejamos plenamente
conscientes de que somos responsáveis por tudo o que fizermos,
e que compensaremos tudo o que pusermos em movimento, seja aquilo
que é considerado como bem, seja aquilo que é considerado
como mal, pois, tanto a bondade como a crueldade são igualmente
geradores de carma, e precisarão ser devidamente compensados,
ainda que de formas distintas. Por outro lado, para (tentar) mudar
o que está secularmente estabelecido é preciso ter
estofo para agüentar a rebordosa. Para se arrancar um dente
é necessário ter um boticão. Para se fazer
um omelete é necessário quebrar os ovos. Para se tornar
um Illuminatus
é necessário trabalhar e merecer. Entretanto, não
devemos nos esquecer de que, basicamente, no Universo, as coisas
só poderão acontecer pela conjunção
de dois fatores: mérito + oportunidade. Este é o significado
esotérico da Parábola do Semeador, encontrada
nos três Evangelhos Sinópticos (os três
primeiros Evangelhos do Novo Testamento – Mateus,
Marcos e Lucas) e no Evangelho Apócrifo de Tomé.
Recordando a Vulgata, Mateus, XIII: 1 a 9: Naquele
dia, saindo Jesus de casa, sentou-se à beira do mar. E, em
volta Dele, se juntou uma grande multidão, de modo que Jesus
entrou em uma barca e nela sentou. E todo o povo ficou em pé
na praia. Muitas coisas lhes falou em parábolas, dizendo:
— Eis que o semeador saiu a semear. E, enquanto semeava, uma
parte da semente caiu ao longo do caminho, e vieram as aves e comeram
as sementes. Outra parte, porém, caiu em lugar pedregoso,
onde não havia muita terra; logo nasceu, porque a terra não
era profunda. E tendo saído o Sol, queimou-se; e secou, porque
não tinha raiz. Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos
cresceram e sufocaram as sementes. Outra parte, entretanto, caiu
em boa terra e frutificou, havendo uns grãos que renderam
cem por um, outros sessenta por um e
outros trinta por um. Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça.
No Evangelho de Tomé,
a Sentença conclui: ... rendeu
sessenta por medida e cento e vinte por medida. Este
tema está KaBaListicamente
explicado no trabalho que publiquei Revisitação
Comentada de Algumas Sentenças Crípticas e Herméticas
do Evangelho de Tomé, que poderá ser lido em:
http://paxprofundis.org/livros/tome/tome.html
2ª
observação:
O
Rabino Hillel, o Ancião (cerca de 60 a.C. – cerca de
9 d.C) é o nome de um conhecido líder religioso judeu
e uma das mais importantes figuras do Judaísmo. Viveu durante
o reinado de Herodes, o Grande (cerca de 73 a.C. – Jericó,
4 a.C. ou 1 a.C.), na época do Segundo Templo. Estudioso
respeitado em seu tempo, Hillel foi um sábio que era puro
amor, humanismo e bondade, infinita paciência e profunda humildade.
Hillel é
associado à diversos ensinamentos da Mishná
e do Talmud,
tendo fundado uma escola (Beit Hillel) para ensino do Judaísmo.