REVISITAÇÃO COMENTADA DE ALGUMAS SENTENÇAS CRÍPTICAS E HERMÉTICAS DO
EVANGELHO DE TOMÉ


Rodolfo Domenico Pizzinga

http://www.rdpizzinga.pro.br

 

Música de fundo: Pater Noster
Fonte:
http://www.rr.iij4u.or.jp/~kuwahara/PATER_NOSTER.html

 

 

INTRODUÇÃO

 

       Este trabalho discute e reflete sobre algumas sentenças argutas e arcaicas menos compreendidas pronunciadas por Jesus, e que Judas, também chamado Tomé, escreveu, provavelmente, em Edessa (moderna Urfa), na Síria, registrando-as, originariamente e verossimilmente, em siríaco ou aramaico. Desejo enfatizar que não discutirei a autenticidade do Documeto. Discutirei, sim, os aspectos místico-esotéricos desta obra religiosa destituída de autoridade canônica. Assim é considerada, mas nela estão embutidos conceitos que estão além do que as religiões normalmente oferecem aos seus fiéis, e, por isso, repito: não importa se é ou não autêntica.

       Na Palestina de vinte séculos atrás eram basicamente falados três idiomas: o aramaico, pelo povo em geral; o hebraico, pelos intelectuais judeus; e o grego, pelos comerciantes e pelos negociantes. Por isso, cautela! É praticamente impossível fazer com exatidão a transposição do tempo, da voz, da pronúncia e dos modos verbais da origem para a contemporaneidade, seja próxima ou mais remota. E os evangelhos inseridos na Bíblia foram escritos muitos anos depois de os fatos ali narrados terem acontecido. Teriam tais fatos realmente acontecido da forma como são geralmente conhecidos? Mais cautela! A especulação que se seguirá é sétupla: simbólica (diamante de múltiplas facetas), alquímica, teosófica, antroposófica, cabalística, antropológica, mas, primacialmente, iniciática. E, conforme está escrito em outro evangelho apócrifo (Evangelho de Felipe), ... a câmara nupcial nos convida a entrar.

 

UM POUCO DE HISTÓRIA
 

       O manuscrito copta do Evangelho de Tomé (última forma de língua egípcia em uso a partir do período romano) respeitante exclusivamente às 114 sentenças sapienciais de Jesus, foi descoberto no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, em Jabal al-Tarif, próximo ao Rio Nilo, no Alto Egito. Os papiros remanentes estão arquivados e conservados no Museu Copta no Cairo Antigo, Egito. É, lamentavelmente, tido como apócrifo. Há interesse que permaneça apócrifo.

        Constantino, imperador romano convertido ao Catolicismo, convocou, em 325, o festejado(?) Concílio de Nicéia, que lacônica, abrupta, abusiva, absurda, ilícita e despoticamente rotulou de apócrifos todos os evangelhos, com exclusão dos canônicos. Mas, no vai-e-vem do tira-e-põe da Igreja Católica, em 363 d.C. o Novo Testamento é oficialmente reconhecido como canônico, com exceção do Apocalipse. Mas, em 397 d.C. o Concílio de Cartago decidiu pela reincorporarão do Apocalipse. Eu gostaria de entender como esses Senhores de antanho tiravam e botavam Evangelhos na Bíblia assim como se troca de roupa (quando se troca!).

       Interessante, por exemplo, o Evangelho Apócrifo de Maria Madalena que conservou a discussão sobre o pecado nas origens do Cristianismo, como segue:

       Pedro lhe diz: — Já que tu te fazes a intérprete dos elementos e dos acontecimentos do mundo, dize-nos: o que é o pecado no mundo? Maria Madalena responde: — O Mestre diz: Não há pecado. Sois vós que fazeis existir o pecado quando agis conforme os hábitos de vossa natureza adúltera: aí está o pecado.

       Sobre essa matéria vou transcrever para reflexão uma passagem de um ensaio publicado no Caderno Estado de Minas, Caderno Pensar, de 05/07/2002: A natureza divina [dos entes] não tem pecado. E, se somos divinos, o pecado não deveria fazer parte do nosso ser. No entanto, a nossa natureza tornou-se adúltera e, por isso, pecadora. Nós inventamos o pecado. E quantos pecados foram criados pelas instituições religiosas, principalmente o Catolicismo. Há bem pouco tempo, a Igreja Católica movia-se [quase exclusivamente] pelo pecado. Havia listas de pecados e de penitências. A obsessão pelo pecado levava um fiel a confessar sempre. O acento demasiado no pecado faz com que as pessoas percam a dimensão da espontaneidade diante da vida. Nós somos muito mais do que qualquer pecado cometido. Não podemos, por outro lado, negar o pecado. Mas, ele não é só pessoal. Há também o grande pecado social e estrutural. Essas dimensões do pecado estão muito interligadas. Paulo, o judeu que se fez cristão, chamou a atenção para o fato de a “Lei” criar situações de pecado. 'Porque sem a Lei o pecado está morto' (Rm VII, 6). Maria Madalena, como visto acima, segue esse mesmo tipo de reflexão quando diz que o pecado não existe, mas somos nós que o fazemos existir.

       Como Evangelho Sapiencial, o Evangelho de Tomé proclama uma via salvífica (compreensão do como e do porquê da existência) por intermédio da meditação e da realização dessas sentenças úteis (freqüentemente crípticas e enigmáticas), pronunciadas, segundo o autor, pelo Jesus vivo. Neste Evangelho, Jesus não realiza milagres, não morre pelos pecados do homem, não há rompimento da ordem universal e não há qualquer lembrança incidental referente ao cumprimento de profecias. E, principalmente, Jesus não é apresentado antropomorficamente como a encarnação da Divindade, nem como filho especial ou dileto de Deus. Isto, em si, já dá à obra um caráter especial.

       O Evangelho do Dídimo Judas Tomé não é apenas sapiencial no que concerne à gnose ou à tradição (desde sempre idêntica a si mesma). Apresenta, também, uma sabedoria particular, permanente e diuturna sobre a vida. Isto está revelado, por exemplo, nas sentenças 21, 25, 26 e 31. Há, outrossim, neste Evangelho, aquilo que Stephen Patterson (apud Marvin Meyer) denominou, e que se subscreve, de sabedoria da contracultura. No decurso das sentenças há recomendações para que se rejeitem (não strito sensu, é claro) pai, mãe, irmãos e irmãs; há críticas das amenidades polidas da piedade religiosa; há exclusão dos negociantes e comerciantes do Reino de Deus; e há, outrotanto, no limite, a comparação do mesmo reino de Deus com a obra de um assassino. Mas, o quê o Reino deseja assassinar?

       Este ensaio, na realidade, discutirá apenas alguns dos aspectos esotéricos e gnósticos contidos nas sentenças sapienciais proferidas por Jesus e anotadas diligentemente pelo autor do Evangelho — Tomé. Talvez, uma das mais místicas e esotéricas sentenças deste Evangelho seja a de número cinqüenta. Mas, este acontecimento também aparece em diversas obras semelhantes, como, por exemplo, o Livro Secreto (Apocryphon) de João. Não se pode, contudo, deixar de apontar certas semelhanças com os Evangelhos Sinóticos. Em Mateus 5,3 lê-se: Felizes são os pobres de espírito, pois deles é o reino do céu. E em Lucas 6,20 está gravado: Felizes são vocês os pobres, pois seu é o reino de Deus. Estas afirmações estão inseridas, exatamente, com o mesmo desenho, na Sentença Cinqüenta e Quatro do Evangelho de Tomé. A questão esotérica que se impõe é saber exatamente o que quis dizer Jesus (segundo Tomé) com as palavras pobre e Reino. Estas e outras interrogações serão discutidas a seguir.

       Entretanto, uma advertência deve ser feita: nem o Evangelho de Tomé nem os comentários que se seguirão são devedores ou estão vinculados a qualquer teologia. Não houve, outrossim, qualquer preocupação teleológica, smj, nas proposituras contidas no Evangelho supradito. Nem eu resvalei nesta análise para esta categoria sedutora (para os menos avisados), mas insustentável, nas especulações que se seguirão. Nem, muito menos, estou preocupado – conforme já foi afirmado – se a obra é ou não é autêntica.

       Sabia Jesus – como entendem todos os iniciados – que o Universo não caminha para um télos. Sabem todos os que labutam no âmbito da Tradição, que o próprio Argumento Teleológico (que pretende provar a existência de Deus a partir da finalidade mundana) é falaz. A célebre Quinta Via de Santo Tomás de Aquino, ainda que interessante e bela, é um mero exercício teológico sem amparo arcaico, tradicional ou iniciático. Os teologismos veiculados no passado, e os que ainda prosperam, têm por base o que Kant denominou de imperativos hipotéticos. Os iniciados esforçam-se para trabalhar na esfera dos imperativos categóricos. E o Reino aludido por Jesus não é para ser encontrado depois; é para ser conquistado e vivenciado, em certa medida, agora. Feliz aquele que procurou, encontrou a porta e teve força interior para abri-la. A construção deste Reino é hoje, agora, aqui. Entretanto, todos estão convidados, mas vaidosamente poucos aceitam o convite. A ceia está posta.

 

AS SENTENÇAS

 

       Provavelmente, a Primeira Sentença (E ele disse: Quem quer que descubra a interpretação destas sentenças não provará a morte1) não é de Jesus, mas da lavra do próprio Tomé, que propõe um incitamento interpretativo e sua recompensa ao garimpeiro da LUZ, que persevera na garimpagem.

       A Segunda Sentença (Jesus disse: Que aquele que procura não deixe de procurar até que encontre. Quando encontrar, ficará perturbado. Quando estiver perturbado, ficará maravilhado e dominará tudo2) pretende ensinar que só buscando a razão e o porquê da vida e da encarnação (com suas múltiplas implicações, como as Leis da Necessidade e da Retribuição ou da Reciprocidade), os seres singulares perceberão que não são individuais, encontrarão a si mesmos e ao Deus de seus corações, realizarão que mesmo e outro formam uma unidade indissolúvel e compreenderão que aquilo que está em cima é como o que está embaixo. Mas, isto, em um sentido diferente e mais profundo do que é geralmente ensinado nas próprias Escolas de Misticismo. A partir deste instante conhecerão o sentido hermético da saudação Rosacruz: PAZ PROFUNDA. A perturbação aludida por Jesus faz referência à descoberta de que, para além do plano das realidades sensoriais (Plano Terra), há um ilimitado mundo impercebido, que, se não em todos, mas em muitos aspectos, confronta e diverge das noções e das crenças acalentadas no Mundo da Concretização. Por isso mesmo, a Segunda Sentença está vinculada à Terceira (... o reino está dentro ... e está fora ...3) e à Centésima Décima Terceira (... Não virá quando se espera por ele. ... e as pessoas não o vêem4). Mas, ainda que o aludido reino esteja fora e dentro, e que fora e dentro formem uma unidade cósmica, indissolvível, fora não será realizado, nem será percebido. Dentro, apenas dentro, no âmago do ser, é que será sentido, encontrado e experienciado. Apenas dentro o Mestre-Deus de nossos Corações poderá ser construído. Com esta realização serão alcançadas as maravilhas que o Mundo da Concretização não pode oferecer. Desta alquimia interior resultarão o domínio do corpo astral e a paz profunda, e o ser realizado descansará. Em última instância, o reino (Buddhi) não pode ser visto com os olhos físicos; tão-só com os olhos psíquicos do homem interior poderá ser devassado. Entretanto, perseverar é preciso! A finalização da Sentença Terceira é esclarecedora: Quando vocês se conhecerem, então serão conhecidos... do pai vivo. Mas se não se conhecerem, então vivem na pobreza e são a pobreza. Quando! A própria Centésima Oitava Sentença repercute misticamente este ensinamento: Jesus disse: Quem beber de minha boca se tornará como eu; eu próprio me tornarei essa pessoa, e as coisas ocultas serão reveladas para essa pessoa5. Essa transferência (esse SANGUE), contudo, só poderá ser viabilizada de CORAÇÃO para coração, cujo primeiro degrau a ser vencido é o da humildade. Este ensinamento está vinculado à realização in corde do CRESTOS Cósmico em cada ente. No plano da iniciação e da vereda mística o primeiro obstáculo que o postulante deverá ultrapassar é a vaidade.

 

Vaidade

Vaidade - Escultura de Marici Bross
http://www.meucantinhodearte.com.br/marici_bross.htm

 

       A eterificação mística do sangue físico de Jesus jorrado no Golgotha, não mais, então, será em vão. SANGUE e sangue serão um, e o ser, a partir de então, estará apto a prosseguir sua jornada universal. Este é o VERDADEIRO BATISMO ou primeira RESSURREIÇÃO MÍSTICO-INICIÁTICA na peregrinação assintótica para o Absoluto. Este Absoluto (Parabrahman) só pode ser atualizado progressiva e assintoticamente por intermédio do Logos, que também não conhece o Absoluto. A pobreza será, então, alquimizada em riqueza. Mistério!

       As Sentenças 4, 48 e 106 são equivalentes. A Centésima Sexta Sentença admoesta: Jesus disse: Quando de dois fizerem um, vocês se tornarão filhos do homem, e quando vocês disserem: Montanha, mova-se, ela se moverá.6 Os cabalistas e os místicos, desde sempre, admitem que tudo resulta da expansão (Mânvântara) da Divindade. E assim, três aspectos especulativos absorvem as lucubrações cabalísticas: Deus, Mundo, Homem (Shekinah). A diástole manvantárica, segundo esses pensadores, realiza-se por meio de Dez Sephiroth, que operam em quatro planos ou mundos, nos quais o homem se torna quatro seres distintos. Estes seres (homens) são assim compreendidos:


       Considerado como habitante do Mundo Arquetípico de ‘ATzILUTh’, o homem é Adão Kadmon. No Mundo de ‘BRIAH’, é um Arcanjo. No Mundo de ‘IeTzIRaH’, onde ele assume forma apreciável aos ... sentidos, torna-se um Anjo, e somente em ‘WShIaH’ |Mundo da Concretização| vem a se tornar o ser ... humano.7


       Há, portanto, o entendimento cabalístico, gnóstico, esotérico e iniciático de que os Quatro Mundos estão relacionados com os Dez Sephiroth (3, 3, 3, 1), e os quatro Adãos, por sua vez, relacionam-se com o Homem Celestial. A obra A Cabala Desvendada ensina:


       Primeiro, havia o Adão do Mundo de ‘ATzILUTh’ ... o Homem Arquétipo. Segundo, o Adão de ‘BRIAH’ ... Este era o Adão do primeiro capítulo do 'Gênesis'. Terceiro, o Adão ... ‘formado do pó da terra’. Quarto o Adão posterior à Queda. Somente o último Adão, dos quatro, |Adão de WShIaH| era um ser limitado e unissexual; os demais eram andróginos.8

 

Os Dez Sephiroth

Os Dez Sephiroth

 

       O resumo (bastante simplificado) destes dois textos é: ABSOLUTO –› Adão Kadmon –› Arcanjo –› Anjo –› Homem unissexual (consultar cit. nº 20). Este entendimento explica também a enigmática e insólita Centésima Décima Quarta Sentença, a seguir reproduzida:


       Simão Pedro disse a eles: ‘Maria deveria deixar-nos, pois as mulheres não são dignas da vida’.

       Jesus disse: Eu a guiarei para fazer dela homem, de modo que também ela possa tornar-se um espírito vivo semelhante a vocês homens. Pois toda mulher que se torna homem entrará no reino do céu
9.


       O retorno à condição de androginia reunificará alquimicamente a dupla polaridade, recompondo a condição anteriormente existente no Mundo de IeTzIRaH ou Mundo da Formação. Isso implica, inclusive, em mudança genética. O padrão-homem da Raça que nos suplantará será diferente daquele que hoje se manifesta no Plano Terra. Apenas um dado: esse novo padrão-homem será incompatível com uma alimentação que não seja estritamente vegetariana. E, assim, as escórias inaproveitáveis serão recicladas.

 

http://www.btinternet.com/%7Eflight.site/genetica.htm
 

       Transformar em homem, significa, esotericamente, alquimizar transcendentalmente o menos puro em menos impuro. Significa alterar as freqüências vibratórias inferiores em freqüências mais elevadas. Mas, recobrar a androginia, deve ser lembrado, é apenas um degrau de uma escada ilimitada, porque, verdadeiramente, a reintegração é assintótica. Quando um leproso é transmutado em ouro alquímico, apenas mais uma etapa foi ultrapassada. E a montanha, então, poderá ser movida. Alquimizar o menos puro... traz à reflexão o Sagrado Iantra Hermético a seguir reproduzido.

 

Sagrado Iantra Hermético

Sagrado Iantra Hermético
Alquimia & Misticismo, Alexander Roob 1996, p. 466.
Cs. Referência Bibliográfica No 28


       Do homem e da mulher faze um círculo, e deste um quadrado, em seguida um triângulo e ainda um outro círculo, e terás a pedra filosofal10. Este Iantra está acorde com a TETRACTYS pitagórica, de tal sorte que, o noivo e a noiva, após realizarem as núpcias do círculo interior – o uno microscópico – através de uma seqüência quaternária, transformam-se no Dez Macroscópico – o triângulo ou TETRACTYS – o qual, por sua vez, abarca todas as possibilidades cósmicas representadas pelo círculo maior. Estas etapas estão representadas pelas seguintes cores: preta, branca, [citrina] e vermelha (imutável).

 

     


       Continuando a revisitação do Evangelho de Tomé, apresentam-se, abaixo quatro Sentenças, cujos teores são equivalentes:


       Maldita a carne que depende da alma. Maldita a alma que depende da carne11.

       Como é deplorável o corpo que depende de um corpo, e como é deplorável a alma que depende desses dois
12.

       Se a carne foi criada por causa do espírito, isto é uma maravilha; mas se o espírito foi criado por causa do corpo, isto é a maravilha das maravilhas. No entanto, maravilha-me como essa grande riqueza veio a estar nessa pobreza
13.

       Feliz é o leão que o ser humano comerá, pois assim o leão se torna humano. E tolo é o ser humano que o leão comerá, e o leão se tornará humano14.


       As quatro Sentenças acima (112, 87, 29 e 7) estão inter-relacionadas e, obscuramente, fazem referência à quaternidade inferior do homem: corpo físico, corpo etérico, corpo astral e personalidade-alma (eu). No corpo astral residem as cobiças, os desejos e as paixões. Por isso Jesus adverte na Sentença Centésima Décima-Segunda: Vergonhosa a carne quando depende da alma e desafortunada a alma se depender da carne (Sentença 112, citação 11). Ora bem, a primeira carne é o corpo físico, e a primeira alma é o corpo astral. (Deve-se entender o corpo astral – conforme ensinou Rudolf Steiner – como a união, no processo encarnativo, do corpo anímico com a alma da sensação). Na segunda frase da mesma Sentença, a alma, agora, refere-se à personalidade-alma (eu), que fica limitada em expressão, quando o corpo astral (segunda carne) ainda está repleto de vícios, fraquezas, desejos, cobiças e paixões. O eu, por participar do triângulo espiritual, e, por isso, ser permeado pela personalidade espiritual (MANAS), lentamente, tornar-se-á senhor do corpo astral, transiluminando-o por aquilo que recebe de um Plano Superior. Por ser ainda muito jovem (pois só se fixou à trindade inferior do ser na Quarta Ronda), a personalidade-alma (eu), na maioria das vezes, não pode se expressar integralmente, pois, o corpo astral, mais antigo (adquirido anteriormente), ainda prepondera sobre ela, e, concomitantemente, submete a parte objetivo-subjetiva do ser (corpo físico). A prisão do eu não é o corpo físico, mas o corpo astral. O que Jesus pretende ensinar com essas quatro Sentenças, é a indispensabilidade de cada ente lutar para dominar os instintos grosseiros aderidos ao corpo astral (submissão a instâncias vibratórias desagregadoras) adquiridos ao longo das existências, existências estas reguladas pela Lei da Necessidade (Doutrina Palingenética) e pela Lei da Reciprocidade. Já na República, Platão (que conheceu os Mistérios, e, como Jesus, foi Iniciado no Egito nas Antigas Escolas de Sabedoria), recomendara que a razão noética (sensível à personalidade-alma ou eu) abrande, eduque e alimente o aspecto leonino (ou lobal) das instâncias que lhe são inferiores, vale dizer, as paixões (inferiores) do aspecto empedernido do coração (corpo astral)15. Pelo exposto, este abrandamento, esta educação e esta alimentação são lentos, pois o eu é muito mais jovem – e, portanto, menos poderoso – do que o corpo astral, que luta e resiste, ipso facto, às influências benfazejas do eu interno. O eu pode, mas nem sempre consegue, pois as resistências são múltiplas e sórdidas.

       A Nona Sentença aparece também em Mateus 13, 1-23; Marcos 4, 3-20; e Lucas 8, 4-15. Nos três Evangelhos Sinópticos é exibida com o subtítulo de Parábola do Semeador. No Evangelho de Tomé a Sentença conclui: ... rendeu sessenta por medida e cento e vinte por medida16. Ainda que em Mateus e Marcos apareça o número 60 (não aparecendo, entretanto, em Lucas), o número 120 não é contemplado em nenhum dos três Evangelistas. Como explicar todas essas aparentes omissões e contradições? Novamente o recurso é a KaBaLa. Contudo, o estudo destes dois números esgotaria o espaço deste rascunho-pensamento. As explicações que se seguirão estão, ao mesmo tempo, extremamente resumidas e incompletíssimas. Sessenta é o valor externo (aritmológico) da décima quinta letra do alfabeto hebraico – SaMeK. Em aditamento, os valores pleno, oculto e athbash desta letra são, respectivamente, 108, 48 e 8. Assim, estão em pauta os números 15, 60, 108, 48, 8 e 120. O número 15 representa o valor secreto do número 5 (1+ 2 + 3 + 4 + 5), e 5 é o valor externo da quinta letra do alfabeto hebraico (HE), aparecendo duas vezes na Palavra Sagrada IEVE! A adição de seus algarismos, por outro lado, representa o valor secreto da Trindade. O número 108 representa a metade de um ciclo de 216 anos, ou seja, atividade/inatividade. Os colégios iniciáticos autênticos funcionam em ciclos alternados de 108 anos, que correspondem à atividade e dormência (mânvântâra/prâlâya). Curiosamente a adição de seus algarismos é igual a 9. E pode ser representado por 2² x 3³. A soma das bases e dos expoentes é igual a 5 (HE). O número 108 também apresenta vinculações com os números 36 e 666. A manifestação do homem neste plano é determinada pelo número 48, e o Livro de Jonas possui 48 versículos, dos quais os primeiros 24 versículos têm um significado e os demais, outro17. O número 8 relaciona-se secretamente com 36 e com 666, e, por isso, também com 108. E particularmente os números 60 e 120, que aparecem na Nona Sentença do Evangelho de Tomé, têm significação especial. Há uma bendição em Números 6, 24-26 que consiste de 15 palavras e 60 letras, oferecendo, de modo cifrado, a relação 1:4. Para ser iniciado na Escola Pitagórica de Crotona o postulante deveria contar um, dois, três, quatro. Quando pronunciava o número quatro era interrompido pelo guardião do templo, que dizia: Pronunciastes nosso Juramento. Todos os iniciados de todas as escolas iniciáticas autênticas sabem que quem consegue compreender o significado esotérico dos números 1, 2, 3 e 4 está apto para abrir o sacrário da tradição. Ainda há algo a acrescentar: com ALeF (1) e TaV (400), SaMeK (60) perfaz a tríade das letras constitutivas do Arqueômetro, cuja soma é 461. Esta soma forma a palavra sânscrita DeVA – a Divindade. O número 120, na antiga tradição cabalística, representa a medida da vida individual no Mundo da Concretização. Cada vida humana deve prolongar-se, em princípio, 120 anos. 120 é, sob outro aspecto, o valor externo de TzeL (90 + 30), que significa sombra em hebraico. Agora, se se somam as duas medidas, tem-se 180 (60 + 120) correspondente à palavra MaIM, que significa água em hebraico, cujos valores externo e oculto são iguais a 90 (40 + 10 + 40), e cujo valor pleno é 180 (80 + 20 + 80). O valor athbash da palavra MaIM é 60 (10 + 40 + 10). Há que ser informado que a desinência aim, em hebraico, expressa o duplo; e, deste modo, água expressa uma dualidade em todos os níveis18. Nos livros e manuscritos tradicionais os números são apresentados, para, de forma cifrada, revelarem princípios e leis cósmicas perenes na noite do inexistente tempo. Admitir o acaso é revelar ignorância. E Jesus, certamente, não veiculou esses (e outros números) por nefelibatismo. Um Iniciado jamais age inconseqüentemente. Sabe o que pensa, sabe aquilo que fala e sabe como age.

       Por último, a soma de todos os números envolvidos nesta especulação místico-cabalística (15, 60, 108, 48, 8 e 120) é igual a 359. Trezentos e cinqüenta e nove é equivalente a um conceito cifrado que deve ser ultrapassado. Sob outro aspecto equivale a 17, que pode ser reduzido a 8. Simbolicamente, a aurora da compreensão chegará em 360. ShaS (300 + 60). O próprio valor pleno da letra ShIN é 360 (300 + 10 + 50), e representa arqueometricamente a letra planetária de Jesus. Ao se dividir 360 por 7 encontra-se: 51, 42857 142857 142857 142857.

       51 = 5 + 1 = 6 que é o valor secreto de 3 (1 + 2 + 3), a Trindade. A soma dos cinco primeiros números da dízima periódica composta (ante-período) formada é igual a 26, número do Santo Nome IHOH (IEVE) (10 + 5 + 6 + 5). A adição teosófico-cabalística de 26 é igual a 8, equivalente à letra hebraica JeTh, cujo valor athbash é exatamente 60, e simboliza misericórdia. E o repetidor 142857 sempre foi esotericamente considerado um número sagrado e a expressão cósmica numérica de Luz, Vida e Amor. É o Número da Eterna Evolução do Cosmo Ilimitado. Desta especulação resulta: SAT –› IEVE –› Natura Naturata. Tudo é UM. A adição teosófico-cabalística deste número é 27, e sua redução equivale a 9. Mas, cada número equivale a uma palavra, e cada palavra equivale a um número. Parafraseando Jesus, humilde e fraternamente conclama-se: Quem quer que tenha lido estas linhas, que pesquise. Pesquisando, encontrará. No Universo, em qualquer oitava, prevalecem o BEM, a ORDEM e o NÚMERO. Nos Planos em que prevalece a entropia, desta necessária entropia surgirão sempre manifestações menos grosseiras e mais harmônicas com a Ordem Cósmica. Por isso, ShaTaN (359 = 300 + 9 + 50) – o perturbador – poderá ser sempre transmudado pela misericórdia do 8, que equivale a 26. IEVE. No Livro de Jonas estão grafadas as palavras GaTh HaJaFeR, cujo valor athbash é 360 (200 + 1 + 90 + 60 + 6 + 3), e cujo significado é múltiplo: consolo, salvação ... (recomenda-se, neste ponto, a consulta às diversas obras de Friedrich Weinreb para melhor compreensão deste tema). Antes de prosseguir com as reflexões sobre o Evangelho de Tomé, deseja-se acrescentar que a letra hebraica SaMeK simboliza, em Cabala (KaBaLa), o Ser Universal. (MIAHeL).


ALHIM —› MIHeLA —› MIAHeL


       MIHeLA representa a função orgânica central perante outras hierarquias... E se afastou com ele |Tomé| e lhe disse três sentenças...19 Esta frase está embutida no Logium 13. Quais sentenças ou palavras teriam sido aquelas que Jesus transferiu a Tomé? Essas três sentenças ou palavras são desconhecidas dos que não são PEQUENINOS. Contudo se propõem outros três conjuntos de três palavras (sons vocálicos) para meditação e pesquisa, sendo o Bem o objetivo. Pois, no e do Bem, tudo; sem o Bem, nada. São eles:

a) IAO, IAO, IAO;

b) AUM, TAT, SAT; e

c) IE ... OUA, IE ... OUA, IE ... OUA.

       Particularmente o número 17 está vinculando a IAO (10 + 1 + 6) – que remete à TETRACTYS – e, ocultamente, ao número 153. O começo está ligado ao fim, e propende, assintoticamente, repete-se, para o centro da idéia:

 

I —›  A  ‹— O

 

       As eternas e incriadas vogais... No Universo tudo se resume às ...vogais ... A coisa, qualquer coisa, está composta de números, de sons e de figuras. Tudo é vibração! A música regula e harmoniza o Universo.

 

Tetractys

1 + 2 + 3 + 4 = 10
Tetractys Pitagórica20
 

       Jesus disse: Que aquele que descobriu o mundo e se tornou rico renuncie ao mundo21. Esta é a Sentença Centésima Décima. Esta Sentença está associada às Sentenças 27 e 81. O Logium 81 proclama: Jesus disse: Que alguém que se tornou rico governe e que quem tem poder renuncie [a ele]22. A conclamação sobre a renúncia às ilusões do Mundo da Concretização ocorre também nos Atos de Paulo e de Pedro e em várias outras obras semelhantes.

       Em I Coríntios 4, 8 há referência também ao tema. Descobrir o Mundo significa penetrar no tabernáculo da Sabedoria Cósmica, onde a fonte é inesgotável e a riqueza que alimenta a fome e a sede do buscador é ilimitada. E houve e há benditos que se tornaram ricos. Esses abençoados já governaram e voltarão a governar. A regra de ouro dessas governanças era e será o SVMMVM BONVM. Seus instrumentos: os imperativos categóricos. Mas, quem desconhece que 4 —› 10 = UM não consegue renunciar volitivamente ao poder temporâneo (mâyâ). Assim como a compreensão das Teorias Quântica e da Relatividade está reservada para poucos interessados, para poucos é penoso também se enriquecer na, da e pela LUZ. Mas todos estão convidados para a Santa Ceia. Há pão e sangue para todos. Comer e beber, entretanto, é um privilégio da perseverança no Caminho. Conhecer o Mundo implica em renunciar ao mundo. Mas, é muito difícil renunciar ao que se conhece em favor daquilo que não se conhece. Jesus sabia disso. Judiciosamente advertiu: Se uma pessoa cega conduz uma pessoa cega, ambas cairão em um buraco23. Então como encontrar? Sejam transeuntes24, ensinou Jesus. Sejam peregrinos. Conheçam a atualidade. Renunciem à realidade. Venham à existência. Morram em vida. Sejam migrantes. Atravessem a ponte; não se fixem nas ilusões. Naveguem. Feliz a pessoa que trabalhou muito e encontrou a VIDA25. Mas a VIDA não poderá ser encontrada nem conduzida por dois cegos. Como ensinou Helena P. Blavatsky, o que se banha na Luz de OEAOHOO |OEAOHOO(E)| jamais será enganado pelo Véu de Mâyâ. OEAOHOO é a Raiz Setenária da qual tudo procede.26 Todos estes comentários se resumem em parte da Sentença Sexagésima Primeira: ... se alguém é inteiro, ficará cheio de luz, mas se alguém é dividido, ficará cheio de treva.27 Ainda que presentemente prevaleça a quaternidade inferior, o ser haverá de, jubilosamente, conquistar sua integralidade consciente no SETE, cuja cor cósmica é o VERMELHO INDESBOTÁVEL E RUTILANTE semelhante à do lapis alchymicum. Então a primeira realização da androginia estará concluída.28 Como se fez referência anteriormente, a reintegração é assintótica. Ainda que transcendência e teleologia sejam equívocos das razões dianóica e noética, e, portanto, que a imanência, a necessidade (e não a contingência) e o bem sejam, o enigma da reintegração ressurgente só pode se dar assintoticamente. Ainda que Pai e filho sejam um. Então, que se faça a LUZ. Para todos. Sem o outro, o mesmo continuará pobre e solitário. FIAT LUX. Os comentários acima, novamente, de forma mais ou menos cifrada, aparecem embutidos na Sentença 67 do Evangelho de Tomé: Jesus disse: Quem conhece tudo mas está desprovido em si, está absolutamente desprovido.29 Mas o desprovimento começa a desaparecer quando o buscador sabe onde comprar a pérola. Essa pérola, como ensinou Jesus, é parte de um tesouro inexaurível. E o tesouro não será, jamais, encontrado no mundo. Apenas no Mundo. No âmago. No Sanctum Sanctorum pessoal, estado ou condição vibratória elevadíssima, onde a Comunhão Cósmica se viabiliza30. O retorno à androginia é o Caminho...

 

Androginia

Androginia (Splendor Solis)
 

       Uma Sentença muito difícil e enigmática é a Octogésima Quarta, destacada e reproduzida a seguir:

 

       Jesus disse: Quando vocês vêem sua semelhança, vocês ficam felizes. Mas quando vocês vêem suas imagens que surgiram antes de vocês, e que nem morrem nem se tornam visíveis, quanto irão suportar?31


       Se se admitir que o Universo é, que não foi e nem será, que o tempo é uma ilusão dos sentidos, tendo apenas valor real (mâyâ) e não atual, e que nesse inexistente tempo este mesmo Universo se manifesta em ciclos de movimento (mânvântâra, diástole, expansão) e de repouso (prâlâya, sístole, contração), e que, por último, o ciclo atual opera na fase manvantárica, pode-se, talvez, entender a sentença retromencionada. Resumindo o entendimento teosófico-antroposófico-cosmogenético, o ser humano atual é o resultado do aperfeiçoamento progressivo de um processo cósmico que teve início na Primeira Raça Raiz da Primeira Ronda do atual mânvântâra. Os auxílios, os ajustes e as transformações que sofreu ao longo das quatro raças que precederam a Ronda atual derivaram de um processo no qual interferiram todas as hierarquias espirituais, quais sejam: Espíritos do Crepúsculo da Vida (Anjos), Espíritos do Fogo (Arcanjos), Espíritos da Personalidade (Principalidades), Espíritos da Forma (Potestades), Espíritos do Movimento (Virtudes), Espíritos da Sabedoria (Dominações), Espíritos da Vontade (Tronos), Espíritos das Harmonias (Querubins) e Espíritos do Amor (Serafins). Por outro lado, as três primeiras palavras do Gênesis são: BRAShITh BRA ALHIM. Em hebraico, IM é uma terminação plural. AL significa Deus. E ALH, Deusa. Logo ALHIM (Elohim) são os Deuses e as Deusas – o Exército Cósmico. Assim, a criação foi um produto da androginia cósmica: tese –› antítese –› síntese. Incompleta. Não concluída. E que jamais poderá ser findada. (O PRIMEIRO UM não é conhecido, nem poderá jamais ser). No próprio repouso há movimento. Assim, movimento e repouso também são uma só e a mesma coisa. Na verdade, a Sentença 84 do Evangelho ora apreciado, aponta para um peregrino critério: ... Quem procura, encontrará; para [quem bate] ser-lhe-á aberta32. Só assim o ente poderá contemplar suas imagens. Só assim poderá ter acesso ao que Aristóteles, denominou de qüididade – o que era antes de haver sido. E suportará aquilo que contemplar, porque, então, estará apto a compreender que Natura Naturans e Natura Naturata são uma só e a mesma coisa. Averroes, Vicente de Beauvais, Mestre Eckhart, Giordano Bruno, Nicolau de Cusa, Spinoza, Francis Bacon, com pequenas diferenças conceituais, compreenderam adequada e semelhantemente esta matéria. A res cogitans (substantia cogitans), por outro lado, não está unida à res extensa apenas na glândula pineal. O ser não é apenas dual. É, como ensinou a Teosofia e continua ensinando a Antroposofia, setenário. E a alma (personalidade-alma ou eu) é o quarto membro desse conjunto harmônico e unitário. É compreendido pelos teósofos, antropósofos e místicos evoluídos que, no momento atual (Quinta Raça Raiz da Quarta Ronda), a tríade Manas, Buddhi, Athma ainda não se amalgamou efetivamente ao ente humano. Esse Triângulo Superior existe potencialmente, e a personalidade-alma, em condições específicas e especiais, pode se mesclar vibratoriamente com ele, transformando, em cima, o que é triângulo em quadrado, e, em baixo, o que é quadrado em triângulo, ainda que o ser seja irredutivelmente uma unidade setenária.
 
 

 Unidade Setenária
 
 Unidade Setenária
 Unidade Setenária
 
 Unidade Setenária


       O Antakharana, como ensinou Helena Petrovna Blavatsky no Objeto dos Mistérios e Prática da Filosofia Oculta, sexto livro da série, em português, da sua Doutrina Secreta (trabalho global orientado e supervisionado pelos Mestres Moria e Kut Hu Mi), é o único laço de união durante a vida entre a Consciência Superior ... e a inteligência humana da mente inferior33. O Antakharana (o cordão de ouro, como este autor costuma a ele se referir, em contraposição ao outro também conhecido entre os estudantes de misticismo – o cordão de prata) é uma ponte por entre o vazio (ausência de consciência consciente) que separa a trindade superior da quaternidade inferior. Na verdade está subdividido em 7 (sete) partes (estados vibratórios). Transpor o quarto grau já é um feito extraordinário34. De maneira geral, o ser autoconsciente desta Raça Raiz é unitário e sétuplo (3 + 4). Uma especulação mais adensada deve levar em consideração, igualmente, os estágios 49 (7²) e 343 (7³). Particularmente, o número 343 está, por um aspecto, relacionado com a TETRACTYS PITAGÓRICA, e, por outro, com as três letras-mães do alfabeto hebraico: ALeF, MeM e ShIN. Este número também está associado à palavra hebraica GueSheM (3 + 300 + 40), que significa chuva. O Livro de Jonas também tem muito a ensinar. O sétimo dia... realização tríplice...

       Antes de serem apresentadas as considerações finais deste rascunho reflexivo, e considerado o aparente desvio do tema principal – mas nem tanto – reproduz-se, para meditação e pesquisa, a frase mística AUM MANI ... PADME HUM, que alude à indissolúvel união existente perpetuamente entre o Homem e a Consciência Cósmica. Tudo o que é eterno, puro e incorruptível jaz oculto em todas as coisas.35 No princípio era o VERBUM ... Hoje é o VERBUM ... Amanhã será o VERBUM ... Desde sempre, na inexistente eternidade do ilusório tempo, o VERBUM DIMISSUM é. Pela PALAVRA PERDIDA, na PALAVRA e através da PALAVRA todas as coisas existem. O perceptível e o imperceptível são dois elos de uma mesma cadeia.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

       O Evangelho de Tomé apresenta cento e quatorze sentenças sapienciais, que, ao mesmo tempo, podem ser entendidas como gnósticas, esotéricas ou cabalísticas, disponíveis para todo humanista, judeu, budista, católico, muçulmano, cético, ou seja, para qualquer um e para todos. Coincidência ou não, o Salmo 114 inicia com a palavra Alléluiah. E em 114, 2 está revelado: ... inclinou para mim o seu ouvido, no dia em que o invoquei. A adição dos algarismos no número 114 é igual a 6, valor secreto da Trindade, contida no valor pleno da própria letra ALeF (1 + 30 + 80 = 111, que é igual a 3, porque 1 + 1 + 1 = 3). Este Evangelho, conforme afirmou Harold Bloom, convoca o leitor a conhecer, não a crer; pois o Jesus deste Evangelho é um divulgador da Sabedoria (Cósmica), gnômico, não um vulgarizador de fins. Tudo o que o ser procura está nele. O reino (Buddhi) jaz inconsciente no próprio ser. Mas está disponível para ser conquistado. A luz interna não é adâmica. Sempre existiu no tempo incriado e inexistente.

       Talvez, a grande descoberta do homem contemporâneo já tivesse sido conhecida dos protognósticos: o ser sempre existiu, e assim nunca foi criado verdadeiramente. Esta aversão gnóstica ao tempo está implícita no Evangelho Sapiencial de Tomé.

       A antitética Sentença 105 – Jesus disse: Quem quer que conheça o pai e a mãe será chamado filho de uma prostituta36 – pretende, ocultamente, fazer entender que a encarnação compulsória – ainda que necessária – deve ser ultrapassada. O aprisionamento do eu permite a ascendência do corpo astral, e a roda das encarnações neste Plano não cessará, enquanto o leão não for devorado pelo eu. Enfim, concordando-se novamente com Harold Bloom, entende-se também que o Jesus do Evangelho de Tomé é a figura mais intelectualizada entre todas as versões de Jesus ao longo dos tempos. Mas para decifrar suas sentenças gnósticas e crípticas é preciso, no mínimo, compreender a KaBaLa. Gnose e KaBaLa são irmãs oriundas de um mesmo útero: a Tradição Arcaica. Conclui-se este ensaio discutindo, muito sinteticamente, alguns aspectos numérico-cabalísticos de certa maneira vinculados à presente revisitação, sem o que as especulações propostas sobre o Evangelho de Tomé ficariam incompletas e, talvez, ao mesmo tempo, inúteis.
A bem da verdade, é preciso compreender que a redução cabalístico-arqueométrica conduzirá sempre o número envolvido nas operações para um dígito, com exclusão do zero. Uma obra de tomo poderia ser escrita sobre estes nove algarismos. Como isso é impossível neste ensaio, escolheu-se uma palavra (ou mesmo um pensamento) para caracterizá-los. 1 (ALeF) – Deus (o Plano Superior) se manifesta pelo VERBUM DIMISSUM. Os traços contidos na letra 'ALeF' são de três sinais: homogêneos, equilibrados e proporcionados (consultar o Evangelho do Pseudo-Tomé – também apócrifo). 2 (BET) – Letra que inicia a palavra que é utilizada nas bendições superiores e inferiores (BRAShITh). 3 (GiMeL) – O UM e o TRÊS são inseparáveis. O valor pleno desta letra é 73 (3 + 40 + 30), que se reduz a UM. 4 (DaLeT) – Clemência e bondade. 5 (HE) – Constitui com VAV e com IOD o NOME SAGRADO IEVE. Esta letra está associada à força e ao poder. 6 (VAV) – Prumo (gancho) que une o que está em cima com o que está embaixo. 7 (ZaIN) – Lei Arquetípica do SETE; o princípio do movimento. De ZaIN em ZaIN o ente caminha em direção à LUZ TOTAL. Seus atributos são o triunfo e a justiça. Tudo sai do 7; tudo retorna ao 7; tudo se explica pelo 7. A Divindade. O Mundo. O Ente. Sete são também as Leis Herméticas: a) Lei do Mentalismo; b) Lei da Correspondência; c) Lei da Vibração; d) Lei da Polaridade; e) Lei do Ritmo; f) Lei do Gênero; e g) Lei da Reciprocidade. Mas antes de compreender o SETE é necessário compreender o TRÊS. Meditar sobre a TETRACTYS, bem como sobre o Sagrado Iantra Hermético, é elucidador. 3 + 4 = 7. 8 (HeT) – Purificação, preparação, barreira. Quando o oito é ultrapassado, as nove hierarquias cósmicas recebem o Iniciado. Esta letra, de certa forma, está associada ao BENDITO NOME. No Evangelho de Felipe, também apócrifo, está anunciado: Só há um nome que não se pronuncia no mundo... e que está acima de todas as coisas. E este NOME é o VERBUM. Pela misericórdia de IEVE (26 —› 8) o esforço do ser será recompensado. (Rever o Salmo 114). 9 (TeT) – Serpente. Neste ponto, o ALeF se faz TaV. Representa o REALIZADO. Cumpriu-se um ciclo reintegratório. Esta letra está associada ao BEM (TOB). TOB (9 + 6 + 2 está associada a IAO (10 + 1 + 6) – finalização compulsória da experiência terrenal. Perfeição alcançada e desobstrução para ser conquistada maior perfeição. Mas a perfeição absoluta jamais poderá ser alcançada, pois se assim absurdamente sucedesse, seria lograda a inexistência (ou inconsciência) absoluta. Acima do 9 há o 10. E também o 12. E ainda o 22. E... Por isso, volta-se à serpente. OUROBOROS. Toda solução exterior será estéril, enquanto o homem não cumprir sua transfiguração interior.37 OUROBOROS jamais é finalizada, pois a reintegração é assintótica.

 

Ouroboros

Ouroboros

 

       Os mais dignos e elevados hierofantes se prostram genuflexos perante a munificência da Consciência Cósmica (desde o incompreendido sempre) idêntica a Si Mesma. O valor secreto de nove é quarenta e cinco, que se reduz a nove. E o valor secreto de um é o próprio um. Por isso, a taça jamais secará. E, parafraseando a música, o melhor está perpetuamente acontecendo. A satisfação consigo próprio e a preguiça não permitirão que o indolente sorva o SANGUE DA VIDA. Trabalhar é preciso! O número 9 está ainda figurado no grande candelabro de ouro no culto mosaico, que é tríplice, e, assim, tem vinculação também com 7. Na verdade, este candelabro esotérico representa três letras ShIN (300 + 300 + 300 = 900 = 9). E ainda que, por outro lado, em 666 esteja oculto o próprio 9, invertido, é 999, que esconde o 27, presente no número místico-cabalístico e repetidor ilimitado 142857.

 

ALeF . . . . . ZaIN

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E
NOTAS COMPLEMENTARES

1. O Evangelho de Tomé: as sentenças de Jesus. Edição crítica, introdução, tradução do texto copta e notas de Marvin Meyer: com uma introdução de Harold Bloom. Tradução do inglês para o português de Júlio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1993, p. 33. Em João 8, 51 está escrito: Quem guardar a minha palavra não verá a morte eternamente. Esta afirmação, por sua vez, está relacionada com o que dispõe o capítulo primeiro, versículo primeiro do mesmo Evangelista. No princípio era o Verbo... Esse Verbo refere-se ao Verbum Dimissum, Verbum Inenarrabile ou Verbum Occultum – a PALAVRA PERDIDA, que deve ser (re)encontrada por todo buscador. E quem A realiza está proibido de passá-La. A tarefa de procurá-La é individual e solitária, e o (re)encontro marca o momento do grande retorno à Consciência de si mesmo. No VERBUM está inserido o próprio ALeF.
2. Ibid., p. 33. No Papiro de Oxirrinco 654, 8, 9 há um acréscimo: ... e [tendo dominado]... [repousará], apud Marvin Meyer, op. cit., p. 79. No Evangelho Gnóstico de João (considerado também apócrifo) está escrito: Tu, que pela perturbação alcançaste a sabedoria... E, no também apócrifo Evangelho de Maria Madalena, está ensinado:... onde está a mente há um tesouro... Também se acredita ser interessante recordar que em aramaico o nome de Jesus era YeShOa (Sh faz som de x). E aí surge o enigmático número 316. UM. MAeTATRON.
3. Id., p. 33. No Evangelho de Bartolomeu (também apócrifo), capítulo III, está escrito: Porque é necessário nascer de novo, para que aqueles que passaram pela prova possam entrar no reino... Na Sexta Ronda...
4. Id., p. 75. No Evangelho de Felipe (apócrifo) é contada esta parábola: Um burro, girando uma pedra de moinho, caminhou cem milhas. Quando ele foi solto percebeu que ainda estava no mesmo lugar.
5. Id., p. 73. Antes da vinda do Cristo não havia pão no mundo. Cs. Evangelho de Felipe. O SANGUE ainda não havia sido derramado. A encarnação - ou melhor, a manifestação - do Cristo Solar em YeShOa veio oportunizar à Humanidade que transmutasse sua condição de lumpen-humano, pela progressiva percepção de que é parte integrante e necessária da ASSEIDADE CÓSMICA, e não, como acontecia, entendendo-se como uma abaliedade universal. Os ensinamentos, públicos e privados, do Logos Pisciano enfatizaram que não há distinção entre coisa e coisa-em-si (númeno, qüididade, divindade etc.). Há, por outro lado, apenas imperceptibilidade, pois, a preponderância de mâyâ dificulta a realização interna do ser.
6. Id.
7. A Cabala Desvendada. Frater TEMPORATOR, ESCRIBA. 2ª ed. Curitiba: Ordem Rosacruz – AMORC; Grande Loja do Brasil, 1985, p. 104.
8. Op. Cit., p. 59. Saint-Yves D’Alveydre no Arqueômetro explica que a palavra Adão (ADaM) em sânscrito significa Unidade – Universalidade: indivisibilidade do conjunto. No já citado Evangelho de Felipe lê-se: O homem celestial tem muito mais filhos do que o homem terreno... Os filhos do homem perfeito... são continuamente gerados... Quando Eva ainda estava em Adão a morte não existia...Se ele entrar outra vez e alcançar o seu ser primordial, a morte deixará de existir. A separação dos sexos ocorreu na Terceira Raça Raiz da Ronda atual (época lemúrica). É consagrado como princípio esotérico inconteste, o fato inelutável de que o homem só se tornará um ser setenário completo e perfeito na Sétima Ronda. Recomenda-se meditar sobre os valores ocultos de ZaIN, de AIN e de ShIN. Na verdade, refletir sobre o alfabeto hebraico é iluminador.
9. O Evangelho de Tomé ..., p. 75.
10. Alquimia & Misticismo. Alexander Roob. Lisboa: Taschen, 1996, p. 466.
11. O Evangelho de Tomé ..., p. 75.
12. Id., p. 69.
13. Id., p. 47.
14. Id., p. 35. Se o leão comer o homem, comerá também seu corpo etérico.
15. A República. Platão. Introdução, tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. 5ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1987, 588e (pp. 444 e 445) e 589b (p. 445). Platão, em 588e recomenda que se faça da natureza do leão uma aliada. (E assim o lobo acabará por ser dominado pelo cordeiro). Aprender com os erros é virtude!
16. O Evangelho de Tomé, p. 35. 120 também é soma da progressão aritmética: 1 + 2 + 3... + 15, ou seja, representa o valor secreto de 15. O número 120 também simboliza iniciática e misticamente a reunião de todos em um mesmo lugar e a meritocrática vinda do Espírito Santo (Atos dos Apóstolos I, 15 e II, 1 a 4) .
17. Cs. a obra de Friedrich Weinreb El Libro de Jonas (Kabala), Buenos Aires, Editorial Sigal, 1993, passim.
18. Id., passim. Segundo a tradição arcaica, a Lei da Necessidade, presentemente, manifesta-se por 144 (cento e quarenta e quatro) anos solares em cada ciclo completo nesta Ronda. Recomenda-se, também, a consulta às obras de Helena P. Blavatsky e de Saint-Yves D’Alveydre, respectivamente A Doutrina Secreta e O Arqueômetro, passim.
19. O Evangelho de Tomé ..., p. 39.
20. A TETRACTYS oculta leis imutáveis na noite da eviternidade mâyâvica da ignorância consentida. Enquanto for consentida, as leis não poderão ser desocultadas. Minimamente, pode-se observar que a figura pitagórica oculta um hexágono e uma estrela de seis pontas (Selo de Salomão) com um ponto no centro. Este ponto, sob um aspecto, é IOD; sob outro, é HE. Entretanto, as duas letras fazem parte do SANTO NOME. Criar é colocar o fundamento da obra divina no IOD. E HE é o sopro-som que permite e determina que a vida seja. A Estrela e o Selo remetem ao número 6 (seis), com múltiplas implicações cabalísticas. É, inclusive, o valor da letra VAV, que também compõe o NOME. É VAV (gancho) que une os dois HE, ou seja, as energias (aparentemente) contraditórias do Universo. VAV é o segredo imperceptível que une relações conscientes e/ou inconscientes. Se se pensar em VAV como o Antakharana Universal, não se estará longe da compreensão inicial do mistério da vida. Na TETRACTYS estão ocultos 9 (nove) triângulos e o número DEZESSETE. Todas as leis cabalísticas estão embutidas ocultamente neste Triângulo eqüilateral. Non nobis, IEVE non nobis; sed NOMINE Tuo da Gloriam. Sobre a Divindade, talvez, seja conveniente que se proponha uma breve reflexão: Concordando com o Frater Velado e com todos aqueles que estudam os Princípios da Tradição Primordial, entende-se que AQUILO, que é, geralmente, especulado, pensado ou admitido como DIVINDADE, não pode ser compreendido ou concebido pelo ente. Este - o ente – pode, maximamente, sentir, IN CORDE, que a DIVINDADE EXISTE (É) e que pode Dela se aproximar assintoticamente.
21. Id., p. 75.
22. Id., p. 67.
23. Sentença Trigésima Quarta do Evangelho de Tomé, p. 49.
24. Id., p. 51. Quadragésima Segunda Sentença Sapiencial.
25. Id., p. 55. Qüinquagésima Oitava Sentença Arcaica.
26. Autora citada. A Doutrina Secreta: Síntese da Ciência, da Religião e da Filosofia. Volume I: Cosmogênese. São Paulo: Pensamento, 1994, pp. 127 a 129. Recomenda-se, também, a consulta às obras de Rudolf Steiner, o fundador da Sociedade Antroposófica.
27. Evangelho de Tomé ..., p. 57.
28. Alquimia & Misticismo. Alexander Roob. Lisboa: Taschen, 1997, p. 456. O ENIGMA DO REI: Eis que o rei nasceu com todas as honras/Ninguém pode nascer mais sublime,/Pela arte ou pela natureza/De qualquer criatura viva. RESPOSTA DA RAINHA: Eis que nasceu a rica e nobre imperatriz/Todos os filósofos dizem que ela e sua filha são uma só./Multiplica-se e gera inúmeros filhos Que são imortais/e sem alimento. Rosarium Philosophorum, manuscrito do século XVI. Op. cit., id. A unissexualidade adquirida é a pobreza referida por Jesus no Evangelho de Tomé, pois é geratriz de todas as mazelas.
29. Op. Cit., p. 63.
30. Cs. O Evangelho de Tomé ..., Sentença 76, p. 65. Cf. tb. Mateus 13, 45 – 46 ; Mateus 6, 19 – 20; e Lucas 12, 33. Neste momento deseja-se fazer uma breve referência ao vocábulo Absoluto, utilizado neste ensaio. Deve ficar claro que o Absoluto – o Parabrahaman, dos vedantinos, a Realidade Única, SAT – é, como diz Hegel, a um só tempo, Absoluto, Ser e Não-Ser, e contém, concomitante e irredutivelmente, o conhecedor, o conhecido e o conhecimento. Inconsciência e Consciência Absoluta são uma só e a mesma coisa. Conforme o entendimento dos teósofos, o ABSOLUTO é indefinível e nenhum mortal ou imortal O compreendeu jamais. O mutável e o limitado não podem compreender o imutável, o incondicionado e o ilimitado. A INTELIGÊNCIA PRIMÁRIA não pode ser jamais compreendida ou localizada. Por isso os cabalistas a denominaram de AIN SOPH – o incognoscível e o inominável.
31. O Evangelho de Tomé ..., p. 67. Cs. tb. as obras de Rudolf Steiner, particularmente a Ciência Oculta (esboço de uma cosmovisão supra-sensorial). 4ª ed. São Paulo: Antroposófica, 1998, passim.
32. Id., p. 69. Sentença Nonagésima Quarta.
33. Op. Cit., p. 149.
34. Id., passim.
35. Id., p. 112.
36. Id., p. 73.
37. La Letra, Camino de Vida: El Simbolismo da Las Letras Hebreas. Annick de Souzenelle. Argentina: Editorial Kier S.A., 1995, passim. Cs. tb. A Cabala (Tradição Secreta do Ocidente). Papus. São Paulo: Editora do Brasil S.A., 1983, passim. A compreensão e a transfiguração interiores só poderão acontecer pela via transracional. Transdianóica. Mais do que isso: Transnoética. Isto significa: PREPARAÇÃO! PURIFICAÇÃO! PERFEIÇÃO! Enfim, um último comentário faz-se necessário. Reproduz-se o atordoamento de Harold Bloom com a mesma estupefação: Não é um extraordinário escândalo que ‘todos’ os textos decisivos do Cristianismo sejam tão surpreendentemente tardios? Por isso, confundir catolicismo com Cristianismo é o equívoco que tem que ser ultrapassado. Reinicializar a pesquisa da Tradição e buscar a gnose são tarefas que se impõem. E então, na Sétima Raça Raiz da Sétima Ronda, talvez todos possam gloriosamente proclamar: ALI, ALI, LMH ShBHhTh-NI! (113, 113, 345, 710-26). E um novo BRAShITh se manifestará. Possivelmente, para os servidores incógnitos, retornar à Caverna seja o supremo sacrifício de fraternidade, de humildade e de amor universal a ser realizado. Afinal, quantos voltaram por amor à Humanidade? Recalcitrando em concluir este texto, reproduz-se uma sentença de Jesus inserida nas Homilias Clementinas: Reservai os mistérios para mim e para os filhos de minha casa. Um desses mistérios está oculto na desinência NI da fórmula matemático-sacramental acima reproduzida. NI equivale a NUN-I. Recorrendo à KaBaLa, esta desinência representa e oculta os valores 5, 6, 5 – 10, que são equivalentes à HVH–I - o SANTO NOME. Se se considerar o valor absoluto da letra IOD, encontra-se o valor DEZESSETE. AUM. TAT. SAT. Alguns comentários finais devem ser acrescidos. Primeiro: recordadar a fórmula rosacruz iniciática medieval – Ex Deo nascimur, In Christo morimur, Per Spiritum Sanctum reviviscimus. Segundo: ter em mente as principais características da trajetória iniciática das encarnações da Terra: Saturno – estruturação do corpo físico; Sol – estruturação do corpo etérico; Lua – estruturação do corpo astral; Terra – percepção e autonomia da personalidade-alma (eu); Júpiter – sob a determinação do eu, futura alquimização consciente do corpo astral em Manas; Vênus – sob o comando do eu, futura transmutação consciente do corpo etérico em Buddhi; e em Vulcão, sob a direção do eu, futura transmudação consciente do corpo físico em homem-espírito, ou seja, AThMa. A Hierarquia Cósmica almeja e trabalha para que o homem se torne livre. Desde o Mistério do Golgotha e, particularmente, a partir do final do século XIX, novamente sob o impulso do Arcanjo Miguel (MIAHeL), o ser singular e a Humanidade, pela primeira vez em sua história, tornaram-se aptos a receber e a realizar internamente o Cristo Cósmico. A bem-aventurança em Vulcão está disponível para todos, mas a conquista do Castelo Venturoso depende, exclusivamente, de cada um, de cada ente consciente. Peregrinar é insubstituível! Trabalhar é necessário! Conquistar é o propósito irredutível! (Recomenda-se a consulta à obra de de Rudolf Lanz, Antroposofia, Ciência Espiritual Moderna, São Paulo: Editora Antroposófica, 1989).

 

SITES CONSULTADOS

http://www.btinternet.com/~flight.site/genetica.htm

http://coolcosmos.ipac.caltech.edu/image_galleries/legacy/spitzer_M81/

 

Lótus

 
PEREGRINAR É PRECISO

ORAR É PRECISO

LER O LIVRO É PRECISO

TRABALHAR É PRECISO


ORA ET LABORA
SOLVE ET COAGULA


AUM RA MA HUM


AUM MANI ... PADME HUM

 

AUM

 

GALÁXIA

 

PAZ PROFUNDA

PAZ PROFUNDA