HOMO —› HETE —› HOMO

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

UNIMULTIPLICIDADE

 

 

 

Nenhum Filósofo Antigo nem mesmo os Cabalistas Judeus jamais dissociaram o Espírito da Matéria ou a Matéria do Espírito. Sempre souberam que todas as coisas têm sua origem no Um, e que, procedendo do Um, elas devem, finalmente, retornar ao Um. [In: A Doutrina Secreta, de autoria de Helena Petrovna Blavatsky.]

 

É muito interessante o que o médico e filósofo português, considerado o fundador da Filosofia Portuguesa, José Pereira de Sampaio – que se deu a conhecer pelo apelido Bruno (Sampaio Bruno) em homenagem ao Filósofo Italiano renascentista Giordano Bruno (1546 – 1600), que nasceu em 30 de novembro de 1857, na cidade do Porto, Portugal, na qual também viria a morrer em 11 de novembro de 1915 – deixou registrado na sua obra O Encoberto, uma passagem nitidamente de cariz neoplatônico que deixa claro sua índole gnóstica, e que reproduzo a seguir: No princípio era a Perfeição, o espírito homogêneo e puro. No segundo momento, mercê do efeito dum mistério, temos o espírito diminuído e a seu par a diferença que se tornou heterogênea, isto é o mundo. No terceiro momento, reintegrar-se-á o espírito puro, pela absorção final de todo o heterogêneo. Assim, três são os instantes supremos do crescimento. Um: é o espírito homogêneo e puro, que foi e há-de voltar a ser. Eis o ponto de partida e eis o ponto de chegada. Outro: é o espírito puro, mas, diminuído atualmente pelo destaque separativo do Universo. Enfim, o outro ainda: é esse Universo, que aspira a regressar ao homogêneo inicial.

 

 

Cristal

 

 

Já Maulana Jalaladim Maomé, também conhecido como Rumi de Bactro ou ainda apenas Rumi ou Mevlana, (30 de setembro de 1207 – 17 de dezembro de 1273), um poeta, jurista e teólogo sufi persa do século XIII, escreveu nas Odes Místicas:

 

Sendo mineral, me tornei planta.
Sendo planta, morri e me tornei animal.
Sendo animal, morri e cheguei a ser homem.
Assim sendo, por que ter medo da morte?
Um dia, morrendo como homem,
serei uma criatura de luz,
um anjo abençoado.
Mas, mesmo sendo um anjo,
continuarei o caminho.
Fora de Deus tudo se perderá.
Serei algo que não vi nem ouvi de ninguém.
Sendo uma estrela sobre estrelas,
brilharei sobre o nascimento e a morte.

 

Por tudo isto e em toda esta beleza inspirado – por favor, tenha paciência comigo – mas, eu, que, sem parar, fico perguntando sempre a mesma coisa, e que, sem parar, a mesma coisa fico sempre perguntando, sem o menor pudor nem mal-estar, perguntarei pela n-ésima vez:

 

Por que você, meu irmão,
que, como eu, já foi um bóson,
que, como eu, já foi um átomo,

que, como eu, já foi uma molécula,
que, como eu, já foi uma pedrinha,
que, como eu, já foi uma plantinha,
que, como eu, já foi um bichinho,
que, como eu, hoje, já
é um Homo sapiens,
mas, que, um dia, inevitavelmente, se tornará
uma criatura de luz,
um anjo abençoado,
uma estrela sobre estrelas,
na, verdade, um Deus Consciente,
é tão mal-ajambrado e hircoso?
É tão intolerante e preconceituoso?
É tão manipulador e mentiroso?
É tão ofensivo e criticador?
É tão cruel e sanguinário?

É tão corrupto e corruptor?
É tão deformado e aborrecedor?
É tão vantagista e explorador?
É tão submetedor e escravizador?
É tão troca-tintas e enganador?
É tão despótico e torturador?
É tão sub-reptício e atraiçoador?
É tão peculatário e malversador?
É tão autocida e matador?
É tão filho-da-puta e um horror?

 

Ora, não há uma única causa
que não produza um efeito.
Não há um único contrafeito
que não se transmute em bem-feito.
Não há um único inescorreito
que não se torne escorreito.
Não há um único imperfeito
que não se converta em perfeito.

 

No Unimultiverso,
não existe desarmonia;
a desarmonia está em nós.
No Unimultiverso,
não existem direita, nem esquerda,
nem em cima, nem embaixo.
O Unimultiverso pode ser representado
por um círculo simbólico,
cujo centro está em toda parte,
e cuja circunferência
não está em parte alguma.

As miralusões posicionais são feitas por nós.

 

 

Pontos

 

No Unimultiverso,
não existem lulistas, nem bolsonaristas,
nem trumpistas nem bidenistas.
O Unimultiverso é apartidário
e não apóia litigantes.
As opções partidárias são nossas
e os litígios estão em nós.
No Unimultiverso,
não existem má-fé nem mais-valia;
a má-fé e a mais-valia estão em nós.
No Unimultiverso,
não existem fraude nem prevaricação;
a fraude e a prevaricação estão em nós.
No Unimultiverso,
não existe separatividade;
a 'Heresia da Separatividade' está em nós.
No Unimultiverso,
não existe ofensivividade;
a ofensivividade está em nós.
No Unimultiverso,
não existe criticidade;
a criticidade está em nós.
No Unimultiverso,
não existe parcialidade;
a parcialidade está em nós.
No Unimultiverso,
não existem indiferença nem deixa-pra-lá;
a indiferença e o deixa-pra-lá estão em nós.
No Unimultiverso,
não existe xenofobia;
a xenofobia está em nós.
No Unimultiverso,
não existe homofobia;
a homofobia está em nós.
No Unimultiverso,
não existe outrofobia;
a outrofobia está em nós.
No Unimultiverso,
não existe arbitrarismo;
o arbitrarismo está em nós.
No Unimultiverso,
não existe escravagismo;
o escravagismo está em nós.
No Unimultiverso,
não existe racismo;
o racismo está em nós.
No Unimultiverso,
não existem religiosismo nem fideísmo;
o religiosismo e o fideísmo estão em nós.
No Unimultiverso,
não existem crendices nem superstições;
as crendices e as superstições estão em nós.
No Unimultiverso,
não existem deuses de barro;
os deuses de barro são criados por nós.
No Unimultiverso,
não existem mentira, nem medo, nem imitação;
a mentira, o medo e a imitação estão em nós.
No Unimultiverso,
não existe intolerantismo;
o intolerantismo está em nós.
No Unimultiverso,
não existem violação nem injustiça;
a violação e a injustiça estão em nós.
No Unimultiverso,
não existe doença;
a doença está em nós.
No Unimultiverso,
não existem 1
+ 1 = 2 nem 1 1 = 0;
o que há é 1
+ 1 = 1 e 1 1 = 1.
No Unimultiverso,
não existem
negros, nem brancos,
nem amarelos e nem vermelhos;
todos nós somos multicoloridos.
No Unimultiverso,
não existem
judeus, nem árabes,
nem católicos e nem budistas;
todos nós somos uma só Irmandade.
No Unimultiverso,
não existem
buracos nem vazios;
leibnizianamente, tudo é um 'plenum-continuum'.
No Unimultiverso,
não existem inferno nem demônios;
'in potentia', somos todos DEUSES.

 

 

 

Zeus

 

 

 

Música de fundo:

The Green Leaves of Summer
Composição: Paul Francis Webster (letra) & Dimitri Tiomkin (música)

Fonte:

http://lesboutsdchou.chez-alice.fr/midi/index.php

 

Páginas da Internet consultadas:

https://br.depositphotos.com/

https://giphy.com/explore/purple-crystal

https://cre8math.com/

http://akigifs.blogspot.com/

http://www.incomunidade.com/v12/art_bl.php?art=166

 

Direitos autorais:

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