FILOSOFIA
PORTUGUESA (IV):
O MESSIANISMO DE SAMPAIO BRUNO
Rodolfo
Domenico Pizzinga
Música
de fundo: Julia Flor
Fonte:
www.bairrovilaolimpia.com.br
/HTMSomMidDigital/SomMidi
/Portuguesa/Portuguesas.htm
TRAÇOS BIOGRÁFICOS
Sampaio Bruno
José
Pereira de Sampaio, que se deu a conhecer pelo apelido Bruno
(Sampaio Bruno) em homenagem ao Filósofo Italiano renascentista
Giordano Bruno (1546 -1600), nasceu em 30 de novembro de 1857,
na cidade do Porto, Portugal, na qual também viria
a morrer em 11 de novembro de 1915.
Formou-se em Medicina
em 1876, mas, aos quinze anos, já havia sido levado
à barra dos tribunais por ter redigido nos folhetins
O Vampiro e o Laço Branco, dois romances de ficção
intitulados Os Três Enforcados e Os Três
Frades, tendo sido, todavia, liberado pelo Tribunal em
virtude de sua pouca idade. Aos dezessete anos publicou seu
primeiro livro Análise da Crença Cristã,
no qual afirmou que um único momento de ociosidade
de Deus denotaria imperfeição. Em decorrência
disso, entendeu Bruno, Deus é permanentemente ativo
e, portanto, perpetuamente criador. Nessa obra considerou
o Catolicismo uma religião obsoleta,
anacrônica e
moribunda, e, em virtude dessa crença,
determinou-se a demolir a estrutura teológica católica
estabelecida. Esses conceitos, e outros de teor semelhante
expostos na obra brunina, levantaram muita polêmica,
importando em inflamados debates em torno de seu pensamento.
Esses debates perduram até a contemporaneidade.
Tendo saboreado
o prazer que a liberdade de expressão oferece, e cônscio
e alerta da ruidosa dissensão que sua primeira obra
causou, não parou mais de publicar suas reflexões,
quer sob a forma de artigos em jornais, quer sob a configuração
de títulos de livros, exercendo substantiva influência
sobre a geração da Renascença Portuguesa.
Entretanto, é preciso ressaltar um traço marcante
de sua personalidade: Sampaio Bruno era um homem extremamente
tímido. Devido a isso, provavelmente, tornou-se um
dos mais difíceis autores do pensamento lusíada,
recorrendo exaustivamente à oração intercalar
e à inversão, utilizando um estilo irregular,
prolixo e gongórico. Não desejando, no seu íntimo,
escandalizar a opinião pública, ainda que isso
tenha acontecido com sua primeira obra de tomo, não
expunha seu pensamento com clareza, e na fixação
gráfica de suas idéias, argumentava em dimensão
inferior à importância dos temas em si. Por tudo
isso, alguns de seus livros, como observa Pedro Calafate,
são propositadamente incompletos, deliberadamente
abstrusos. Meu saudoso amigo Eduardo Soveral
discorda dessa avaliação. Eu, com a devida vênia,
acompanho Calafate. Sei que Soveral, se vivo estivesse, não
se ofenderia com minha opinião contrária. Além
de ser um homem muito culto e liberal, gostava de mim. Foi
uma honra e um prazer tê-lo conhecido.
|
Meu
Amigo Eduardo Abranches de Soveral
Em sua obra, entre outros, três pontos são marcantes:
a exaltação do amor, as relações
interpessoais e a noção de liberdade.
Talvez, para Bruno, o primeiro degrau da escada redentora
do homem radique na autolibertação e na mesma
libertação de todos os seres, de tal sorte que
essa redenção deverá se dar paralelamente
e no seio de um envolvimento universal progressivo. Entretanto,
deve-se assinalar que a própria categoria da liberdade
nas lucubrações do Autor de A Idéia
de Deus, para não resvalar para o puro egoísmo
- o que fica evidente quando proclama e prevê uma redenção
do próprio Universo - deve conjugar-se ternariamente
à igualdade e à fraternidade.
Nesse sentido, do homem se exige que ajude e se esforce para
a eliminação do mal. Para Bruno, enfim, a liberdade
é a natureza, o próprio destino
do homem.
Admitindo uma cisão
herética(!?) entre Deus e o Universo criado, Sampaio
Bruno rejeitou a onipotência atual de Deus, mas subscreveu,
contraditoriamente, o providencialismo,
o profetismo e a escatologia.
Esses temas estão explicitados em A Idéia
de Deus (obra basicamente estruturada para se opor ao
Deísmo Racionalista de Amorim Vianna) e em O Encoberto.
Nesta última, ao discutir alegoricamente o Mito
do Sebastianismo Português, expôs sua compreensão
da filosofia da história portuguesa.
Exilou-se em Paris
por dois anos (1891-1893) em decorrência de sua participação
como um dos mentores da fracassada Revolução
Republicana de 1891. Ao retornar à Pátria, acabou
por discordar do caráter positivista que passou a preponderar
no Partido Republicano do qual era membro. Afastou-se, por
isso, da política nacional após o 5 de outubro
de 1910, para terminar seus dias como Diretor da Biblioteca
Municipal do Porto, meditando sobre seus temas preferidos:
religião e filosofia. Por seu espírito missionário,
sua vasta cultura, sua excepcional atividade e sua invulgar
originalidade, tornou-se um ponto de referência insubstituível
para compreensão da história do pensamento português.
Como afirmou José
Marinho no livro Verdade Condição e Destino
no Pensamento Português Contemporâneo, com
Sampaio Bruno, a filosofia portuguesa antecipa-se
em pontos essenciais à poesia, à razão
intuitiva, à imaginação simbólica.
Ou como escreveu Aquiles Côrtes Guimarães no
trabalho Em Torno da Questão do Absoluto no Pensamento
de Sampaio Bruno: Singular em Sampaio Bruno
é o fato de que, em momento algum, ele se desvincula
do solo da cultura portuguesa para enfrentar [qualquer
questão]. Por isto mesmo, não se trata de
um filósofo que pensou em Portugal, mas de um pensador
português comprometido essencialmente com os horizontes
da cultura lusitana.[1]
Em
vista disso, pensa-se que Sampaio Bruno seja um dos mais respeitados
e admirados filósofos portugueses, e seus escritos
inserem-se diuturnamente nas reflexões do pensamento
luso-brasileiro contemporâneo. Este trabalho, evidentemente,
não poderia examinar todo o seu pensamento; por isso,
ficou adstrito, basicamente, à sua Cosmogonia, que
se estruturou, como se verá, em três momentos
principais.
A
IDÉIA DE DEUS
Em A Idéia
de Deus, obra que o Ilustre Pensador Portuense teria
preferido que se intitulasse Amorim Vianna, seu interlocutor
privilegiado, particular e preponderantemente no último
capítulo denominado Mal e Bem, está minudenciosamente
delineado seu pensamento metafísico. A primeira observação
a fazer é sobre a estrutura da obra, que é composta
de sete capítulos, formados de duas díades cada
um, a saber: Filosofia e Metafísica; Matemática
e Poesia; Superstição e Religião; Teologia
e Moral; Contingente e Necessário; Infinito e Perfeito;
e Mal e Bem.
Da obra global brunina,
conforme já se teve oportunidade de referir, ressalta
a preocupação do pensador com o tema da liberdade,
e foi exatamente por isso - por defender a liberdade - que
foi obrigado a se exilar em Paris. José Esteves Pereira
discutiu em profundidade essa categoria, e como já
foi assinalado, a idéia do progresso em Bruno, particularmente
no que tange ao homem, é triádica, pinçando-a
e a amalgamando a duas outras: igualdade e fraternidade.[2]
Esta postulação constitui-se em um dos pilares
primordiais do pensamento filosófico do Especulativo
Portuense. Por suas posições precisas e corajosas,
Leonardo Coimbra viria a cognominá-lo Apóstolo
da Liberdade.[3] Nesse particular,
não há exagero de Leonardo.
É ainda Esteves
Pereira que chama atenção para a reflexão
brunina no que concerne ao binômio LIBERDADE
versus AUTORIDADE, e as possíveis
articulações de princípios e regimes.
O Esquema que será apresentado a seguir resumirá
esse tema .[4]
Das diversas categorias
observadas no Esquema 1, conclui-se que é evidente
que jamais poderia ter sido monárquico, comunista ou
anarquista. Para se arrematar esse tema (entretanto sem se
ter a pretensão de esgotá-lo), fica-se com a
idéia de Bruno sobre o futuro, cuja glória,
pontuou o Filósofo, será alcançar Unidade
na Liberdade.[5]
Monarquia ou Patriarcado
(governo de todos por um só) |
Democracia
(governo de todos por cada um) |
Panarquia ou Comunismo
(governo de todos por todos)
|
Anarquia
(governo de cada um
por cada um) |
Esquema 1: Autoridade x Liberdade
Mas o ponto mais
polêmico, mais discutido e mais pensado da obra brunina
aparece exatamente no livro A Idéia de Deus,
no qual o Filósofo propôs uma via especulativa
para a existência do Universo, que só aconteceu
e se mantém, devido à primitiva existência
de um Ser Homogêneo a ele superior, e, portanto, que
o excedia e excede. Do que se revisitará a seguir,
percebe-se que não poderia concordar com Amorim Vianna
quando este afirmou: Deus é permanente
e não muda: ‘est, non fit’.
Se alguma concordância há com o Racionalismo
Deísta do autor da Defesa do Racionalismo ou Análise
da Fé, é o retorno do Absoluto à
Sua homogeneidade inicial. Assim, se Vianna entendeu que Deus
é, Bruno viria a admitir que Deus seria novamente.
A percepção de Bruno para este acontecimento
é, a juízo deste leitor apaixonado das reflexões
bruninas, surrealisticamente triádica, e, portanto,
ancora-se em três momentos distintos e peculiares. Assim
deixou gravado seu esquema cosmogônico:
No
princípio era a Perfeição, o espírito
homogêneo e puro. No segundo momento, mercê
do efeito dum mistério, temos o espírito
diminuído e a seu par a diferença que
se tornou heterogênea, isto é o mundo.
No terceiro momento, reintegrar-se-á o espírito
puro, pela absorção final de todo o heterogêneo.
Assim, três são os instantes supremos do
crescimento. Um: é o espírito homogêneo
e puro, que foi e há-de voltar a ser. Eis o ponto
de partida e eis o ponto de chegada. Outro: é
o espírito puro, mas diminuído atualmente
pelo destaque separativo do Universo. Enfim, o outro
ainda: é esse Universo, que aspira a regressar
ao homogêneo inicial.[6]
HOMOGÊNEO—› |
HETEROGÊNEO—› |
HOMOGÊNEO |
PERFEIÇÃO—› |
IMPERFEIÇÃO—› |
PERFEIÇÃO |
Exagero
ou não, pode-se pensar em admitir que A Idéia
de Deus foi articulada para alcançar esse clímax,
ou seja: a proposta brunina para a existência de Deus
e, conseqüentemente, para a própria criação
do Universo e dos seres brotou antes, tendo se constituído,
possivelmente, no mote para a elaboração da
obra como um todo. Realmente, sem se pensar em minimizar o
esforço e o mérito desse insurreto Quixote Português,
o livro ora referenciado, smj, poderia resumir-se tão-só
ao último capítulo - Mal e Bem. Este
é o ápice da metafísica brunina, o ponto
nuclear de sua meditação. Conjeturando, talvez
o Autor tenha pensado que não seria dada a devida importância
a uma mensagem tão extravagantemente heterodoxa e sobrenaturalista
em um livreto de poucas páginas. E assim preferiu elaborar
uma obra mais densa e de tomo, na qual destilou toda sua insurgência
contra a tradição teológica, metafísica
e científica vigentes. Fez muito bem. Presentemente,
o autor deste modesto rascunho, quase um século e meio
depois do nascimento de Bruno, especula sobre suas especulações.
Assim é a trajetória da Filosofia.
Voltando à
coluna vertebral da cosmogonia brunina, algumas considerações
devem ser feitas relativas a cada um dos três momentos
por ele anunciados. Primeiro Momento: Deus
existe. No início Ele era a Plena Consciência.
Era Onipotente; era Invariável, Homogêneo, Infinito
e Puro. Francisco da Gama Caeiro, percucientemente, entendeu
que a única noção acessível deste
Momento é a de tempo, e como não poderia ser
diferente, com os mesmos atributos.
Segundo
Momento: ocorre a instabilidade, e acontece uma preliminar
mudança de atributos. Deus, lentamente, vai deixando
de ser Onipotente para se ir tornando Onisciente. Inicia-se
uma diferenciação de parte do Espírito
Puro. No segundo momento, do Espírito
Puro diminuído fluem para o Espírito Alterado
(tempo alterado ou heterogêneo, matéria, mundo
e movimento) permanentes emanações que o penetram,
o depuram e o incitam a retornar e a perseguir a reintegração.
Segundo Bruno, as emanações oriundas do Espírito
Puro diminuído não prevaricam à medida
que penetram no Espírito Alterado e se afastam de sua
origem. O movimento é o início e o fundamento
para o regresso ao Espírito Homogêneo. E assim,
em conseqüência de sua diminuição,
Deus - segundo Bruno - sofre da diminuição
do espírito puro e do mal da criatura.
Por isso, o homem deve libertar-se a si, libertando
os outros homens. Em decorrência dessa
linha de raciocínio oriunda de uma compreensão
à qual Bruno denominou de verdade acima
da razão(?), foi possível ao Filósofo
compatibilizar providência, milagre
e oração, tendo, por
isso, ou também por isso, colocado o Pensador Portuense
em franca oposição e em rota de colisão
com o Deísmo Racionalista de Amorim Vianna. Assim deixou
Bruno gravado em A Idéia de Deus: A
oração é a aspiração do
espírito alterado para o espírito puro; subordina-se
a uma lei transcendente de atração. O milagre
é a emanação que impulsiona o espírito
alterado a avançar na libertação. A Providência
é o concurso do espírito puro diminuído
com o espírito alterado para, pela libertação
deste, se completar, reintegrando-se o Absoluto.[7]
Do exposto, nota-se
que, em Bruno, fé e razão são harmônicas,
porque Deus e homem haverão de se encontrar, e a
Verdade, observa Caeiro, brotará dessa síntese,
e, assim, ambas são termos analíticos
de uma mesma Razão. Objeta-se, todavia, terminantemente,
à essa linha de justificativa, porque, ressalvada
compreensão mais avançada da qual não
se possui elementos para concordar, entende-se, que a fé
é um ato unilateral e solitário de exclusão
da razão — é a própria deserção
consentida da razão — e só pelo conjunto
de dogmas e de doutrinas de uma dada religião, pelas
diversas variantes de argumentos autoritários, pelo
infundado medo do desconhecido e pela infantilidade abstrusa
de desejar agradar a Deus ou a seus presumidos e autonomeados
representantes, alguém pode abrir mão de sua
LIBERDADE (o que se configura em uma incoerência
no pensamento de Bruno), e se deixar cercear por essa virtude
teologal, que só pode interessar aos detentores do
poder teológico, qualquer que seja a origem, a natureza
ou a confissão. A fé só é cabível
se ancorada em e derivada de uma EXPERIÊNCIA
PESSOAL que a justifique. Ainda assim, nada é
definitivo na humana caminhada. O ser humano obriga-se a
estar alerta para novas descobertas, e o que hoje pode ter
aparência de coisa absoluta, amanhã poderá
se modificar. Só o tolo tem compromisso inamovível
com as idéias que engendrou ou engendra. Leonardo
Coimbra refletiu magistralmente sobre esse tema e que será
examinado em Filosofia Portuguesa V. A ciência, por
outro ângulo, mostra isso a cada instante. Enfim,
na visão brunina, a meta universal do estado de coisas
que representa o Segundo Momento é o retorno ao Primeiro
Momento. O Heterogêneo deseja, precisa e há-de
se reintegrar no Homogêneo inicial. A ansiedade pela
volta à origem é permanente; a aspiração
dessa essencial espiritualidade, segundo Bruno, ainda que
rebelde, constitui-se em um fato irrecorrível; a
reabsorção no Puro Bem associa nessa trajetória
Homem e Universo. Ora, não se pode, terminativamente,
concordar com essa especulação, pois, o mal
é uma ilusão fabricada própria da humana
ignorância. Disto se serve a senda esquerda ou negra.
A Divindade e o próprio Universo estão ancorados
em Leis Eternas, Imutáveis, Neguentrópicas
e Irredutíveis, que, em última instância,
independem inteiramente da limitada razão humana.
São o que são, sempre foram e sempre serão.
Deus e o Universo não se amoldam à compreensão
do ser; é o ser que, por um supremo esforço
e pelo mérito, vai, paulatinamente, compreendendo
a consistência da Criação e realizando
sua reintegração na Consciência Cósmica,
da Qual, em realidade, nunca esteve desvinculado, afastado
ou excluído. A famosa formulação de
Protágoras o homem é a medida
de todas as coisas precisa ser melhor examinada
e comparada com os pensamentos de Santo Agostinho (Si
fallor sum: se
erro, existo) e de Descartes (Cogito,
ergo sum: Penso, logo existo).
Se, porventura, alguém se engana ao
somar 1 + 1, ao perceber que se enganou, tem a possibilidade
de corrigir o erro cometido, mas, enquanto ser pensante
(res cogitans), isto lhe garante
que existe. Fica, entretanto, uma questão em aberto:
por pensar, o ser sabe que existe ou por existir pode pensar?
O que se sabe realmente a respeito dos minérios e
minerais, vegetais e animais? Pensarão todos? De
qualquer sorte, parafraseando um belo pensamento de Nadime
L'Apiccirella, estudante de Psicologia da Universidade Federal
de São Carlos - UFSCar, a crueldade e a fraternidade
estão em lados opostos, entretanto ligadas por uma
ponte: a responsabilidade e a consciência de que somos
todos irmãos. Precisamos, assim, estar alertas com
nossos pensamentos, pois podem gerar palavras, atos e escolhas
que não são, em si, harmônicos com a
HARMONIA CÓSMICA. A única
limitada possibilidade de compreensão parcial do
funcionamento do Teclado Universal é pela Via Transnoética.
Limitadíssima, pois o ente, nesta Ronda, ainda não
completou sequer a integralidade consciente de seus sete
membros constitutivos. Por último, é preciso
ser compreendido que o ser decodifica as impressões
transnoéticas acessadas de acordo com sua capacidade
de apreensão. Logo, ainda que a LEI
seja uma e única, cada ente a realiza de forma pessoal,
sendo, ipso facto, intransferível em sua
totalidade (talvez, nem em parte) para outro ente. Esta
argumentação não se esgota aqui. É
o começo de uma grande peregrinação.
Terceiro
Momento: tendo em vista a aspiração
do heterogêneo de se reintegrar no Homogêneo,
a reintegração, segundo Bruno, far-se-á.
O espírito retomará sua homogeneidade inicial
e primordial. Assim, pode-se inferir que a trajetória
metafísica Homogêneo-Heterogêneo-Homogêneo
é equivalente, mercê do efeito
de um mistério, ao retorno circular
Onipotência-Onisciência-Onipotência. Resumindo:
ONIPOTÊNCIA—› |
ONISCIÊNCIA—› |
ONIPOTÊNCIA |
Sem
se pretender de forma alguma esgotar a análise, melhor,
a revisitação do pensamento metafísico
brunino, até porque a finalidade desta pesquisa tangencia
outro enfoque ainda que adentro da Ciência Primeira,
encerrar-se-á este item com um exame sintético
da díade mal e bem. Segundo Sampaio Bruno o homem não
poderia ter a idéia de bem se não tivesse a
idéia de mal. E o próprio triunfo episódico
do mal, segundo seu entendimento, levou-o a concluir que a
Onipotência de Deus, como se viu, havia se comprometido,
tendo toda ela diminuído, talvez, melhor, se modificado,
decaindo tal atributo para um plano inferior por assim dizer,
ou seja, para a classe tão-só de Onisciência.
Para o Especulativo Portuense os conceitos ou noções
de várias categorias têm sido sistematicamente
invertidos, isto porque, segundo ele, os idealismos otimistas
laboram todos no equívoco derivado da concepção
unitariamente absolutista do seu, reciprocamente refratário,
dualismo irredutível. Contrariando o
Ecletismo de Cousin (e nisso se aproximou de Cunha Seixas,
ainda que este último também tenha sido um eclético
superlativo), entendeu que fealdade, erro e mal são
noções positivas; e, por outro lado, negativos
são os conceitos de verdade, beleza e bem. A saúde
é, portanto, uma idealidade, sendo a doença
o estado normal do homem.[8] Talvez se possa
debitar essa linha não-reciclada e angustiosa de raciocínio
ao próprio estado de saúde de Sampaio Bruno,
que, ao longo da vida, nem sempre foi dos melhores, e, também,
ao fato de, no final de sua existência, padecer de mal
tormentoso, mas que, por timidez própria de sua personalidade,
não foi sanado, nem em tempo, nem por um especialista
que se impunha. Recorda-se que A Idéia de Deus
foi publicada em 1902, treze anos antes de seu prematuro falecimento.
Outra possibilidade que, ou anula ou se soma à primeira,
foi o lance de, ainda muito jovem, ter sofrido a sua possível
primeira grande agressão — o exílio. Outros
aspectos de sua vida pessoal podem ser apontados como prováveis
propiciadores e estimuladores dessa linha não-ortodoxa
de tratar a Metafísica como, por exemplo, as injustiças
cometidas contra seu pai, a brutalidade pedagógica
imposta por seus professores nos tempos de escola e a clariaudiência
de que era portador. Sabe-se, hoje, que a paranormalidade
(mal administrada) pode acarretar, em alguns casos, sérios
distúrbios de personalidade. Se esse foi o caso de
Bruno, adjetiva ou substantivamente, pode-se apenas presumir.
E é por isso,
conforme se apontou anteriormente, que Bruno entendeu que
a idéia de bem só pode ser sentida comparativamente
à de mal. O mal existe para que o ser possa formar
juízos e, nessa direção, Bruno entendeu
que resulta um paradoxo sarcástico negar
a existência do mal neste nosso Universo.[9]
A grande questão é examinar se o mal existe
em si e por si, ou se é produto de desarmonias e de
insanidades. Acho que, anteriormente, deixei 'no ar'
essa matéria.
Ao término
desta sucinta análise, deseja-se cotejar os entendimentos
de Aquiles Côrtes Guimarães e de Eduardo Silvério
Abranches de Soveral. O primeiro classifica o autor d’A
Idéia de Deus como um filósofo de ruptura.
Já o segundo, como de aprofundamento. O ponto de partida
das reflexões de Soveral é a análise
do que entendeu Sampaio Bruno do Catolicismo. Recorda que
a Análise da Crença Cristã constitui-se
em violenta diatribe contra o Catolicismo.
Em A Geração Nova, alguns pontos, segundo
Soveral, mantiveram-se intocados; outros sofreram alterações
conceituais. No que concerne à Gnosiologia não
há grandes alterações; relativamente
à Cultura, permanece uma subordinação
ao ideal iluminista; e quanto ao Progresso, esta obra veio
confirmar e desenvolver algumas teses subscritas
na ‘Análise da Crença Cristã’,
e negar outras.[10]
Depois da publicação
dessas duas obras, relata Soveral baseado nas próprias
declarações do Autor Portuense, Sampaio Bruno
passou por experiências insólitas de natureza
paranormal, mediúnica ou sobrenatural. Não importa
como se as interprete ou classifique, mas o fato marcante
foi a convicção adquirida por Bruno da existência
de seres supraterrestres. Dessa
forma, observa Soveral:
... se abriu
à sua razão experimental, ao seu deísmo
ético e à sua metafísica meramente
cultural, a nova visão de um monismo teológico,
que permitiu uma ‘segunda navegação’
gnosiológica e impôs uma missionação
de cariz religioso cujos procedimentos deveriam ser simultaneamente
herméticos e racionais.
É certo que superou
uma posição materialista-culturalista, que
só aceitava uma metafísica de raiz experimental,
e considerava Deus com a mais alta e fecunda idéia
do Homem, como o ideal onde as mais belas virtudes eram
elevadas ao infinito. A indecisão ontológica
das idéias e da cultura foi ultrapassada. Ao materialismo
inicial sucedeu um panteísmo espiritualista. Mas,
ainda neste, a condição humana ficou indecisa
e frustrada, sem atingir o ápice de sua dramaticidade
existencial que consiste precisamente na tomada de consciência
de que é na salvação de cada homem
‘concreto’, na decifração ‘pessoal’
do destino Humano, que está o cerne da religiosidade,
ou, se preferirmos, da relação essencial
que liga a Humanidade ao Absoluto.
E essa limitação
foi-lhe imposta pela fidelidade às posições
mestras de que expôs logo na 'Análise
da Crença Cristã': o repúdio, por
absurda, da tese da criação a partir do
nada, da noção de pessoa etc. Foi vítima
enfim, da forma preconceituosa e hostil como analisou
o Cristianismo, negando antecipadamente às suas
doutrinas a possibilidade de terem valor filosófico.[11]
Ainda que
se concorde com Soveral de que a indecisão ontológica
das idéias e da cultura tenha sido ultrapassada, e
de que do materialismo tenha n’A Idéia de
Deus brotado um Panteísmo Espiritual, não
se pode concordar que seja na salvação de cada
homem concreto que esteja o cerne da religiosidade, nem a
relação essencial que liga a humanidade ao Absoluto.
Se foi hostil ou não a forma como Bruno analisou o
Catolicismo, certamente que preconceituosa não foi.
Foi possivelmente, inusitada, infirme, inverossímil
e até, substantivamente contraditória e insustentável,
pois o que é onipotente é tudo, inclusive onisciente.
E o que é onipotente não pôde, não
pode e não poderá ser menos do que onipotente.
E se se chega ao limite de admitir o Absoluto como Onipotente,
na onipotência estão inclusas a onissapiência,
a oniparência, a onipresença e a onividência.
De passagem, não se pode, jamais, deixar de ter em
mente, que ao conjeturar sobre a Divindade e seus modos de
expressão, o homem utiliza categorias e avaliações
humanas, que são apenas reflexos ilusórios e/ou
distorcidos dessa mesma Divindade, da qual o próprio
homem ainda se encontra em um estágio placentário
de compreensão, de realização, de ascensão
e de reintegração. Assim, especulativamente,
se se valorar com o número 1 (um) cada um dos atributos
mencionados, a soma, só por equívoco ou desatenção,
pode ser interpretada como igual a 5 (cinco). Onipotência
+ onissapiência + oniparência + onipresença
+ onividência são iguais a UM,
ou seja, ONIPOTÊNCIA (1 + 1 + 1 + 1
+ 1 = 1). Pode-se usar a própria Trindade para, comparativamente,
reforçar e melhor esclarecer a asserção
anterior, ou seja: Pai + Filho + Espírito Santo = ABSOLUTO.
Não que o Absoluto dependa de cada parte em si, ou
de cada uma das Pessoas que constituem a própria Trindade,
para ser e permanecer absoluto. Em realidade, o Absoluto é
Uno porque é Trino e é Trino porque é
Uno. Esta última afirmação pode, aparentemente,
estar em contradição com a anterior, mas se
se trocar o vocábulo dependência por interdependência,
então, neste caso, talvez se possa compreender melhor
a Lei do Triângulo. Nesse lineamento especulativo entende-se
que Pai + Filho + Espírito Santo = UM,
ou seja, 1 + 1 + 1 = 1, ou que, Pai = Filho = Espírito
Santo = ABSOLUTO.[12] Em última instância:
o Pai é, o Filho é, o Espírito Santo
é, e o Absoluto, conseqüentemente, é. E
se o Absoluto é, o próprio tempo é também.
Não houve o antes, não haverá o depois.
Passado e futuro são dimensões afeitas exclusivamente
ao gênero humano, como também o é o próprio
espaço. Espaço e tempo são apenas construções
da mente humana (nesse particular, acolhe-se o pensamento
de Amorim Vianna). Com o advento da Teoria da Relatividade,
o entendimento sobre o espaço e sobre o tempo passou,
na verdade, a ser representado por um contínuo espaço-tempo
quadridimensional. Agora, a admissibilidade de que a Onipotência
de Deus mercê do efeito dum mistério(!?)
tenha se alterado, se apoucado ou se subtraído a si
própria, e se reduzido tão-somente à
onisciência, pode, smj, ser admitida como uma ponderação
ilógica, artificial, insustentável e inaudita,
jamais como preconceituosa. Sacar do nada uma afirmação
como essa, tendo por base, exclusivamente, o apoiamento da
expressão mercê do efeito dum mistério,
é arremessar ao vazio os cânones do pensar filosófico
e desconhecer o mais elementar (mas de veracidade insubstituível)
princípio esotérico: Assim como
em cima, é embaixo. Na verdade, é
e não é. Por isso, o raciocínio
noético utilizado algumas linhas atrás, para
contraditar o absurdo brunino, é, ao mesmo tempo, também,
talvez absurdo, e, provavelmente, inverossímil. O exercício
filosófico que se propôs, pode entusiasmar o
aprendiz despreparado, mas não convencerá o
místico evoluído, nem o iniciado ou o ocultista
autênticos. Onipotência, onissapiência,
oniparência, onipresença e onividência
são, tão-somente, entre outros, meros vocábulos
dialeticamente derivados das especulações teoontognosiológicas
da mente objetiva (ou subjetiva, que nada mais é do
que um degrau acima da objetiva), que expressam o estágio
psicológico e espiritual-religioso da consciência
do ser singular, no sentido de tentar compreender a ilimitabilidade
cósmica (in)criada, relativamente à Divindade
(abstrata ou concreta), que presumidamente a criou. Se a criou!
Mas, ainda que Bruno, presumidamente, nada tenha conhecido
da Tradição Primordial, reconhece-se e se aplaude
seu arrojo propugnador, já que a própria Tradição,
também, paradoxalmente, desvela-se sutilmente no âmbito
do contraditório. Por tudo isso, agasalha-se o pensamento
de Aquiles Guimarães. Sampaio Bruno, compreende-se,
foi um pensador de ruptura, que independente de qualquer juízo
ou análise – por mais duros e veementes que sejam
– que se faça de sua obra, revelou-se sim, e
aí se concorda com Soveral, um verdadeiro Missionário
e Herói Português, que dedicou sua vida ao progresso
moral e material da humanidade, e, em particular, do seu País.
Contemporaneamente, o próprio Soveral, insere-se nesta
categoria de pensadores. Este autor declara-se saudoso da
convivência amiga e fraterna de que desfrutou com o
Insigne Portuense Eduardo Soveral. Foi em um modesto restaurante
na Cidade do Porto, bebericando Água Mineral Luso,
por mais de quatro horas, que recebeu sua primeira magna aula
sobre Filosofia Portuguesa. Inesquecível momento de
reflexão, de aprendizado e de bondade. Irrefragavelmente,
Soveral encontrou o Céu de sua compreensão.
Estará filosofando com Sampaio Bruno?
Prosseguindo: Até
porque, manter posições irreduzíveis,
encastelar-se em princípios irredutíveis, constitui-se
em um cousismo, como, em seqüência,
já se afirmou, diria Leonardo Coimbra. E, em Bruno,
percebe-se, há mudança, há aprofundamento
em muitas de suas teses juvenis. O que não significa
que não tenha havido ruptura. Aliás, o que mais
se observa em A Idéia de Deus é
um fabuloso rompimento que jamais sofreu reconciliação
com a dogmática católica. Cunha Seixas representou
outro exemplo de filósofo de ruptura, pois tendo também
se insurgido contra a divina religião, dela se afastou
e formulou, como se reviu, um sistema espiritualista original,
cuja ontognosiologia contrasta vertical e horizontalmente
com sua formação religiosa iniciada no seio
da família, em Trevões, e que haveria de se
esgotar, mais tarde, em Coimbra, quando, inclusive, decidiu
abandonar o Curso de Teologia que havia iniciado. Domingos
Tarrozo é outro filósofo que se insere nessa
categoria, e sua Filosofia da Existência precisa ser
melhor examinada pelas elites pensantes, portuguesa e brasileira.
Ousa-se afirmar que há mais coerência na cosmogênese
tarrozina, do que na metafísica heterodoxa de Bruno,
ainda que teleologicamente otimista, ainda que a teleologia
seja uma contradição da noesis. Outra
ilusão da razão(?!), portanto, é a admissão
de que o Universo progride para um télos.
O Universo é; não virá-a-ser.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclusivamente:
ainda que em Bruno tenham ocorrido modificações
e abrandamentos em alguns temas elaborados nos anos verdes,
nenhum filósofo português rompeu tanto quanto
ele no tocante à idéia de Absoluto. Foi, inquestionavelmente,
um dos mais heréticos representantes do moderno pensamento
português. Concordar ou não com suas idéias
é privilégio de quem o lê, como privilégio
foi ter o Especulativo Portuense ousado refletir em instâncias
tão particulares e de tão difíceis compreensão
e interpretação. Ele meditou e teve ousadia
e coragem de divulgar o conteúdo de suas pesquisas.
Por isso, deve ser respeitado e amado como uma luz a mais
na caminhada de todos quantos buscam uma compreensão,
que acalme, dê segurança, ofereça liberdade,
e proporcione independência, enquanto seres neste plano
de existência. E, por último, deve-se ter sempre
presente que qualquer monografia ou ensaio antes de serem
analisados, devem ser compreendidos, ou seja, todo texto é
contextual por natureza. A advertência, com a qual integralmente
concordo, é de Soveral. Assim, autor e época
estão inapelavelmente associados. Problemas que o inquietem,
experiências pessoais, políticas e sociais, influências
literárias etc., devem ser cuidadosamente considerados
no exame seqüencial do pensamento filosófico,
sociológico, político ou qualquer outro da obra
completa de um pesquisador. O que não se pode e não
se deve é contemporizar com especulações
que contrariem um outro modo de perceber e de sentir uma dada
questão específica. O contrário seria
hipocrisia. No mínimo. Mas, embaralhar Teologia com
Filosofia só produz anarquia, e, como ensinou Pitágoras,
este é o pior dos males. Pior é especular em
matérias que se conhece pouco ou que se desconhece
inteiramente. Isto poderá comprometer o próprio
e o outro. Sob outra visada, divulgar o que não pode
ou não deve ser propagado, é uma irresponsabilidade.
Acredita-se que nem o próprio Bruno compreendeu exatamente
a especulação metafísica que planeou
articular.
DADOS SOBRE O AUTOR
Mestre
em Educação, UFRJ, 1980. Doutor em Filosofia,
UGF, 1988. Professor Adjunto IV (aposentado) do CEFET-RJ.
Consultor em Administração Escolar. Presidente
do Comitê Editorial da Revista Tecnologia & Cultura
do CEFET-RJ. Professor de Metodologia da Ciência e da
Pesquisa Científica e Coordenador Acadêmico do
Instituto de Desenvolvimento Humano - IDHGE.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
In: Colóquio Antero de Quental dedicado a Sampaio Bruno,
p. 165.
2. A Liberdade em Sampaio Bruno,
Colóquio Antero de Quental Dedicado a Sampaio Bruno,
passim.
3. Apud José Esteves Pereira, ibid., p. 70.
4. Ibid., p. 76.
5. O Encoberto, Sampaio Bruno, p.
378.
6. Op. cit., p. 343.
7. Ibid., pp. 347-8.
8. Ibid., p. 299.
9. Ibid., p. 321.
10. As Primeiras Posições Filosóficas
de Sampaio Bruno, Eduardo Abranches de Soveral;
In: Colóquio Antero de Quental Dedicado a Sampaio Bruno,
passim.
11. Ibid., p. 193.
12. Ao se discordar do pensamento de Sampaio Bruno e tomar
como exemplo a própria Trindade, não se dá
a interpretação usual para a Pessoa do Filho
a Jesus, o Cristo. Há que se ponderar ainda, que a
argumentação utilizada para contraditar o grande
catequista do amor que foi Bruno, apesar de se utilizarem
números, a controvérsia está longe de
se constituir ou de se reduzir a expressões matemáticas.
Ao contrário: o argumento brunino é que pode,
salvo melhor opinião, ser assim interpretado, ou seja:
Espírito Puro Diminuído = Espírito Puro
Onisciente + Universo, ou, Onisciência = Onipotência
– Universo. Por outro lado, afirmar
que Deus é providente, bom, amoroso, paciente, justo,
misericordioso, verdadeiro, doador de graças, tolerante,
sábio etc. não representa nada de definido ou
de positivo acerca da Divindade em si. Tais conceitos representam,
ao contrário, tão-só categorias das quais
o homem pode e deve emular Seus Atributos. Enfim, como ensina
um famoso rabino: estas afirmações
não são feitas a respeito de Deus e sim para
o homem.
BIBLIOGRAFIA
ANAIS DO COLÓQUIO ANTERO DE QUENTAL DEDICADO
A SAMPAIO BRUNO. Rio de Janeiro, 1993.
SAMPAIO BRUNO, José Pereira de. A dictadura.
Porto: Lello & Irmão Editores, 1909, 293 p.
______. A idéia de Deus.
Porto: Lello & Irmão, Editores, 1902, 483 p.
______. A questão religiosa.
Col. Obras de José Sampaio Bruno: Porto: Lello &
Irmão Editores, s.d., 449 p.
______. Geração nova. Porto:
Lello & Irmão Editores, 1984, 334 p.
______. Notas do exílio.
Porto: Lello & Irmão Editores, 1986, 397 p.
______. O Brazil mental. Porto: Lello & Irmão Editores,
1898, 470 p.
______. O encoberto. Porto: Lello
& Irmão Editores, 1983, 335 p.
______. Os cavaleiros do amor (Plano de um livro
a fazer). Porto: Guimarães Editores,
1960, 216 p.
______. Os modernos publicistas portugueses.
Porto: Lello & Irmão Editores, 1987, 368 p.
______. Porto culto. Porto: Magalhães
& Moniz Editores, 1912, 518 p.
______. Portuenses illustres. Vol.
I e II. Livraria Magalhães & Moniz Editora, 1907,
818 p.
SITES
CONSULTADOS
http://www.instituto-camoes.pt
/cvc/filosofia/rep6.html
http://www.supphoto.net
/galerie/photos/portugal/index.php
http://www.geocities.com
/nowarski99/pt/1.htm
http://www.ensayistas.org
/filosofos/portugal/soveral/
http://www.ehu.es
/~uppbacol/4.html
http://www.bn.pt/