HENRI NOUWEN
(Pensamentos)

 

 

 

Henri Nouwen

Henri Nouwen

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Introdução e Objetivo do Estudo

 

 

 

Este estudo é um conjunto de trechos seletos de autoria do escritor católico holandês, teólogo e padre Henri Jozef Machiel Nouwen, que amava escrever livros, fazer amigos, criar comunidades e partilhar histórias. Em O Retorno do Filho Pródigo, seu livro mais famoso, Nouwen descreve o amor e o perdão como sendo incondicionais. Nouwen também escreveu vários tratados sobre a necessidade de se ter uma cultura de paz. Ele utilizou o Amor do Pai como uma justificativa para a preservação da vida, assim dizendo não para todas as guerras.

 

Confiteor humildemente que, para mim, é muito difícil, para não dizer que é impossível, aceitar in totum o pensamento teológico como caminho de reintegração. Eu preciso entender as coisas, logo não consigo engolir nenhum tipo de dogma, que, por definição, é indiscutível e cuja verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar. Como eu questiono e escarafuncho tudo... Mas, reconheço que todos os pensadores devem ser estudados, pois, entre concordâncias e discordâncias, aceitabilidades e inaceitabilidades, conciliações e inconciliações, algumas coisas sempre são acrescentadas. E o pensamento do Padre Nouwen é recheado de coisas muito interessantes. Acho que você irá gostar.

 

 

Nota Biográfica

 

 

 

Henri Jozef Machiel Nouwen (Nijkerk, 24 de janeiro de 1932 – Hilversum, 21 de setembro de 1996) foi um católico holandês, teólogo, padre e escritor, autor de 40 livros sobre vida espiritual. Trabalhou na Universidade de Harvard, na Universidade de Yale e no Seminário Teológico de Ontário, Canadá. Seus livros foram traduzidos em mais de 20 idiomas e venderam mais de 20 milhões de cópias. Seu livro mais famoso é O Retorno do Filho Pródigo, baseado em sua contemplação da pintura homônima de Rembrandt Harmenszoon van Rijn (Leida, 15 de julho de 1606 – Amsterdam, 4 de outubro de 1669).

 

Passando por longo período de declínio físico, o qual relatou como crônica em seu livro final Jornada Sabática, Nouwen faleceu em 21 de setembro de 1996 de um repentino ataque cardíaco.

 

Em sua biografia, escrita por Michael Ford, jornalista da BBC, chamada O Profeta Ferido, publicada após a morte de Nouwen, é afirmado que Nouwen se tornou completamente pacificado com sua tendência (preferência) sexual nos últimos anos de sua vida, e que, por outro lado, sua depressão foi em parte causada por esse conflito entre seu voto de caelibatus, o sentimento de solidão e a necessidade de intimidade. Ford conjecturou: isto se tornou um enorme jogo emocional, espiritual e físico em sua vida, e pode ter contribuído para a antecipação da sua morte. Todavia, não existem evidências que Nouwen, em algum momento, tenha quebrado seu voto de caelibatus.

 

 

 

O Retorno do Filho Pródigo (Rembrandt)

O Retorno do Filho Pródigo
(
Rembrandt)

 

 

 

Pensamentos Nouwenianos

 

 

 

Minha esperança é que a descrição do Amor de Deus na minha vida possa lhe dar a liberdade e a coragem para descobrir o Amor de Deus na sua.

 

A questão não é como posso conhecer Deus, mas, como posso deixar que Deus me conheça. Finalmente, a questão não é como vou amar a Deus, mas, como vou me deixar amar por Deus. Deus anda longe, à minha procura, tratando de me encontrar e desejando me levar para Casa.

 

Terei menor tendência a negar meu sofrimento quando aprender que Deus o usa para me moldar e me atrair para mais perto de Si. Deixarei de ver minhas dores como interrupções dos meus planos e serei mais capaz de vê-las como meios de Deus me fazer pronto a recebê-Lo. Deixarei Cristo viver junto às minhas dores e perturbações.

 

O grande desafio espiritual é descobrir, com o passar do tempo, que o amor limitado, condicional e temporal que recebemos dos pais, cônjuges, filhos, professores, colegas e amigos é um reflexo do amor ilimitado, incondicional e eterno de Deus.

 

Você se sente mais seguro se apegando a um triste passado do que confiando em um novo futuro?

 

A oração contemplativa aprofunda em nós o conhecimento de que já somos livres, que já encontramos um lugar para habitar, ainda que tudo e todos ao nosso redor digam o contrário.

 

Mantenha seus olhos em Aquele que se recusa a transformar pedras em pão, que não pula de uma grande altura e abdica de governar com grande poder temporal. Mantenha seus olhos em Aquele que diz: Bem-aventurados são os pobres, os mansos, os que choram e aqueles que têm fome e sede de justiça; bem-aventurados são os misericordiosos, os pacificadores e aqueles que são perseguidos por causa da justiça. Mantenha seus olhos em Aquele que é pobre com os pobres, fraco com os fracos e rejeitado com os rejeitados. Aquele que fez estas coisas é a fonte de toda a paz.

 

Aqueles que tentam evitar todo risco, aqueles que tentam garantir que seu coração não seja quebrado, terminam em um inferno criado por eles mesmos.

 

Um homem consegue manter sua sanidade mental e sobreviver, contanto que exista pelo menos uma pessoa esperando por ele.

 

Confiança é a convicção íntima de que o Pai me quer de volta à Casa.

 

O que nos torna humanos não é a mente, mas, o Coração, não é a habilidade de pensar, mas, a capacidade de amar.

 

Os pobres com quem convivi me revelaram os tesouros de uma espiritualidade cristã que estivera escondida de mim em meu mundo abastado. Mesmo tendo pouco ou nada, eles me ensinaram a verdadeira gratidão. Mesmo lutando com desemprego, desnutrição e muitas doenças, me ensinaram a alegria.

 

O caminho para subir [reintegração] é descer.

 

 

 

 

Minha necessidade de ter amigos, afeição e aceitação estão exatamente aqui para que todos possam ver. Jamais vivi tão profundamente a verdadeira natureza do ministério pastoral: estar com o próximo em compaixão. O Ministério de Jesus é descrito na 'Carta aos Hebreus' como sendo de solidariedade com o sofrimento humano. Chamar a mim mesmo de padre, hoje, me desafia radicalmente a abandonar qualquer distância, todo e qualquer pequeno pedestal e toda e qualquer posição de poder, e me desafia a associar minha própria vulnerabilidade à daqueles com os quais vivo. E que alegria isso traz! A alegria de pertencer, de fazer parte de algo, de não ser diferente.

 

Almejamos crescimento sem crise, cura sem dores, ressurreição sem cruz. Não é de admirar que gostemos de assistir a desfiles militares e de aplaudir heróis que retornam, operadores de milagres e recordistas. Também não é de admirar que nossas comunidades pareçam organizadas para manter o sofrimento à distância. As pessoas são sepultadas de maneira a disfarçar a morte com eufemismos e ornamentação rebuscada.[1]

 

Cristo nos convida a permanecer em contato com os muitos sofrimentos de cada dia e a experimentar o começo da esperança e da nova vida, justamente aí onde vivemos, no meio das feridas, das dores, das falências. Terei menor tendência a negar meu sofrimento, quando aprender que Deus o usa para me moldar e me atrair para mais perto de si. Deixarei de ver minhas dores como interrupções dos meus planos e serei mais capaz de vê-las como meios de Deus me fazer pronto a recebê-Lo. Deixarei Cristo viver junto às minhas dores e perturbações.

 

Assim como Jesus, quem proclama a libertação é convidado não só a cuidar dos próprios ferimentos e dos ferimentos do outro, mas, também, a fazer de seus ferimentos uma fonte maior do poder que cura.

 

Ninguém pode esconder sua experiência de vida daqueles aos quais quer ajudar.

 

Defeitos e fidelidade não suplantam um ao outro, mas, coexistem.

 

O sofrimento é curador porque afasta a falsa ilusão de que integridade pode ser dada de um ser para outro. É curador porque não extrai a solidão e a dor do outro, mas, convida a reconhecer sua solidão em um plano que possa ser partilhada. Muitas pessoas nesta vida sofrem porque estão procurando ansiosamente pelo companheiro, pelo evento ou encontro que as livrará da solidão. Mas, quando entram em uma casa de real hospitalidade, percebem logo que seus próprios ferimentos devem ser entendidos não como fontes de desespero e de amargura, mas, como sinais de que têm que caminhar para frente, obedecendo aos sons do chamado de seus próprios ferimentos.

 

A Vida Espiritual não nos remove do mundo, mas, sim, leva a nos aprofundarmos nele.

 

Alcançar o topo, ficar sob as luzes, quebrar recordes – é isto que chama a atenção, nos coloca na primeira página do jornal e nos oferece as recompensas do dinheiro e da fama. O caminho de Jesus é radicalmente diferente. Não é o caminho da mobilidade ascendente, mas, o da mobilidade descendente. Está em ir para o fundo, ficar nos bastidores e escolher o último lugar!

 

 

 

Paul Brand era médico e missionário em uma colônia de leprosos. Uma das muitas frases que ele nos deixou foi: ame a sua dor. Ao nos explicar o significado desta frase, ele se baseou em sua experiência como médico e como missionário. Uma vez, ele nos disse que tínhamos uma imagem errada dos leprosos, ao imaginá-los sempre sem os dedos ou até mesmo sem o nariz. Na verdade, chegamos à conclusão errônea de que estas mutilações são conseqüência da lepra (Hanseníase ou Doença de Hansen) em si. O que ocorre é que os leprosos perdem a sensibilidade. É o que a Doença de Hansen realmente causa: ela faz que as pessoas não sintam dor. Elas podem tocar um fogão ou uma panela sem se dar conta que eles estão queimando de quente, até que um dedo caia. Ou coçar o nariz até que ele se infeccione e acabe caindo. Agora fica muito claro o que o Dr. Brand quis dizer ao nos aconselhar a amar a nossa dor. Todo tipo de dor nada mais é do que uma espécie de conselheiro, que nos diz algo sobre nós mesmos. Ela pode ser física, emocional ou mesmo espiritual. Podemos estar doentes, experimentar uma série de sentimentos ou nossas vidas podem estar sem rumo. O Dr. Brand costumava dizer que devíamos amar nossa dor, e parte deste amor se manifestaria na possibilidade de podermos investigar as suas origens. Do mesmo modo que ocorre com uma pérola de grande valor, podemos descobrir alguma coisa sobre nós mesmos. Mas, que tipo de coisa poderíamos descobrir a nosso respeito? Isto é uma decisão que varia de pessoa para pessoa. Um outro médico, Dr. David D. Burns, escreveu um livro sobre as diferentes origens do desconforto psicológico. O título do livro é 'Sentindo-se Bem: A Nova Terapia do Humor.' Neste livro, o Dr. Burns, que é professor de Psiquiatria, discute as possíveis causas do desconforto psicológico. É um livro que vale a pena ler. Como vocês devem ter notado, acredito que noventa e cinco por cento do sofrimento humano é desnecessário e, em grande medida, de origem neurótica. Quando uma pessoa querida morre, nunca mais veremos esta pessoa novamente. Isto sim é que é sofrimento. Mas, sempre podemos fazer algo para minorar nosso complexo de culpa, nossa ansiedade em relação ao futuro ou nosso complexo de inferioridade, e é isto o que sempre deveríamos fazer. Como diria o Dr. Brand, devemos amar a nossa dor e investigar as suas causas, onde quer que elas estejam. Quanto mais nos deixarmos abater pela dor, menor será a nossa capacidade de amar e de cuidar do próximo.

 

 

 

A verdade está sempre na forca, e a mentira, no trono.

 

Sempre que houver perdas, haverá opções. Você pode escolher viver suas perdas com raiva, culpa, ódio, depressão e ressentimento, ou você pode optar por usá-las para crescer um pouco mais.

 

Quando entendermos que não devemos fugir dos nossos problemas e das nossas dores, mas, que devemos nos mobilizar na busca de soluções, essas dores serão transformadas em expressões de esperança.

 

A oração hesicástica, que leva ao descanso em que a alma habita com Deus, é a Oração do Coração. Para nós que damos tanta importância à mente, aprender a rezar com o Coração tem importância especial. Os Padres do Deserto[2] nos mostraram o caminho. Embora não exponham nenhuma teoria sobre a oração, suas narrativas e seus conselhos concretos apresentam as pedras com as quais os autores espirituais ortodoxos mais tardios construíram uma espiritualidade magnífica. Os autores espirituais do monte Sinai, do monte Atos e os startsi da Rússia oitocentista se apóiam todos na tradição do deserto. Encontramos a melhor formulação da Oração do Coração nas palavras do místico russo Teófano, o Recluso: Rezar é descer com a mente ao Coração e ali ficar diante da face do Senhor, onipresente, onividente dentro de nós. No decorrer dos séculos, esta perspectiva da oração tem sido central no hesicasmo. Rezar é ficar na presença de Deus com a mente no Coração, isto é, naquele ponto de nossa existência em que não há divisões nem distinções e onde somos totalmente um. Ali habita o Espírito de Deus e ali acontece o grande encontro. Ali, Coração fala a Coração, porque ali ficamos diante da Face do Senhor, onividente, dentro de nós. A Oração do Coração dirige-se a Deus a partir do centro da pessoa e, assim, afeta toda a nossa compaixão.

 

O lugar da LLuz, o lugar da Verdade, o lugar do Amor é onde quero estar, embora eu tenha muito medo de chegar a atingi-lo. É o lugar onde receberei tudo o que desejo, tudo o que sempre esperei, tudo aquilo de que vou ter necessidade. Mas, é também o lugar onde tenho de largar tudo o que quero reter. É o lugar que me confronta com o fato de que aceitar de verdade o amor, o perdão e a cura é freqüentemente muito mais duro do que concedê-los. É o lugar para além daquilo que cada um, por si mesmo, pode obter ou merecer, das recompensas que possa merecer. É o lugar da rendição e da total confiança.[3]

 

Sou chamado a entrar no santuário bem dentro do meu próprio ser onde Deus escolheu fazer Sua morada.

 

Ter coragem é escutar o Coração, falar com o Coração e agir com o Coração.

 

A confrontação só é frutífera no amor.

 

É tão importante é viver bem como recordar bem o que foi vivido.

 

A ausência e a presença se tocam.

 

 

 

 

Não quero me queixar deste mundo passageiro, mas, me centrar no eterno que brilha em meio ao temporal.

 

Não podemos proceder passivamente à espera que alguém apareça para nos oferecer sua amizade. Como pessoas que acreditam no amor de Deus, temos de ter a coragem e a confiança de dizer a alguém, através do qual o amor de Deus se torna visível para nós: 'gostaria de conhecê-lo', 'gostaria de passar algum tempo com você', 'gostaria de ser seu amigo.' O que você acha?

 

O líder cristão do futuro será chamado a estar neste mundo sem ter nada a oferecer, a não ser a sua própria pessoa vulnerável.

 

A primeira tentação de Jesus era para ser relevante: transformar pedras em pão. Oh!, quantas vezes desejei ter este poder ao caminhar pelo arredores de Lima, no Peru, onde crianças morrem de fome e por causa da água contaminada! Eu não seria capaz de rejeitar esse dom mágico de transformar as ruas de pedras empoeiradas em lugares onde as pessoas pudessem pegar uma pedra e descobrir que era um pãozinho.

 

A segunda tentação à qual Jesus foi exposto foi precisamente a tentação de fazer algo espetacular, algo que pudesse Lhe render grandes aplausos. Atira-te do pináculo do templo e deixa que os anjos te segurem e te carreguem em seus braços. Mas Jesus se recusou a ser um super-homem. Ele não veio para se mostrar. Ele não veio para caminhar sobre brasas incandescentes, para engolir fogo ou para colocar a Sua mão na boca do leão para demonstrar o grande valor do que tinha a dizer. Quando você olha a igreja de hoje, é fácil ver o predomínio do individualismo entre ministros e líderes. Pode-se dizer que a maioria de nós se sente como um trapezista fracassado, que não tinha poder para atrair multidões, que não conseguia promover muitas conversões, não tinha o talento para criar belos programas, que não era tão popular entre os jovens, os adultos ou os idosos como esperava, e que não era tão capaz de atender às necessidades do povo como queria. Ao mesmo tempo, a maioria sente que deveria ter sido capaz de fazer tudo isto, e de fazê-lo com sucesso. A ambição de ser uma estrela ou herói individual, que é tão comum na nossa sociedade competitiva, também não é um sentimento estranho na igreja. Lá também a imagem dominante é aquela do homem ou mulher que conseguiu o sucesso sem a ajuda de ninguém ou daquele que pode fazer tudo sozinho.

 

Todos sabem qual foi a terceira tentação de Jesus. Foi a tentação do poder. O diabo disse a Jesus: Eu te darei todos os reinos deste mundo e a sua glória. Uma das maiores ironias da história do Cristianismo é que os seus líderes constantemente caíram ante a tentação do poder – poder político, poder militar, poder econômico, poder moral e poder espiritual – muito embora continuassem a falar no nome de Jesus, que não se apegou ao Seu Poder Divino, mas Se esvaziou a Si-mesmo e Se tornou como um de nós. A tentação de considerar o poder um instrumento apto para a proclamação do Evangelho é a maior de todas. Estamos sempre ouvindo de outros, e dizendo a nós mesmos, que ter poder (desde que o usemos no serviço de Deus e em favor dos seres humanos) é uma boa coisa. Mas, era com este raciocínio que cruzadas foram realizadas, inquisições foram instituídas,índios foram escravizados, posições de grande influência foram cobiçadas, palácios episcopais, catedrais esplêndidas e opulentos seminários foram construídos e muita manipulação de consciência foi usada. Toda vez que vemos uma grande crise na história da igreja, notamos que a maior causa da divisão é sempre o poder exercido por aqueles que dizem ser seguidores do pobre e despojado Jesus. O que torna a tentação do poder aparentemente tão irresistível? Talvez, porque o poder ofereça um fácil substituto para a difícil tarefa de amar. Parece mais fácil ser Deus do que amar a Deus, mais fácil controlar as pessoas do que amá-las, mais fácil ser dono da vida do que amar a vida.[4]

 

É mais fácil voltar para a estrada quando se está no acostamento do que quando já se atravessou todo o caminho de um brejo.

 

'Onde a morte é declarada, a esperança encontra as suas raízes.' (Epitáfio em uma cruz de madeira sem adornos na Irlanda do Norte, apud Henri Nouwen).

 

Assim como só chegaremos a conhecer o nosso verdadeiro Eu nos deixando conhecer em Cristo e através Dele, também só poderemos chegar a conhecer os verdadeiros acontecimentos do nosso tempo no Cristo e através Dele. A nossa verdadeira história se revela mediante a história de Cristo.

 

A distinção entre a esfera privada e a pública da vida é falsa, e tem originado muitos dos problemas com que nos debatemos atualmente. Na vida cristã, a distinção entre uma vida privada (só para mim) e uma vida pública (para os outros) não existe.

 

A propósito da castidade: Para um cristão, mesmo as fantasias, os pensamentos, as emoções e os atos mais íntimos são um serviço ou um prejuízo para a comunidade.

 

A fortaleza mental e espiritual de uma comunidade depende, em grande medida, da maneira como os seus membros vivem as suas vidas mais íntimas como um serviço aos seres humanos.

 

O amigo que consegue ficar em silêncio conosco em um momento de confusão ou de desespero, que pode ficar conosco em horas de lamento e de luto, que consegue tolerar o fato de não saber...não curar...não sarar... esse é o amigo que se importa.

 

O Silêncio é a morada da Palavra...

 

Ao entrar no mundo, somos aquilo que nos é dado e, durante muitos anos depois disso, pais e avós, irmãos e irmãs, amigos e amantes continuam nos dando – alguns mais, alguns menos, alguns hesitantemente, alguns generosamente. Quando podemos finalmente nos firmar em nossos próprios pés, pronunciar as nossas próprias palavras e expressar o nosso próprio ser singular no trabalho e no amor, percebemos o quanto nos é dado. Mas, ao mesmo tempo em que atingimos o auge do nosso ciclo e dizemos com uma grande sensação de autoconfiança eu realmente sou, sentimos que para preencher nossa vida, somos agora solicitados a nos tornar, nós mesmos, pais e avós, irmãos e irmãs, amigos e amantes e dar aos outros para que, quando deixarmos este mundo, possamos ser aquilo que demos.

 

Perdão: amor praticado entre pessoas que amam defeituosamente.

 

Digo com freqüência: — Eu perdôo você. Mas, mesmo quando digo estas palavras, meu Coração continua zangado ou ressentido. Ainda quero ouvir a história que me diz que eu estava certo, afinal de contas; ainda quero ouvir pedidos de desculpas e justificativas; ainda quero ter a satisfação de receber algum louvor em troca — pelo menos o louvor de ser tão perdoador! O perdão de Deus, contudo, é incondicional; ele vem de um Coração que não exige nada para Si-mesmo, um Coração que está completamente vazio de interesses próprios. É o Perdão Divino que tenho de praticar em minha vida diária. Ele me convoca para continuar passando por cima de todos os meus argumentos que dizem que o perdão é loucura, doentio e impraticável. Ele me desafia a passar por cima de toda a minha necessidade de gratidão e de elogios. Finalmente, ele exige de mim que eu passe por cima daquela parte ferida do meu Coração, que se sente machucada e maltratada e que deseja ficar no controle e colocar algumas coisas entre mim e a pessoa a qual sou solicitado a perdoar.

 

Não é fácil dar a nossa agenda para Deus, mas, quanto mais o fizermos, tanto mais o 'tempo do relógio' irá se transformar no 'Tempo de Deus' e o 'Tempo de Deus' é sempre a plenitude do tempo.

 

Auto-rejeição é a maior inimiga da vida espiritual.

 

Orar é entrar em comunhão com Deus, que nos moldou no útero de nossa mãe com amor, e apenas com amor. Lá, no primeiro amor, está nosso verdadeiro Eu, que não é feito das rejeições e aceitações daqueles com quem vivemos, mas, que está solidamente enraizado em Aquele que nos chamou à existência. Na Casa de Deus fomos criados. A esta Casa somos chamados de volta. A oração é o ato do retorno.

 

Sem o Silêncio a Palavra perde o sentido.

 

Em sua insuficiência, os deficientes mentais revelam Deus a nós e nos mantêm perto do evangelho.

 

Grande parte da violência é baseada na ilusão de que a vida é um bem a ser defendido e não para ser compartilhado.

 

O movimento evangélico se tornou um pouco vítima de uma cultura orientada para o sucesso, desejando que a igreja – como as corporações – seja bem-sucedida.

 

 

 

 

 

O Cælibatus

 

 

 

O cælibatus é um horror,

pois, só gera fome + dor.

Assim sendo, é maladia

– dia e noite, noite e dia.

 

O cælibatus é desconceito

com Deus em nosso peito.

Mais do que uma desunião,

 

O cælibatus é retardante,

enquanto durar o durante.

Calor, desejo e pesadelos

da grilhagem são os elos.

 

Não há lecitina de soja

que possa limpar a lamoja

de uma carcaça celibatária

– que tem fuça de calvária.

 

São Pedro, não fique brabo!

Não me passe escalda-rabo

quando eu, um dia, aí pintar.

Tenho obrigação de solidar.

 

Mas, cælibatus, nem pensar;

Você sabe melhor do que eu

que o cælibatus encalacra o Eu.

 

Nado de engendros financeiros,

converte os seres em feiticeiros

a serviço da Grande Loja Negra

– que se descomede e desregra.

 

de u'a Santa Iniciação é natus.

Só pela Androginia[5] realizada

será desanuviada a Estrada.

 

Aprendi isto com o Silêncio!

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Sob a alegação que seja, não posso admitir que o nosso crescimento (emancipação/reintegração) espiritual necessite de crises, que para sermos curados das nossas abjeções sejam indispensáveis dores, nem que seja absolutamente preciso haver cruzes para que nos tornemos conscientes e independentes. Tudo isto contraria a própria Essência do Cósmico. Mas existem crises, dores e cruzes. E por quê? Porque somos ignorantes. Por isto, nossa peregrinação passa pelas crises, pelas dores e pelas cruzes, até que brotem em nosso Coração o Amor, a Solidariedade e a Misericórdia. Mas, mais além está a Compreensão Transracional, que continuará sendo Amorosa, Solidária e Misericordiosa, porém, em outro nível.

2. Os Padres do Deserto ou Pais do Deserto foram eremitas, ascetas, monges e freiras que viviam majoritariamente no Deserto da Nítria (Scetes), no Egito a partir do século III d.C. O mais conhecido deles foi Santo Antão (ou Santo Antônio, o Grande), que se mudou para o deserto em 270 ou 271, e se tornou conhecido tanto como o pai quanto o fundador do monasticismo no deserto. Os Padres do Deserto tiveram uma enorme influência no desenvolvimento do Cristianismo primitivo. As comunidades monásticas do deserto que cresceram destes encontros informais de monges eremitas se tornaram o modelo para o monasticismo cristão. A tradição monástica oriental, representada em Monte Atos, e ocidental, sob a Regra de São Bento, foram ambas fortemente influenciadas pelas tradições iniciadas no deserto. Todos os renascimentos monásticos da idade média buscaram no deserto alguma inspiração e orientação. Muito da espiritualidade da Cristianismo ortodoxo, incluindo o movimento hesicasta, tem as suas raízes nas práticas dos Padres do Deserto. Mesmo renascimentos religiosos mais modernos, como os evangélicos alemães, os pietistas da Pensilvânia e o renascimento metodista na Inglaterra foram vistos por estudiosos atuais como tendo sido em alguma medida influenciados pelos Padres do Deserto.

 

 

Santo Antão do Deserto

Santo Antão do Deserto
(por Francisco de Zurbarán)

 

 

3. Isto se resume à pergunta de Virginia Woolf: O que importa o cérebro, comparado com o Coração?

4. Da mesma forma que é impossível que de uma pedra brotem pão, leite e mel, não se pode esperar que da ignorância manem desprendimento, altruísmo e desambição.

5. Se você ainda não leu, convido para ler um texto que escrevi há muitos anos: Uma Aventura Rosacruz Fora do Corpo: (Depoimento: Androginia Mística)

http://paxprofundis.org/livros/
androginia/androginiamistica.html

 

Música de fundo:

Illatio: Introibo ad Altare Dei Mei
Interpretação: Coro dos Monges de La Abadía de Santo Domingo de Silos

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.brainyquote.com/quotes/
authors/h/henri_nouwen.html

https://pt-br.facebook.com/
HenriNouwenQuotes

http://www.clickgratis.com.br/mensagens/
desculpas/o-perdao-do-coracao.html

http://www.canaldagraca.com/rafael.htm

http://mike-mensagens.blogspot.com.br/
2012/06/mensagens-de-desculpas.html

http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/
arquivo.php?codArquivo=15444

http://www.aberje.com.br/acervo_colunas_ver.
asp?ID_COLUNA=355&ID_COLUNISTA=11

http://prmateusferraz.blogspot.com.br/
2010/01/twitter.html

http://tribodejacob.blogspot.com.br/
search/label/Henri%20Nouwen

http://pensenisto.wordpress.com/frases/

http://www.julianofabricio.com/2012/05/
tentacoes-por-henri-j-m-nouwen.html

http://www.prazerdapalavra.com.br/

http://www.revistaenfoque.com.br/
index.php?edicao=54&materia=280

http://pensamentos.aaldeia.net/
pensamentos/coragem/

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Padres_do_Deserto

http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/
espiritualidade/a_oracao_do_coracao.html

http://www.frasesypensamientos.com.ar/
autor/henri-nouwen.html

http://escreveretransgredir.blogspot.com.br/
2011/10/coisas-que-aprendi-com-henri-nouwen.html

http://neurocritic.blogspot.com.br/
2009_02_01_archive.html

http://ricardinhonascimento.blogspot.com.br/
2010/04/ame-sua-dor-por-jonh-powell.html

http://pschools.haifanet.org.il/

http://crentassos.com.br/blog/2011/05/
frases-pra-pensar-0053-henri-nouwen.html

http://www.quemdisse.com.br/

http://pc40sw09.blogspot.com.br/2009/05/
first-time-to-be-scribe.html

http://www.novosdialogos.com/
artigo.asp?id=331

http://bem-dito.rede1news.com/
category/henri-nouwen/

http://zebruno.wordpress.com/2013/08/
12/frase-da-semana-42-henri-nouwen/

http://pensador.uol.com.br/
autor/henri_nouwen/

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Henri_Nouwen

http://pt.wikiquote.org/
wiki/Henri_Nouwen

 

Direitos autorais:

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