Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Este é o vigésimo primeiro estudo de três fragmentos editados, ampliados e, em alguns casos, comentados da coleção O Homem (Alfa e Ômega da Criação), uma publicação em quatro volumes da Grande Loja da Jurisdição de Língua Portuguesa da Antiga e Mística Ordem Rosæ Crucis, AMORC. Para ler o ensaio que deu origem à esta série, por favor, dirija-se a:

http://paxprofundis.org/livros/
halfaomega1/halfaomega1.htm

 

 

 

 

Três Fragmentos Para Reflexão

 

 

 


O intercâmbio integrativo e amoroso que fazemos conosco, com os outros e com o ambiente que nos cerca produz uma identificação ativa. O Eu Interior cria um laço – um elo de ligação com aquilo que em experiências anteriores pensávamos que se encontrava além do Eu. Em uma palavra: vivemos um sentimento de unidade. Portanto, pela meditação, passamos a interiorizar o amor e o respeito que recebemos de outras pessoas em suma, a honestidade e a falta de ambivalência delas para conosco. Achamos, então, natural amar e respeitar os muitos e variados aspectos da natureza humana que residem nos outros e dentro de nós próprios. Descobrimos que podemos controlar nossos impulsos mais firmemente e aceitar nosso papel na vida, e não precisamos mais nos dividir (tanto) em papéis contraditórios. Não mais precisamos racionalizar nosso comportamento nem fingir sermos diferentes do que nos sentimos na profundeza da Consciência em nosso interior. Enfim, podemos descobrir em nosso próprio interior novos reinos de liberdade e de compreensão. À medida que nossas transformações são dirigidas a partir de nosso interior, alcançamos autodomínio cada vez maior.

 

 

Papéis Contraditórios

 

 

A Alquimia e os Antigos Mistérios falavam de três etapas na evolução pessoal: a Vermelha, da inocência; a Preta/Branca, da dualidade; e a Dourada, da (re)integração. Por ignorância, passamos a maior parte de nossa vida na etapa dualística, o que provoca um sentimento de divisão em dois opostos. Podemos sentir conflitos, desmerecimento e ansiedade constante e aguda. Empenhamos, geralmente com o Eu Objetivo, Exterior, todo o esforço para reconciliar os aspectos contraditórios desta autopercepção. Com o Eu Exterior, procuramos descobrir as soluções, mas, geralmente, nenhuma soluciona as divisões que sentimos em nosso interior. Acabaremos aprendendo – por uma mistura de dor e de desenvolvimento espiritual que a nossa verdade interior e a ilusão de separatividade não podem ser (re)conciliadas. Então, se examinarmos firme e sinceramente nossas escolhas, quaisquer que sejam, é possível que possamos optar por aquelas que produzem sentimentos de universalidade e de fusão interior, e, quem sabe, seja possível também que passemos a viver o júbilo, o amor e a paz que fluem do Eu Único.

 

 

Peregrinação
(Animação produzida e editada do
desenho Face Dove, de Pablo Picasso)

 

 

Observação 1: Ou apre(e)ndemos ou continuaremos a padecer, andando de ceca em meca procurando o que sempre esteve, está e estará dentro de nós. Não há dois; só há um. Dois é ilusão; um é libertação. Quanto à Pedra Filosofal – Grande Cera Vermelha – Fulcanelli, em As Mansões Filosofais, comentou: ... a Pedra Filosofal se nos oferece sob a forma de um corpo cristalino, diáfano, vermelho quando em massa, amarelo depois de pulverizado, o qual é denso e muito fusível [funde a 64º C], embora fixo a qualquer temperatura, e cujas qualidades próprias o tornam incisivo, ardente, penetrante, irredutível e incalcinável. É solúvel no vidro em fusão, mas se volatiliza instantaneamente quando é projetado sobre um metal fundido. Mas que fique claro - é o que insistem todos os adeptos - a Alquimia Operativa tem por finalidade principal a preparação da Medicina (Veram Medicinam).

 

 

 

 

Fulcanelli acrescenta: ‘O sapiente sabe apaziguar a sua dor’. O ramo de oliveira, símbolo de paz e de concórdia, marca a união perfeita dos elementos geradores da Pedra Filosofal. Ora, esta Pedra, pelos conhecimentos certos que traz, pelas verdades que revela ao Filósofo, permite-lhe dominar os sofrimentos morais que afetam os outros homens, e vencer as dores físicas, suprimindo a causa e os efeitos de grande número de outras doenças. A própria elaboração do Elixir mostra-lhe que a morte, transformação necessária, mas não real aniquilamento, não o deve afligir. Bem pelo contrário; a alma, liberta do fardo corporal, goza, em pleno impulso, de uma independência maravilhosa, toda banhada dessa inefável Luz acessível apenas aos espíritos puros. Ele sabe que as fases de vitalidade material e de existência espiritual se sucedem umas após outras, segundo leis que lhes regem o ritmo e os períodos. A alma só deixa o seu corpo terrestre para ir animar outro novo. O velho de ontem será a criança de amanhã. Os desaparecidos reencontram-se, os perdidos reaproximam-se, os mortos renascem. E a atração misteriosa que liga entre si os seres e as coisas de evolução semelhante reúne, sem eles saberem, os que ainda vivem e os que não existem já. Não há, para o verdadeiro Iniciado, autêntica, absoluta separação, e a ausência, só por si, não lhe pode causar desgosto. Os seus afetos, ele os reconhecerá facilmente, embora revestidos de diferente invólucro, porque o espírito, de essência imortal e dotado de eterna memória, saberá dar-lhos a distinguir... Estas certezas, materialmente controladas ao longo do trabalho da Obra, garantem-lhe uma serenidade moral indefectível, a calma no meio das agitações humanas, o desdém das alegrias mundanas, um estoicismo resoluto e, acima de tudo, este pujante reconforto que lhe dá o conhecimento secreto das suas origens e do seu destino. No plano físico, as propriedades medicinais do Elixir põem o seu feliz possuidor ao abrigo das taras das misérias fisiológicas. Graças a Ele, o sapiente sabe acalmar a sua dor. Batsdorff [Le Filet d’Ariadne] assegura que o Elixir cura todas as doenças externas do corpo, ...úlceras, escrófulas, quistos, paralisias, feridas, e outras moléstias semelhantes, sendo dissolvido em um licor conveniente e aplicado sobre o mal, por meio de um pano embebido no licor. Por seu lado, o autor de um manuscrito Alquímico iluminado [La Génération et Opération du Grande-Oeuvre] gaba igualmente as altas virtudes da Medicina dos Sapientes. ‘O Elixir – escreve ele é uma cinza divina mais miraculosa do que qualquer outra, e distribui-se, tal como é visto, conforme a necessidade que se apresenta, e não se recusa a ninguém, tanto para a saúde do corpo humano e o alimento desta vida caduca e transitória, como para a ressurreição dos corpos metálicos imperfeitos... Na verdade, ele ultrapassa todas as triagas e medicinas mais excelentes que os homens pudessem fazer, por mais sutis que fossem. Ele torna o homem que o possui ditoso, grave, próspero, notável, audacioso, robusto, magnânimo.’ Enfim, Tiago Tesson dá aos novos conversos sábios conselhos do bálsamo universal. ‘Falamos diz o autor dirigindo-se ao sujeito da arte, do fruto de bênção saído de ti; agora, diremos como é preciso aplicar-te; é ajudando os pobres e não as pompas mundanas; é curando os enfermos necessitados, e não os grandes e poderosos da Terra. Porque temos de ter cautela a quem damos, e saber quem devemos amparar nas enfermidades e nas doenças que afligem a espécie humana. Não administres este poderoso remédio senão por inspiração de Deus, que tudo vê, tudo conhece, tudo ordena’.

 

 

 

Tabula Smaragdima Hermetis
(O sapiente sabe apaziguar a sua dor)

 

 

Através do processo de reintegração, orientado pelo Eu Interior, poderemos vivenciar uma genuína integralidade e um sentimento real e concreto da existência deste mesmo Eu Interior. Para tanto, precisamos estar dispostos a enfrentar nosso Terror do Umbral – nosso inferno pessoal e os demônios que criamos, que fazem com que nos amedrontemos ante a inverídica possibilidade de perdermos nossa individualidade isolada e o medo infundado de que morreremos.

Observação 2: Mas, um dia, perderemos, sim, nossa individualidade isolada. Isto haverá de acontecer conscientemente, volitivamente e Iniciaticamente, quando, então, realizaremos, iniludivelmente, a compreensão mística da Unidade Cósmica. Até lá... Bem, até lá, cada qual que cuide direitinho e com carinho do seu cada qual!

 

 

 

 

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.rdpizzinga.pro.br/
livros/alquimia/alquimia.htmL

http://lamareehaute.blogspot.com/

http://media.photobucket.com/

 

Impossible Dream (Man of La Mancha)
Compositores: Joe Darion & Mitch Leigh

Fonte:

http://www.nena.com.br/midis/americanas.htm