Este 
      é o décimo oitavo estudo (com um exercício regularizador) 
      de dois fragmentos editados, ampliados e comentados da coleção 
      O Homem (Alfa e Ômega da Criação), uma publicação 
      em quatro volumes da Grande Loja da Jurisdição de Língua 
      Portuguesa da  
      Antiga e Mística 
      Ordem Rosæ Crucis, 
      AMORC. Para ler o ensaio que deu origem à esta série, por 
      favor, dirija-se a:
   
   
    Dois 
      Fragmentos Para Reflexão
     
     
     
    A 
      Bíblia afirma que o pecado de Adão foi imperdoável 
      porque foi cometido por instigação de Satã – 
      a personificação do mal – que Deus vem combatendo desde 
      então e que combaterá por toda a eternidade. A pergunta que 
      se impõe é a seguinte: por que um Pai amoroso e todo-poderoso, 
      onibenevolente e compassivo, infligiria uma punição tão 
      prolongada e abrangente, e mesmo qualquer punição, por um 
      único ato de cedência à tentação, por 
      uma simples mordidinha? Especulando: se somos ignorantes hoje, o que dizer 
      da época em que Adão viveu? Punir não educa; só 
      causa revolta e mais revolta, insubmissão e mais insubmissão. 
      Seja como for, se aceitarmos a existência do mundo como campo de batalha 
      entre Deus e o mal – um 
      conceito  proclamado por judeus, cristãos 
      e religiões islâmicas, e com mais ênfase pela religião 
      persa de Zoroastro – então Deus não é todo-poderoso. 
      Ele pode estar certo da vitória final, mas, enquanto isso, satã 
      vai vencendo muitas escaramuças nesta Terra, transformando-a em um 
      vale de lágrimas, desmentindo, com isso, a afirmação 
      de que a criação foi muito boa.
    Observação 
      1: Já citei esta passagem de Epicuro (341 a.C – 
      270 a.C) em outros textos. Acho que não custa nada repeti-la aqui. 
      Deus, ou quer impedir 
      os males e não pode, ou pode e não quer, ou não quer 
      nem pode, ou quer e pode. Se quer e não pode, é impotente: 
      o que é impossível em Deus. Se pode e não quer, é 
      invejoso: o que, do mesmo modo, é contrário a Deus. Se nem 
      quer nem pode, é invejoso e impotente: portanto, nem sequer é 
      Deus. Se pode e quer, que é a única coisa compatível 
      com Deus, de onde provém, então, a existência dos males? 
      Por que razão não os impede? Uma 
      outra versão seria: 
      Deus deseja prevenir o mal, mas não é capaz? Então, 
      não é onipotente. É capaz, mas não deseja? Então, 
      é malevolente. É capaz e deseja? Então, por que o mal 
      existe? Não é capaz e nem deseja? Então, por que lhe 
      chamamos Deus? Os deuses, segundo Epicuro, 
      viviam em perfeita harmonia, desfrutando da bem-aventurança (felicidade) 
      divina. Não seria preocupação divina atormentar o homem 
      de qualquer forma. Os deuses deveriam ser tomados como foram em tempos remotos, 
      modelos de bem-aventurança e não seres instáveis, com 
      paixões humanas, que devem ser temidos. Desta forma, Epicuro 
      procurou tranqüilizar as 
      pessoas quanto aos tormentos futuros ou após a morte. Não 
      há porque temer os deuses nem em vida e nem após a vida. Epicuro 
      também ponderou: É 
      sem valor pedir aos deuses aquilo que nós mesmos podemos realizar.