A
fantasia
será tanto mais robusta quanto mais débil for o raciocínio.
Nada
se pode saber sobre o homem – na verdade sobre nada –
partindo do que é
externo ao ser humano.
A
verdade é separada da falsidade em tudo o que foi preservado para
nós, através dos longos séculos, por aquelas tradições
comuns que, uma vez que foram preservadas por tanto tempo e por povos inteiros,
devem ter tido uma base pública de verdade.
Os
grandes fragmentos da Antigüidade, já inúteis para a
ciência porque se enferrujaram, quebraram ou dispersaram, lançam
grande luz quando limpos, reunidos e recuperados.
A
Verdade e o criado são intercambiáveis.
A
existência de Deus não pode ser provada 'a priori' pela existência
da mente e das suas idéias.
Os
métodos matemático e geométrico não são
satisfatórios para a Ciência porque a certeza auto-evidente
da Matemática deriva do fato de que ela é uma invenção
humana.
Ondas
Não
podemos demonstrar a Física através de suas causas porque
os elementos que compõem a Natureza estão fora de nós.
As coisas que são provadas na Física são aquelas que
em podemos fazer algo similar.
Só
as ciências humanas se aproximam da certeza.
Toda
teoria deve partir do ponto onde a área de que trata principiou a
tomar forma.
Ciência
da Consciência Humana
História da Evolução Humana.
De
tudo o que foi apresentado genericamente a respeito do estabelecimento dos
princípios desta Ciência, concluímos que: (1) há
uma Providência Divina; (2) pelo casamento, são moderadas as
paixões; e (3) a alma humana é imortal. E, uma vez que o critério
que esta Ciência usa é o de que o que é sentido deve
ser justo para todos os homens ou para a maioria, deve ser a regra da vida
social. Tudo isto deve limitar a razão humana. Aquele que transgredir
estas regras deve estar ciente de estar transgredindo toda a Humanidade.
A
linguagem não pode nem ser completamente identificada com o pensamento
nem inteiramente separada dele. A imaginação disciplinada
em discernimento e emancipada de concepções paroquianas pode
encontrar na linguagem as chaves da evolução humana.
A
memória é muito vigorosa nas crianças, e, por isto,
a imaginação é excessivamente viva, pois, esta não
é mais do que uma memória dilatada e composta.
As
idéias iguais que nasceram em povos que não se conheciam devem
ter um fundo comum de verdade.
Observamos que todas as nações,
tanto as bárbaras como as humanas, embora tão distantes entre
si no espaço e no tempo, conservam estes três costumes humanos:
todas têm alguma religião, todos contraem casamentos solenes
e todas enterram os seus mortos.1
No
início, a natureza dos povos é cruel, depois se torna severa,
em seguida, benevolente, mais tarde, delicada, e, finalmente, corrupta.
Os
filósofos, até agora, tendo contemplado a Divina Providência
apenas pelo ângulo da ordem natural, demonstraram tão-somente
uma parte, pela qual Deus, como Mente Soberana, livre e absoluta da Natureza
(com seu eterno conselho, deu-nos naturalmente o ser, e naturalmente no-lo
conserva), aprestam-se, por parte dos homens, as adorações
com sacrifícios e outras divinas honras; mas, não O contemplam
pela parte que era mais própria dos homens, cuja natureza possui
esta principal propriedade: de serem sociáveis.
A ordem de ideias deve seguir a ordem
das coisas.
Os
homens, pela sua corrupta natureza, tiranizados pelo amor próprio,
pelo qual seguem senão principalmente a própria utilidade,
querem o que é útil para si e nada ao companheiro, não
sendo capazes de pôr em conato as paixões, a fim de endereçá-las
à justiça. Portanto, estabelecemos: que o homem no estado
bestial ama somente a própria salvação [...]
o homem em todas essas circunstâncias, ama principalmente
a própria utilidade.
A
religião hebraica foi fundada pelo verdadeiro Deus na proibição
da divinação, baseada na qual surgiram todas as nações
gentílicas. [...]
Esta dignidade é uma das principais razões pelas quais o mundo
inteiro das nações antigas se dividiu entre hebreus e gentios.
A
História, como curso progressivo de eventos, conduz ou deverá
conduzir à razão completamente esclarecida.
As
pessoas, os grupos, as nações e as épocas individuais
são apenas estágios definidos
Do
mundo natural, só Deus tem o conhecimento, pois foi Ele quem o criou.2
O
mundo social surgiu como o reino das necessidades, dos desejos e dos interesses
humanos, como a disputa sempre renovada entre o homem, a Natureza e a História.
A base empírica é o senso comum, que os homens aplicam às
necessidades e utilidades de sua vida.
Os
mitos são a expressão espontânea da Humanidade primitiva.
Os mitos estão ancorados em
uma verdade histórica; não são reconstruções
imaginosas de eventos naturais, mas, acontecimentos da vida social ou da
política mitologizada.
Todas
as formas de sociedade se desenvolvem a partir da organização
das suas necessidades. Depois, são determinadas pelas utilidades
e pelas mercadorias, e terminam com o domínio do prazer, do luxo
e da riqueza (a barbárie refletida). Estas relações
irão delinear as formas morais, políticas, artísticas
e religiosas que caracterizam as culturas históricas individuais.
Portanto, não é possível apontar um fato isolado como
única causa da mudança social: todos os fatores estão
inter-relacionados, e é sempre o todo que muda.
As
sensações e a imaginação são as forças
modeladoras da poesia, cujo conteúdo dá significado humano
ao mundo. As duas primeiras idades do mundo – a idade dos deuses e
a idade dos heróis – corresponderam ao tempo poético,
no qual vigorou uma sabedoria poética.
Razões
que justificam a importância da sabedoria poética para os primeiros
povos: 1ª)
reverência da religião – as nações gentílicas
foram constituídas por fábulas; 2ª)
a ordenação do mundo civil resultou desta sabedoria;
3ª) as fábulas
deram material para investigações filosóficas altíssimas;
4ª) os filósofos
puderam explicar várias coisas graças às expressões
legadas pelos poetas; 5ª)
os filósofos fizeram uso da autoridade da religião e da sabedoria
dos poetas para comprovar os assuntos por eles meditados.
O homem primitivo se projetou sobre
o mundo natural e, valendo-se de si próprio, se relacionou com ele.
Foi o temor que ficticiamente forjou os deuses no mundo.
A
passagem de um estágio histórico a outro é a passagem
de uma forma inferior a uma forma superior de razão.
As
doutrinas devem começar a partir do momento em que começam
as matérias de que tratam, ou seja, a História começou
a partir do momento em que o ser humano começou a pensar humanamente,
e não quando os filósofos começaram a refletir sobre
as idéias humanas.
O
homem, desesperado de todos os socorros da Natureza, deseja uma coisa superior
que o venha socorrer.3
O
homem é uma vontade, uma força e um conhecimento que tendem
para o infinito.
Os
homens, primeiro, sentem sem se aperceber; depois, se apercebem com espírito
perturbado e comovido; e, finalmente, refletem com mente pura. Esta dignidade
é o princípio das sentenças poéticas, que são
formadas com sentidos de paixões e de afetos, diferentemente das
sentenças filosóficas, que se formam pela reflexão
com raciocínios. Por isto, as sentenças filosóficas
mais se aproximam da verdade, quanto mais se elevam aos universais,4
e as sentenças poéticas são tanto mais acertadas quanto
mais se apropriam dos particulares.
Da
lógica poética são corolários todos os primeiros
tropos, dos quais a mais luminosa, e por ser luminosa, a mais necessária
e a mais freqüente é a metáfora, tanto mais louvada,
quanto mais às coisas sensatas dá sentido e paixão.
Os primeiros poetas deram aos corpos o ser das substâncias animadas,
capazes de quanto lhes pudesse conseguir, ou seja, de sentido e paixão,
e, assim, fizeram as fábulas, de modo que cada metáfora vem
a se uma pequena fábula.
A
ironia não pode começar senão nos tempos da reflexão,
porque ela é formada pelo falso, em virtude de uma reflexão
que veste a máscara da verdade.
Tendo
sido tão simples como as crianças – as quais, por natureza,
são verdadeiras – as primeiras fábulas dos primeiros
homens da gentilidade não podiam fingir o falso, razão pela
qual, necessariamente, devem ser verdadeiras narrações.
'
Nosce te ipsum.'5
(Sólon de Atenas,
apud Vico).
Os
homens que não sabem a verdade das coisas procuram se ater ao certo,
pois, não podendo satisfazer ao intelecto com a Ciência, que,
ao menos, a vontade repouse sobre a consciência.6
A
Filosofia considera a razão, de que procede a ciência do verdadeiro;
a Filologia observa a autoridade do humano arbítrio, donde se origina
a consciência do certo.
A primeira ciência que se deve
aprender é a Mitologia, ou seja, a interpretação das
fábulas (pois, todas as histórias gentílicas possuem
fabulosos princípios), já que as fábulas foram as primeiras
histórias das nações gentílicas.
Mitologia
Grega
Este
mundo civil foi certamente feito pelos homens, cujos princípios podem,
porque devem, ser descobertos dentro das modificações de nossa
própria mente humana. A bem refletir sobre tal fato, causa estranheza
[verificar] como
todos os filósofos seriamente estudaram o modo de obter a ciência
deste
mundo natural, do qual, pois que Deus o fez, somente ele tem Ciência;
e deixaram de meditar este mundo das nações, ou seja, o mundo
civil, do qual, pois que o fizeram os homens, podiam obter sua ciência
os homens.
As
tradições vulgares devem ter tido públicos motivos
de verdade. Por isto, nasceram e se conservaram por inteiros povos, em longos
espaços de tempo.
O
senso comum é o julgamento sem reflexão partilhado por uma
classe inteira, por uma nação inteira, ou por toda a raça
humana.
É
verdade que os próprios homens fizeram este mundo de nações,
mas, este mundo, sem dúvida, foi emitido a partir de uma Mente, muitas
vezes diversa, às vezes, bastante contrária, e, sempre, superior
aos fins específicos que os homens tinham proposto para si.7