São Felipe
(Catedral de Santo Isaque,
São Petersburgo, Rússia)

 

 

 

 

 

Cristo, com Sua vinda, tirou para fora os que haviam entrado (de onde não haveriam de voltar a sair) e pôs para dentro os que haviam saído (de onde não haveriam de voltar a entrar).

 

Evangelho de Felipe, versículo 70.

 

 

 

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga


 

 

 

 

 

 

Introdução e Objetivo do Trabalho

 

 

 

Há alguns anos, escrevi e publiquei o texto O Evangelho de Felipe (Doutrinas Gnóstico-Iniciáticas), que pode ser lido no endereço:

http://paxprofundis.org/
livros/doutrinas/secretas.htm

 

Como o trabalho ficou incompleto, hoje, nesta segunda parte, ele está sendo arrematado.

 

O Evangelho Gnóstico-Valentiano1 de Felipe constitui um dos mais importantes livros apócrifos2 da biblioteca de Nag Hammadi3. À semelhança do Evangelho de Tomé, é um evangelho de ditos, ou seja, uma coleção de sentenças encerrando grande sabedoria, todas atribuídas a Jesus, o Cristo. O texto, considerado como de autoria de Felipe, é conjunturalmente moderno. A sua única relação com o apóstolo São Felipe, segundo os estudiosos, deve-se ao fato de ser o único apóstolo mencionado nos manuscritos.

 

São Felipe foi um apóstolo do Cristo e mártir. Diz a tradição, através do bispo de Cesaréia e pai da História da Igreja Eusebius Pamphili (265 – 339), que era casado, tinha duas filhas e teria realizado muitos milagres, inclusive revivido – não ressuscitado, assim como com Lázaro – um defunto em Hierápolis. Também diz a tradição que Felipe pregou o Evangelho na Palestina, na Grécia e na Ásia Menor, onde, se diz, morreu crucificado e, a seguir, apedrejado no ano 80 d.C. em Hierápolis, na Frígia.

 

O Evangelho de Felipe, segundo outra corrente de estudiosos, talvez tenha sido redigido algures, entre os anos 180 e 350 da nossa era. Foi elaborado, portanto, muito depois da morte do discípulo de Jesus, o Cristo. O texto constituiu um importante documento para as comunidades gnósticas dos primeiros anos do Cristianismo. Foi descoberto no deserto egípcio, em 1945, entre um conjunto de vários documentos gnósticos conhecidos como a Biblioteca de Nag Hammadi (do nome do sítio arqueológico onde foram descobertos).

 

Seja como for, o fato é que o Evangelho de Felipe, escrito ou não por São Felipe, está repleto de uma Sabedoria Gnóstica geralmente não encontrada nos meio açucarados meio adulterados Evangelhos Canônicos4, e é exatamente por este motivo que é dado como apócrifo. A Gnose5 nunca interessou e continua a não interessar; o que interessa é o redil. A Gnose liberta; o redil dá polpudos dividendos. Assim sendo, quando for o caso, com todo carinho, para auxiliar a arrombar o redil, comentarei brevemente os fragmentos selecionados que garimpei no Evangelho Felipino para, despretensiosamente, desenhar este rascunho-estudo, que está sendo encerrado aqui.

 

Finalmente, como sempre advirto, melhor do que tudo é ler a obra em sua integralidade. Na escolha dos fragmentos para compor o trabalho posso ter deixado de fora alguns ensinamentos gnóstico-esotéricos fundamentais. A oportuna leitura do Evangelho de Felipe corrigirá estas lacunas.

 

 

 

 

 

Evangelho de Felipe
(Fragmentos Gnóstico-esotéricos)

 

 

 

 

... Se alguém dá, mas não por amor, não tira utilidade alguma do que deu. [Sim. O que se faz só tem cabimento se for feito por amor. Mas o Iniciado, ainda que opere por amor e em amor, jamais espera tirar utilidade do que fez ou do que deu.]

 

Deus é antropófago... [A antropofagia, aqui, deve ser entendida em seu sentido mais esotérico e mais oculto. O que isto quer dizer? Simplesmente que à medida que vamos construindo o Deus de nossos Corações, este mesmo Deus, edificado por nós, vai nos convidando e atraindo para nos tornarmos unos com Ele. Daí a máxima Homo (in potentia) est Deus. O Homem (potencialmente) é Deus.]

 

Um asno, dando voltas em torno de uma roda de moinho, caminhou cem milhas. Quando o desjungiram ainda se encontrava no mesmo lugar. Existem homens que muito caminham sem mover um passo em direção alguma. Ao se verem surpreendidos pelo crepúsculo, não chegam a divisar cidades, nem aldeias, nem criaturas, nem Natureza... [Costumo dizer que, talvez, uma das maiores chorosas decepções dos seres-no-mundo seja, quando chegarem ao lado de lá, a constatação inequívoca de que as coisas são inteiramente diferentes daquilo que lhes forçaram a engolir e daquilo em que passaram a vida acreditando e defendendo, quando não, no limite, até matando em nome delas.]

 

 

A Eucaristia é Jesus, pois, em siríaco6, a Este se chama 'Pharisata', que quer dizer 'Aquele que está estendido'7. Jesus, veio, realmente, para crucificar o mundo. [Jesus veio para que cada um pudesse reconhecer sua Cruz Mística e Dela se alforriar. Este conceito aparece também em outra passagem (versículo 70) do Evangelho de Felipe da seguinte forma: Cristo, com Sua vinda, tirou para fora os que haviam entrado (de onde não haveriam de voltar a sair) e pôs para dentro os que haviam saído (de onde não haveriam de voltar a entrar).]

 

Um cego e um que vê – se se encontrarem ambos às escuras – não se distinguem um do outro; mas, quando chegarem à luz, o que vê verá a luz enquanto o cego permanecerá na obscuridade.

 

Bem-aventurado é aquele que é antes de chegar a existir, pois, o que é era e será.

 

Aquele que sai do mundo não poderá cair preso pela simples razão de que já esteve no mundo. [Nossas maiores prisões são nossos quereres. Quereres não são nada mais nada menos do que anteposições capturadoras da liberdade. Queremos isto, queremos aquilo, queremos que os outros sejam da forma como queremos que sejam, queremos que o Deus do nosso entendimento seja o Deus do entendimento do outro, queremos milagres, queremos o arrebatamento, queremos a salvação... Se nos livrarmos dos quereres, nos livraremos das prisões que, por ignorância e ingenuidade, construímos. Por isto, temos que nos esforçar para (merecer) mudar de dimensão, ainda que, em qualquer dimensão, haja sempre alguma forma de prisão, de ignorância e de ingenuidade. Mas, tudo depende só de nós; somos responsáveis por tudo. Uma das coisas que mais me horroriza e aflige é, por exemplo, ver as pessoas querendo que Deus faça por elas o que é simplesmente uma obrigação delas fazer. Em termos, sim, desmamaram das mamas da mãe; mas, não, querem continuar a mamar nas tetas da Providência.]

 

 

 

 

 

Alguns nem querem nem podem; outros, ainda que queiram, de nada lhes serve por não terem feito. De maneira que um simples querer os faz pecadores, do mesmo modo que um não-querer. A Justiça se esconderá de ambos...

 

... Fizeram seus, por méritos próprios, os Nomes do Pai, do Filho e do Espírito Santo... Alguém assim não mais é um simples cristão; é um Cristo.

 

Entra em tua Habitação, fecha a Porta e ora a teu Pai que está escondido. [Metáfrase: entra em teu Coração Espiritual, e em Santo Silêncio comunga com o teu Deus Interior por ti edificado.]

 

'Deus meu! Deus meu! Por que, Senhor, tanto me glorificas? Isto disse Jesus sobre a cruz... [Logo, as frases Deus meu! Deus meu! Por que me abandonaste? (Evangelho de Mateus, XXVII, 46) e Deus meu! Deus meu! Por que me desamparaste? (Evangelho de Marcos XV, 34), ou foram deliberadamente mal traduzidas ou foram equivocadamente mal traduzidas. Como os tradutores conheciam perfeitamente bem o idioma em que foi grafada, só posso admitir que houve uma pérfida e induzidora intenção nesta caliginosa tradução, até hoje repetida no sentido dar a Jesus um aspecto mais humano e falível, coisa absolutamente desnecessária, pois o processo encarnativo (ou projetivo, que, particularmente, foi o caso de Jesus), seja lá de quem for e pelo motivo que tenha acontecido, está pleno de humanidade e carreia naturalmente falibilidades e relativos aprisionamentos. Em suma: o fato é que Jesus, por mais que estivesse toldado pela dor da crucifixão, sabia que seus Irmãos e seus Superiores Hierárquicos jamais o abandonariam. Na realidade, estavam todos presentes no Gólgota (que significa o Lugar da Caveira) – uns, fisicamente; outros, em projeção psíquica naquele momento de suprema Aflição Iniciática, pelo bem da Humanidade.]

 

Sem LLuz ninguém poderá se contemplar a si mesmo... A LLuz é a Unção.

 

Quem recebeu a Unção está de posse do Todo: da Ressurreição, da LLuz, da Cruz e do Espírito Santo.

 

Se a mulher não se houvesse separado homem, não teria morrido com ele. Sua separação tornou-se o começo da morte. Por este motivo, veio o Cristo. Veio para anular a separação. Veio para unir a ambos: homem e mulher. Veio para dar vida àqueles que haviam morrido pela separação. Veio para uni-los novamente. [Isto, nem de muitíssimo longe, se assemelha ao extravagante conceito de almas gêmeas. Por outro lado, a Androginia Mística é uma espécie de pré-estréia de algo muito maior, para algo sempre maior, ilimitado.]

 

 

 

 

Os homens produzem deuses e adoram a obra de suas mãos.

 

É conveniente que cumpramos tudo aquilo que é justo.

 

Os que afirmam que primeiro é preciso morrer para depois ressuscitar se enganam. Se não se recebe primeiro a ressurreição em vida, nada se receberá ao morrer. [Receber a ressurreição em vida significa Morrer para a vida e Nascer para a Vida.]

 

A Árvore do Conhecimento tem a propriedade de facilitar o conhecimento do bem e do mal... Mas trouxe consigo a morte para todos aqueles que Dela comeram. 'Comei isto, não comais aquilo' transformou-se em princípio de morte. [O que este fragmento está a ensinar é que conhecimento que produz prevaricação, egoísmo, dominação, usurpação, corrupção, preconceito, mais-valia, assassinato, avareza, inveja, ira, luxúria etc. produz em paralelo morte, entropia e desagregação. Isto poderá parecer uma contradição com o fato de que o Universo não pune nem premia; mas, o que não pode mais ser educado e aproveitado, seja lá o que for, é cosmicamente reciclado, o que longe está de ser uma punição. Primeiro, as coisas-sem-alma e sem possibilidade são isoladas; depois, são cosmicamente recicladas. O que sobra da reciclagem é insumo para ulteriores manifestações. É meio que mais ou menos como mostra a animação aí embaixo.]

 

 

 

 

 

... Nenhuma coisa poderá ser perdurável a não ser que se faça Filho. Como poderá, pois, dar quem não está com disposição para receber?

 

Um cavalo engendra um cavalo; um homem engendra um homem; um deus engendra um deus.

 

Os de lá não são um e outro; ambos são um só. O daqui é aquele que jamais poderá ultrapassar o sentido carnal.

 

O Homem Perfeito não só não poderá ser detido como nem sequer poderá ser visto...

 

... Só peca quem é escravo do pecado...

 

... Aquele que foi feito livre pelo Conhecimento se faz escravo por amor daqueles que ainda não chegaram a receber a Liberdade do Conhecimento... [Este foi precisamente o caso, por exemplo, de Akhnaton e de Jesus, que recusaram e continuam a recusar Iniciações mais elevadas por Amor aos homens.]

 

O Amor Espiritual é Vinho e Bálsamo. Dele gozam os que se deixaram Ungir com Ele e também os que são alheios a Ele, desde que os Ungidos permaneçam ao seu lado. No momento em que os Ungidos partirem, os não-ungidos, que apenas estavam junto aos Ungidos, voltam a exalar seu mau odor. [Esotericamente, isto significa que apenas a presença silenciosa de um Iniciado poderá ser transmutativa. Infelizmente, muitas vezes, a irradiação de Bem, de Beleza, de Paz e de Harmonia é apenas temporária ou ineficiente e ineficaz. Não por descuido do Iniciado, mas por ineptidão da parte de quem a recebe, que, na imensa maioria das vezes, nem sequer percebe a irradição esparramada, e, por isto, não a aproveita. O que um Iniciado jamais fará é forçar o que quer que seja. A coisa toda é como está no Evangelho de São Marcos, IV, 8 e 9: ... e cresceu, e um grão dava trinta, outro sessenta, e outro cem. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Mas, são insuficientes apenas ouvidos para ouvir e olhos para ver. É necessário ter Coração para sentir! O Entendimento e a Sabedoria não entram nem pelos ouvidos nem pelos olhos. Isto é meio que semelhante a um texto esotérico: as linhas pouco ensinam; as entrelinhas ensinam tudo. Ora, na frase O Amor Espiritual é Vinho e Bálsamo, Vinho não é a bebida resultante da fermentação alcoólica total ou parcial do mosto da uva; e Bálsamo não é uma substância aromática exsudada por muitas plantas, composta de resinas, óleos essenciais, ácidos benzóico e cinâmico e seus ésteres ou uma infusão de plantas narcóticas em óleo com que se friccionam regiões doloridas do corpo. Quero o vinho que me dá calor, escreveu Omar Khayyam em uma de suas rubais. Vinho que dá embriaguez ou Vinho que dá Vida?]

 

O homem copula com o homem, o cavalo copula com o cavalo, o asno copula com o asno, ou seja, as espécies copulam com seus semelhantes. Desta mesma maneira, o Espírito se une com o Espírito, o Logos com o Logos e a LLuz com a LLuz. [Isto significa que não estão franqueados ao homem todos os domínios, todos os campos, todas as esferas, todas as categorias, todos os âmbitos e todas as dimensões universais. Nada será por acaso; nada será de graça; nada será por apenas. Temos que nos esforçar para merecer, porque a nós nada virá de araque; como é dito popularmente, nós é que temos e teremos que correr atrás. O versículo 113 do Evangelho de Felipe é bem explicativo sobre este tema. E acrescenta: Se tu te fazes homem, é um homem quem te amará; se tu te fizeres Espírito, será o Espírito quem se unirá contigo; e se tu te fizeres como um dos de Cima, são Os de Cima que virão repousar sobre e dentro ti. Enfim, ou nos transmutamos conscientemente para merecer ou continuaremos a viver fora e abaixo da Santa LLuz, e permaneceremos sem poder participar da Santa Ceia Daqueles que Sabem e Podem e que estão Acima. Fica a pergunta: será que vale (valerá) a pena?]

 

Aquele que, pela Graça [e pelo Mérito], depois de haver alcançado a Liberdade se vende a si mesmo novamente como escravo, não poderá voltar a ser livre.

 

Bem-aventurado é aquele que não atribulou uma Alma... É feliz aquele que é assim, pois é um Homem Perfeito...

 

Há muitos animais no mundo que têm forma humana. [Aqui há uma referência clara àquilo que Helena Petrovna Blavatsky (1.831 – 1.891), em sua Doutrina Secreta, denominou de homens-sem-alma, e que, mais acima, não-pejorativamente, denominei de coisas-sem-alma. Note-se que Madame Blavatsky passou pela transição em 8 de maio de 1891; logo, em princípio, não conheceu o Evangelho de Felipe, que só foi descoberto em 1.945. Estes seres-coisas-sem-alma são aquelas criaturas que – como os animais em geral, mas deles diferentes – ao invés de serem constituídas de um Triângulo Superior e de um Quadrado Inferior (Homem-ariano,8 formado a partir do berço indiano Aryavarta), são formadas, inversamente, por um Triângulo Inferior (Corpo Físico, Corpo Etérico e Corpo Astral) e por um Quadrado Superior (Eu Interior, Manas, Buddhi e Athma), do qual estão desligadas. Em tudo se parecem com homens, mas não são homens, pois o quarto membro da constituição setenária humana – o Eu Interior – não se desenvolveu. Em uma palavra: são dominadas e dirigidas tão-somente pelo Corpo Astral.]

 

 

 

 

 

Ninguém pode saber qual é o dia que Homem e Mulher Copulam fora deles mesmos; estas Núpcias são um mistério. É um verdadeiro mistério o Casamento Impoluto [Místico e Alquímico]. O Casamento Impoluto não é carnal, mas Puro. Não pertence á paixão, mas à Vontade. Não pertence às trevas ou à noite, mas ao Dia e à LLuz... Ninguém poderá ver o Esposo e a Esposa, a não ser que se torne também um Esposo ou uma Esposa.

 

A ignorância é escravidão; o Conhecimento [Sabedoria Espiritual = ShOPhIa = 300 + 6 + 80 + 10] é Liberdade.

 

Há uma Glória acima da glória e um Poder acima do poder... Quando isto se manifestar, então, será derramada a LLuz Perfeita sobre todos aqueles que Nela se encontrarem, e receberão a Unção. Então, ficarão livres os escravos e os cativos serão redimidos. [A LLuz está fora e está dentro, mas a Unção só poderá acontecer dentro.]

 

Se alguém se faz Filho da Câmara Nupcial, receberá a LLuz. Quem não a receber nesta Sagrada Câmara não a receberá em outro lugar.

 

 

 

 

 

 

 

 

Como se Fosse um Epílogo

 

 

 

Já fui pedra; já fui planta.

Outrora, também fui animal.

Oh!, já fui besta sacripanta!

Hoje, estou apartado do mal.

 

 

Hoje, estou apartado do mal

porque mereci ser Rosacruz.

Luto para poder ser um canal

de Beleza, de Bem e de Luz.

 

 

De Beleza, de Bem e de Luz

se nutrem todos os Iniciados.

Andam por uma Senda de truz

para acrisolar seus Quadrados.

 

 

............................................

 

 

Ora.

Lege.

Lege.

Lege.

Relege.

Labora.

Et invenies.

 

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. O Evangelho de Felipe tem data de elaboração estimada entre 120 a 180 d.C. Acredita-se que seja um Evangelho gnóstico-valentiano e que seu autor tenha sido Felipe, apóstolo de Cristo. Já Valentino, informa o Instituto Arcanjo Michael, foi o mais intelectual dos líderes gnósticos, tendo desenvolvido um Gnosticismo atraente o suficiente para ganhar seguidores tanto no Oriente como no Ocidente. Os Valentianos Orientais eram Docetistas, pois afirmavam que Jesus tinha um corpo pneumático totalmente sujeito à influência do Espírito. Já os Valentianos Ocidentais ensinavam um Docetismo modificado, atribuindo a Jesus um corpo físico não totalmente gnóstico.

2. Os evangelhos ditos apócrifos (apokruphoi, secreto) são os livros escritos por comunidades cristãs e pré-cristãs. Por razões históricas ou religiosas, os apócrifos não são reconhecidos como canônicos pelos católicos, pelos evangélicos, pelos protestantes e pelos judeus ortodoxos. Os livros ditos apócrifos são muito estudados atualmente pelos teólogos por revelarem fatos e curiosidades a respeito dos primórdios do Cristianismo.

3. Nag Hammadi é uma aldeia no Egito, conhecida como Chenoboskion na Antigüidade, cerca de 225 km ao noroeste de Assuan, com aproximadamente 30.000 habitantes. É uma região camponesa onde produtos como o açúcar e o alumínio são produzidos. Nesta aldeia, foram encontrados, em 1.945, um conjunto de manuscritos que ficaram conhecidos como biblioteca de Nag Hammadi, contendo textos do antigo Gnosticismo. No total, foram descobertos cinqüenta e dois textos naquela área.

4. Mateus, Marcos, Lucas e João são os únicos Evangelhos aceitos pela Igreja Católica, pelos evangélicos e pelos protestantes como legítimos, e que, portanto, integram o Segundo Testamento da Bíblia. O cânon começou a ser definido por volta de 150 d.C. durante a controvérsia marcionita, e aparece documentado, pela primeira vez, na forma atual, em 367, em uma Carta de Atanásio, bispo de Alexandria. O Terceiro Sínodo de Cartago, em 397, ratificou o cânon aceitado previamente no Sínodo de Hipona Regia, realizado em 393, onde hoje é a Argélia. Foi contestada a inclusão do Livro da Revelação (Apocalipse) no cânon por toda a Idade Média, sendo aceito, finalmente, por católicos e protestantes, no Século da Reforma. O Evangelho de Marcos dá mostras de ser o livro mais antigo. O Evangelho de João foi o último entre os Evangelhos a ser escrito, e possui características particulares, tanto do ponto de vista dos textos quanto da perspectiva teológica do seu conteúdo.

5. Gnosticismo designa o movimento histórico e religioso cristão que floresceu durante os séculos II e III, cujas bases filosóficas eram as da antiga Gnose (palavra grega que significa conhecimento), com influências, basicamente, do Pitagorismo, do Neoplatonismo, do Zoroastrismo e do Mitraísmo. Este movimento reivindicava a posse de conhecimentos secretos (gnose apócrifa, em grego) que, segundo eles, os tornava diferentes dos cristãos alheios a este conhecimento. Originou-se, provavelmente, na Ásia Menor, e tem como base as filosofias pagãs que floresciam na Babilônia, no Egito, na Síria e na Grécia. O Gnosticismo combinava alguns elementos da Astrologia e dos mistérios das religiões gregas – Mistérios Eleusinos – bem como elementos do Hermetismo com alguns ensinamentos das doutrinas do Cristianismo. Em seu sentido mais profundo, o Gnosticismo significa a admissibilidade da Illuminação pela Via Iniciática da Sabedoria (ShOPhIa).

6. O siríaco era um sistema de escrita (alfabeto) que os jacobitas utilizavam na região da Síria. Teve um aspecto bem particular devido à influência dos escribas que desenhavam os caracteres de alto a baixo, de forma que o leitor deveria manusear a folha endireitando-a para lê-la da direita para esquerda. É importante ressaltar que neste idioma foram feitas várias traduções da Bíblia, tanto do Segundo Testamento quanto do Primeiro Testamento, bem como de outros livros religiosos que servem de fontes para o Judaísmo e para o Cristianismo.

7. Estendido = Crucificado.

8. A palavra ariano, ao referir-se a um grupo étnico, tem várias significações. Refere-se, mais especificamente, ao subgrupo dos indo-europeus, que se estabeleceu no planalto iraniano desde o final do terceiro milénio a.C., e que povoou a Península da Índia por volta de 1500 a.C., vindo do norte, pelo Punjabe, disseminando-se pela Índia, pela Pérsia e pelas regiões adjacentes. Estes são também chamados de árias. A sua cultura ficou particularmente expressa nos Vedas e, principalmente, no Rig Veda, considerado como o mais antigo. Por extensão, a designação arianos (não o termo árias) passou a referir-se a vários povos originários das estepes da Ásia Central – os indo-europeus – que se espalharam pela Europa e pelas regiões já referidas, a partir do final do neolítico. O termo designa, ainda, os descendentes dos indo-europeus que fundaram a civilização indiana. O termo refere-se, também, na História das Línguas, ao proto-ariano ou proto-indo-iraniano, que teria sido o ramo lingüístico comum aos antepassados dos povos indo-áricos e iranianos e aos dois grandes sub-ramos lingüísticos a que terá dado origem, ou seja, às línguas indo-áricas e às línguas iranianas. Estes dois sub-ramos são, também por extensão, designadas de línguas arianas, árico ou indo-iraniano. Pode, ainda, referir-se, especificamente, aos grupos lingüísticos atualmente conhecidos como proto-indo-europeu, proto-indo-iraniano e indo-iraniano. Em tempos, também se utilizou o termo para designar todas as línguas indo-européias. Infelizmente, alguns nazis foram atabalhoadamente influenciados pelos conceitos místico-teosóficos de Helena Petrovna Blavatsky e, em particular pela sua Doutrina Secreta, de (1888), onde postulava os Arianos como a Quinta Raça-raiz, datando a sua origem de, aproximadamente, um milhão de anos, remontando à Atlântida – idéia que foi distorcidamente repetida à exaustão pelo principal teórico do nacional-socialismo Alfred Rosenberg (1893 – 1946) e mantida como doutrina insubstituível pela Sociedade Thule. Foi assim que se justificou a imposição das chamadas Leis Arianas ou Leis de Nuremberga pelos nazistas, proibindo a cidadania e os direitos de trabalho aos não-arianos, o casamento entre indivíduos de grupos opostos e outras conhecidas barbaridades mais. Ainda que o Fascismo de Benito Amilcare Andrea Mussolini (1883 – 1945) não se caracterizasse inicialmente nem explicitamente pelo anti-semitismo, também na Itália se introduziram leis neste sentido, depois que Il Duce (em italiano, O Condutor) foi pressionado pela Alemanha.

 

Bibliografia:

APÓCRIFOS II: OS PROSCRITOS DA BÍBLIA. Compilados por Maria Helena de Oliveira Tricca. São Paulo: Mercuryo, 1.992.

 

Páginas da Internet consultadas:

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Eus%C3%A9bio_de_Cesareia

http://pt.wikipedia.org/wiki/Nag_Hammadi

http://pt.wikipedia.org/wiki/Arianos

http://www.terrabrasillis.com/
jesus_valentino.htm

http://eskesthai.blogspot.com/
2005_08_01_archive.html

http://www.ams.sunysb.edu/~jkamiyas/
frontier_lab/rt2d1uttvd_entropy_filter.html

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Sir%C3%ADaco

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Gnosticismo

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Evangelhos_can%C3%B4nicos

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Livros_ap%C3%B3crifos

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Evangelho_de_Felipe

http://pt.wikipedia.org/
wiki/Felipe_(ap%C3%B3stolo)

 

Fundo musical:

Opening

Fonte:

http://br.geocities.com/mimifantasy01/midi.htm