FAVORES

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

Em ocasiões favoráveis, liberamos influências... Não fazemos favores.

 

Mestre Kut Hu Mi

 

 

 

 

 

 

 

 

vai quebrar a chocolateira.

Quem aos Mestres pede favores

vai ranger como capinadeira.

 

 

Quem de Deus um prodígio almeja

é melhor esperar sentado.

Quem dos Mestres um alívio deseja,

 

 

Nem Deus nem os Mestres intervirão

nas nossas inocências.

Nem Deus nem os Mestres interferirão

nas nossas experiências.

 

 

Cada qual cuide de seu enterro,

impossível não há.2

Cada um dê um jeito em cada erro

pois, a depender do tipo de desvio,

não se volta para cá!

É meio que uma vela sem pavio;

 

 

 

 

 

 

 

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Notas:

1. Para os que acreditam em deuses fabricados pelos homens. E pior: há um grupo de boçais que que acredita que fará bons negócios com esses deuses, que apesar de terem sido fabricados há muito tempo, já sofreram tantas apócopes e tantas intercalações, que estão completamente mostrengados. E, na hora do troco, o que é dez mil vezes pior, se esses boçais puderem levar dezessete e setecentos ao invés de dezesseis e setecentos, engrupem o pobre do deus direitinho. Sem pejo e numa boa!

2. No poeminha Berçário Estelar, comentei a fonte e a autoria da frase: Cada qual cuide de seu enterro, impossível não há. Vou explicar novamente. Esta foi a frase derradeira de Quincas Berro Dágua, segundo o relato da prostituta Quitéria do Olho Arregalado, que estava ao lado de Quincas quando ele deu o último suspiro, e que, nos momentos de intimidade e de ternura, o chamava de Berrito. [Fragmento do romance, A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água, publicado em 1961, de autoria do escritor brasileiro e membro da Academia Brasileira de Letras Jorge Amado (Itabuna, 10 de agosto de 1912 – Salvador, 6 de agosto de 2001)].

Abaixo, consegui resgatar um registro histórico da maior importância – um verdadeiro furo de reportagem jamais visto – divulgado, não se sabe como, pelo Amigo da Onça, na revista O Cruzeiro, em 23 de outubro de 1943, pois a obra A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água, como foi dito no parágrafo anterior, só foi publicada em 1961, dezoito anos depois de a matéria do Seu Onça ter vindo a lume! Uma proeza e tanto! O que o sacana do Onça registrou – meio que mais ou menos como Le Baiser de L'hôtel de Ville, de Robert Doisneau – foi o encontro emocionado – no céu! – de Quitéria do Olho Arregalado com Quincas 'Berrito' Berro Dágua. Só que não foi um furo-registro parado, em branco preto; foi um registro-furo animado, em technicolor! Aqui está certo porque a marca norte-americana Technicolor, pertencente à Technicolor Motion Picture Corporation, foi utilizada pelos estúdios de Hollywood de 1922 a 1952.

 

 

 

 

 

Le Baiser de L'hôtel de Ville
Paris, 1950

 

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.prelum.com.br/
produtos/botons

http://www.tiamonica.com.br/
figuras_animadas/Beijos/beijos.htm

http://media.photobucket.com/image/carpideira/
murmayariel/A720_carpideira.jpg

 

Música de fundo:

Dezessete e Setecentos
Compositores: Miguel Lima e Luiz Gonzaga
Intérprete: Luiz Gonzaga

Fonte:

http://www.boemio.com.br/nacionais.php?letra=L