ecordar,
rever, reexaminar, repassar e revisitar, em qualquer âmbito, mas,
particularmente, na esfera do Misticismo, é fundamental, para que
a base de nossas convicções se fortaleça continuamente
e, se possível, sem crises brabas de soluços. A Via Mística
é cheia de surpresas, alegrias, decepções, solancos,
cambalhotas, calhambotas,
ampliamentos, encolhimentos e outras coisinhas mais, que, em geral, não
temos a capacidade de prever concertadamente, e que, se não formos
fortes o suficiente para suportar as
tentações, que são numerosas, as quedas ocasionais
e a dúvida periódica, como disse Raymond Bernard
(19 de maio de 1923 – 10 de janeiro de 2006), de vez em quando, temos
até vontade de desistir. No Caminho Iniciático, quem espera
encontrar ininterrompidamente uma linha reta retinha e retilínea
ou um céu de brigadeiro haverá de quebrar a cara.1
Se bobearmos, às vezes, a linha se quebra e
o céu é mesmo de cabras! Assim, por mais que conheçamos
um determinado tema, sempre é bom, de vez em quando, reestudá-lo,
nem que seja rapidamente, mas, sem ser superficialmente. Seja como for e
qualquer que seja o ângulo do reexame, ele nunca será inútil,
redundante ou desnecessário. Até porque, sempre, surgem em
nossa mente novas intuições e novos aprendizados. E, não
raro, até modificações de conceitos que considerávamos
definitivos, perfeitos e irretocáveis. Mas, o que é definitivo,
perfeito e irretocável?
Se
eu não estiver equivocado nesta compreensão – e acho
que não estou – sempre que revisamos o que já conhecemos
ou sabemos, acrescentamos alguma coisa, pois, jamais compreendemos a integralidade
de nada da primeira vez. Às vezes, nem da segunda, nem da terceira,
nem da quarta, e por aí vai. Na verdade, vivemos e morremos sem compreender
muitas coisas! E o pouco que compreendemos, muitas vezes, está cheio
de equívocos.
Por
isto, hoje, resumidamente, para vocês e para mim, vou rabiscunhar
um pouquinho do que aprendi e (acho que) entendi a respeito dos ciclos da
nossa Peregrinação, que, quanto aos Sete Períodos incontestados,
estamos mais ou menos na metade da Jornada (segunda metade do Período
Terrestre).
Como
ensina Rudolf Steiner (Kraljevec, fronteira austro-húngara, 27 de
fevereiro de 1861 – Dornach, Suíça, 30 de março
de 1925), filósofo, educador, artista, esoterista, fundador da Antroposofia,
da Pedagogia Waldorf, da Agricultura Biodinâmica, da Medicina Antroposófica
e da Euritimia, cada
estado de consciência se movimenta através de 7 (sete reinos);
no conjunto da evolução da Humanidade há (7 x 7 = 49)
quarenta e nove ciclos pequenos ('rondas', conforme o modo de exprimir teosófico).
E cada ciclo pequeno tem, por sua vez, de percorrer sete ciclos menores
ainda, que se chamam 'estados da forma' (na Teosofia, 'globos'). Isto perfaz
343 (trezentos e quarenta e três) – 7 x 49 – 'estados
da forma'.
A primeira
coisa a ponderar, quanto aos 'estados
da forma', é que cada um dos 343 estados é caracterizado
por um nível freqüencial ou vibratório distinto, sempre
crescente, o que equivale a conhecimentos que presumidamente se somam. Presumidamente
porque nem sempre é assim, pois, a obstinação é
o maior empecilho à libertação. Seja como for, isto
significa que, por exemplo, um 'estado
da forma' 144 possui uma energia vibracional maior do que um
'estado da forma'
143, e uma energia vibracional menor do que um 'estado
da forma' 145. Em outras palavras, a cada 'estado
da forma' que avançamos, nos tornamos, por assim dizer,
mais (re)integrados na Consciência Cósmica. Brincando um pouquinho:
menos burregos e mais peritos.
Agora,
admitir que o alcançamento do 'estado
da forma' 343 venha a ser ou represente o fim da Jornada seria
um equívoco. Não há essa coisa de fim da Jornada, porque
não há fim para nada; no caso, o fim de qualquer caminhada
é sempre o começo de outra. Por outro lado, admitindo que
existam 343 'estados
da forma', e que neles, atualmente, estejamos, pela Necessidade,
inseridos, efetivamente, não sabemos o que há (haverá)
depois do trecentésimo quadragésimo terceiro estado,
tanto quanto não sabemos com exatidão em que estado
ou ponto da Peregrinação nos encontramos presentemente, porque,
ainda que, em princípio, sejamos todos terráqueos, não
somos todos iguais nem estamos no mesmo degrau da Escada. Há, inclusive,
particularmente, por tristeza e desencanto, homens-sem-alma
e mulheres-sem-alma,
que, praticamente, chegaram
até aqui, pode-se dizer, para nada! Isto é uma das coisas
que tenho dificuldade para entender. Não o fato da existência
inconteste de homens-sem-alma
e de mulheres-sem-alma,
mas, como possa ser admissível,
como se justifica, que alguém possa ter alcançado a metade
do Período Terrestre (depois de ter passado pelo Período
de Saturno, pelo
Período Solar, pelo
Período Lunar e pela primeira
metade do Período
Terrestre, e acabe, (quase)
irreversivelmente, (quase)
inelutavelmente,
por ser entropizado. Haverá decepção
maior do que esta? Mas, o arrependimento sincero certamente muda isto. Pois
é. A maioria das pessoas não sabe, mas, a cada ente que é
necessariamente entropizado,
nós também somos entropizados
um pouquinho, pois tudo o que acontece no Kosmos
afeta tudo e a todos em um certo grau. Não há incolumidade;
nem para os Deuses. Orate
fratres! Por todos. Auxiliate
fratres!
Todos.
Seguindo.
O que devemos de fato compreender e dar o devido valor, isto sim, é
que vencemos e ultrapassamos alguns 'estados
da forma' – inseridos educativa e experiencialmente no
Período de Saturno (estado semelhante ao dos minerais, ou seja, sem
qualquer tipo de consciência), no Período Solar (a consciência
era semelhante a dos vegetais), no Período Lunar (estado de consciência
pictórica, semelhante ao que hoje são os animais) e em parte
do Período Terrestre (Época Polar —› Época
Hiperbórea —› Época Lemúrica —›
Época Atlante —› Época Ária – época
atual – em que o homem adquiriu a faculdade da razão). Em seguida,
se merecermos, conheceremos a Nova Galiléia, época em que
o homem começará a expandir e a dominar determinadas faculdades
que, hoje, para a maioria de nós, estão em estado latente
ou in potentia,
tais como a telepatia, a clarividência etc. Mas, há outros
'estados da forma'
mais elevados a serem vencidos e ultrapassados. É importantíssimo
ter em mente estas coisas, por dois motivos básicos, sem prejuízo
de outros: 1º) não devemos dormir satisfeitos e ufanistas com
as vitórias conquistadas; e 2º) nada justifica nenhum tipo de
vaidade ou de sobrançaria por qualquer vitória conquistada,
já que, sempre, inexoravelmente sempre, a síntese de hoje
acabará por se tornar a tese de amanhã. Sempre há e
sempre haverá algo a ser acrescentado, algo a ser atenuado, algo
a ser transmutado. Quanto a isto, pouquíssimas coisas são
indeléveis, imodificáveis ou indestrutíveis. Dentre
estas pouquíssimas coisas indelebilíssimas – como se
precisasse de superlativo absoluto sintético para qualificar isto!
– os exemplos típicos são a absurdidade do assassinato
e a inefetividade do sucídio, que interferem no Universo inteiro.
Usei a palavra inefetividade para enquadrar o suicídio porque ele
não resolve absolutamente nada; só piora as coisas. Quem põe
termo à própria vida, na encarnação posterior,
haverá de (re)vivenciar os mesmos sobe-e-desce, os mesmos problemas,
as mesmas dificuldades, os mesmos dissabores e os mesmos desesperos, só
que agravados e mais pesados. Por tudo o que foi dito e pelo que não
foi dito, no parágrafo anterior, escrevi Necessidade com a letra
N maiúscula. Lei da Necessidade
Lei da Reencarnação
Círculo da Necessidade.
Em
segundo lugar, os números correspondentes aos reinos
(7), às rondas
(49) e aos globos
ou estados da
forma (343) são teosoficamente equivalentes. E isto é
muito fácil de ser demonstrado. Acompanhem:
Sete
–› o Valor Secreto de 7 é 28, isto é: (7 x 8)
÷ 2. Mas, teosoficamente, 28
2 + 8 = 10
1 + 0 = 1.
Quarenta e nove
–› o Valor Secreto de 49 é 1.225, isto é: (49
x 50) ÷ 2. Mas, teosoficamente, 1.225
1 + 2 + 2 + 5 = 10
1 + 0 = 1.
Trezentos e
quarenta e três –› o Valor Secreto de 343 é
58.996, isto é: (343 x 344) ÷ 2. Mas, teosoficamente, 58.996
5 + 8 + 9
+ 9 + 6 = 37. E 37
3 + 7 = 10
1 + 0 = 1.
Logo, 7
49 343
1.
Mas, precisamos entender
isto bem direitinho: o 1 não é o fim da Coisa – o repouso
de quem combateu o Bom Combate. Significa que estamos, progressivamente,
nos aproximando do Centro – do Grande Sol Central, o Centro do Kosmos,
que não tem (e tem) Centro. Logo, a cada 1, sempre um novo 1.
E,
finalmente, em terceiro lugar...
Tudo
é derivação do Um.
E, de
uma forma ou doutra
cada
um retornará ao Um.
Esta
Regra será cumprida
–
doa o que tiver que doer,
verta
o que precisar verter.
Mas,
até lá... Contrapartida!
Os
que forem distanciados
não
adulterarão a Regra.
E, não
existe contra-regra
que arquitete
outros fados.
E
assim, os biltres de hoje
–
amotinados e rangendo –
perderão
o seu subtraendo.
Vale zero dar de moloje!
Oh! É
tempo de reconhecer!
É
tempo de desenvilecer!
Passou
da hora de zuretar.
—
Oh! Onde foi parar
o meu subtraendo?
_____
Nota:
1. Poema em Linha Reta
(Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa):
Nunca
conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu,
tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda
a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na
vida...
Quem
me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó
príncipes, meus irmãos,
Arre,
estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então
sou só eu que é vil e errôneo nesta Terra?
Poderão
as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Bibliografia:
PESSOA, Fernando. Obra
poética e em prosa. Introduções, organização,
biobibliografia e notas de António Quadros e Dalila Pereira da Costa.
Volume I; poesia. Porto: Lello & Irmão - Editores, 1986.
Música
de fundo:
2001: A Space Odyssey
- Also Sprach Zarathustra
Fonte:
http://beemp3.com/download.php?file=83
96987&song=Also+Sprach+Zarathustra
http://mp3lx.com/2001-a-space-odyssey
-opening-alex-north-version-mp3-download.html
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.walkaboutcrafts.com/freegifts/alphabet.htm
http://www.animateit.net/categories.php?cat_id=372
http://paxprofundis.org/livros/cartas/mahatmas.htm
http://br.bestgraph.com/gifs/artifices-1.html
https://sites.google.com/site/wwwigm
anaimsaleluzcombr/gifs-animados-1
http://caccioppoli.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_Terrestre
http://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_Lunar
http://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_Solar
http://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_de_Saturno
http://paxprofundis.org/livros/steiner/steiner.html
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