REVISITANDO RAPIDINHO

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Estou revisitando rapidinho.
Revisite você também;
apenas um catiquinho.
Quem revisita não fica sem!

 

 

 

ecordar, rever, reexaminar, repassar e revisitar, em qualquer âmbito, mas, particularmente, na esfera do Misticismo, é fundamental, para que a base de nossas convicções se fortaleça continuamente e, se possível, sem crises brabas de soluços. A Via Mística é cheia de surpresas, alegrias, decepções, solancos, cambalhotas, calhambotas, ampliamentos, encolhimentos e outras coisinhas mais, que, em geral, não temos a capacidade de prever concertadamente, e que, se não formos fortes o suficiente para suportar as tentações, que são numerosas, as quedas ocasionais e a dúvida periódica, como disse Raymond Bernard (19 de maio de 1923 – 10 de janeiro de 2006), de vez em quando, temos até vontade de desistir. No Caminho Iniciático, quem espera encontrar ininterrompidamente uma linha reta retinha e retilínea ou um céu de brigadeiro haverá de quebrar a cara.1 Se bobearmos, às vezes, a linha se quebra e o céu é mesmo de cabras! Assim, por mais que conheçamos um determinado tema, sempre é bom, de vez em quando, reestudá-lo, nem que seja rapidamente, mas, sem ser superficialmente. Seja como for e qualquer que seja o ângulo do reexame, ele nunca será inútil, redundante ou desnecessário. Até porque, sempre, surgem em nossa mente novas intuições e novos aprendizados. E, não raro, até modificações de conceitos que considerávamos definitivos, perfeitos e irretocáveis. Mas, o que é definitivo, perfeito e irretocável?

 

Se eu não estiver equivocado nesta compreensão – e acho que não estou – sempre que revisamos o que já conhecemos ou sabemos, acrescentamos alguma coisa, pois, jamais compreendemos a integralidade de nada da primeira vez. Às vezes, nem da segunda, nem da terceira, nem da quarta, e por aí vai. Na verdade, vivemos e morremos sem compreender muitas coisas! E o pouco que compreendemos, muitas vezes, está cheio de equívocos.

 

Por isto, hoje, resumidamente, para vocês e para mim, vou rabiscunhar um pouquinho do que aprendi e (acho que) entendi a respeito dos ciclos da nossa Peregrinação, que, quanto aos Sete Períodos incontestados, estamos mais ou menos na metade da Jornada (segunda metade do Período Terrestre).

 

Como ensina Rudolf Steiner (Kraljevec, fronteira austro-húngara, 27 de fevereiro de 1861 – Dornach, Suíça, 30 de março de 1925), filósofo, educador, artista, esoterista, fundador da Antroposofia, da Pedagogia Waldorf, da Agricultura Biodinâmica, da Medicina Antroposófica e da Euritimia, cada estado de consciência se movimenta através de 7 (sete reinos); no conjunto da evolução da Humanidade há (7 x 7 = 49) quarenta e nove ciclos pequenos ('rondas', conforme o modo de exprimir teosófico). E cada ciclo pequeno tem, por sua vez, de percorrer sete ciclos menores ainda, que se chamam 'estados da forma' (na Teosofia, 'globos'). Isto perfaz 343 (trezentos e quarenta e três) – 7 x 49 – 'estados da forma'.

 

A primeira coisa a ponderar, quanto aos 'estados da forma', é que cada um dos 343 estados é caracterizado por um nível freqüencial ou vibratório distinto, sempre crescente, o que equivale a conhecimentos que presumidamente se somam. Presumidamente porque nem sempre é assim, pois, a obstinação é o maior empecilho à libertação. Seja como for, isto significa que, por exemplo, um 'estado da forma' 144 possui uma energia vibracional maior do que um 'estado da forma' 143, e uma energia vibracional menor do que um 'estado da forma' 145. Em outras palavras, a cada 'estado da forma' que avançamos, nos tornamos, por assim dizer, mais (re)integrados na Consciência Cósmica. Brincando um pouquinho: menos burregos e mais peritos.

 

Agora, admitir que o alcançamento do 'estado da forma' 343 venha a ser ou represente o fim da Jornada seria um equívoco. Não há essa coisa de fim da Jornada, porque não há fim para nada; no caso, o fim de qualquer caminhada é sempre o começo de outra. Por outro lado, admitindo que existam 343 'estados da forma', e que neles, atualmente, estejamos, pela Necessidade, inseridos, efetivamente, não sabemos o que há (haverá) depois do trecentésimo quadragésimo terceiro estado, tanto quanto não sabemos com exatidão em que estado ou ponto da Peregrinação nos encontramos presentemente, porque, ainda que, em princípio, sejamos todos terráqueos, não somos todos iguais nem estamos no mesmo degrau da Escada. Há, inclusive, particularmente, por tristeza e desencanto, homens-sem-alma e mulheres-sem-alma, que, praticamente, chegaram até aqui, pode-se dizer, para nada! Isto é uma das coisas que tenho dificuldade para entender. Não o fato da existência inconteste de homens-sem-alma e de mulheres-sem-alma, mas, como possa ser admissível, como se justifica, que alguém possa ter alcançado a metade do Período Terrestre (depois de ter passado pelo Período de Saturno, pelo Período Solar, pelo Período Lunar e pela primeira metade do Período Terrestre, e acabe, (quase) irreversivelmente, (quase) inelutavelmente, por ser entropizado. Haverá decepção maior do que esta? Mas, o arrependimento sincero certamente muda isto. Pois é. A maioria das pessoas não sabe, mas, a cada ente que é necessariamente entropizado, nós também somos entropizados um pouquinho, pois tudo o que acontece no Kosmos afeta tudo e a todos em um certo grau. Não há incolumidade; nem para os Deuses. Orate fratres! Por todos. Auxiliate fratres! Todos.

 

Seguindo. O que devemos de fato compreender e dar o devido valor, isto sim, é que vencemos e ultrapassamos alguns 'estados da forma' – inseridos educativa e experiencialmente no Período de Saturno (estado semelhante ao dos minerais, ou seja, sem qualquer tipo de consciência), no Período Solar (a consciência era semelhante a dos vegetais), no Período Lunar (estado de consciência pictórica, semelhante ao que hoje são os animais) e em parte do Período Terrestre (Época Polar —› Época Hiperbórea —› Época Lemúrica —› Época Atlante —› Época Ária – época atual – em que o homem adquiriu a faculdade da razão). Em seguida, se merecermos, conheceremos a Nova Galiléia, época em que o homem começará a expandir e a dominar determinadas faculdades que, hoje, para a maioria de nós, estão em estado latente ou in potentia, tais como a telepatia, a clarividência etc. Mas, há outros 'estados da forma' mais elevados a serem vencidos e ultrapassados. É importantíssimo ter em mente estas coisas, por dois motivos básicos, sem prejuízo de outros: 1º) não devemos dormir satisfeitos e ufanistas com as vitórias conquistadas; e 2º) nada justifica nenhum tipo de vaidade ou de sobrançaria por qualquer vitória conquistada, já que, sempre, inexoravelmente sempre, a síntese de hoje acabará por se tornar a tese de amanhã. Sempre há e sempre haverá algo a ser acrescentado, algo a ser atenuado, algo a ser transmutado. Quanto a isto, pouquíssimas coisas são indeléveis, imodificáveis ou indestrutíveis. Dentre estas pouquíssimas coisas indelebilíssimas – como se precisasse de superlativo absoluto sintético para qualificar isto! – os exemplos típicos são a absurdidade do assassinato e a inefetividade do sucídio, que interferem no Universo inteiro. Usei a palavra inefetividade para enquadrar o suicídio porque ele não resolve absolutamente nada; só piora as coisas. Quem põe termo à própria vida, na encarnação posterior, haverá de (re)vivenciar os mesmos sobe-e-desce, os mesmos problemas, as mesmas dificuldades, os mesmos dissabores e os mesmos desesperos, só que agravados e mais pesados. Por tudo o que foi dito e pelo que não foi dito, no parágrafo anterior, escrevi Necessidade com a letra N maiúscula. Lei da Necessidade Lei da Reencarnação Círculo da Necessidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em segundo lugar, os números correspondentes aos reinos (7), às rondas (49) e aos globos ou estados da forma (343) são teosoficamente equivalentes. E isto é muito fácil de ser demonstrado. Acompanhem:

Sete –› o Valor Secreto de 7 é 28, isto é: (7 x 8) ÷ 2. Mas, teosoficamente, 28 2 + 8 = 10 1 + 0 = 1.

Quarenta e nove –› o Valor Secreto de 49 é 1.225, isto é: (49 x 50) ÷ 2. Mas, teosoficamente, 1.225 1 + 2 + 2 + 5 = 10 1 + 0 = 1.

Trezentos e quarenta e três –› o Valor Secreto de 343 é 58.996, isto é: (343 x 344) ÷ 2. Mas, teosoficamente, 58.996 5 + 8 + 9 + 9 + 6 = 37. E 37 3 + 7 = 10 1 + 0 = 1.

Logo, 7 49 343 1.

Mas, precisamos entender isto bem direitinho: o 1 não é o fim da Coisa – o repouso de quem combateu o Bom Combate. Significa que estamos, progressivamente, nos aproximando do Centro – do Grande Sol Central, o Centro do Kosmos, que não tem (e tem) Centro. Logo, a cada 1, sempre um novo 1.

 

 

 

 

E, finalmente, em terceiro lugar...

 

Tudo é derivação do Um.

E, de uma forma ou doutra

cada um retornará ao Um.

 

Esta Regra será cumprida

– doa o que tiver que doer,

verta o que precisar verter.

Mas, até lá... Contrapartida!

 

Os que forem distanciados

não adulterarão a Regra.

E, não existe contra-regra

que arquitete outros fados.

 

E assim, os biltres de hoje

– amotinados e rangendo –

perderão o seu subtraendo.

Vale zero dar de moloje!

 

Oh! É tempo de reconhecer!

É tempo de desenvilecer!

Passou da hora de zuretar.

 

 

 

Oh! Onde foi parar o meu subtraendo?

 

 

 

 

 

 

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Nota:

1. Poema em Linha Reta (Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa):

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta Terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

 

Bibliografia:

PESSOA, Fernando. Obra poética e em prosa. Introduções, organização, biobibliografia e notas de António Quadros e Dalila Pereira da Costa. Volume I; poesia. Porto: Lello & Irmão - Editores, 1986.

 

Música de fundo:

2001: A Space Odyssey - Also Sprach Zarathustra

Fonte:

http://beemp3.com/download.php?file=83
96987&song=Also+Sprach+Zarathustra

http://mp3lx.com/2001-a-space-odyssey
-opening-alex-north-version-mp3-download.html

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.walkaboutcrafts.com/freegifts/alphabet.htm

http://www.animateit.net/categories.php?cat_id=372

http://paxprofundis.org/livros/cartas/mahatmas.htm

http://br.bestgraph.com/gifs/artifices-1.html

https://sites.google.com/site/wwwigm
anaimsaleluzcombr/gifs-animados-1

http://caccioppoli.com/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_Terrestre

http://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_Lunar

http://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_Solar

http://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_de_Saturno

http://paxprofundis.org/livros/steiner/steiner.html

 

Direitos autorais:

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