1º
MOMENTO
O
que vou relatar neste Primeiro Momento aconteceu há mais ou menos
quarenta anos. Meu Eu Interior existia apenas em potência. Mas,
eu não me esqueci. Naquele tempo – tempo hipócrita
– os rapazes eram ensinados a respeitar as meninas 'de família'
como se fossem suas irmãs. Com as 'mulheres da vida'
ou 'da rua' ('da vida'? 'da rua'?) tudo era
lícito e permitido; com as consideradas meninas 'de família'
só mãozinha dada e beijinho suave, isso se elas deixassem
ou autorizassem. Mão na perna? Nem pensar. A virgindade era tida
como mais sagrada do que... Até hoje eu não descobri em
relação a quê a virgindade era tida como mais sagrada.
E acho que vou morrer sem saber, porque nunca me relacionei com uma
mulher virgem. Dizem que quando uma garota perde a virgindade faz POC.
Será? Mas, que a virgindade era tida como sagrada, isso era.
Quem é do meu tempo sabe. Tempo muito besta! A virgindade dourada
não é física. É espiritual. Não adianta
nada ser fisicamente virgem, mas mentalmente um lasso e/ou um malévolo.
Isso é hipocrisia. Mas comentarei isso outro dia.
O
fato é que os rapazes acabavam procurando prostitutas, garçonetes,
babás, empregadas domésticas etc. para satisfazer seus
instintos sexuais (normais). Eu não fui diferente. Fui inteiramente
diferente, sim, na forma como me relacionava com essas moças,
que acabavam ficando comigo mais pela minha simpatia, do que por qualquer
tipo de moleza que pudessem auferir. Eu era simplesmente um duro e filho
de lavadeira. Mas era atencioso, carinhoso e sabia ouvir o que elas
tinham para contar. Estou convicto de que uma das coisas mais terríveis
é não se interessar pelo que o outro tem para dizer. Acho
que, em parte, desenvolvi esse jeito com as mulheres porque era um pronto
de marca maior. Mas, eu adorava estar com essas moças, pois não
eram bestas como a maioria das 'meninas de família'
daquela época. Aliás, sempre me aproximei mais dos sem-nada
do que dos com-tudo. Não tenho nenhum tipo de diferença
ou de preconceito contra os com-tudo, mas, os com-tudo são mesmo
muito diferentes dos sem-nada. O fato é que os vagabundos e os
miseráveis são os meus prediletos. Aprendi muito com esses
Irmãos.
Certa
vez, andando à-toa pelo Posto 6, em Copacabana, conheci uma moça,
que pela aparência parecia ser uma empregada doméstica.
Na verdade, nunca liguei para essas coisas. A mãe dos meus filhos
(de quem estou divorciado há muitos anos) viveu até mais
ou menos quinze anos na Favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, e
isso jamais fez qualquer diferença para mim. E
eu quase me casei com uma prostituta.
Mas, o fato é que eu e essa moça à qual me referi
acabamos namorando, e fomos – de lotação –
festejar nosso romance em um hotel-matadouro (que nem banheiro tinha
dentro do quarto!) que existia na Praça José de Alencar
(que fica na confluência das Ruas do Catete, Marquês de
Abrantes, Barão do Flamengo, Conde de Baependi e Senador Vergueiro),
perto do Largo do Machado. A moça era interessante, mas não
tirava o sutiã de jeito nenhum. Achei aquilo estranho, mas não
disse nada. Não demorou muito para eu perceber que ela não
tinha o seio direito. Ela havia sofrido uma mastectomia radical naquele
seio e por isso tinha vergonha de tirar o sutiã. E não
o tirou em nenhum momento, porque eu não toquei no assunto nem
insinuei nada. Fiquei com essa moça algumas horas, e foi com
ela que passei um dos melhores momentos de minha vida, tanto que me
lembro desse fato até hoje. Hoje, quando me recordo dessa passagem,
fico emocionado. Por onde andará essa irmã? Mas tenho
certeza de que, sem exagero, apesar de não tê-la amado
no sentido usual que é dado a este verbo, eu a amei como ser
humano, talvez mais do que a muitas das moças maravilhosas com
quem me relacionei ao longo de minha vida. Acho também que, sem
falsa modéstia, para ela foram horas inesquecíveis. Talvez
ninguém a tivesse tratado como eu a tratei. Sei lá. Quero
estar enganado. Eu sou mais ou menos assim: ao conhecer uma pessoa,
se há concordância de vibrações, sinto-me
como se a conhecesse a meio século. E um seio – ou a falta
dele – não muda absolutamente nada. Há certas mulheres
que têm todos os seios e é como se não tivessem
nenhum. Não existe pastel de vento? Pois é. Seios de vento.
A
ventania, agora em outro sentido, pode ser exemplificada pelos políticos-pastéis
de vento que, para se perpetuarem no poder, geralmente utilizam a mentira,
a fraude e os panamás com (no mínimo) um duplo objetivo:
locupletação e dominação. Não posso
deixar de abrir um parêntesis aqui para apontar a farra legal
que vigora no Congresso Nacional Brasileiro. Lembrete eqüipolente:
Revolução Francesa. Cada um dos 514 Senhores Deputados
tem garantido por Lei o que está discriminado abaixo:
Salário:
R$ 12.000,00;
Auxílio-moradia:
R$ 3.000,00;
Verba
para despesas extras: R$ 7.000,00;
Verba
para assessores: R$ 3.800,00;
Grana
para trabalhar no recesso: R$ 25.400,00;
Verba
de gabinete mensal: R$ 35.000,00;
Direito a transporte aéreo: 4 (quatro) passagens de ida e volta
a Brasília por mês;
Direito de contratar até 20 servidores para cada gabinete;
Direito ao recebimento de 13º e 14º salários no fim
e no início de cada ano legislativo;
Direito a 90 dias de férias anuais;
Direito a folga remunerada de 30 dias; e
O
que não se sabe: R$ ????????
Arre!!!
Olha a ventania!!!
Retornando:
por que contei aquele fato da minha vida — o da moça mastectomizada?
Porque acho que é educativo no sentido de que a solidariedade
e o amor não se resumem a fazer um depósito bancário
para os necessitados, ou a praticar uma boa ação aqui
ou ali. Muita gente massageia o ego fazendo isso. Não vale lhufas.
Mas, muito femeeiro machão talvez tivesse brochado quando percebesse
que a garota não tinha um seio, e resolvesse ir embora sem mais
aquela. Isso se, de contrapeso, não dissesse umas coisas desagradáveis.
E como ficaria a moça? Eu sempre pensei nessas situações,
e quando aconteceram coisas assim segurei a onda. Em especial, com essa
moça fui mais carinhoso do que seria se ela fosse, por assim
dizer, 'inteira'. Passei por outras situações
parecidas e sempre agi da mesma forma. E isso não tem nada a
ver com ser ou não ser Rosacruz.
Nós
não temos o direito de ferir ou de desprezar um ser humano. Nem
mesmo um micróbio pode ser maltratado por nós. E o sofrimento
que alguém carrega, por exemplo, por não possuir um seio,
não pode ser agravado pelo desdém e/ou pelo desinteresse
de quem descobre esse fato na hora H. Acho que são mais do que
suficientes os conflitos psicológicos e os distúrbios
emocionais que pessoas que passaram por esse trauma levam consigo para
o resto de suas vidas. Já pensou o que é perder um seio?
Isso é muito triste.
Enfim,
eu me lembro como se fosse hoje: namorei, com algum esforço,
essa moça 4 vezes em menos de 4 horas. Digo com algum esforço
porque nunca fui chegado a exageros nessa matéria. Mas sei que
ela ficou muito feliz, e eu, em termos místicos, não cumpri
menos do que deveria ser cumprido. Nessa época eu ainda não
era Rosacruz, mas já agia e pensava como se Rosacruz fosse, ainda
que, repito, isso não tenha nada a ver com Rosacrucianismo. De
qualquer forma, eu tenho lá minhas humildes desconfianças
de que já nasci Rosa+Cruz. De certa maneira, a AMORC
foi um festejado reencontro.
A
troca energética que ocorre em uma relação sexual
é algo que jamais poderá ser percebido com qualquer dos
sentidos físicos. Só se o orgasmo for sentido em todo
o corpo é que, talvez, possamos ter uma pálida idéia
do que é, efetivamente, uma relação entre dois
seres, ainda que as relações sexuais ejaculatórias,
de uma maneira geral, 'empobreçam' os que se amam. Por
isso, uma forma de contrabalançar essa diminuição,
é, no mínimo, desejar, durante o clímax, todo o
Bem e todo o Amor para todos os seres do Universo. Isso vale mais do
que todas as dádivas que possamos fazer aos pobres. E, qualquer
coisa que se mentalize nessa hora, dificilmente não se tornará
realidade. Por isso, no momento em que o ponto mais alto da excitação
sexual é atingido, é preciso cuidado com os pensamentos,
pois eles seguirão seu curso independentemente de nossa vontade.
Podemos, assim, praticar uma 'mágicka' sem saber que
a estamos praticando. Os ocultistas conhecem isso muito bem.
ADENDO:
Eu já havia concluído este Momento quando descolei
a animação abaixo. É uma animação
inocente que me fez lembrar que eu deveria acrescentar que os tais encontros
que mencionei eram muito raros e difíceis. Arnaldo Jabor –
em entrevista recente ao Jô Soares – citou o exemplo de
Luis Carlos Prestes (1898-1990), que teve sua primeira experiência
sexual a dois com 32 (trinta e dois) anos.
A
verdade é que naquela época predominava a masturbação.
Essa era a regra. Portanto, o episódio que relatei era uma exceção.
Por isso, a inocente animação abaixo me trouxe algumas
recordações: umas, cômicas; outras, nem tanto. O
mundo contemporâneo, sob muitos aspectos, é menos hipócrita
e muito mais sadio, ainda que, sob outros, pareça ter regredido
aos tempos da Roma antiga. Essas são as aparentes contradições
do processo entrópico a que tudo e todos estão sujeitos.
2º
MOMENTO
Há
algum tempo eu ia de carro para o IDHGE (Instituo de Desenvolvimento
Humano e Gestão Empresarial) trabalhar. Em uma determinada esquina
da Rua Professor Gabizo, na Tijuca, Rio de Janeiro,
eu vi uma menina exposta (para quem quisesse ver)
em uma espécie de tabuleiro fazendo todo o tipo de caretas que
se possa imaginar. O quadro era, ao mesmo tempo, triste e dantesco.
Logo percebi que era uma pobre doente incapacitada para tudo.
Imediatamente
se aproximou de mim um homem enorme (que mais parecia um
leão-de-chácara)
com cara de debilóide, apontando para a menina e pedindo apenas
com gestos uma esmola. Na hora entendi que ele simples e descaradamente
estava explorando a doença da filha para arrumar um troco. Foi
isso que me passou pela cabeça. Não conversei. Passei
uma descompostura em regra no leão. Não sei como ele não
me bateu (ou me mordeu). Apenas ficou calado e foi para a calçada.
E lá ficou parado com um olhar distante... Cheguei a pensar que
ele havia miado como uma leoazinha.
Há
muito disso por aí. Pais e mães que exploram seus filhos,
impedindo até que estudem. Outros estimulam que os filhos se
prostituam. Outros violam os próprios filhos. Outros jogam os
filhos no lixo. Por aí vai. Isso tudo é uma verdadeira
barbaridade. Mas, essas notícias têm um outro lado perverso:
podem nos induzir a incorrer no erro de julgar (o que em si já
é um baita erro) a parte pelo todo.
Mas,
voltando ao leão-de-chácara. Mais tarde refleti sobre
a forte repreensão que dei naquele pai. Eu não deveria,
sob nenhuma alegação, ter feito aquilo. Definitivamente
não deveria. Há mil razões para desabonar e não
autorizar atitudes como essa. Mas, vou comentar apenas uma das mil possíveis.
Não poderia aquele pai não ter com quem deixar aquela
filha, e, por isso, estivesse esmolando? Quem sabe poderia ser viúvo.
Et cetera. Nós temos que estar atentos para não
julgar ninguém e não cometer rodolfices como a que dei
como exemplo. A paz interior é também ver as desgraças
do mundo sem sofrer abalos emocionais, ou ter rompantes frente àquilo
que consideramos como injustiças. Mesmo que o sujeito se indigne
com possíveis e presumidos absurdos ele não deve se descontrolar.
Isso é mais do que impróprio – é dar um passo
para trás. Algum tempo depois me redimi da boçalidade
que cometi. Mas isso guardarei para mim. Talvez aquele pai seja mesmo
um leão. Vai ver que o seu silêncio foi um tremendo rugido
de dor, e o meu urro de fera babaca foi um regougo de hiena vadia.
3º
MOMENTO
Eu
faço minhas merdas e depois me arrependo. E bota arrependimento
nisso. No mesmo local do fato relatado acima, em outra ocasião,
eu parei no sinal que fechara (atitude não muito prudente no
Rio de Janeiro). Quase colado a mim estava um paraplégico sentado
em uma cadeira de rodas. Essas coisas têm mesmo que acontecer
exatamente comigo, que tenho uma mistura sangüínea de amargar
[(mãe = Portugal) + (pai = Itália) + (avó materna
= Espanha)]. Isso é mesmo uma bomba! Eu que o diga.
Não
é que naquele instante em que estou parado no sinal pousa uma
pombinha perto do deficiente físico, e o filho da puta saca não
sei de onde um pedaço de pau enorme e tenta acertar a pombinha.
Acho que só um sujeito mentalmente débil e muito perverso
faz um treco desses. Bem, eu não pude ficar calado. Senti logo
um enorme calor no corpo inteiro e fiquei furibundo. Esse eu esculhambei
mesmo. E esculhambei pra valer.
Algum
tempo depois (na verdade, poucas horas depois, como no caso do leão)
também me redimi com ele. Tive muita pena daquele infeliz. Pensei
comigo: talvez a incontida irritação contra a pombinha
tivesse origem no fato de ele, preso até o último de seus
dias àquela cadeira, não tenha podido suportar a liberdade
daquele bichinho, que além de se locomover livremente, podia
principalmente voar. Terá sido isso? Nunca saberei.
EPÍLOGO
Epílogo?
Não sei por que essa palavra me lembra jazigo. O grande problema
de lutar pela Paz, pela Justiça e pelo Bem é que poderemos
cometer as mais inconscientes injustiças. Há algum tempo
descobri uma fómula fantástica para saber como proceder
em ocasiões difíceis. Quando a coisa acontecer você
tem que ser rápido no gatilho. Imediatamente relaxe o sentido
da visão, se abstraia de tudo e olhe para dentro. Aguarde. Em
questão de segundos você saberá como proceder. Isso
não falha nunca. Vou repetir em caixa alta (apesar de ter aprendido
recentemente com meu muito querido Irmão +Vicente
Velado
– FRC,
Iniciado do 7º
Grau do Faraó
e Abade Especial para o Terceiro Mundo da Ordo
Svmmvm Bonvm
– que palavras em caixa alta sobrecarregam os browsers,
pois eles são afetados pela mudança de caixa no decorrer
de um texto, principalmente se for usado o itálico, o que causa
grande demora na carga de uma página): NÃO
FALHA.
WEBSITES
CONSULTADOS
http://www.physics.ubc.ca/~biophys/whatis.html
http://www.tonterias.com/
http://www.callme.com/justwebvideo/local_pictures/
http://www.barrysinclair.com/theclinic.htm