Émile
Dantinne, cujo Nome Iniciático é Sâr1 Hieronymus
(que simplesmente significa Nome Sagrado), nasceu na cidade de Huy, Bélgica,
no dia 19 de abril de 1884. Em sua juventude, girou o mundo inteiro e foi
um estudante excelente e aplicado com um grande talento para línguas:
aprendeu italiano, português, grego, latim e russo. Em 1909, estudou
hebraico e árabe na Universidade de Liège (Luik), na Bélgica.
Em 1913, Dantinne encontra-se com C. Virollaud, diretor da Babylionaca,
em Paris, e começa a estudar as Tabuletas Sumerianas, desta maneira,
se tornando também em um perito na língua Assíria antiga.
Sâr
Hieronymus era, por assim dizer, um Mago Branco na melhor acepção
do conceito! A respeito de suas habilidades psíquicas, relata Marco
Antonio Coutinho no trabalho O Homem Que Não Sabia Nada,
que Jean Mallinger (Sâr Elgin) declarou: Ele
possuía um dom singular, que seu falecido amigo Léon Lelarge
e eu mesmo pudemos verificar com nossos próprios olhos: podia fazer
parar rapidamente a chuva e enviar as nuvens para outra região. Sem
dúvida, isto parecerá inverossímil para alguns; entretanto,
com a melhor boa-fé, só posso dizer que vi!
Em
1904, Dantinne encontrou-se com Joséphin Péladan, quando este
dava uma conferência no Hotel Ravenstein, em Bruxelas. Este Hotel
era um lugar de reunião para os membros da Ordem da Rosa+Cruz Católica
e Estética do Templo e do Graal, fundada originariamente em 1891
por Joséphin Péladan, depois que ele deixou a Ordem Cabalística
da Rosa+Cruz. Depois que Péladan fundou sua nova Ordem, organizou
os famosos Salões da Rosa+Cruz em Paris, onde chegou a reunir dezenas
de artistas famosos, colaboradores assíduos nas exposições
de arte. Na terceira exibição do Salão, realizada em
Bruxelas em 1894, uma filial da Ordem de Péladan foi estabelecida
na Bélgica. A filial belga foi dirigida pelo famoso pintor simbolista
Jean Delville. Após a primeira reunião com Péladan,
em 1904, Dantinne tornou-se um visitante regular da filial de Péladan,
no Hotel de Ravenstein em Bruxelas. A filosofia da Rosa+Cruz passou a florescer,
então, na Bélgica.
Bruxelas,
a partir de então, transformou-se na sede das Ordens e das sociedades
esotéricas européias. Em 1918, Joséphin Péladan
morreu. A Ordem da Rosa+Cruz Católica foi, então, reorganizada
por seus discípulos e colaboradores. A Ordem dividiu-se em diversas
filiais. Gary de Lacroze deu prosseguimento à Ordem original da Rosa+Cruz
Católica na França, com o pintor Jaques Brasilier. Brasilier
era o editor de um jornal periódico chamado Les Feuillets de
la Rosace, renomeado mais tarde para Feuillets des Dunes,
que se tornou um órgão da Ordem Rosa+Cruz.
Na
Bélgica, com a ajuda de Du Chastain, a Ordem foi reorganizada por
Émile Dantinne sob o nome de Rosa+Cruz Universal.
Depois
da morte de Péladan, Dantinne se tornou Sâr Hieronymus, que
reascendeu a tocha da Ordem e restaurou a tradição antiga
da Rosa+Cruz Real (como citado na obra: O Louvre e o Pensamento de Péladan,
escrito por Émile Dantinne, em 1952).
Em
1923, Dantinne reorganizou a Ordem da R+C (Ordo Aureæ & Rosæ
Crucis – OARC) em três Ordens Iniciáticas separadas
e distintas. A Ordem da Rosa+Cruz Universitária foi organizada em
nove graus. A Ordem da Rosa+Cruz Universal, sob a liderança do Imperator
François Soetewey (Sâr Succus) foi, do mesmo modo, dividida
em nove graus. Estas duas Ordens serviram à mesma causa, a não
ser pela particularidade de que a Ordem da Rosa+Cruz Universitária
admitia somente os membros universitários que tivessem sido treinados
em Ciências Ocultas. Finalmente, havia a Ordre de la Rose+Croix
Interieure, sob a liderança do Imperator Jules Rochat de Abbaye
(Sâr Apollonius), dividida em quatro graus. A Ordem da R+C foi dividida,
conseqüentemente, em um total de treze graus, sendo que o último
(13º), era o grau de Imperator.
Em
31 de dezembro de 1925, Dantinne fundou um Centro R+C em Bruxelas (Bélgica)
sob a liderança de François Soetewey, com Jean Mallinger (Sâr
Elgin), braço direito de Dantinne, como auxiliar na secretaria e
na administração. Em 1927, Dantinne fundou a Ordre Hermetiste
Tetramegiste et Mystique. A Ordem era uma reconstrução
da Ordem de Pitágoras, e foi conduzida por Dantinne, François
Soetewey (Sâr Succus) e Jean Mallinger, líder da filial belga
do Rito Memphis-Mizraim.
Dantinne
trabalhou como bibliotecário para a cidade belga de Huy, tendo atendido
e auxiliado enormemente a diversas universidades em toda sua vida. Publicou
artigos numerosos no famoso jornal suíço Inconnu,
editado por Pierre Gillard (que era membro da Grande Loja Suíça
da AMORC), primo de Edouard Bertholet (Sâr Alkmaion) – Soberano
Grão Mestre da Ordem Martinista Sinarquica (L'Ordre et de Martiniste
Synarchique) para
as Lojas Inglesas, tendo recebido a Carta Constitutiva como Delegado Geral
para a Grã Bretanha e a Comunidade Britânica.
Em
1934, em Bruxelas, Bélgica, foi fundada e instalada a Fédération
Universelle des Ordres et Sociétés Initiatiques (FUDOSI)
pela iniciativa de Harvey Spencer Lewis (primeiro Imperator da Ordem
Rosacruz – AMORC
das Américas do Norte e do Sul e fundador de seu segundo ciclo de
atividades no Hemisfério Ocidental, Iniciado em Toulouse, por Emile
Dantinne) (Sâr Alden) e de Émile Dantinne e Victor Blanchard
(Sar Yesir) – o primeiro Triângulo Supremo da Federação.
Em setembro de 1939, este Supremo Triângulo passou a ser constituído
pelos Imperatores Emile Dantinne, Agustin Chaboseau e Ralph M. Lewis (este
em substituição a seu pai que havia passado pela Transição)
(Sâr Validivar). O símbolo da FUDOSI (em latim Federatio
Universalis Dirigens Ordines Societatesque Initiationis) foi desenhado
por Sâr Alden e aprovado pelos demais congressistas. Ele representa
o ovo místico, que, no Egito Antigo, guardava em seu seio todos os
mistérios. Há em seu centro dois ímãs bipolares
representando os dois hemisférios unidos em uma mesma fraternidade
espiritual. A Iniciação é, em verdade, universal, e
todos os homens de boa vontade estão a Ela habilitados, qualquer
que seja o seu país de nascimento. O emblema inclui em seu centro
um triângulo inacabado e um quadrado incompleto, já que todas
as Iniciações Tradicionais, longe de se combaterem, complementam-se
admiravelmente para dar ao neófito uma luz única. No meio,
a Cruz representa a Corrente Cristã da Iniciação, como
o Quadrado simboliza a Iniciação Helênica e o Triângulo
a Iniciação Martinista, tudo harmonicamente estruturado para
representar a Unidade Espiritual. Durante uma Convenção da
FUDOSI, realizada em Paris em 1937, foi demonstrado para os membros que,
colocando-se o símbolo da Federação no prato rotativo
de um toca-discos de modo a fazê-lo girar com velocidade gradativa,
em um dado momento surgia um novo símbolo esotérico que continha
e dava vida a todos os outros símbolos do emblema estático:
a verdadeira Swástica da Iniciação Tradicional
Hinduísta, cujo movimento rotatório representa a energia criativa
do cosmos em movimento e a Transmutação Espiritual. A FUDOSI,
entretanto, já não mais existe fisicamente desde a metade
do século passado, mais exatamente desde 14 de agosto de 1951. Contudo,
em um certo sentido, ela segue iluminando invisivelmente os ideais Iniciáticos
porque representou um momento iluminado e iluminante na história
do esoterismo mundial, no qual as fraternidades filiadas sempre gozaram,
no respectivo campo de atuação, da mais absoluta e completa
liberdade e da mais perfeita e autônoma independência. A FUDOSI
exemplificou e demonstrou à saciedade a irmandade que sempre existiu
na Terra entre as diversas fraternidades autênticas e comprovou durante
o tempo em que esteve ativa que Omnia Ab Uno. Veja abaixo o Emblema
da FUDOSI em sua forma estática, à esquerda, e em movimento,
à direita. Não sei se consegui reproduzir o Emblema em movimento
como Sâr Alden o elaborou originariamente. Em outro trabalho que divulguei,
o movimento do Emblema apresenta outra possibilidade de rotação.
Dantinne
foi também o fundador da Commision de Recherches Scientifiques
sur l'Occultisme (CRSO), estabelecida em Huy, Bélgica. Fundou,
também, o Institut Scientifiques sur L'occultisme e a Societé
Metaphysique em Bruxelas. O Governo e o Rei da Bélgica recompensaram
Dantinne diversas vezes por suas contribuições à instrução
e à cultura. Em 1962, Dantinne foi admitido em De Leopoldsorde
(um dos títulos honoráveis mais elevados do Estado da Bélgica).
Seria uma redundância dizer que Émile Dantinne foi um escritor
realizado. Durante sua vida publicou algo em torno de trinta títulos
a respeito de tópicos que envolveram línguas estrangeiras,
história local, Metafísica, Ocultismo, Rosacrucianismo, Martinismo
etc.
Émile
Dantinne fez a sua Grande Iniciação em Huy, no dia 21 de maio
de 1969, com a idade de 85 anos. Ao seu lado, como descreve Marco Antonio
Coutinho, velando por ele, sua filha Marie-Louise pôde ouvi-lo sussurrar
as últimas palavras; — A
gente não sabe nada. E
partiu para sondar o insondável que nos dá a mão
por sobre o muro.
Objetivo
da Pesquisa
Esta
pesquisa teve por objetivo garimpar alguns pensamentos de Émile Dantinne,
cujo Nome Iniciático é Sâr Hieronymus. Dos dezessete
fragmentos selecionados, cinco estão em espanhol, exatamente como
os encontrei na obra original. Talvez, para nós Rosacruzes, fique
definitivamente estabelecido, a partir da biografia resumida apresentada
acima de Sâr Hieronymus, que, neste Plano, injungido pela Lei da Dualidade,
muitas foram e muitas ainda são as manifestações terrenas
da Ordem Rosa+Cruz Verdadeira, Autêntica, Eterna e Invisível,
o mesmo acontecendo, por exemplo, com a Maçonaria e com o Movimento
Martinista. É exatamente porque não
sabemos nada que existem vários Movimentos Iniciáticos
bem-intencionados pintando a mesma paisagem com cores diferentes, para que
os seres-no-mundo buscadores possam escolher a Fraternidade que
mais se afine com suas idéias e com seus ideias. Mas a Música
é a mesma, e tudo que precisava ser dito já foi dito!
As
cores podem ser diferentes,
mas a paisagem é a mesma!