Quando
se trata de problemas que requerem lúcida observação
e raciocínio objetivo, muitas vezes, a comunicação
entre as pessoas se torna extremamente difícil, pois, as palavras,
que são sons que nos conduzem a uma idéia, poderão
estar associadas a alguma lembrança, algum preconceito, algum conceito
etc. E, quando se estão examinando problemas abstratos, a comunicação
se torna mais difícil ainda. O grande macete é penetrarmos
na palavra –
e não ficarmos presos unicamente ao seu significado dicionarizado
– isto é,
se formos mais além, penetrando e aprofundando o valor da palavra,
a comunicação se tornará sobremodo fácil e simples.
Portanto, a comunicação só será efetiva se e
quando houver comunhão. [In:
A Suprema Realização, de autoria de Jiddu Krishnamurti.]
Comunhão
Eros
e Psique
(Fernando
Pessoa)
Conta
a lenda que dormia
uma Princesa encantada
a quem só despertaria
um Infante, que viria
de além do muro da estrada.
Ele
tinha que, tentado,
vencer o mal e o bem,
antes que, já libertado,
deixasse o caminho errado
por o que à Princesa vem.
A
Princesa Adormecida,
se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
e orna-lhe a fronte esquecida,
verde, uma grinalda de hera.
Longe
o Infante, esforçado,
sem saber que intuito tem,
rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.
Mas
cada um cumpre o Destino –
ela dormindo encantada,
ele buscando-a sem tino
pelo processo divino
que faz existir a Estrada.
E,
se bem que seja obscuro
tudo pela Estrada fora,
e falso, ele vem seguro,
e, vencendo Estrada e muro,
chega onde em sono ela mora.
E,
inda tonto do que houvera,
à cabeça, em maresia,
ergue a mão, e encontra hera,
e vê que ele mesmo era
a Princesa que dormia.
Sim,
foram milênios de agonia
e
de nosomaníaca soturnidade,
pois,
sem saber, ele era a Princesa que dormia,
e
Ela, inconsciente, era o infante que viria.
Mas,
um dia, chegou ao fim a Saudade.
E,
então, agora, já acordados,
o Infante e a Princesa
unem
seus Triângulos e seus Quadrados.
E, da desunião, alforriados,
integralmente, conhecem a
LLuz,
o Bem e a Beleza!
Esta
será a Suprema Realização-Comunhão
para
todos os seres-humanos-aí-no-mundo.
Quando
for vencida a
miralusão,1
Ela
acontecerá no Coração,
seja
do Discípulo, seja do vira-mundo.
Não
há qualquer pecado
impedidor
que
obste esta Lei de vir a acontecer.
Um
dia, terminará a dolor,
o plúmbeo mudará de cor
e
se transmutará o não-ser.
E
a Rosa mal-amada de
– cega, inexata, sem cor e sem perfume,
radioativa,
estúpida, inválida e antônima,
anti-rosa
contaminada, alterada e anônima –
renascerá
restaurada e incólume.
A
desgraça de Hiroshima (6 de agosto de 1944),
repetida em Nagasaki (9 de agosto de 1945).
Nunca
mais Enola Gay e Little Boy.
(Nunca mais Bockscar e Fat Man.)
Nunca
mais separatividade e ofensividade.
Nunca
mais Smith & Wesson e o tal cowboy.
Nunca
mais diferença entre judeu e goy.
E
assim, desaparecerá a nossa Saudade.
Splendor
Solis
Com
certeza, no Incriado Tempo (que não é tempo),
tudo
isto haverá de acontecer.
E
será o fim de qualquer contratempo,
no
aprisionador continuum espaço-tempo.
E
será Illuminado
o nosso vir-a-ser!
_____
Nota:
1. Miralusão
= Miragem + Ilusão.
Música
de fundo:
Rosa
de Hiroshima
Poema de Vinícius de Moraes musicado por Gerson Conrad
Interpretação: Ney
Matogrosso)
Fonte:
http://red-mp3.me/1252777/ney-matogrosso-rosa-de-hiroshima.html
Páginas
da Internet consultadas:
https://giphy.com/explore/rainbow-rgb
https://www.gratispng.com/
https://www.telegraph.co.uk/
http://paxprofundis.org/livros/androginia/androginiamistica.html
https://www.123rf.com/
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