Quando
era jovem, era muito inexperiente, e precisava de mais proteção
do que eu acreditava na época. Eu costumava fazer as coisas mais
estúpidas, simplesmente porque não conhecia o mal nem tinha
a menor idéia das coisas que poderiam acontecer com as garotas. Naquela
época, eu era totalmente imprudente, não conhecia o medo.
Isto se devia, em parte, à minha natural negligência, e também
à ignorância e à certeza de que Deus cuidaria de mim.
Por isto, dada à minha inexperiência, eu não possuía
nenhum senso dos valores relativos, o que fazia com que eu valorizasse as
coisas sem importância, e desconsiderasse o que não deveria
desprezar. (In: Autobiografia
Inconclusa, Alice Ann Bailey).
—
No tempo de eu-lambão,
zil
e uma merdas cometi.
Pior
foi a 'miralusão',1
que
chupei de Don Fifì.
—
Até raspei o bigode,
igualzinho
ao Don Fifì.
Mas,
meu bodum de bode
não mudava: era de rafi!
Eu-bode-bodum-de-rafi
—
Era mesmo um zé-bundão,
e
só matutava besteira.
Vivia
como um toleirão,
só seguindo a esteira.
—
No fim, fiquei 'brogá',2
e
pior: dei de ver saci.
pintou,
e me levou daqui.
O
Boitatá que me levou daqui!
—
No céu, o velho Pedro
me
deu uma espinafração,
e
me mandou pro moledro.
Senti-me
menos que anão.
—
Pensei em pedir ao Chefe
uma colherzinha de chá.
Todavia,
nunca fui bodefe,
e
acabei deixando pra lá.
—
Bordejei no 'devachan',3
e...
Acabei reencarnando.
Reapareci
em um luchan,
mas,
continuei bestando.
—
Esperei, porém, nada.
Aí,
resolvi me empenhar.
Então,
achei a Estrada,
e
comecei a Peregrinar.
—
E, com Pompeu, aprendi:
4
E, bem devagar, ascendi,
e já não troco Ç por S.
—
No início, foi barra!
Por
um fio, não desisti.
Mas,
limpei a casmarra,
e
vi que eu era o Fifì!
Talvez,
a maior frustração de um ser-aí
seja descobrir que ele e Don Fifì são um.
—
Mudei de H2O pra
Vinho,
e
virei um cidadão melhor.
Tornei-me
um Pequenininho,
e
colori tudo de outra Cor.
—
Hoje, digo aos 4 ventos:
largem
mão dos seus Fifìs,
tenham
sempre bons intentos
e
não premeditem 'rififis'.
—
A coisa funciona assim:
para
cada Fifì no peito
e
para cada delirante sim,
Lei
da Causa e do Efeito!
______
Notas:
1. Miralusão
= Miragem + Ilusão.
2. Brogá
= Brocha + Gagá.
3. Ensinou
o Mestre Kut Hu Mi: Cada
entidade, com quatro princípios recém-desencarnada (seja por
morte natural ou violenta, de suicídio ou acidente, sã ou
insana, jovem ou velha, boa, má ou indiferente), perde toda a recordação
no instante da morte; a recordação é
mentalmente aniquilada, e dorme o seu sono 'akásico' no 'Kama Loka'.
Este estado poderá durar algumas horas, dias, semanas, meses e, às
vezes, até vários anos. Tudo isto conforme a entidade e o
seu estado mental no momento da morte, a espécie de sua morte etc.
Essa recordação retornará à entidade ou Ego
lenta e gradualmente até o final da gestação em forma
ainda mais lenta e bastante imperfeita e incompleta ao cascão, e,
completamente, ao Ego no momento de sua entrada no 'Devachan'. E agora,
sendo este último um estado determinado e produzido por sua vida
passada, o Ego não entra nele subitamente, e, sim, emerge nele de
modo gradual e por etapas imperceptíveis. Desde o primeiro alvorecer
desse estado, aparece a vida recém-terminada (ou melhor, a vida recém-terminada
é
revivida pelo Ego) desde o seu primeiro dia consciente até o último.
Desde os acontecimentos mais importantes até os mais insignificantes,
todos se desenvolvem diante do olho espiritual do Ego; mas, em contraste
com os acontecimentos da vida real, só permanecem os que são
escolhidos pelo novo vivente (perdoai-me a palavra) que se adere a certas
cenas e certos atores. Esses ficam permanentemente, enquanto que todos os
outros se desvanecem para desaparecer para sempre ou para retornar ao seu
criador: o cascão. Tratai, pois, de compreender esta Lei tão
altamente importante por ser exatamente justa e retributiva nos seus efeitos.
Nada resta desse passado que ressurgiu, a não ser o que o Ego sentiu
espiritualmente (aquilo que se desenvolveu e viveu por e através
de suas faculdades espirituais), seja o amor, seja o ódio. Tudo o
que estou agora tentando descrever é, na verdade, indescritível.
E assim como nunca dois homens e nem mesmo duas fotografias da mesma pessoa
se assemelham entre si, linha por linha, tampouco se assemelham dois estados
no 'Devachan'. A não ser que seja um Adepto, que pode experimentar
tais estados em seu próprio 'Devachan' periódico, como se
pode esperar que alguém forme uma imagem correta do mesmo? Portanto,
não existe contradição ao dizer que o Ego, uma vez
renascido no 'Devachan', retém por certo tempo, proporcional à
sua vida terrestre, uma recordação completa de sua vida (Espiritual)
na Terra... No último momento, toda a vida se reflete em nossa memória,
e emerge de todos os escaninhos e recantos esquecidos, quadro após
quadro, acontecimento após acontecimento. O cérebro moribundo
desaloja a memória com um forte impulso supremo e a memória
devolve, com fidelidade absoluta, cada uma das impressões que lhe
foram confiadas durante o período da atividade cerebral. Aquelas
impressões e pensamentos que foram mais poderosos se tornam naturalmente
os mais vívidos, e sobrevivem, por assim dizer, a todo o resto que,
agora, se desvanece e desaparece para sempre, para reaparecer unicamente
no 'Devachan'. Nenhum homem morre insano ou inconsciente, como asseguram
alguns fisiólogos. Mesmo um louco ou alguém em um ataque de
'Delirium Tremens' terão o seu instante de perfeita lucidez no momento
da morte, ainda que sejam incapazes de manifestá-lo aos presentes.
O homem pode, muitas vezes, parecer que está morto. Entretanto, desde
a sua última pulsação –
desde e entre a última batida de seu coração e o momento
quando a última partícula de calor animal deixa o corpo –
o cérebro pensa e o Ego revive, nesses breves segundos, toda a sua
vida. Falai em voz baixa, vós que estais juntos a um leito de morte
e estais diante da solene presença da Morte. Em especial, deveis
vos manter silenciosos, justamente depois que a Morte tenha colocado a sua
viscosa mão sobre o corpo. Falai em sussurros, eu vos digo; do contrário,
ireis perturbar a calma onda de pensamentos e dificultareis o afanoso trabalho
do Passado vertendo os seus reflexos sobre o Véu do Futuro... Não
há tristeza nem dor para aqueles que nascem ali (no 'Rupa Loka' do
'Devachan'), pois, essa é a Terra Pura... Bardo é o período
entre a morte e o renascimento, e pode durar de uns poucos anos até
um 'kalpa'. Ele é dividido em três subperíodos: (1)
quando o Ego, livre do seu envoltório mortal, entra no Kama Loka
(a morada dos Elementares); (2) quando entra no seu Estado de Gestação;
e (3) quando renasce no 'Rupa Loka' do 'Devachan'. O subperíodo (1)
pode durar de uns poucos minutos a alguns anos. A expressão 'alguns
anos' se torna enigmática e inteiramente inútil sem uma explicação
mais completa. O subperíodo (2) é 'muito grande' como dizeis,
às vezes, mais prolongado do que possais mesmo imaginar, entretanto,
é proporcional ao vigor espiritual do Ego. O subperíodo (3)
dura em proporção ao bom Karma, após o qual a Mônada
é novamente reencarnada... Enfim,
o que é o Devachan? Como explica o Mestre Kut Hu Mi, o
'Devachan' é um estado, digamos, de intenso egoísmo, durante
o qual o Ego (combinação do Sexto e Sétimo Princípios)
colhe a recompensa do seu altruísmo na Terra. Está completamente
mergulhado na felicidade de todos os seus afetos pessoais, preferências
e pensamentos terrenos, e recolhe o fruto de suas ações meritórias.
Nenhuma dor, nenhuma pena, nem mesmo a sombra de uma aflição
obscurecem o brilhante horizonte de sua incontaminada felicidade, porque
é um estado de perpétuo 'mâyâ'. Vai ao 'Devachan'
o ego pessoal, mas, beatificado, purificado, santificado. Todo Ego que,
depois do período de gestação inconsciente, renasce
no 'Devachan' é necessariamente tão puro e inocente como uma
criança recém-nascida. O fato de haver renascido comprova,
já por aí, a preponderância do bem sobre o mal em sua
velha personalidade. E, enquanto o 'karma' (do mal) fica temporariamente
suspenso, para segui-lo mais tarde em sua futura encarnação
terrena, ele só leva ao 'Devachan' o 'karma' de suas boas obras,
palavras e pensamentos.
4. Navigare
necesse; vivere non est necesse. (Navegar é
preciso; viver não é preciso.) – Frase latina de Gnaeus
Pompeius Magnus, general romano, 106 – 48 a.C., dita aos marinheiros,
amedrontados, que se recusavam a viajar durante a guerra. [Cf. Plutarco,
in: Vidas Paralelas].
Esta frase, um desafio à Natureza, ecoou pela História, até
chegar à pena de Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa,
13 de junho de 1888 – Lisboa, 30 de novembro de 1935) e à garganta
de Ulysses Silveira Guimarães (Itirapina, 6 de outubro de 1916 –
Angra dos Reis, 12 de outubro de 1992).
Navegar
é Preciso
(Fernando Pessoa)
Quero
para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver
não é necessário; o que é necessário
é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse
fogo.
Só
quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada
vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É
a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
.
. . . . . .
. . . . . .
. . . . . .
. . . . .
Na
verdade,
a Vida é um Abecedário,
e urge Compreender.
Aí, a Saudade
– para cada humano-ário –
sumirá no vir-a-ser.
Entendendo,
mudaremos de Cruz,
e pintaremos de outra Cor.
Ascendendo,
entreveremos a LLuz,
e amenizará a nossa dor.
Música
de fundo:
Don
Fifì
Composição: Domenico Modugno & Franco Migliacci
Interpretação: Domenico Modugno
Fonte:
http://audio-tut.ru/mp3-album-domenico-
modugno-download-4868666.html
Páginas
da Internet consultadas:
https://www.desicomments.com/
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https://books.google.com.br/
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2011/02/navegar.html
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