DON FIFÌ

 

 

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

Se você acreditar em mim,
eu juro: a sua vida mudará!

 

 

 

Quando era jovem, era muito inexperiente, e precisava de mais proteção do que eu acreditava na época. Eu costumava fazer as coisas mais estúpidas, simplesmente porque não conhecia o mal nem tinha a menor idéia das coisas que poderiam acontecer com as garotas. Naquela época, eu era totalmente imprudente, não conhecia o medo. Isto se devia, em parte, à minha natural negligência, e também à ignorância e à certeza de que Deus cuidaria de mim. Por isto, dada à minha inexperiência, eu não possuía nenhum senso dos valores relativos, o que fazia com que eu valorizasse as coisas sem importância, e desconsiderasse o que não deveria desprezar. (In: Autobiografia Inconclusa, Alice Ann Bailey).

 

 

 

 

 

 

No tempo de eu-lambão,

zil e uma merdas cometi.

Pior foi a 'miralusão',1

que chupei de Don Fifì.

 

Até raspei o bigode,

igualzinho ao Don Fifì.

Mas, meu bodum de bode

não mudava: era de rafi!

 

 

Eu-bode-bodum-de-rafi

 

 

Era mesmo um zé-bundão,

e só matutava besteira.

Vivia como um toleirão,

só seguindo a esteira.

 

No fim, fiquei 'brogá',2

e pior: dei de ver saci.

pintou, e me levou daqui.

 

 

O Boitatá que me levou daqui!

 

 

No céu, o velho Pedro

me deu uma espinafração,

e me mandou pro moledro.

Senti-me menos que anão.

 

 

 

 

Pensei em pedir ao Chefe

uma colherzinha de chá.

Todavia, nunca fui bodefe,

e acabei deixando pra lá.

 

Bordejei no 'devachan',3

e... Acabei reencarnando.

Reapareci em um luchan,

mas, continuei bestando.

 

Esperei, porém, nada.

Aí, resolvi me empenhar.

Então, achei a Estrada,

e comecei a Peregrinar.

 

E, com Pompeu, aprendi:

4

E, bem devagar, ascendi,

e já não troco Ç por S.

 

No início, foi barra!

Por um fio, não desisti.

Mas, limpei a casmarra,

e vi que eu era o Fifì!

 

 

Talvez, a maior frustração de um ser-aí
seja descobrir que ele e Don Fifì são um.

 

 

Mudei de H2O pra Vinho,

e virei um cidadão melhor.

Tornei-me um Pequenininho,

e colori tudo de outra Cor.

 

Hoje, digo aos 4 ventos:

largem mão dos seus Fifìs,

tenham sempre bons intentos

e não premeditem 'rififis'.

 

A coisa funciona assim:

para cada Fifì no peito

e para cada delirante sim,

Lei da Causa e do Efeito!

 

 

 

 

 

 

______

Notas:

1. Miralusão = Miragem + Ilusão.

2. Brogá = Brocha + Gagá.

3. Ensinou o Mestre Kut Hu Mi: Cada entidade, com quatro princípios recém-desencarnada (seja por morte natural ou violenta, de suicídio ou acidente, sã ou insana, jovem ou velha, boa, má ou indiferente), perde toda a recordação no instante da morte; a recordação é mentalmente aniquilada, e dorme o seu sono 'akásico' no 'Kama Loka'. Este estado poderá durar algumas horas, dias, semanas, meses e, às vezes, até vários anos. Tudo isto conforme a entidade e o seu estado mental no momento da morte, a espécie de sua morte etc. Essa recordação retornará à entidade ou Ego lenta e gradualmente até o final da gestação em forma ainda mais lenta e bastante imperfeita e incompleta ao cascão, e, completamente, ao Ego no momento de sua entrada no 'Devachan'. E agora, sendo este último um estado determinado e produzido por sua vida passada, o Ego não entra nele subitamente, e, sim, emerge nele de modo gradual e por etapas imperceptíveis. Desde o primeiro alvorecer desse estado, aparece a vida recém-terminada (ou melhor, a vida recém-terminada é revivida pelo Ego) desde o seu primeiro dia consciente até o último. Desde os acontecimentos mais importantes até os mais insignificantes, todos se desenvolvem diante do olho espiritual do Ego; mas, em contraste com os acontecimentos da vida real, só permanecem os que são escolhidos pelo novo vivente (perdoai-me a palavra) que se adere a certas cenas e certos atores. Esses ficam permanentemente, enquanto que todos os outros se desvanecem para desaparecer para sempre ou para retornar ao seu criador: o cascão. Tratai, pois, de compreender esta Lei tão altamente importante por ser exatamente justa e retributiva nos seus efeitos. Nada resta desse passado que ressurgiu, a não ser o que o Ego sentiu espiritualmente (aquilo que se desenvolveu e viveu por e através de suas faculdades espirituais), seja o amor, seja o ódio. Tudo o que estou agora tentando descrever é, na verdade, indescritível. E assim como nunca dois homens e nem mesmo duas fotografias da mesma pessoa se assemelham entre si, linha por linha, tampouco se assemelham dois estados no 'Devachan'. A não ser que seja um Adepto, que pode experimentar tais estados em seu próprio 'Devachan' periódico, como se pode esperar que alguém forme uma imagem correta do mesmo? Portanto, não existe contradição ao dizer que o Ego, uma vez renascido no 'Devachan', retém por certo tempo, proporcional à sua vida terrestre, uma recordação completa de sua vida (Espiritual) na Terra... No último momento, toda a vida se reflete em nossa memória, e emerge de todos os escaninhos e recantos esquecidos, quadro após quadro, acontecimento após acontecimento. O cérebro moribundo desaloja a memória com um forte impulso supremo e a memória devolve, com fidelidade absoluta, cada uma das impressões que lhe foram confiadas durante o período da atividade cerebral. Aquelas impressões e pensamentos que foram mais poderosos se tornam naturalmente os mais vívidos, e sobrevivem, por assim dizer, a todo o resto que, agora, se desvanece e desaparece para sempre, para reaparecer unicamente no 'Devachan'. Nenhum homem morre insano ou inconsciente, como asseguram alguns fisiólogos. Mesmo um louco ou alguém em um ataque de 'Delirium Tremens' terão o seu instante de perfeita lucidez no momento da morte, ainda que sejam incapazes de manifestá-lo aos presentes. O homem pode, muitas vezes, parecer que está morto. Entretanto, desde a sua última pulsação desde e entre a última batida de seu coração e o momento quando a última partícula de calor animal deixa o corpo o cérebro pensa e o Ego revive, nesses breves segundos, toda a sua vida. Falai em voz baixa, vós que estais juntos a um leito de morte e estais diante da solene presença da Morte. Em especial, deveis vos manter silenciosos, justamente depois que a Morte tenha colocado a sua viscosa mão sobre o corpo. Falai em sussurros, eu vos digo; do contrário, ireis perturbar a calma onda de pensamentos e dificultareis o afanoso trabalho do Passado vertendo os seus reflexos sobre o Véu do Futuro... Não há tristeza nem dor para aqueles que nascem ali (no 'Rupa Loka' do 'Devachan'), pois, essa é a Terra Pura... Bardo é o período entre a morte e o renascimento, e pode durar de uns poucos anos até um 'kalpa'. Ele é dividido em três subperíodos: (1) quando o Ego, livre do seu envoltório mortal, entra no Kama Loka (a morada dos Elementares); (2) quando entra no seu Estado de Gestação; e (3) quando renasce no 'Rupa Loka' do 'Devachan'. O subperíodo (1) pode durar de uns poucos minutos a alguns anos. A expressão 'alguns anos' se torna enigmática e inteiramente inútil sem uma explicação mais completa. O subperíodo (2) é 'muito grande' como dizeis, às vezes, mais prolongado do que possais mesmo imaginar, entretanto, é proporcional ao vigor espiritual do Ego. O subperíodo (3) dura em proporção ao bom Karma, após o qual a Mônada é novamente reencarnada... Enfim, o que é o Devachan? Como explica o Mestre Kut Hu Mi, o 'Devachan' é um estado, digamos, de intenso egoísmo, durante o qual o Ego (combinação do Sexto e Sétimo Princípios) colhe a recompensa do seu altruísmo na Terra. Está completamente mergulhado na felicidade de todos os seus afetos pessoais, preferências e pensamentos terrenos, e recolhe o fruto de suas ações meritórias. Nenhuma dor, nenhuma pena, nem mesmo a sombra de uma aflição obscurecem o brilhante horizonte de sua incontaminada felicidade, porque é um estado de perpétuo 'mâyâ'. Vai ao 'Devachan' o ego pessoal, mas, beatificado, purificado, santificado. Todo Ego que, depois do período de gestação inconsciente, renasce no 'Devachan' é necessariamente tão puro e inocente como uma criança recém-nascida. O fato de haver renascido comprova, já por aí, a preponderância do bem sobre o mal em sua velha personalidade. E, enquanto o 'karma' (do mal) fica temporariamente suspenso, para segui-lo mais tarde em sua futura encarnação terrena, ele só leva ao 'Devachan' o 'karma' de suas boas obras, palavras e pensamentos.

4. Navigare necesse; vivere non est necesse. (Navegar é preciso; viver não é preciso.) – Frase latina de Gnaeus Pompeius Magnus, general romano, 106 – 48 a.C., dita aos marinheiros, amedrontados, que se recusavam a viajar durante a guerra. [Cf. Plutarco, in: Vidas Paralelas]. Esta frase, um desafio à Natureza, ecoou pela História, até chegar à pena de Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de junho de 1888 – Lisboa, 30 de novembro de 1935) e à garganta de Ulysses Silveira Guimarães (Itirapina, 6 de outubro de 1916 – Angra dos Reis, 12 de outubro de 1992).

 

Navegar é Preciso
(Fernando Pessoa)

 

 

 

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

 

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

 

Na verdade,
a Vida é um Abecedário,
e urge Compreender.
Aí, a Saudade
– para cada
humano-ário
sumirá no vir-a-ser.

Entendendo,
mudaremos de Cruz,
e pintaremos de outra Cor.
Ascendendo,
entreveremos a LLuz,
e amenizará a nossa dor.

 

Música de fundo:

Don Fifì
Composição: Domenico Modugno & Franco Migliacci
Interpretação: Domenico Modugno

Fonte:

http://audio-tut.ru/mp3-album-domenico-
modugno-download-4868666.html

 

Páginas da Internet consultadas:

https://www.desicomments.com/

https://giphy.com/

http://www.4hd.com.br/blog/

https://www.pedal.com.br/

http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/

https://carlosemmanuel23.deviantart.com/

https://yandex.ru/

https://br.stockfresh.com/

http://blog.ninapaley.com/

https://mariya14.deviantart.com/

http://paxprofundis.org/livros/devachan/devachan.htm

https://books.google.com.br/

http://guilhermepontescoelho.blogspot.com.br/
2011/02/navegar.html

http://www.jornaldepoesia.jor.br/fpesso05.html

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.