______
Notas:
1. Noite Negra. Bem,
o que é a Noite Negra da Alma? Christian Bernard, 4º Imperator
da Ordem Rosacruz AMORC para este Segundo Ciclo Iniciático, define:
Posso dizer que,
no plano individual, é um ciclo que corresponde a um questionamento
do ideal seguido até então. Conforme o caso, esse questionamento
pode ter origem numa série de provações que atravessamos
ou numa crise interior sem qualquer ligação com o mundo objetivo.
Também pode
acontecer que, continua o Imperator, por
razões puramente psicológicas, que o místico se sinta
invadido por impulsos interiores negativos, que o levem brutalmente a rejeitar
os valores em que acreditava. Já o português lisboeta
Fernando Martini Bulhões – que primeiro vestiu hábito
branco dos Cônegos de Santo Agostinho e depois e definitivamente o
hábito marrom dos Franciscanos – conhecido como Santo António
de Pádua, em seus estudos e reflexões filosóficas apresentou
três estágios para o processo ascensional da consciência:
Conticínio,
Meia-Noite e Aurora. Enfim, a Noite Obscura ou Noite Negra é
um processo de purgação (uma verdadeira Alquimia Iniciática
Interior) que o ser-humano-aí-no-mundo terá indubitavelmente
que passar para alcançar o Deus de sua compreensão e realizar
o Cristo interno. E não adianta gemer e rogar para que o cálice
de vinho tinto de sangue (como está escrito na canção
Cálice,
de autoria dos compositores brasileiros Chico Buarque e Gilberto Gil) seja
afastado. Este vinho
precisará ser bebido até a última gota!
2. A obra-mestra do
ensaísta, filósofo, prosador, poeta, conferencista e pintor
de origem libanesa Gibran Khalil Gibran (Bicharre, 6 de janeiro de 1883
– Nova Iorque, 10 de abril de 1931) é, sem dúvida, O
Profeta. Até parece que Gibran nasceu só para
escrever este livro. Nesta obra, um dos capítulos trata do tempo,
do bem, do mal e da prece. Pense neste pedacinho: Ontem
é, apenas, a recordação de hoje, e amanhã, o
sonho de hoje... O tempo, exatamente como o amor, é indivisível
e insondável... O mal não é senão o próprio
bem torturado pela fome e pela sede... Não sois maus, quando ides
coxeando. Mesmo
aqueles que coxeiam não andam para trás. Mas,
vós que sois fortes e velozes, por complacência, guardai-vos
de coxear na presença dos coxos. Não sois maus quando não
sois bons; estais apenas ociosos e indolentes... Se penetrardes no templo
unicamente para pedir, nada recebereis. E se nele entrardes para vos curvar,
ninguém vos erguerá. Deus não escuta vossas palavras,
exceto quando Ele próprio as pronuncia através dos vossos
lábios. Deus: nada Te podemos pedir, pois Tu conheces nossas necessidades
antes mesmo que nasçam em nós. Tudo
se resume em Compreensão – a Mãe da Libertação.
3. Na Mitologia Grega,
Cérbero (em latim: Cerbèrus; em grego: Kérberos)
era um monstruoso cão tricéfalo que guardava a entrada do
mundo inferior – o reino subterrâneo dos mortos (Tártaro,
em latim medieval: Tartàrus; em grego: Tártaros)
– deixando as alminhas malditas entrar, mas, jamais sair. Os únicos
que conseguiram passar por Cérbero saindo vivos do submundo foram
Héracles, Orfeu, Enéias, Psiquê e Ulisses. Cérbero
aparece no Inferno dos Gulosos (Canto VI), da Divina Comédia,
de Dante Alighieri (Florença, entre 21 de maio e 20 de junho de 1265
d.C. – Ravena, 13 ou 14 de setembro de 1321 d.C.), onde os glutões
ficam solitários, na lama, sem poder comer e beber livremente. E
ficavam sob uma chuva gelada, na presença de Cérbero, que
os come eternamente com seu apetite insaciável. Cérbero é
a imagem do apetite descontrolado.