Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

ualquer estudo sério que se decida fazer sobre esse tema requer uma compreensão, ao menos razoável, da constituição do ser humano, tal qual é descrita por diversos Mestres do passado, como Madame Blavatsky, Max Heindel e Harvey Spencer Lewis, entre outros, cujas obras foram consultadas para elaboração deste ensaio.

 

Tanto faz que se admita que o ser-no-mundo seja meramente dual, ternário ou setenário. O que não é possível, para uma reflexão desta natureza, é aceitar dogmaticamente que o homem é tão-somente um corpo físico formado de átomos, moléculas e macromoléculas. Também admitir que a criatura humana está pronta e acabada é mais ou menos como viver na Idade Média e pensar que a Terra é o centro do Universo e que vai girar em torno de si mesma (rotação) e em torno do Sol (translação) para todo o sempre, reduzindo tudo a apenas esses dois tipos de movimento. Isso seria muito chato se não fosse uma tolice; tão chato e tão tolo quanto acreditar que quem se comportar de acordo com as regras irá para o céu babar de contentamento para o resto da eternidade e mais seis meses. Essa bobagem vale também para (pré)conceitos-crendeirices que envolvem os inexistentes limbo, purgatório e inferno. Aliás, eternidade e mais seis meses é outra tolice, porque se a eternidade é eterna os seis meses estão pleonasticamente incluídos nessa eternidade eterna que, no fundo no fundo, ninguém pode saber exatamente como isso funciona, porque é assim e nem mesmo se é assim. Contudo, o que não pode mesmo acontecer é o Universo se transformar em nada e vice-versa, pois o inexistente nada não pode produzir o que quer que seja, e o que existe não pode se converter em nada. Em termos metafísicos, criação e desfazimento têm ilógica relação de igualdade.

 

Estou convencido de que todos deveriam se (pre)ocupar com o hoje – o agora – porque simplesmente o hoje é o resultado do passado e o estabelecedor do futuro. Culpar-se ou esperar por um mirabile visu são mirabolâncias equivalentes; ou se anda para trás ou não se anda para frente. Contudo, uma vez mais me obrigo a repetir: nada poderá ser efetivamente construído se as bases forem hipotéticas (ou fraudulentas, o que dá na mesma); só o que é categórico é sustentável. Por isso, infelizmente, as religiões disponíveis não poderão iluminar as consciências, pois estão todas estruturadas em dogmas e em hipoteticidades. E, dentre os múltiplos autoritarismos por elas praticados, talvez o pior seja negar (ou fingir desconhecer) aquilo que as possam comprometer ou desestruturar. A inconteste existência do Cordão de Prata é um simples exemplo. Apesar de estar citado na Bíblia, as religiões de vertente católica nem sequer ousam tocar no assunto. Pelo menos eu nunca vi ou ouvi.

 

Então, para quem peremptoriamente admite que o homem é formado apenas de átomos, moléculas e macromoléculas, o Cordão de Prata não pode existir. É claro que se tudo se resume apenas a átomos, moléculas e macromoléculas, eles desnecessitam de Cordões de Prata para existir, para se movimentar, para viver e para morrer. Tudo se resume às leis físicas conhecidas. Por outro lado, quem, a priori, recusa o que as Escolas de Misticismo e a moderna Projeciologia (que investiga o fenômeno da projeção consciente, que pode ser definido como a experiência peculiar de percepção do meio, seja espontânea ou temporariamente induzida, na qual o centro da consciência de alguém parece se situar em uma locação espacial separada do próprio corpo humano) divulgam como fato testado e comprovado, o Cordão de Prata também não pode existir. Mas, como afirmei um pouco mais acima, para quem compreende o ser-no-mundo no mínimo como uma criatura dúplice (um corpo físico e um corpo espiritual) e tem uma personalidade esquadrinhadora, o Cordão de Prata (Cordão Astral, Cordão Fluídico, Cabo Astral, Laço Aeriforme, Cordão de Luz, Fio de Prata, Cordão Perispirítico etc.) poderá fazer algum sentido. De passagem, gostaria de recomendar, para quem não assistiu, o filme Minhas Vidas baseado na obra de mesmo nome de autoria de Shirley MacLaine.

 

PROJEÇÃO

 

 

O fato é que, desde que começou a experiência humana no Período de Saturno, três ciclos e meio já foram cumpridos, e, presentemente, para os que admitem que o homem é uma criatura primordialmente dual mas efetivamente setenária, esta constituição dual-séptupla poderia ser entendida como 4 + 3. A meta Místico-Iniciática é que essa dual-séptupla constituição 4 + 3 se transmute em um orgânico 7, na qual esse Sete deverá se constituir (ou tender para se constituir) em uma unidade consciente (AThMa). Isso, contudo, quando e se acontecer, não significa que a tarefa esteja encerrada, porque, se assim for entendido, acaba-se por cair, mutatis mutandis, no equívoco teológico-medieval de pensar a Terra a girar em torno de si mesma como centro escolhido do Universo. O girando em torno de si mesma é por minha conta.

 

 

No Livro do Eclesiastes, XII, 6, 7 e 8 está escrito: Lembra-te do teu Criador antes que se quebre o Cordão de Prata, e se retire a fita de ouro, e se quebre o cântaro sobre a fonte, e se desfaça a roda sobre a cisterna, e o pó volte à terra donde saiu, e o espírito volte para Deus que o deu. Vaidade de vaidades, disse o Eclesiastes, e tudo é vaidade. Se for admitida a constituição dual-setenária do ser (presentemente 4 + 3), o quadrilátero inferior é formado pelo Corpo Físico, Corpo Etérico, Corpo Astral (ou Psicossoma) e pelo Eu, e o triângulo superior é formado por Manas, Buddhi e AThMa. Ao terminar sua romaria terrenal, o homem deverá ter desenvolvido e realizado seu princípio supremo — AThMa. AThMa é mais consistentemente o Ovo Áurico que envolve o ser humano. Esse Envoltório Áurico está ocultamente associado ao estanho, a Júpiter, à cor azul, à nota musical Sol e ao quinto dia da semana — quinta-feira. A síntese dos esforços do ser deve orientar-se, em última instância, para determinar e perceber conscientemente a Esfera Magnética Áurica que o envolve. Em resumo, tem-se: a) Manas – personalidade-espiritual (alma da consciência); b) Buddhi – espírito vital; c) AThMa – homem-espírito; d) Corpo Físico – fração da essência material da Terra (estação de passagem) que se renova a cada sete anos; e) Corpo Etérico ou Vital – portador das qualidades anímicas; f) Corpo Astral – invólucro vibratório correspondente a tudo que se manifesta no homem, como alegria e sofrimento, prazer e dor; e g) Eu – irradiação da alma da consciência (Manas) exteriorizando seus efeitos em forma descendente. Estas sete partes constituem uma unidade – o homem completo ou alma vivente. Semelhantemente ao som, que se manifesta em sete graus tonais e à luz, que se manifesta em sete cores, a entidade humana unitária manifesta-se por intermédio dos seus sete corpos (membros) constitutivos. E assim, no ser-no-mundo, como reflexos das Sete Forças da Natureza e das Sete Hierarquias do Ser, conjugam-se os Sete Princípios, para que se estabeleça uma unidade ou mônada vivente no processo encarnativo. E em um sentido estritamente esotérico cada uma dessas sete divisões apresenta sete subdivisões. Todas as coisas têm dois pólos; e em cada estado há sete estados. E em cada estado há sete subestados.

 

 

Quando o ser humano dorme ou quando está em projeção, geralmente, a estrutura 4 + 3 se desdobra em 2 + 2 + 3. Dois mais dois significa:

 

 

O Cordão de Prata é a designação conhecida da ligação fluídica da díade Eu—Corpo Astral à díade Corpo Etérico—Corpo Físico, que se evidencia quando esses quatro corpos se separam dois a dois. A conexão entre as díades pode se fazer no nível do coração, no alto da cabeça ou no plexo solar, ainda que a ligação seja ou esteja presente em todo o organismo, ou seja, todas as células físico-etéricas estão unidas a todas as células do Corpo astral e do Eu. Contudo, é necessário ficar absolutamente claro que o Cordão de Prata não se rompe (nem pode ser rompido) durante o sono nem durante uma projeção. A ruptura do Cordão de Prata só poderá acontecer no episódio conhecido como morte (desencarnação), e essa ruptura é irreversível. Mas, que se entenda: não se morre porque o Cordão de Prata se rompeu; o Cordão se rompe porque aconteceu a desencarnação. Wagner Borges afirma: [O Cordão de Prata] é um fluxo energético ativo e dinâmico, verdadeira corrente vibracional que a Natureza providenciou para prender a consciência espiritual no corpo denso. Só se rompe, ou melhor dizendo, dilue a sua força, no momento da morte, quando há algum fator desencadeante da parada cardiorrespiratória (acidente, velhice, doença, em suma, o momento derradeiro daquela pessoa no mundo transitório). Por isso Lázaro não estava morto quando Jesus determinou que ele se levantasse. O que aconteceu naquele sagrado momento foi a reentrada na díade inferior do Eu e do Corpo Astral de Lázaro, que se encontravam (ambos) em uma Projeção Iniciática extremamente secreta e que durava (e dura) aproximadamente 84 horas (três dias e meio).

 

 

Sobre este tema, há outros aspectos que devem ser levados em altíssima conta: 1º - é impossível o projetor se perder quando em projeção ou não querer voltar à díade inferior; 2º - o Cordão de Prata não pode ser cortado, não pode ser ferido, não fica preso e não se embaraça; 3º - durante a projeção verifica-se uma queda no metabolismo do projetor e há uma variação no padrão das ondas cerebrais, que passam de ondas beta para ondas alfa ou teta; 4º - a elasticidade, por assim dizer, do Cordão de Prata (que é pessoal) não é (como alguns pensam) ilimitada, isto é: é impossível que alguém consiga se projetar ilimitadamente a qualquer ponto do Universo; 5º - Vanderlei Oliveira assim resume os principais sintomas projetivos: a - sensação de crescimento e expansão do corpo (conhecido como Ballonement, ou seja, sensação de dilatação nas mãos, nos pés ou em todo o corpo como resultado de desdobramento astral); b - sensação de oscilação; c - sensação de mudança da posição do corpo; d - sensação de paralisia temporária ou catalepsia projetiva; e - lapso temporal; f - sons intracranianos (ruídos produzidos dentro do crânio); g - estado vibracional; e h - sensação de estar perto do corpo flutuando (projeção parcial); 6º - é impossível que alguém consiga se projetar para a Loja da Grande Loja Branca sem ter sido convidado para lá entrar, o que é raríssimo (elevado a raríssimo); 7º - malventuroso aquele que usar (ou tentar utilizar) a Lei da Projeção para fins egoísticos ou para prejudicar alguém ou o que quer que seja. A própria automasturbação – que é uma forma de projeção – é extremamente deletéria e perdulariamente derramadora; e 8º - não pode ocorrer uma possessão durante a projeção (ou desdobramento) astral.

 

Estes oito pontos, pelo menos, são o consenso de várias pessoas que empreenderam a projeção da consciência sob controle, mas não se descarta a hipótese de haver exceções, já que tudo é possível e nada é definitivamente verdadeiro, conforme asseguram os estudiosos da Magia do Kaoz, como, por exemplo, o Dr. Timothy Leary e outros.

 

 

Experimento

 

Para concluir, sugiro um experimento interessante: vocalizar prolongadamente o mantra S (som do grilo) de maneira relaxada por algumas vezes. O leitor deste texto saberá como fazê-lo. Se o experimentador dormir durante o exercício será muito bom. Se não dormir e conseguir se projetar ótimo. O fato é que o efeito relaxante desse som vocálico propicia condições psíquicas que podem auxiliar a projeção (ou desdobramento) astral. De qualquer forma, é um excelente exercício que pode ser praticado por qualquer pessoa sem efeitos colaterais adversos. Sua divulgação não constitui uma revelação intempestiva de ensinamentos secretos de Ordens e Fraternidades reservados a estudantes testados e preparados por algum tempo de ensino e algumas Iniciações.

 

 

 

 

 

Convite:

Antes de escrever este ensaio esotérico publiquei o poema Cordão de Prata, que pode ser lido em:

http://paxprofundis.org/livros/cordao/prata.htm

Páginas Web e Websites consultados

http://www.saindodamatrix.com.br/
archives/2004/10/cordao_de_prata.html

http://www.casadobruxo.com.br/magia.htm

http://www.espirito.org.br/portal/
artigos/bernardi/ectoplasma.html

http://www.naveluz.arq.br/santissi.htm

http://www.victorzammit.com/book/portuguese/ch28.htm

http://www.ajornada.hpg.ig.com.br/

http://www.cichini.com.br/pt/projastral.asp?nivel=4&cont=39

http://www.vialuz.com/desenv/interna.asp?
setor=cosmologia&interna=437

http://www.iipc.org/

http://www.cegaya.com/index.php?
page=Consideracoes_sobre_o_Reiki

http://www.ibmatadapraia.org.br/biblia/eclesiastes12.htm

http://www.shama.com.br/

http://www.gnosisonline.org/
Tantrismo/Polucoes_e_Quedas.shtml

http://www.nossolar.net/glossario_espirita.html

http://aton.ubbihp.com.br/basico.html

http://aton.ubbihp.com.br/
entrevista%20com%20ricardo%20bernardi.html#

http://somostodosum.ig.com.br/
conteudo/conteudo.asp?id=2134&onde=2

http://www.naveluz.arq.br/

http://obe1.blogspot.com/2005/10/cordo-de-prata.html

http://www.astrologia-esoterica.com.br/

http://www.portalalpha.com.br/

http://www.espirito.org.br/index.asp

 

Música de fundo:

Holly

Fonte:

http://lavender.fortunecity.com/fulbourne/510/midi/enya.htm

 

 

 

 

 

A projeção voluntária da consciência (lucidez extrafísica) é um potencial (para)psíquico conato que todos os seres-no-mundo possuem. Sob controle, ela pode ser um instrumento efetivo de desenvolvimento pessoal e estimulador da Paz Mundial.