COMENTÁRIOS
TARDIOS DE UM MÍSTICO SOBRE O
MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA
Rodolfo Domenico Pizzinga
Música
de fundo: Hino da Internacional Socialista
Fonte: http://portalmidi.z6.com.br/mid_h.htm
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Desde
que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado
até hoje a idéia de que o menos que o escritor
pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças
como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer
luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele
caia a escuridão, propícia aos ladrões,
aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada,
a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos
uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco
de vela ou, em último caso, risquemos fósforos
repetidamente, como um sinal de que não desertamos
nosso posto.
Solo
de Clarineta
Érico
Veríssimo
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INTRODUÇÃO
Há algumas razões para que
este livro digital seja diferente dos anteriores e um pouco mais do
que um simples texto divulgado via Internet. Não me limitei a
parafrasear o Manifesto. Aliás, este freqüente e muitas
vezes mal aplicado procedimento literário não foi utilizado.
Lancei mão dos argumentos do Texto para reforçá-los
ou para refutá-los, e, sempre que conveniente, contra-argumentei
com idéias e com relatos baseados em experiências pessoais
íntimas (sensu lato), que colhi nos últimos trinta
e cinco anos. Muitos acharão este artigo digital uma grande bosta.
Mas, quem consegue transmitir conceitos de Matemática Superior,
de Química, de Física Quântica e de Relatividade
a uma criança? O que acabei de dizer não foi uma indelicadeza.
Não desejo que ninguém interprete desta maneira. Mas,
no âmbito do misticismo-iniciático tudo é muito
difícil e laborioso. Falo por mim. O fato concreto é que
o Manifesto do Partido Comunista (se se colocar entre parênteses
as ponderações absolutamente corretas que encerra, e
são muitas) estimulou soluções violentas para
problemas seculares, que não poderiam, não podem e não
poderão jamais ser solucionados pela via da porrada, do tiro
e da insurreição. Por outro lado, foi a inidônea
aplicação desta ideologia que, por exemplo, determinou
a brutal invasão e anexação do Tibete. Isto eu
não aceito. Ponto. A PAZ, a PAZ
de João
XXIII,
de Jeanne Guesdon, de Harvey
S. Lewis,
de Ralph M. Lewis, de Christian Bernard, de Raymond
Bernard,
de Maria,
de Jesus,
de Vicente
Velado,
de Einstein,
de Kant, de Akhnaton,
de Nefertiti,
de Petrarca, de Francis
Bacon,
de Leibniz, de Mestre
Apis
(Ankh, Udja, Seneb), de Gracián, de Ludwig Borne, de Lenon e
de muitos outros não poderá ser alcançada enquanto
existir um único regime autoritário ou totalitário
na Terra. Enquanto for negada a autonomia individual. Enquanto houver
ocupação ou incorporação de um Estado por
outro. Enquanto alguns Estados insistirem em manter, sofisticar e ampliar
seus arsenais bélicos. E enquanto acontecer deliberada ingerência
das grandes potências nos Estados menores. Isto, minimamente.
Na ex-União Soviética, sob o domínio sanguinário
de Stalin (que tinha desmedido prazer em determinar a tortura e a execução
dos seus amigos pessoais e mais leais seguidores), foram mortos mais
seres humanos do que os assassinos puderam enterrar. O Império
Soviético foi mantido e se expandiu às custas da morte
de 60 milhões de seres humanos! Ventila-se inclusive que, certa
vez, Stalin, o 'bondoso' Tio Josef, abandonou um espetáculo
do Lago dos Cisnes apresentado pelo Ballet Bolshoi e dirigiu-se à
Lubianka. Lá matou com tiros na cabeça alguns antigos
partidários e, depois, voltou calmamente e feliz ao teatro para
assistir o segundo ato. O Paizinho do Comunismo acabou, no final do
seu reinado de terror, na Sala das Colunas do Palácio dos Sindicatos.
Tudo poderia ter acontecido de outra maneira, Paizinho! Outros
regimes de cariz positivista também cometeram suas atrocidades.
Bem assim as ditaduras de direita. O Brasil, por exemplo, compreendeu,
perdoou, mas não esqueceu. E o Chile de Augusto Pinochet? E a
Argentina de Jorge Rafael Videla? De qualquer forma, por amor, empenhei
longas e agradáveis horas sentado em frente ao computador para
dividir com os que aceitarem um pouco da minha experiência pessoal.
Ao apertar cada tecla do computador para digitar o texto meu coração
exultava de alegria e de fraterna solidariedade. Não via a hora
de pôr este trabalho no ar.
Fui admitido como neófito na Ordem
Rosacruz
– AMORC em 1969. Os Rosacruzes de hoje, vinculados à AMORC
do Brasil e países de língua portuguesa, não devem
esquecer dois nomes: Ralph
Maxwell Lewis
(Sâr Validivar) e Maria
A. Moura.
Hoje, acumulo conhecimentos que incluem também, entre outros,
os veiculados pela Tradicional Ordem Martinista – TOM e pela Ordem
de Maat
– OM, das quais tenho também a satisfação,
a honra e o privilégio de ser membro. Isto, todavia, não
significa nada. Ou melhor: significa tudo, pois só me traz, a
cada novo dia desta agradecida encarnação, a certeza inconfundível
de que continuo um neófito. Mas, um iniciante mais sincero e
mais consciente de minhas obrigações e minhas responsabilidades
comigo, com o outro, com todos, com a Natureza e com o Universo. Por
esses motivos, com profundo respeito pelos autores do Manifesto e pela
própria Doutrina, procurei mostrar neste ensaio, s.m.j., alguns
dos possíveis equívocos propostos no Documento. Mas, como
para os seres não há verdade absoluta... E como faz quase
160 anos que o Manifesto nasceu... Devo acrescentar ainda que muitas
partes do Manifesto não foram examinadas nesta oportunidade.
Não poderiam. Em breve, pretendo fazer uma revisão deste
ensaio e completar sua análise, no que couber, com comentários
adicionais que considerar necessários. De qualquer sorte, desejo
que fique absolutamente claro que, neste momento, não tenciono
discutir pormenorizadamente os aspectos ideológicos do Texto.
Jesus, não tenho qualquer dúvida, teria subscrito as críticas
que o Manifesto fez à sociedade do século XIX. Mas, um
comentário rápido devo fazer: as ideologias parecem ser
diferentes umas das outras, mas, em suas entranhas e motivações,
são todas hipotéticas e, exatamente por isso, caducifólias
e fugazes. Posso até, por isso, ser acusado de ter praticado
um ludíbrio. Não foi o caso. Eu não perderia meu
precioso tempo dessa forma. Na verdade, apenas intento mostrar algumas
incompatibilidades do Pronunciamento Comunista com alguns aspectos do
Misticismo Tradicional-Iniciático, da mesma forma como fiz, muito
superficialmente, reconheço, no livro digital anteriormente divulgado,
cujo título é: Neo-neoliberalismo. Principalmente aquelas
incompatibilidades sanguinárias. Não sei se isto já
foi feito antes. Mas, como John Lenon (1940-1980), estou fazendo a minha
parte para dar uma chance à PAZ. Também,
por outro lado, devo me policiar, pois, prolixo como sou, esta meditação
acabaria se tornando uma obra de Santa Engrácia. Que fique claro,
outrossim, que reconheço a importância histórica,
social e espiritual que o Sistema Comunista ofereceu (e ainda oferece)
à Humanidade. O Marxismo cumpriu e vem cumprindo uma etapa importante
no despertar das consciências. Cada um, eu sei, entenderá
esta afirmação à sua maneira. Eu tenho a minha.
Nestas lucubrações, repito, só me detive para examinar,
maiormente, os aspectos místico-iniciáticos que são
substantiva e diametralmente diversos de quaisquer religiões
(ainda que hoje se mate mais em nome de deus do que em toda a história
da Humanidade) e de todas as ideologias. Também toquei de leve
em aspectos teológicos. Só de leve. Mas, no transcurso
da leitura deste mal arrumado livro digital, acredito que as coisas
vão se clarear. Então, antes que me esqueça, sugiro
aos que não conhecem a obra Vril, the Power of the Coming
Race (A Raça Futura que nos Suplantará),
de Bulwer-Lytton, que a consultem. É um livro que emocionará
ao mais convicto agnóstico. Os comunistas, particularmente, haverão
de adorá-la. Há, evidentemente, outras obras que tratam
do mesmo tema. Mas esta é de fácil leitura e embute conceitos
místicos que precisam ser examinados por todos, nomeadamente
pelos amantes da LUZ e da PAZ. E Sir
Edward George Earle Bulwer-Lytton (1803-1873) era um Iniciado. Sabia
o que estava escrevendo. Estudioso dos problemas metafísicos
do homem e de sua relação com o Universo, incursionou
no campo do ocultismo, relacionando-se com Éliphas
Lèvi
(1810-1875) e chegando a ser designado, em 1871, ‘Gran Patron’
do Metropolitan College da Societas Rosicruciana in Anglia. Uma de suas
frases mais sábias é: A magia da língua é
o mais perigoso de todos os feitiços. Estava absolutamente
certo. A magia da língua produziu, por exemplo, o Terceiro Reich
e vem parindo seitas e mais seitas que enganam a boa disposição
infantil de milhões de pessoas. E a televisão acabou por
se tornar o veículo preferencial de disseminação
e de esparrame das ilusões vendidas por essas empresas. Políticos
mal-intencionados também empurram suas mentiras através
da telinha mágica. Pobres e iludidos lúmpenes! Lúmpenes
maníaco-televisuais! Somos todos responsáveis... Aproveito,
enfim, para convidar o leitor a ler o Anexo I O MISTÉRIO
DA VIDA E A GRANDE AMEAÇA de autoria do Frater
Vicente Velado, OS+B.
Por tudo isso, para começar de maneira divertida e amena, acho
bom lembrar alguns ditados populares: 1. A consciência tranqüila
é o melhor remédio contra a insônia. 2. A
instrução é a luz do espírito. 3. Ainda
que sejas prudente e velho, não desprezes um bom conselho.
4. Antes que o mal cresça, corta-lhe a cabeça.
5. A ignorância da LEI não desculpa ninguém.
6. A ociosidade é a mãe de todos os vícios.
7. Aquele que não conhece a verdade pode ser chamado de ignorante;
mas aquele que a conhece e mente sobre ela é um criminoso.
8. Com vinagre não se apanham moscas. 9. Cada panela
tem sua tampa. 10. De boas intenções o inferno
está cheio.
PREFÁCIO À EDIÇÃO ALEMÃ DE
1872
A Liga dos Comunistas, associação
operária internacional que, nas circunstâncias de então,
só podia evidentemente ser secreta, encarregou os abaixo-assinados,
no Congresso que teve lugar em Londres em Novembro de 1847, de redigir
um programa detalhado, simultaneamente teórico e prático,
do Partido e destinado à publicação. Tal é
a origem deste Manifesto, cujo manuscrito foi enviado para Londres,
para ser impresso, algumas semanas antes da Revolução
de Fevereiro. Publicado primeiro em Alemão, houve nesta língua,
pelo menos, doze edições diferentes na Alemanha, na Inglaterra
e na América do Norte. Traduzido em inglês por Miss Helen
Macfarlane, apareceu em 1850, em Londres, no Red Republican, e, em 1871,
teve na América, pelo menos, três traduções
inglesas. Apareceu em francês, pela primeira vez, em Paris, pouco
tempo antes da insurreição de Junho de 1848, e, recentemente,
em Le Socialiste, de Nova Iorque. Atualmente, prepara-se uma
nova tradução. Fez-se em Londres uma edição
em polonês, pouco tempo depois da primeira edição.
Apareceu em russo, em Genebra, na década de 60. Foi também
traduzido em dinamarquês pouco depois da sua publicação
original.
Ainda que as circunstâncias tenham
mudado muito nos últimos vinte e cinco anos, os princípios
gerais expostos neste Manifesto conservam ainda hoje, no seu conjunto,
toda a sua exatidão. Alguns pontos deveriam ser retocados. O
próprio Manifesto explica que a aplicação dos princípios
dependerá, sempre e em toda a parte, das circunstâncias
históricas existentes, e que, portanto, não se deve atribuir
demasiada importância às medidas revolucionárias
enumeradas no final do Capítulo II. Esta passagem, atualmente,
teria de ser redigida de maneira diferente, em mais do que um aspecto.
Dados os imensos progressos da grande indústria nos últimos
vinte e cinco anos e os progressos paralelos levados a cabo pela classe
operária na sua organização em partido, dadas as
experiências práticas, primeiro na Revolução
de Fevereiro, depois, e, sobretudo, na Comuna de Paris, que, durante
dois meses e pela primeira vez, pôs nas mãos do proletariado
o poder político, este programa envelheceu em alguns dos seus
pontos. A Comuna demonstrou, nomeadamente, que a classe operária
não pode se contentar com tomar tal qual a máquina estatal
e fazê-la funcionar por sua própria conta. (Ver Manifesto
do Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores,
A Guerra Civil em França, onde esta idéia está
mais amplamente desenvolvida). Além disso, é evidente
que a crítica da literatura socialista apresenta uma lacuna em
relação ao momento atual, uma vez que só chega
a 1847. E, de igual modo, se as observações sobre a posição
dos comunistas face aos diferentes partidos da oposição
(Capítulo IV) são ainda hoje exatas nos seus princípios,
na sua aplicação elas envelheceram, porque a situação
política se modificou completamente e a evolução
histórica fez desaparecer a maior parte dos partidos que ali
se enumeram.
No entanto, o Manifesto é um documento
histórico que já não temos direito de modificar.
Uma edição posterior será talvez precedida de uma
introdução que poderá preencher a lacuna entre
1847 e os nossos dias; a atual reimpressão foi tão inesperada
para nós, que não tivemos tempo de escrevê-la.
Karl Marx, Friedrich Engels.
Londres, 24 de Junho de 1872.
*
* *
Um espectro ronda a Europa – o espectro
do Comunismo. Todas as potências da velha Europa unem-se em uma
Santa Aliança para conjurá-lo: o papa e o Tsar, Metternich
e Guizot, os radicais da França e os policiais da Alemanha.
Que partido de oposição
não foi acusado de comunista por seus adversários no poder?
Que partido de oposição, por sua vez, não lançou
a seus adversários de direita ou de esquerda a pecha infamante
de comunista?
Duas conclusões decorrem desses
fatos:
1ª) O Comunismo já é reconhecido como força
por todas as potências da Europa; e
2ª) É tempo de os comunistas exporem, à face do mundo
inteiro, seu modo de ver, seus fins e suas tendências, opondo
um Manifesto do próprio partido à lenda do espectro do
Comunismo.
Com este fim, reuniram-se, em Londres,
comunistas de várias nacionalidades e redigiram o Manifesto seguinte,
que será publicado em inglês, francês, alemão,
italiano, flamengo e dinamarquês.
BURGUESES
E PROLETÁRIOS
A
história de todas as sociedades que existiram até nossos
dias tem sido a história das lutas de classes.
Homem livre e escravo, patrício
e plebeu, barão e servo, mestre de corporação e
companheiro, em uma palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição,
têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada;
uma guerra que terminou sempre, ou em uma transformação
revolucionária da sociedade inteira, ou em destruição
das duas classes em luta.
Nas primeiras épocas históricas,
verificamos, quase por toda parte, uma completa divisão da sociedade
em classes distintas, uma escala graduada de condições
sociais. Na Roma antiga encontramos patrícios, cavaleiros, plebeus,
escravos; na Idade Média, senhores, vassalos, mestres, companheiros,
servos; e, em cada uma destas classes, gradações especiais.
A sociedade burguesa moderna – que
brotou das ruínas da sociedade feudal – não aboliu
os antagonismos de classe. Não fez senão substituir novas
classes, novas condições de opressão, novas formas
de luta às que existiram no passado.
Entretanto, a nossa época, a época
da burguesia, caracteriza-se por ter simplificado os antagonismos de
classe. A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos,
em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado.
Dos servos da Idade Média nasceram
os burgueses livres das primeiras cidades; desta população
municipal saíram os primeiros elementos da burguesia.
A descoberta da América, a circunavegação
da África ofereceram à burguesia em ascensão um
novo campo de ação. Os mercados da Índia e da China,
a colonização da América, o comércio colonial,
o incremento dos meios de troca e, em geral, das mercadorias imprimiram
um impulso, desconhecido até então, ao comércio,
à indústria, à navegação, e, por
conseguinte, desenvolveram rapidamente o elemento revolucionário
da sociedade feudal em decomposição.
A antiga organização feudal
da indústria, onde esta era circunscrita a corporações
fechadas, já não podia satisfazer às necessidades
que cresciam com a abertura de novos mercados. A manufatura a substituiu.
A pequena burguesia industrial suplantou os mestres das corporações;
a divisão do trabalho entre as diferentes corporações
desapareceu diante da divisão do trabalho dentro da própria
oficina.
Todavia, os mercados ampliavam-se cada
vez mais: a procura de mercadorias aumentava sempre. A própria
manufatura tornou-se insuficiente; então, o vapor e a maquinaria
revolucionaram a produção industrial. A grande indústria
moderna suplantou a manufatura; a média burguesia manufatureira
cedeu lugar aos milionários da indústria, aos chefes de
verdadeiros exércitos industriais, aos burgueses modernos.
A grande indústria criou o mercado
mundial preparado pela descoberta da América; e o mercado mundial
acelerou prodigiosamente o desenvolvimento do comércio, da navegação
e dos meios de comunicação por terra. Este desenvolvimento
reagiu por sua vez sobre a extensão da indústria; e, à
medida que a indústria, o comércio, a navegação
e as vias férreas se desenvolviam, crescia a burguesia, multiplicando
seus capitais e relegando a segundo plano as classes legadas pela Idade
Média.
Vemos, pois, que a própria burguesia
moderna é o produto de um longo processo de desenvolvimento,
de uma série de revoluções no modo de produção
e de troca.
Cada etapa da evolução percorrida
pela burguesia era acompanhada de um progresso político correspondente.
Classe oprimida pelo despotismo feudal, associação armada
administrando-se a si própria na comuna; aqui, república
urbana independente, ali, terceiro estado, tributário da monarquia;
depois, durante o período manufatureiro, contrapeso da nobreza
na monarquia feudal ou absoluta, pedra angular das grandes monarquias,
a burguesia, desde o estabelecimento da grande indústria e do
mercado mundial, conquistou, finalmente, a soberania política
exclusiva no Estado representativo moderno. O governo moderno não
é, senão, um comitê para gerir os negócios
comuns de toda a classe burguesa.
A burguesia desempenhou na História
um papel eminentemente revolucionário. Onde quer que tenha conquistado
o poder, a burguesia calcou aos pés as relações
feudais, patriarcais e idílicas. Todos os complexos e variados
laços que prendiam o homem feudal a seus superiores naturais
ela os despedaçou sem piedade, para só deixar subsistir,
de homem para homem, o laço do frio interesse, as duras exigências
do pagamento à vista. Afogou os fervores sagrados do êxtase
religioso, do entusiasmo cavalheiresco, do sentimentalismo pequeno-burguês
nas águas geladas do cálculo egoísta. Fez da dignidade
pessoal um simples valor de troca; substituiu as numerosas liberdades,
conquistadas com tanto esforço, pela única e implacável
liberdade de comércio. Em uma palavra: em lugar da exploração
velada por ilusões religiosas e políticas a burguesia
colocou uma exploração aberta, cínica, direta e
brutal.
A burguesia despojou de sua auréola
todas as atividades até então reputadas veneráveis
e encaradas com piedoso respeito. Do médico, do jurista, do sacerdote,
do poeta, do sábio fez seus servidores assalariados.
A burguesia rasgou o véu de sentimentalismo
que envolvia as relações de família e reduziu-as
a simples relações monetárias.
A burguesia revelou como a brutal manifestação
de força na Idade Média – tão admirada pela
reação – encontra seu complemento natural na ociosidade
mais completa. Foi a primeira a provar o que pode realizar a atividade
humana: criou maravilhas maiores do que as pirâmides do Egito,
os aquedutos romanos, as catedrais góticas; conduziu expedições
que empanaram mesmo as antigas invasões e as Cruzadas.
A burguesia só pode existir com
a condição de revolucionar incessantemente os instrumentos
de produção, por conseguinte, as relações
de produção e, com isso, todas as relações
sociais. A conservação inalterada do antigo modo de produção
constituía, pelo contrário, a primeira condição
de existência de todas as classes industriais anteriores. Essa
revolução contínua da produção, esse
abalo constante de todo o sistema social, essa agitação
permanente e essa falta de segurança distinguem a época
burguesa de todas as precedentes. Dissolvem-se todas as relações
sociais antigas e cristalizadas, com seu cortejo de concepções
e de idéias secularmente veneradas; as relações
que as substituem tornam-se antiquadas antes de se ossificar. Tudo que
era sólido e estável se esfuma, tudo o que era sagrado
é profanado, e os homens são obrigados finalmente a encarar
com serenidade suas condições de existência e suas
relações recíprocas.
Impelida pela necessidade de mercados
sempre novos, a burguesia invade todo o globo. Necessita estabelecer-se
em toda parte, explorar em toda parte, criar vínculos em toda
parte.
Pela exploração do mercado
mundial a burguesia imprime um caráter cosmopolita à produção
e ao consumo em todos os países. Para desespero dos reacionários,
ela retirou da indústria sua base nacional. As velhas indústrias
nacionais foram destruídas e continuam a sê-lo diariamente.
São suplantadas por novas indústrias, cuja introdução
se torna uma questão vital para todas as nações
civilizadas, indústrias que não empregam mais matérias-primas
autóctones, mas sim matérias-primas vindas das regiões
mais distantes, e cujos produtos se consomem não somente no próprio
país, mas em todas as partes do Globo. Em lugar das antigas necessidades,
satisfeitas pelos produtos nacionais, nascem novas necessidades, que
reclamam para sua satisfação os produtos das regiões
mais longínquas e dos climas mais diversos. Em lugar do antigo
isolamento de regiões e de nações que se bastavam
a si próprias, desenvolvem-se um intercâmbio universal
e uma universal interdependência das nações. E isto
se refere tanto à produção material como à
produção intelectual.
As criações intelectuais
de uma nação tornam-se propriedade comum de todas. A estreiteza
e o exclusivismo nacionais tornam-se cada vez mais impossíveis;
das inúmeras literaturas nacionais e locais nasce uma literatura
universal.
Devido ao rápido aperfeiçoamento
dos instrumentos de produção e ao constante progresso
dos meios de comunicação, a burguesia arrasta para a torrente
da civilização mesmo as nações mais bárbaras.
Os baixos preços de seus produtos são a artilharia pesada
que destrói todas as muralhas da China, e obriga a capitularem
os bárbaros mais tenazmente hostis aos estrangeiros. Sob pena
de morte, ela obriga todas as nações a adotarem o modo
burguês de produção, constrange-as a abraçar
o que ela chama civilização, isto é, a se tornarem
burguesas. Em uma palavra: cria um mundo à sua imagem e semelhança.
A burguesia submeteu o campo à
cidade. Criou grandes centros urbanos; aumentou prodigiosamente a população
das cidades em relação à dos campos e, com isso,
arrancou uma grande parte da população do embrutecimento
da vida rural. Do mesmo modo que subordinou o campo à cidade,
os países bárbaros ou semi-bárbaros aos países
civilizados, subordinou os povos camponeses aos povos burgueses, o Oriente
ao Ocidente.
A burguesia suprime cada vez mais a dispersão
dos meios de produção, da propriedade e da população.
Aglomerou as populações, centralizou os meios de produção
e concentrou a propriedade em poucas mãos. A conseqüência
necessária dessas transformações foi a centralização
política. Províncias independentes, apenas ligadas por
débeis laços federativos, possuindo interesses, leis,
governos e tarifas aduaneiras diferentes, foram reunidas em uma só
nação, com um só governo, em uma só lei,
em um só interesse nacional de classe, em uma só barreira
alfandegária.
A burguesia, durante seu domínio
de classe, apenas secular, criou forças produtivas mais numerosas
e mais colossais do que todas as gerações passadas em
conjunto. A subjugação das forças da natureza,
as máquinas, a aplicação da química à
indústria e à agricultura, a navegação a
vapor, as estradas de ferro, o telégrafo elétrico, a exploração
de continentes inteiros, a canalização dos rios, populações
inteiras brotando na terra como por encanto — que século
anterior teria suspeitado que semelhantes forças produtivas estivessem
adormecidas no seio do trabalho social?
Vemos, pois: os meios de produção
e de troca, sobre cuja base se ergue a burguesia, foram gerados no seio
da sociedade feudal. Em um certo grau do desenvolvimento desses meios
de produção e de troca, as condições em
que a sociedade feudal produzia e trocava, a organização
feudal da agricultura e da manufatura, em suma, o regime feudal de propriedade,
deixaram de corresponder às forças produtivas em pleno
desenvolvimento. Entravavam a produção em lugar de impulsioná-la.
Transformaram-se em outras tantas cadeias que era preciso despedaçar;
foram despedaçadas.
Em seu lugar, estabeleceu-se a livre concorrência
[o livre-comércio], com uma organização social
e política correspondente, com a supremacia econômica e
política da classe burguesa.
Assistimos hoje a um processo semelhante.
As relações burguesas de produção e de troca,
o regime burguês de propriedade, a sociedade burguesa moderna
– que conjurou gigantescos meios de produção e de
troca – assemelha-se ao feiticeiro que já não pode
controlar as potências infernais que pôs em movimento com
suas palavras mágicas. Há dezenas de anos, a história
da indústria e do comércio não é, senão,
a história da revolta das forças produtivas modernas contra
as modernas relações de produção e de propriedade
que condicionam a existência da burguesia e seu domínio.
Basta mencionar as crises comerciais que, repetindo-se periodicamente,
ameaçam cada vez mais a existência da sociedade burguesa.
Cada crise demole regularmente não só uma grande massa
de produtos já fabricados, mas também uma grande parte
das próprias forças produtivas já desenvolvidas.
Uma epidemia, que em qualquer outra época teria parecido um paradoxo,
desaba sobre a sociedade — a epidemia da superprodução.
Subitamente, a sociedade vê-se reconduzida a um estado de barbárie
momentânea; dir-se-ia que a fome ou uma guerra de extermínio
cortaram-lhe todos os meios de subsistência; a indústria
e o comércio parecem aniquilados. E por que? Porque a sociedade
possui demasiada civilização, demasiados meios de subsistência,
demasiada indústria, demasiado comércio. As forças
produtivas de que dispõe não mais favorecem o desenvolvimento
das relações de propriedade burguesa; pelo contrário,
tornaram-se por demais poderosas para essas condições,
que passam a entravá-las; e, todas as vezes que as forças
produtivas sociais se libertam desses entraves, precipitam na desordem
a sociedade inteira e ameaçam a existência da propriedade
burguesa. O sistema burguês tornou-se demasiado estreito para
conter as riquezas criadas em seu seio. De que maneira consegue a burguesia
vencer essas crises? De um lado, pela destruição violenta
de grande quantidade de forças produtivas; de outro lado, pela
conquista de novos mercados e pela exploração mais intensa
dos antigos. A que leva isso? Ao preparo de crises mais extensas e mais
destruidoras e à diminuição dos meios de evitá-las.
As armas que a burguesia utilizou para
abater o feudalismo voltam-se hoje contra ela própria. A burguesia,
porém, não forjou somente as armas que lhe darão
morte; produziu também os homens que manejarão essas armas
- os operários modernos, os proletários. Com o desenvolvimento
da burguesia, isto é, do Capital, desenvolve-se também
o proletariado, a classe dos operários modernos, que só
podem viver se encontrarem trabalho, e que só encontram trabalho
na medida em que este aumenta o Capital. Esses operários, constrangidos
a se venderem diariamente, são mercadorias — artigos de
comércio como qualquer outro. Conseqüentemente, estão
sujeitos a todas as vicissitudes da concorrência e a todas as
flutuações do mercado. O crescente emprego de máquinas
e a divisão do trabalho, despojando o trabalho do operário
de seu caráter autônomo, tiram-lhe todo atrativo. O produtor
passa a um simples apêndice da máquina, e só se
requer dele a operação mais simples, mais monótona,
mais fácil de aprender [o filme Tempos Modernos
de Charles Chaplin mostra isso]. Desse modo, o custo do operário
se reduz, quase exclusivamente, aos meios de manutenção
que lhe são necessários para viver e perpetuar sua existência.
Ora, o preço do trabalho – como de toda mercadoria –
é igual ao custo de sua produção. Portanto, à
medida em que aumenta o caráter enfadonho do trabalho, decrescem
os salários. Mais ainda, a quantidade de trabalho cresce com
o desenvolvimento do maquinismo e da divisão do trabalho, quer
pelo prolongamento das horas de labor, quer pelo aumento do trabalho
exigido em um tempo determinado pela aceleração do movimento
das máquinas etc. A indústria moderna transformou a pequena
oficina do antigo mestre da corporação patriarcal na grande
fábrica do industrial capitalista. Massas de operários,
amontoados nas fábricas, são organizadas militarmente.
Como soldados da indústria, estão sob a vigilância
de uma hierarquia completa de oficiais e suboficiais. Não são
somente escravos da classe burguesa, do Estado Burguês, mas, também,
diariamente, a cada hora, escravos da máquina, do contramestre
e, sobretudo, do dono da fábrica. E esse despotismo é
tanto mais mesquinho, odioso e exasperador quanto maior é a franqueza
com que proclama ter no lucro seu objetivo exclusivo. Quanto menos o
trabalho exige habilidade e força, isto é, quanto mais
a indústria moderna progride, tanto mais o trabalho dos homens
é suplantado pelo das mulheres e das crianças. As diferenças
de idade e de sexo não têm mais importância social
para a classe operária. Não há senão instrumentos
de trabalho, cujo preço varia segundo a idade e o sexo. Depois
de sofrer a exploração do fabricante e de receber seu
salário em dinheiro, o operário torna-se presa de outros
membros da burguesia, do proprietário, do varejista, do usurário
etc. As camadas inferiores da classe média de outrora, os pequenos
industriais, pequenos comerciantes e pessoas que possuem rendas, artesãos
e camponeses, caem nas fileiras do proletariado: uns porque seus pequenos
capitais – não lhes permitindo empregar os processos da
grande indústria – sucumbiram na concorrência com
os grandes capitalistas; outros porque sua habilidade profissional é
depreciada pelos novos métodos de produção. Assim,
o proletariado é recrutado em todas as classes da população.
O proletariado passa por diferentes fases de desenvolvimento. Logo que
nasce começa sua luta contra a burguesia. A princípio,
empenham-se na luta operários isolados; mais tarde, operários
de uma mesma fábrica; finalmente operários do mesmo ramo
de indústria, de uma mesma localidade, contra o burguês
que os explora diretamente. Não se limitam a atacar as relações
burguesas de produção; atacam os instrumentos de produção:
destroem as mercadorias estrangeiras que lhes fazem concorrência,
quebram as máquinas, queimam as fábricas e esforçam-se
para reconquistar a posição perdida do artesão
da Idade Média. Nessa fase, constitui o proletariado massa disseminada
por todo o país e dispersa pela concorrência. Se, por vezes,
os operários se unem para agir em massa compacta, isto não
é ainda o resultado de sua própria união, mas da
união da burguesia que, para atingir seus próprios fins
políticos, é levada a pôr em movimento todo o proletariado,
o que ainda pode fazer provisoriamente. Durante essa fase, os proletários
não combatem ainda seus próprios inimigos, mas os inimigos
de seus inimigos, isto é, os restos da monarquia absoluta, os
proprietários territoriais, os burgueses não-industriais,
os pequeno-burgueses. Todo o movimento histórico está,
desse modo, concentrado nas mãos da burguesia, e qualquer vitória
alcançada nessas condições é uma vitória
burguesa. Ora, a indústria, desenvolvendo-se, não somente
aumenta o número dos proletários, mas os concentra em
massas cada vez mais consideráveis; sua força cresce e
eles adquirem maior consciência dela. Os interesses, as condições
de existência dos proletários se igualam cada vez mais
à medida que a máquina extingue toda diferença
do trabalho, e, quase por toda, parte reduz o salário a um nível
igualmente baixo. Em virtude da concorrência crescente dos burgueses
entre si e devido às crises comerciais que disso resultam, os
salários se tornam cada vez mais instáveis; o aperfeiçoamento
constante e cada vez mais rápido das máquinas torna a
condição de vida do operário cada vez mais precária;
os choques individuais entre o operário e o burguês tomam
cada vez mais o caráter de choques entre duas classes. Os operários
começam a formar uniões contra os burgueses e atuam em
comum na defesa de seus salários; chegam a fundar associações
permanentes a fim de se prepararem na previsão daqueles choques
eventuais. Aqui e ali a luta se transforma em motim. Os operários
triunfam às vezes; mas é um triunfo efêmero. O verdadeiro
resultado de suas lutas não é o êxito imediato,
mas a união cada vez mais ampla dos trabalhadores. Esta união
é facilitada pelo crescimento dos meios de comunicação
criados pela grande indústria e que permitem o contato entre
operários de localidades diferentes. Ora, basta esse contato
para concentrar as numerosas lutas locais, que têm o mesmo caráter
em toda parte, em uma luta nacional, em uma luta de classes. Mas, toda
luta de classes é uma luta política. E a união
que os habitantes das cidades da Idade Média levavam séculos
para realizar, com seus caminhos vicinais, os proletários modernos
a realizam em alguns anos por meio das vias férreas.
A
organização do proletariado em classe e, portanto, em
partido político, é incessantemente destruída pela
concorrência que fazem entre si os próprios operários.
Mas, renasce sempre, e cada vez mais forte, mais firme, mais poderosa.
Aproveita-se das divisões intestinas da burguesia para obrigá-la
ao reconhecimento legal de certos interesses da classe operária,
como, por exemplo, a lei da jornada de dez horas [conquista ainda absurda]
de trabalho na Inglaterra. Em geral, os choques que se produzem na velha
sociedade favorecem de diversos modos o desenvolvimento do proletariado.
A burguesia vive em guerra perpétua; primeiro, contra a aristocracia;
depois, contra as frações da própria burguesia
cujos interesses se encontram em conflito com os progressos da indústria.
E, sempre, contra a burguesia dos países estrangeiros. Em todas
essas lutas, vê-se forçada a apelar para o proletariado,
reclamar seu concurso e arrastá-lo, assim, para o movimento político,
de modo que a burguesia fornece aos proletários os elementos
de sua própria educação política, isto é,
armas contra ela própria. Ademais, como já vimos, frações
inteiras da classe dominante, em conseqüência do desenvolvimento
da indústria, são precipitadas no proletariado, ou ameaçadas,
pelo menos, em suas condições de existência. Também
trazem ao proletariado numerosos elementos de educação.
Finalmente, nos períodos em que a luta de classes se aproxima
da hora decisiva, o processo de dissolução da classe dominante
– de toda a velha sociedade – adquire um caráter
tão violento e agudo, que uma pequena fração da
classe dominante se desliga desta, ligando-se à classe revolucionária,
a classe que traz em si o futuro. Do mesmo modo que outrora, uma parte
da nobreza passou para a burguesia, em nossos dias, uma parte da burguesia
passa para o proletariado, especialmente a parte dos ideólogos
burgueses que chegaram à compreensão teórica do
movimento histórico em seu conjunto. De todas as classes que
ora enfrentam a burguesia, só o proletariado é uma classe
verdadeiramente revolucionária. As outras classes degeneram e
perecem com o desenvolvimento da grande indústria; o proletariado
pelo contrário, é seu produto mais autêntico. As
classes médias – pequenos comerciantes, pequenos fabricantes,
artesãos, camponeses – combatem a burguesa, porque esta
compromete sua existência como classes médias. Não
são, pois, revolucionárias, mas conservadoras; mais ainda,
reacionárias, pois pretendem fazer girar para trás a roda
da História. Quando são revolucionárias é
em conseqüência de sua iminente passagem para o proletariado;
não defendem, então, seus interesses atuais, mas, seus
interesses futuros; abandonam seu próprio ponto de vista para
se colocar no do proletariado.
O lumpemproletariado [no vocabulário
marxista, termo designativo da camada flutuante do proletariado, destituída
de recursos econômicos, e especialmente caracterizada pela ausência
da consciência de classe], esse produto passivo da putrefação
das camadas mais baixas da velha sociedade, pode, às vezes, ser
arrastado ao movimento por uma revolução proletária;
todavia, suas condições de vida o predispõem mais
a se venderem à reação.
Nas condições de existência
do proletariado já estão destruídas as da velha
sociedade. O proletário não tem propriedade; suas relações
com a mulher e os filhos nada têm de comum com as relações
familiares burguesas. O trabalho industrial moderno e a sujeição
do operário pelo Capital – tanto na Inglaterra como na
França, tanto na América como na Alemanha – despojam
o proletário de todo caráter nacional. As leis, a moral
e a religião são para ele meros preconceitos burgueses,
atrás dos quais se ocultam outros tantos interesses burgueses.
Todas as classes que no passado conquistaram
o poder trataram de consolidar a situação adquirida, submetendo
a sociedade às suas condições de apropriação.
Os proletários não podem se apoderar das forças
produtivas sociais, senão abolindo o modo de apropriação
que era próprio a estas e, por conseguinte, todo modo de apropriação
em vigor até hoje. Os proletários nada têm de seu
a salvaguardar; sua missão é destruir todas as garantias
e seguranças da propriedade privada até aqui existentes.
Todos os movimentos históricos
têm sido, até hoje, movimentos de minorias ou em proveito
de minorias. O movimento proletário é o movimento independente
da imensa maioria em proveito da imensa maioria. O proletariado –
a camada inferior da sociedade atual – não pode se erguer,
pôr-se de pé, sem fazer saltar todos os estratos superpostos
que constituem a sociedade oficial.
A luta do proletariado contra a burguesia
estrato – embora não seja na essência uma luta nacional
– reveste-se, contudo, dessa forma nos primeiros tempos. É
natural que o proletariado de cada país deva, antes de tudo,
liquidar sua própria burguesia.
Esboçando, em linhas gerais, as
fases do desenvolvimento proletário, descrevemos a história
da guerra civil, mais ou menos oculta, que lavra na sociedade atual,
até a hora em que essa guerra explode em uma revolução
aberta, e o proletariado estabelece sua dominação pela
derrubada violenta da burguesia.
Todas as sociedades anteriores, como vimos,
se basearam no antagonismo entre classes opressoras e classes oprimidas.
Mas, para oprimir uma classe é preciso poder garantir-lhe condições
tais, que lhe permitam, pelo menos, uma existência de escravo:
o servo, em plena servidão, conseguia tornar-se membro da comuna,
da mesma forma que o pequeno burguês, sob o jugo do absolutismo
feudal, elevava-se à categoria de burguês. O operário
moderno, pelo contrário, longe de se elevar com o progresso da
indústria, desce cada vez mais abaixo das condições
de sua própria classe. O trabalhador cai no pauperismo, e este
cresce ainda mais rapidamente do que a população e a riqueza.
É, pois, evidente que a burguesia é incapaz de continuar
desempenhando o papel de classe dominante e de impor à sociedade,
como lei suprema, as condições de existência de
sua classe. Não pode exercer o seu domínio porque não
pode mais assegurar a existência de seu escravo – mesmo
no quadro de sua escravidão – porque é obrigada
a deixá-lo cair em uma tal situação, que deve nutri-lo
em lugar de se fazer nutrir por ele. A sociedade não pode mais
existir sob sua dominação, o que quer dizer que a existência
da burguesia é, doravante, incompatível com a da sociedade.
A condição essencial da
existência e da supremacia da classe burguesa é a acumulação
da riqueza nas mãos dos particulares — a formação
e o crescimento do Capital. A condição de existência
do Capital é o trabalho assalariado. Este se baseia exclusivamente
na concorrência dos operários entre si. O progresso da
indústria – de que a burguesia é agente passivo
e inconsciente – substitui o isolamento dos operários,
resultante de sua competição, por sua união revolucionária
mediante a associação. Assim, o desenvolvimento da grande
indústria socou o terreno em que a burguesia assentou o seu regime
de produção e de apropriação dos produtos.
A burguesia produz, sobretudo, seus próprios coveiros. Sua queda
e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis.
PROLETÁRIOS E COMUNISTAS
Qual a posição dos comunistas
diante dos proletários em geral? Os comunistas não formam
um partido à parte oposto aos outros partidos operários.
Não têm interesses que os separem do proletariado em geral.
Não proclamam princípios particulares segundo os quais
pretenderiam modelar o movimento operário.
Os comunistas só se distinguem
dos outros partidos operários em dois pontos: 1°
- Nas diversas lutas nacionais dos proletários destacam e fazem
prevalecer os interesses comuns do proletariado, independentemente da
nacionalidade; e 2° - Nas diferentes fases por
que passa a luta entre proletários e burgueses, representam,
sempre e em toda parte, os interesses do movimento em seu conjunto.
Praticamente, os comunistas constituem
a fração mais resoluta dos partidos operários de
cada país — a fração que impulsiona as demais.
Teoricamente, têm sobre o resto do proletariado a vantagem de
uma compreensão nítida das condições, da
marcha e dos fins gerais do movimento proletário.
O objetivo imediato dos comunistas é
o mesmo que o de todos os demais partidos proletários: constituição
dos proletários em classe, derrubada da supremacia burguesa e
conquista do poder político pelo proletariado.
As concepções teóricas
dos comunistas não se baseiam, de modo algum, em idéias
ou princípios inventados ou descobertos por tal ou qual reformador
do mundo. São apenas a expressão geral das condições
reais de uma luta de classes existente, de um movimento histórico
que se desenvolve sob os nossos olhos. A abolição das
relações de propriedade que têm existido até
hoje não é uma característica peculiar e exclusiva
do Comunismo.
Todas as relações de propriedade
têm passado por modificações constantes em conseqüência
das contínuas transformações das condições
históricas. A Revolução Francesa, por exemplo,
aboliu a propriedade feudal em proveito da propriedade burguesa.
O que caracteriza o Comunismo não é
a abolição da propriedade em geral, mas a abolição
da propriedade burguesa. Ora, a propriedade privada atual, a propriedade
burguesa, é a última e a mais perfeita expressão
do modo de produção e de apropriação baseada
nos antagonismos de classe, na exploração de uns pelos
outros.
Nesse sentido, os comunistas podem resumir
sua teoria nesta fórmula única: abolição
da propriedade privada. Censuram-nos, a nós comunistas, o querer
abolir a propriedade pessoalmente adquirida, fruto do trabalho do indivíduo,
propriedade que se declara ser a base de toda liberdade, de toda independência
individual.
A propriedade pessoal, fruto do trabalho
e do mérito! Pretende-se falar da propriedade do pequeno burguês,
do pequeno camponês, forma de propriedade anterior à propriedade
burguesa? Não precisamos aboli-la, porque o progresso da indústria
já a aboliu e continua a aboli-la diariamente. Ou, porventura,
pretende-se falar da propriedade privada atual, da propriedade burguesa?
Mas, o trabalho do proletário,
o trabalho assalariado cria propriedade para o proletário? De
nenhum modo. Cria o Capital, isto é, a propriedade que explora
o trabalho assalariado e que só pode aumentar sob a condição
de produzir novo trabalho assalariado, a fim de explorá-lo novamente.
Em sua forma atual a propriedade se move entre os dois termos antagônicos:
Capital e Trabalho.
Examinemos os dois termos dessa antinomia.
Ser capitalista significa ocupar não somente uma posição
pessoal, mas, também, uma posição social na produção.
O Capital é um produto coletivo: só pode ser posto em
movimento pelos esforços combinados de muitos membros da sociedade,
e, mesmo, em última instância, pelos esforços combinados
de todos os membros da sociedade.
O Capital não é, pois, uma
força pessoal; é uma força social. Assim, quando
o Capital é transformado em propriedade comum, pertencente a
todos os membros da sociedade, não é uma propriedade pessoal
que se transforma em propriedade social. O que se transformou foi apenas
o caráter social da propriedade. Esta perde seu caráter
de classe.
Passemos ao trabalho assalariado. O preço
médio que se paga pelo trabalho assalariado é o mínimo
de salário, isto é, a soma dos meios de subsistência
necessária para que o operário viva como operário.
Por conseguinte, o que o operário obtém com o seu trabalho
é o estritamente necessário para a mera conservação
e a mera reprodução de sua vida. Não queremos de
nenhum modo abolir essa apropriação pessoal dos produtos
do trabalho, indispensável à manutenção
e à reprodução da vida humana, pois essa apropriação
não deixa nenhum lucro líquido que confira poder sobre
o trabalho alheio. O que queremos é suprimir o caráter
miserável desta apropriação, que faz com que o
operário só viva para aumentar o Capital, e só
viva na medida em que o exigem os interesses da classe dominante.
Na sociedade burguesa, o trabalho vivo
é sempre um meio de aumentar o trabalho acumulado. Na sociedade
comunista, o trabalho acumulado é sempre um meio de ampliar,
de enriquecer e de melhorar cada vez mais a existência dos trabalhadores.
Na sociedade burguesa, o passado domina
o presente; na sociedade comunista é o presente que domina o
passado. Na sociedade burguesa, o Capital é independente e pessoal,
ao passo que o indivíduo que trabalha não tem nem independência
nem personalidade. A abolição de semelhante estado de
coisas é o que a burguesia verbera como a abolição
da individualidade e da liberdade. E com razão. Porque se trata
efetivamente de abolir a individualidade burguesa, a independência
burguesa e a liberdade burguesa.
Por liberdade, nas condições
atuais da produção burguesa, compreende-se a liberdade
de comércio, a liberdade de comprar e de vender.
Mas, se o tráfico desaparece, desaparecerá
também a liberdade de traficar. Ademais, toda a fraseologia sobre
a liberdade de comércio, bem como todas as bazófias liberais
de nossa burguesia só têm sentido quando se referem ao
comércio tolhido e ao burguês oprimido da Idade Média;
nenhum sentido têm quando se trata da abolição comunista
do tráfico, das relações burguesas de produção
e da própria burguesia.
Horrorizai-vos porque queremos abolir
a propriedade privada. Mas, em vossa sociedade, a propriedade privada
está abolida para nove décimos de seus membros. E é
precisamente porque não existe para estes nove décimos
que ela existe para vós. Acusai-nos, portanto, de querer abolir
uma forma de propriedade que só pode existir com a condição
de privar de toda propriedade a imensa maioria da sociedade.
Em resumo, acusai-nos de querer abolir
vossa propriedade. De fato, é isso que queremos.
Desde o momento em que o Trabalho não
mais pode ser convertido em Capital, em dinheiro, em renda da terra,
em uma palavra, em poder social capaz de ser monopolizado, isto é,
desde o momento em que a propriedade individual não possa mais
se converter em propriedade burguesa, declarais que a individualidade
está suprimida. Confessais, pois, que quando falais do indivíduo,
quereis referir-vos unicamente ao burguês, ao proprietário
burguês. E este indivíduo, sem dúvida, deve ser
suprimido.
O Comunismo não retira a ninguém
o poder de se apropriar de sua parte dos produtos sociais, apenas suprime
o poder de escravizar o trabalho de outrem por meio dessa apropriação.
Alega-se, ainda, que, com a abolição
da propriedade privada, toda a atividade cessaria; uma inércia
geral apoderar-se-ia do mundo.
Se isso fosse verdade, há muito
que a sociedade burguesa teria sucumbido à ociosidade, pois os
que no regime burguês trabalham não lucram e os que lucram
não trabalham. Toda a objeção se reduz a essa tautologia:
não haverá mais trabalho assalariado quando não
mais existir Capital.
As acusações feitas contra
o modo comunista de produção e de apropriação
dos produtos materiais têm sido feitas igualmente contra a produção
e a apropriação dos produtos do trabalho intelectual.
Assim como o desaparecimento da propriedade de classe equivale, para
o burguês, ao desaparecimento de toda a produção,
também o desaparecimento da cultura de classe significa, para
ele, o desaparecimento de toda a cultura. A cultura, cuja perda o burguês
deplora, é, para a imensa maioria dos homens, apenas um adestramento
que os transforma em máquinas.
Mas não discutais conosco enquanto
aplicardes à abolição da propriedade burguesa o
critério de vossas noções burguesas de liberdade,
de cultura, de direito etc. Vossas próprias idéias decorrem
do regime burguês de produção e de propriedade burguesa,
assim como vosso direito não passa da vontade de vossa classe
erigida em lei, vontade cujo conteúdo é determinado pelas
condições materiais de vossa existência como classe.
A falaz concepção interesseira
que vos leva a erigir em leis eternas da natureza e da razão
as relações sociais oriundas do vosso modo de produção
e de propriedade – relações transitórias
que surgem e desaparecem no curso da produção –
a compartilhais com todas as classes dominantes já desaparecidas.
O que admitis para a propriedade antiga, o que admitis para a propriedade
feudal, já não vos atreveis a admitir para a propriedade
burguesa.
Abolição da família!
Até os mais radicais ficam indignados diante desse desígnio
infame dos comunistas. Sobre que fundamento repousa a família
atual, a família burguesa? No Capital, no ganho individual. A
família, na sua plenitude, só existe para a burguesia,
mas encontra seu complemento na supressão forçada da família
para o proletário e na prostituição pública.
A família burguesa desvanece-se
naturalmente com o desvanecer de seu complemento, e uma e outra desaparecerão
com o desaparecimento do Capital.
Acusai-nos de querer abolir a exploração
das crianças por seus próprios pais? Confessamos este
crime.
Dizeis também que destruímos
os vínculos mais íntimos, substituindo a educação
doméstica pela educação social. E vossa educação
não é também determinada pela sociedade, pelas
condições sociais em que educais vossos filhos, pela intervenção
direta ou indireta da sociedade por meio de vossas escolas etc? Os comunistas
não inventaram essa intromissão da sociedade na educação,
apenas mudam seu caráter e arrancam da educação
a influência da classe dominante.
As declamações burguesas
sobre a família e a educação, sobre os doces laços
que unem a criança aos pais, tornam-se cada vez mais repugnantes,
na medida em que a grande indústria destrói todos os laços
familiares do proletário e transforma as crianças em simples
objetos de comércio, em simples instrumentos de trabalho.
Toda a burguesia grita em coro: Vós,
comunistas, quereis introduzir a comunidade das mulheres!
Para o burguês, sua mulher nada
mais é do que um instrumento de produção. Ouvindo
dizer que os instrumentos de produção serão explorados
em comum, conclui naturalmente que haverá comunidade de mulheres.
Não imagina que se trata precisamente de arrancar a mulher de
seu papel atual de simples instrumento de produção.
Nada mais grotesco, aliás, do que
a virtuosa indignação que, a nossos burgueses, inspira
a pretensa comunidade oficial das mulheres que adotariam os comunistas.
Os comunistas não precisam introduzir a comunidade das mulheres.
Esta quase sempre existiu.
Nossos burgueses, não contentes
em ter à sua disposição as mulheres e as filhas
dos proletários, sem falar da prostituição oficial,
têm singular prazer em se cornearem uns aos outros.
O casamento burguês é, na
realidade, a comunidade das mulheres casadas. No máximo, poderiam
acusar os comunistas de querer substituir uma comunidade de mulheres,
hipócrita e dissimulada, por outra que seria franca e oficial.
De resto, é evidente que, com a abolição das relações
de produção atuais, a comunidade das mulheres que deriva
dessas relações, isto é, a prostituição
oficial e não-oficial, desaparecerá.
Além disso, os comunistas são
acusados de querer abolir a pátria — a nacionalidade. Os
operários não têm pátria. Não se lhes
pode tirar aquilo que não possuem. Como, porém, o proletariado
tem por objetivo conquistar o poder político e erigir-se em classe
dirigente da nação, tornar-se ele mesmo a nação,
ele é, nessa medida, nacional, embora de nenhum modo no sentido
burguês da palavra.
As demarcações e os antagonismos
nacionais entre os povos desaparecem cada vez mais com o desenvolvimento
da burguesia, com a liberdade do comércio e o mercado mundial,
com a uniformidade da produção industrial e as condições
de existência que lhe correspondem.
A supremacia do proletariado fará
com que tais demarcações e antagonismos desapareçam
ainda mais depressa. A ação comum do proletariado, pelo
menos nos países civilizados, é uma das primeiras condições
para sua emancipação.
Suprimi a exploração do
homem pelo homem e tereis suprimido a exploração de uma
nação por outra.
Quando os antagonismos de classe, no interior
das nações, tiverem desaparecido, desaparecerá
a hostilidade entre as próprias nações.
Quanto às acusações
feitas aos comunistas em nome da religião, da filosofia e da
ideologia em geral, não merecem um exame aprofundado.
Será preciso grande perspicácia
para compreender que as idéias, as noções e as
concepções, em uma palavra, que a consciência do
homem se modifica com toda mudança sobrevinda em suas condições
de vida, em suas relações sociais, em sua existência
social?
Que demonstra a história das idéias,
senão que a produção intelectual se transforma
com a produção material? As idéias dominantes de
uma época sempre foram as idéias da classe dominante.
Quando se fala de idéias que revolucionam uma sociedade inteira,
isto quer dizer que, no seio da velha sociedade se formaram os elementos
de uma nova sociedade, e que a dissolução das velhas idéias
marcha de par com a dissolução das antigas condições
de vida.
Quando o mundo antigo declinava, as velhas
religiões foram vencidas pela religião cristã;
quando, no século XVIII, as idéias cristãs cederam
lugar às idéias racionalistas, a sociedade feudal travava
sua batalha decisiva contra a burguesia então revolucionária.
As idéias de liberdade religiosa e de liberdade de consciência
não fizeram mais do que proclamar o império da livre concorrência
no domínio do conhecimento.
Sem dúvida – dir-se-á
– as idéias religiosas, morais, filosóficas, políticas,
jurídicas etc. modificaram-se no curso do desenvolvimento histórico,
mas, a religião, a moral, a filosofia, a política e o
direito mantiveram-se sempre através dessas transformações.
Além disso, há verdades
eternas, como a liberdade, a justiça etc., que são comuns
a todos os regimes sociais. Mas o Comunismo quer abolir estas verdades
eternas, quer abolir a religião e a moral, em lugar de lhes dar
uma nova forma, e isso contradiz todo o desenvolvimento histórico
anterior.
A que se reduz essa acusação?
A história de toda a sociedade até nossos dias consiste
no desenvolvimento dos antagonismos de classe, antagonismos que se têm
revestido de formas diferentes nas diferentes épocas.
Mas, qualquer que tenha sido a forma desses
antagonismos, a exploração de uma parte da sociedade por
outra é um fato comum a todos os séculos anteriores. Portanto,
nada há de espantoso que a consciência social de todos
os séculos, apesar de toda sua variedade e diversidade, se tenha
movido sempre sob certas formas comuns, formas de consciência
que só se dissolverão completamente com o desaparecimento
total dos antagonismos de classe.
A revolução comunista é
a ruptura mais radical com as relações tradicionais de
propriedade. Nada de estranho, portanto, que, no curso de seu desenvolvimento,
rompa, do modo mais radical, com as idéias tradicionais.
Mas deixemos de lado as objeções
feitas pela burguesia ao Comunismo.
Vimos acima que a primeira fase da revolução
operária é o advento do proletariado como classe dominante,
ou seja: a conquista da Democracia.
O proletariado utilizará sua supremacia
política para arrancar, pouco a pouco, todo Capital da burguesia,
para centralizar todos os instrumentos de produção nas
mãos do Estado, isto é, do proletariado organizado em
classe dominante, e para aumentar, o mais rapidamente possível,
o total das forças produtivas.
Isto, naturalmente, só poderá
se realizar, a principio, por uma violação despótica
do direito de propriedade e das relações de produção
burguesas, isto é, pela aplicação de medidas que,
do ponto de vista econômico, parecerão insuficientes e
insustentáveis, mas que, no desenrolar do movimento, ultrapassarão
a si mesmas e serão indispensáveis para transformar radicalmente
todo o modo de produção.
Essas medidas, é claro, serão
diferentes nos vários países. Todavia, nos países
mais adiantados, as seguintes medidas poderão geralmente ser
postas em prática:
1. Expropriação da propriedade latifundiária e
emprego da renda da terra em proveito do Estado.
2. Imposto fortemente progressivo.
3. Abolição do direito de herança.
4. Confiscação da propriedade de todos os emigrados e
sediciosos.
5. Centralização do crédito nas mãos do
Estado por meio de um banco nacional com Capital do Estado e com o monopólio
exclusivo.
6. Centralização, nas mãos do Estado, de todos
os meios de transporte.
7. Multiplicação das fábricas e dos instrumentos
de produção pertencentes ao Estado, arroteamento das terras
incultas e melhoramento das terras cultivadas, segundo um plano geral.
8. Trabalho obrigatório para todos, organização
de exércitos industriais, particularmente para a agricultura.
9. Combinação do trabalho agrícola e industrial
— medidas tendentes a fazer desaparecer gradualmente a distinção
entre a cidade e o campo.
10. Educação pública e gratuita de todas as crianças,
abolição do trabalho das crianças nas fábricas,
tal como é praticado hoje. Combinação da educação
com a produção material etc.
Uma vez desaparecidos os antagonismos
de classe no curso do desenvolvimento, e sendo concentrada toda a produção
propriamente dita nas mãos dos indivíduos associados,
o poder público perderá seu caráter político,
pois, o poder político é o poder organizado de uma classe
para a opressão de outra.
Se o proletariado, em sua luta contra
a burguesia, se constitui forçosamente em classe, se se converte
por uma revolução em classe dominante e, como classe dominante,
destrói violentamente as antigas relações de produção,
destrói, juntamente com essas relações de produção,
as condições dos antagonismos entre as classes, destrói
as classes em geral e, com isso, sua própria dominação
como classe.
Em lugar da antiga sociedade burguesa,
com suas classes e antagonismos de classe, surge uma associação
onde o livre desenvolvimento de cada um é a condição
do livre desenvolvimento de todos.
LITERATURA SOCIALISTA E COMUNISTA
O SOCIALISMO REACIONÁRIO
O SOCIALISMO FEUDAL
Devido
à sua posição histórica, as aristocracias
da França e da Inglaterra viram-se chamadas a lançar libelos
contra a sociedade burguesa. Na Revolução Francesa de
Julho de 1830 e no Movimento Reformador Inglês haviam sucumbido
mais uma vez sob os golpes deste odiado oportunismo. Elas não
podiam mais travar uma luta política séria; só
lhes restava a luta literária. Ora, também no domínio
literário, tornara-se impossível a velha fraseologia da
Restauração.
Para criar simpatias, era preciso que
a aristocracia fingisse descurar seus próprios interesses e dirigisse
sua acusação contra a burguesia, aparentando defender
apenas os interesses da classe operária explorada. Desse modo,
entregou-se ao prazer de cantarolar sátiras sobre os novos senhores
e de lhes segredar ao ouvido profecias de mau augúrio.
Assim nasceu o Socialismo Feudal, no qual
se mesclavam lamúrias e libelos, ecos do passado e ameaça
sobre o futuro. Se por vezes a sua crítica amarga, mordaz e espirituosa
feriu a burguesia no coração, sua impotência absoluta
em compreender a marcha da História Moderna terminou sempre por
um efeito cômico.
À guisa de bandeira, estes senhores
arvoraram a sacola do mendigo, a fim de atrair o povo; mas, logo que
este acorreu, notou suas costas ornadas com os velhos brasões
feudais e dispersou-se com grandes gargalhadas irreverentes.
Uma parte dos legitimistas franceses e
a Jovem Inglaterra ofereceram ao mundo esse espetáculo divertido.
Quando os campeões do feudalismo
demonstram que o modo de exploração feudal era diferente
do da burguesia esquecem de uma coisa: o feudalismo explorava em circunstâncias
e condições completamente diversas e hoje em dia cadentes.
Quando ressaltam que sob o regime feudal o proletariado moderno não
existia, esquecem de uma coisa: a burguesia moderna é precisamente
um fruto necessário de seu regime social.
Aliás, ocultam tão pouco
o caráter reacionário de sua crítica, que sua principal
queixa contra a burguesia consiste justamente em dizer que esta assegura,
sob o seu regime, o desenvolvimento de uma classe que fará ir
pelos ares toda a antiga ordem social.
O que reprovam da burguesia é,
sobretudo, ter produzido um proletariado revolucionário, do que
haver criado o proletariado em geral. Por isso, na luta política,
participam ativamente de todas as medidas de repressão contra
a classe operária. E, na vida diária, a despeito de sua
pomposa fraseologia, conformam-se perfeitamente em colher os frutos
de ouro da árvore da indústria e trocar honra, amor e
fidelidade pelo comércio de lã, de açúcar,
de beterraba e de aguardente.
Do mesmo modo que o pároco e o
senhor feudal marcharam sempre de mãos dadas, o Socialismo Clerical
marcha lado a lado com o Socialismo Feudal. Nada é mais fácil
do que recobrir o ascetismo cristão com um verniz socialista.
Não se ergueu também o Cristianismo contra a propriedade
privada, o matrimônio e o Estado? E em seu lugar não predicou
a caridade e a pobreza, o celibato e a mortificação da
carne, a vida monástica e a Igreja? O Socialismo Cristão
não passa de água-benta com que o padre consagra o despeito
da aristocracia.
O SOCIALISMO PEQUENO-BURGUÊS
Não
é a aristocracia feudal a única classe arruinada pela
burguesia, não é a única classe cujas condições
de existência se estiolam e perecem na sociedade burguesa moderna.
Os pequenos burgueses e os pequenos camponeses da Idade Média
foram os precursores da burguesia moderna. Nos países nos quais
o comércio e a indústria são pouco desenvolvidos,
esta classe continua a vegetar ao lado da burguesia em ascensão.
Nos países nos quais a civilização
moderna está florescente forma-se uma nova classe de pequeno-burgueses,
que oscila entre o proletariado e a burguesia; fração
complementar da sociedade burguesa, ela se reconstitui incessantemente.
Mas, os indivíduos que a compõem se vêem constantemente
precipitados no proletariado devido à concorrência; e,
com a marcha progressiva da grande indústria, sentem aproximar-se
o momento em que desaparecerão completamente como fração
independente da sociedade moderna e em que serão substituídos
no comércio, na manufatura e na agricultura por capatazes e empregados.
Nos países como a França
– nos quais os camponeses constituem bem mais da metade da população
– é natural que os escritores, que se batiam pelo proletariado
contra a burguesia, aplicassem à sua crítica do regime
burguês critérios pequeno-burgueses e camponeses, e defendessem
a causa operária do ponto de vista da pequena burguesia.
Desse modo se formou o Socialismo Pequeno-burguês.
Sismondi é o chefe dessa literatura, não somente na França,
mas também na Inglaterra.
Esse Socialismo analisou, com muita penetração,
as contradições inerentes às relações
de produção modernas. Pôs a nu as hipócritas
apologias dos economistas. Demonstrou, de modo irrefutável, os
efeitos mortíferos das máquinas e da divisão do
trabalho, a concentração dos capitais e da propriedade
territorial, a superprodução, as crises, a decadência
inevitável dos pequeno-burgueses e dos camponeses, a miséria
do proletariado, a anarquia na produção, a clamorosa desproporção
na distribuição das riquezas, a guerra industrial de extermínio
entre as nações, a dissolução dos velhos
costumes, das velhas relações de família e das
velhas nacionalidades.
Todavia, a finalidade real desse Socialismo
Pequeno-burguês é: ou restabelecer os antigos meios de
produção e de troca e, com eles, as antigas relações
de propriedade e toda a sociedade antiga, ou então fazer entrar
à força os meios modernos de produção e
de troca no quadro estreito das antigas relações de propriedade,
que foram destruídas e necessariamente despedaçadas por
eles. Em um e em outro caso, esse Socialismo é ao mesmo tempo
reacionário e utópico.
Para a manufatura, o regime corporativo;
para a agricultura, o regime patriarcal: eis sua última palavra.
Por fim, quando os obstinados fatos históricos lhe fizeram passar
completamente a embriaguez, essa escola socialista abandonou-se a uma
verdadeira prostração de espírito.
O
SOCIALISMO ALEMÃO OU O ‘VERDADEIRO’ SOCIALISMO
A literatura socialista e comunista da
França, nascida sob a pressão de uma burguesia dominante,
expressão literária da revolta contra esse domínio,
foi introduzida na Alemanha quando a burguesia começava a sua
luta contra o absolutismo feudal.
Filósofos, semifilósofos
e impostores alemães lançaram-se avidamente sobre essa
literatura, mas se esqueceram de que, com a importação
da literatura francesa na Alemanha, não eram importadas ao mesmo
tempo as condições sociais da França. Nas condições
alemãs, a literatura francesa perdeu toda significação
prática imediata e tomou um caráter puramente literário.
Aparecia apenas como especulação ociosa sobre a realização
da natureza humana. Por isso, as reivindicações da Primeira
Revolução Francesa só eram, para os filósofos
alemães do século XVIII, as reivindicações
da razão prática em geral; e a manifestação
da vontade dos burgueses revolucionários da França não
expressava, a seus olhos, senão as leis da vontade pura, da vontade
tal como deve ser, da vontade verdadeiramente humana.
O trabalho dos literatos alemães
limitou-se a colocar as idéias francesas em harmonia com a sua
velha consciência filosófica ou, antes, a apropriar-se
das idéias francesas sem abandonar seu próprio ponto de
vista filosófico. Apropriaram-se delas como se assimila uma língua
estrangeira: pela tradução.
Sabe-se que os monges recobriam os manuscritos
das obras clássicas da Antigüidade pagã com absurdas
lendas sobre santos católicos. Os literatos alemães agiram
em sentido inverso a respeito da literatura francesa profana. Introduziram
suas insanidades filosóficas no original francês. Por exemplo,
sob a crítica francesa das funções do dinheiro,
escreveram alienação humana; sob a critica francesa do
Estado burguês, escreveram eliminação do poder da
universidade abstrata, e assim por diante. A esta interpolação
da fraseologia filosófica nas teorias francesas deram o nome
de filosofia da ação, verdadeiro socialismo, ciência
alemã do socialismo, justificação filosófica
do socialismo etc.
Desse modo, emascularam completamente
a literatura socialista e comunista francesas. E como, nas mãos
dos alemães, essa literatura deixou de ser a expressão
da luta de uma classe contra outra, eles se felicitaram por se terem
elevado acima da estreiteza francesa e terem defendido não verdadeiras
necessidades, mas a necessidade do verdadeiro; não os interesses
do proletário, mas os interesses do ser humano, do homem em geral,
do homem que não pertence a nenhuma classe nem a realidade alguma,
e que só existe no céu brumoso da fantasia filosófica.
Esse socialismo alemão, que tão
solenemente levava a sério seus desajeitados exercícios
de escolar, e que os apregoava tão charlatanescamente, perdeu,
não obstante, pouco a pouco, seu inocente pedantismo.
A luta da burguesia alemã, e especialmente
da burguesia prussiana, contra os feudais e a monarquia absoluta, em
uma palavra, o movimento liberal, tornou-se mais séria.
Desse modo, apresentou-se ao verdadeiro
Socialismo a tão desejada oportunidade de contrapor ao movimento
político as reivindicações socialistas. Pôde
lançar os anátemas tradicionais contra o Liberalismo,
o regime representativo, a concorrência burguesa, a liberdade
burguesa de imprensa, o direito burguês, a liberdade e a igualdade
burguesas; pôde pregar às massas que nada tinham a ganhar,
mas, pelo contrário, tudo a perder nesse movimento burguês.
O Socialismo Alemão esqueceu, muito a propósito, que a
crítica francesa, da qual era o eco monótono, pressupunha
a sociedade burguesa moderna com as condições materiais
de existência que lhe correspondem e uma constituição
política adequada — precisamente as coisas que, na Alemanha,
se tratavam ainda de conquistar.
Para os governos absolutos da Alemanha,
com seu cortejo de padres, pedagogos, fidalgos rurais e burocratas,
esse Socialismo converteu-se em espantalho para amedrontar a burguesia
que se erguia ameaçadora.
Juntou sua hipocrisia adocicada aos tiros
e às chicotadas com que esses mesmos governos respondiam aos
levantes dos operários alemães.
Se o verdadeiro Socialismo se tornou,
assim, uma arma nas mãos dos governos contra a burguesia alemã,
representava, além disso, diretamente, um interesse reacionário,
o interesse da pequena burguesia alemã. A classe dos pequenos
burgueses, legada pelo século XVI, e, desde então, renascendo
sem cessar sob formas diversas, constitui na Alemanha a verdadeira base
social do regime estabelecido.
Mantê-la é manter na Alemanha
o regime estabelecido. A supremacia industrial e política da
burguesia ameaçam a pequena burguesia de destruição
certa; de um lado, pela concentração dos capitais, de
outro, pelo desenvolvimento de um proletariado revolucionário.
O verdadeiro Socialismo pareceu aos pequenos burgueses como uma arma
capaz de aniquilar esses dois inimigos. Propagou-se como uma epidemia.
A roupagem tecida com os fios imateriais
da especulação, bordada com as flores da retórica
e banhada de orvalho sentimental – essa roupagem na qual os socialistas
alemães envolveram o miserável esqueleto das suas verdades
eternas – não fez, senão, ativar a venda de sua
mercadoria entre tal público.
Por outro lado, o Socialismo Alemão
compreendeu, cada vez mais, que sua vocação era ser o
representante grandiloqüente dessa pequena burguesia.
Proclamou que a Nação Alemã
era a nação-tipo, e o filisteu alemão, o homem-tipo.
A todas as infâmias desse homem-tipo deu um sentido oculto, um
sentido superior e socialista, que as tornava exatamente o contrário
do que eram. Foi conseqüente até o fim, levantando-se contra
a tendência brutalmente destruidora do Comunismo, declarando que
pairava imparcialmente acima de todas as lutas de classes. Com poucas
exceções, todas as pretensas publicações
socialistas ou comunistas que circulam na Alemanha pertencem a esta
imunda e enervante literatura.
O SOCIALISMO CONSERVADOR OU BURGUÊS
Uma
parte da burguesia procura remediar os males sociais com o fim de consolidar
a sociedade burguesa. Nessa categoria enfileiram-se os economistas,
os filantropos, os humanitários, os que se ocupam em melhorar
a sorte da classe operária, os organizadores de beneficências,
os protetores dos animais, os fundadores das sociedades de temperança,
enfim os reformadores de gabinete de toda categoria. Chegou-se até
a elaborar esse socialismo burguês em sistemas completos. Como
exemplo, citemos a Filosofia da Miséria, de Proudhon.
Os socialistas burgueses querem as condições
de vida da sociedade moderna sem as lutas e os perigos que fatalmente
dela decorrem. Querem a sociedade atual, mas eliminando os elementos
que a revolucionam e a dissolvem. Querem a burguesia sem o proletariado.
Como é natural, a burguesia concebe o mundo em que domina como
o melhor dos mundos possível. O Socialismo Burguês elabora
em um sistema mais ou menos completo essa concepção consoladora.
Quando convida o proletariado a realizar esses sistemas e a entrar na
nova Jerusalém, no fundo o que pretende é induzi-lo a
manter-se na sociedade atual, desembaraçando-se, porém,
do ódio que ele vota a essa sociedade.
Uma outra forma desse Socialismo, menos
sistemática, porém mais prática, procura fazer
com que os operários se afastem de qualquer movimento revolucionário,
demonstrando-lhes que não será tal ou qual mudança
política, mas somente uma transformação das condições
da vida material e das relações econômicas que poderá
ser proveitosa para eles. Notai que, por transformação
das condições da vida material, esse Socialismo não
compreende em absoluto a abolição das relações
burguesas de produção – o que só é
possível por via revolucionária – mas, apenas reformas
administrativas realizadas sobre a base das próprias relações
de produção burguesas e que, portanto, não afetam
as relações entre o Capital e o Trabalho assalariado,
servindo, no melhor dos casos, para diminuir os gastos da burguesia
com seu domínio e simplificar o trabalho administrativo de seu
Estado. O Socialismo Burguês só atinge uma expressão
adequada quando se torna uma simples figura de retórica.
Livre-câmbio, no interesse da classe
operária! Tarifas protetoras, no interesse da classe operária!
Prisões celulares no interesse da classe operária! Eis
sua última palavra, a única pronunciada seriamente pelo
Socialismo Burguês.
Ele se resume nesta frase: os burgueses
são burgueses - no interesse da classe operária.
O SOCIALISMO E O COMUNISMO CRÍTICO-UTÓPICOS
Não
se trata aqui da literatura que, em todas as grandes revoluções
modernas, formulou as reivindicações do proletariado (escritos
de Babeuf etc.).
As primeiras tentativas diretas do proletariado
para fazer prevalecer seus próprios interesses de classe, feitas
em uma época de efervescência geral, no período
da derrubada da sociedade feudal, fracassaram necessariamente, não
só por causa do estado embrionário do próprio proletariado,
como devido à ausência das condições materiais
de sua emancipação, condições que apenas
surgem como produto do advento da época burguesa. A literatura
revolucionária que acompanhava esses primeiros movimentos do
proletariado teve forçosamente um conteúdo reacionário.
Preconizava um ascetismo geral e um grosseiro igualitarismo.
Os sistemas socialistas e comunistas propriamente
ditos, os de Saint-Simon, Fourier, Owen etc. aparecem no primeiro período
da luta entre o proletariado e a burguesia, período acima descrito.
(Ver o Capítulo Burgueses e Proletários). Os fundadores
desses sistemas compreendem bem o antagonismo das classes, assim como
a ação dos elementos dissolventes na própria sociedade
dominante. Mas não percebem no proletariado nenhuma iniciativa
histórica, nenhum movimento político que lhe seja próprio.
Como o desenvolvimento dos antagonismos
de classe marcha de par com o desenvolvimento da indústria, não
distinguem tampouco as condições materiais da emancipação
do proletariado, e põem-se à procura de uma ciência
social, de leis sociais, que permitam criar essas condições.
À atividade social substituem sua
própria imaginação pessoal; às condições
históricas da emancipação, condições
fantasistas; à organização gradual e espontânea
do proletariado em classe, uma organização da sociedade
pré-fabricada por eles. A história futura do mundo se
resume, para eles, na propaganda e na prática de seus planos
de organização social. Todavia, na confecção
de seus planos, têm a convicção de defender, antes
de tudo, os interesses da classe operária, porque é a
classe mais sofredora. A classe operária só existe para
eles sob esse aspecto de classe mais sofredora.
Mas, a forma rudimentar da luta de classes
e sua própria posição social os levam a se considerar
bem acima de qualquer antagonismo de classe. Desejam melhorar as condições
materiais de vida para todos os membros da sociedade, mesmo dos mais
privilegiados. Por conseguinte, não cessam de apelar indistintamente
para a sociedade inteira, e mesmo se dirigem, de preferência,
à classe dominante. Pois, na verdade, basta compreender seu sistema
para reconhecer que é o melhor dos planos possíveis para
a melhor das sociedades possíveis.
Repelem, portanto, toda ação
política e, sobretudo, toda ação revolucionária;
procuram atingir seu fim por meios pacíficos e tentam abrir um
caminho ao novo evangelho social pela força do exemplo, por experiências
em pequena escala que, naturalmente, sempre fracassam.
A descrição fantasista da
sociedade futura, feita em uma época em que o proletariado, pouco
desenvolvido ainda, encara sua própria posição
de um modo fantasista, corresponde às primeiras aspirações
instintivas dos operários a uma completa transformação
da sociedade.
Mas, essas obras socialistas e comunistas
encerram também elementos críticos. Atacam a sociedade
existente em suas bases. Por conseguinte, forneceram em seu tempo materiais
de grande valor para esclarecer os operários. Suas propostas
positivas relativas à sociedade futura, tais como a supressão
da distinção entre a cidade e o campo, abolição
da família, do lucro privado e do trabalho assalariado, proclamação
da harmonia social e transformação do Estado em uma simples
administração da produção, todas essas propostas,
apenas anunciam o desaparecimento do antagonismo entre as classes, antagonismo
que mal começa e que esses autores somente conhecem em suas formas
imprecisas. Assim, essas propostas têm um sentido puramente utópico.
A importância do Socialismo e do
Comunismo Crítico-utópicos está na razão
inversa do desenvolvimento histórico. Na medida em que a luta
de classes se acentua e toma formas mais definidas, o fantástico
afã de abstrair-se dela essa fantástica oposição
que se lhe faz, perde qualquer valor prático, qualquer justificação
teórica. Eis porque, se, em muitos aspectos, os fundadores desses
sistemas eram revolucionários, as seitas formadas por seus discípulos
são sempre reacionárias, pois se aferram às velhas
concepções de seus mestres apesar do ulterior desenvolvimento
histórico do proletariado. Procuram, portanto – e nisto
são conseqüentes – atenuar a luta de classes e conciliar
os antagonismos. Continuam a sonhar com a realização experimental
de suas utopias sociais: estabelecimento de falanstérios isolados
[comuna societária, espécie de «grande hotel»
cooperativista, para habitação e produção
em comum, ideada por Charles Fourier, filósofo e economista francês
(1772-1837)], criação de colônias no interior, fundação
de uma pequena Icária, edição da nova Jerusalém
e, para dar realidade a todos esses castelos no ar, vêem-se obrigados
a apelar para os bons sentimentos e os cofres dos filantropos burgueses.
Pouco a pouco, caem na categoria dos socialistas reacionários
ou conservadores descritos acima, e só se distinguem dele por
um pedantismo mais sistemático e uma fé supersticiosa
e fanática na eficácia miraculosa de sua ciência
social.
Opõem-se, pois, encarniçadamente,
a qualquer ação política da classe operária,
porque, em sua opinião, tal ação só pode
provir de uma cega falta de fé no novo evangelho. Desse modo,
os owenistas, na Inglaterra, e os fourieristas, na França, reagem
respectivamente contra os cartistas e os reformistas.
POSIÇÃO DOS COMUNISTAS DIANTE DOS DIFERENTES PARTIDOS
DE OPOSIÇÃO
O
que já dissemos no capítulo II basta para determinar a
posição dos comunistas diante dos partidos operários
já constituídos e, por conseguinte, sua posição
diante dos cartistas na Inglaterra e dos reformadores agrários
na América do Norte.
Os comunistas combatem pelos interesses
e objetivos imediatos da classe operária, mas, ao mesmo tempo,
defendem e representam, no movimento atual, o futuro do movimento. Aliam-se
na França ao partido democrata-socialista contra a burguesia
conservadora e radical, reservando-se o direito de criticar as frases
e as ilusões legadas pela tradição revolucionária.
Na Suíça, apóiam
os radicais, sem esquecer que esse partido se compõe de elementos
contraditórios, metade democratas-socialistas, na acepção
francesa da palavra, metade burgueses-radicais.
Na Polônia, os comunistas apóiam
o partido que vê em uma revolução agrária
a condição da libertação nacional, isto
é, o partido que desencadeou a insurreição de Cracóvia,
em 1846.
Na Alemanha, o Partido Comunista luta
de acordo com a burguesia, todas as vezes que esta age revolucionariamente:
contra a monarquia absoluta, a propriedade rural feudal e o espírito
pequeno-burguês.
Mas nunca, em momento algum, este Partido
se descuida de despertar nos operários uma consciência
clara e nítida do violento antagonismo que existe entre a burguesia
e o proletariado, para que, na hora precisa, os operários alemães
saibam converter as condições sociais e políticas,
criadas pelo regime burguês, em outras tantas armas contra a burguesia,
a fim de que, uma vez destruídas as classes reacionárias
da Alemanha, possa ser travada a luta contra a própria burguesia.
É para a Alemanha, sobretudo, que
se volta a atenção dos comunistas, porque a Alemanha se
encontra às vésperas de uma revolução burguesa,
e porque realizará essa revolução nas condições
mais avançadas da civilização européia,
e com um proletariado infinitamente mais desenvolvido que o da Inglaterra
no século XVII e o da França no século XVIII, e,
por conseguinte, a revolução burguesa alemã só
poderá ser o prelúdio imediato de uma revolução
proletária.
Em resumo, os comunistas apóiam,
em toda parte, qualquer movimento revolucionário contra o estado
de coisas social e político existente. Em todos estes movimentos,
põem em primeiro lugar, como questão fundamental, a questão
da propriedade, qualquer que seja a forma, mais ou menos desenvolvida,
de que esta se revista.
Finalmente, os comunistas trabalham pela
união e pelo entendimento dos partidos democráticos de
todos os países. Os comunistas não se rebaixam a dissimular
suas opiniões e seus fins. Proclamam abertamente que seus objetivos
só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda
a ordem social existente. Que as classes dominantes tremam à
idéia de uma revolução comunista! Os proletários
nada têm a perder com ela a não ser suas cadeias. Têm
um mundo a ganhar.
Proletários de todos os países:
uni-vos!
Karl Marx
Friedrich
Engels
Marx
e Engels
Marx,
Engels, Lenin, Stalin
*
* *
COMENTÁRIOS
SOBRE O MANIFESTO
A história de todas as sociedades
que existiram até nossos dias tem sido a história das
lutas de classes.
Esta é a frase que dá início
ao capítulo Burgueses e Proletários. Ela é verdadeira
porque esta é uma verdade eterna. Eterna enquanto a PAZ
não for realizada interiormente, e só conhece
a PAZ – Bhagavad-Gita, II – quem
esqueceu o desejo. O Universo não descansa e a
Consciência Universal, no seu incriado começo e impossível
fim, sistólica e diastolicamente, a cada 311 040 x 109
anos, está sempre a tomar consciência de si mesma. Mas,
as razões dianóica e noética não poderão
compreender isso jamais. Ainda que o Universo seja ilimitado, ele é
finito, pois nada vem do nada. De nihilo nihil, conforme registrou
sabiamente Lucrécio (98?-55 a.C) em Da Natureza, I.
Mas, adentro da ilimitabilidade do Cósmico, que não deve
ser confundida com infinitude, a autoconsciência não foi,
não é e jamais poderá ser igualitária. Este
é um aparente paradoxo que, para ser compreendido, impõe
mais do que uma elevação da alma das aparências
sensíveis às realidades inteligíveis ou idéias.
Ainda que o Manifesto condene no Socialismo e o Comunismo Crítico-utópicos
o grosseiro igualitarismo, excluindo a cúria comunista,
na prática, foi isso que acabou acontecendo. Claro, para o operariado.
Não para os vovos tsares.
Não adianta tentar tapar a realidade
com uma tela vazada. Cada ente é um microcosmo único,
especial, necessário, com seu código genético humano-cósmico
próprio, que ao longo da existência manifestará
vocações, inclinações e aptidões
peculiares. Logo, qualquer doutrina que, a priori, sustente
e postule a igualdade absoluta dos homens comete um equívoco
de base metafísica. Por outro lado, isto não significa,
em absoluto, que seja eticamente correto e moralmente efetivo ...quinhoar
desigualmente os desiguais, na medida em que se desigualam. Estas
reflexões parecem contraditórias, mas não são.
A verdadeira Lei da Igualdade não pode estar, como propôs
a Águia de Haia – o notável jurista brasileiro Rui
Barbosa (1849-1923) – alicerçada em desigualdade social
proporcionada à desigualdade natural. Foi, e continua sendo,
esse maldito entendimento de desigualdade natural que gerou todas as
formas de verdadeira opressão, da escravidão ao sistema
de estratificação tradicional da Índia [grupo social
fechado, de caráter hereditário, cujos membros pertencem
à mesma raça, profissão ou religião]. Isto
acaba produzindo grupos de pessoas que acabam se destacando dos demais
por suas ocupações, seus privilégios, seus costumes
e seus múltiplos e abichornados preconceitos. O Manifesto está
correto em muitas razões, entretanto equivocado em vários
pontos e nas soluções que propõe. Juntos, iremos
ver alguns desses pontos.
Já tive oportunidade de comentar
esse tema quando examinei rapidamente, em outro livro digital, alguns
fragmentos do pensamento ruiano. Assim, há equívoco em
ambas as doutrinas. O Comunismo desejou aniquilar pela violência
a fome satânica e insaciável do Capitalismo (da burguesia),
e o Liberalismo Cientificista de Rui pretendeu adocicar esta mesma fome,
no caso brasileiro, com paliativos, para tentar atenuar a crise em que
estava mergulhado o Brasil depois da promulgação da Lei
Áurea e da Proclamação da República. Ora,
a desigualdade humana é um fato. Ainda que o Universo seja um,
as pessoas são desiguais porque têm origens cósmicas
distintas. E porque o processo de autoconsciência não é
universal e não se dá no mesmo momento para todos. Plantar
e colher são instantes diferenciados e específicos. O
processo de reintegração cósmica possui diversos
caminhos. Madre Tereza de Calcutá escolheu um; Joana D’Arc,
outro. E Max Heindel (1865-1919), um terceiro. Mutatis mutandis,
em uma orquestra, vários são os instrumentos musicais
e vários também são os músicos. Talvez o
número 2144 explique estas lucubrações!
Esta afirmação poderá escandalizar os distraídos
e os desinformados, e alvoroçar alguns religiosos piegas e fanáticos.
Basta, tão-somente, tentar comparar o incomparável, e
qualquer inteligência perceberá de plano que igualdade
e Igualitarismo são impossibilidades cósmicas e que a
luta entre as múltiplas classes é um fato, sob certos
aspectos, ainda inexorável. Mas, um dia (quando?), todas essas
fantasias da realidade objetiva, no mínimo, serão suavizadas.
Até lá, a reciclagem, oriunda da entropia necessária,
prevalecerá.
Alguém já disse que o Igualitarismo
é o ópio dos invejosos. A inveja é ambígua:
está amalgamada tanto ao sentimento de tristeza que a presumida
felicidade do outro motiva no invejoso, quanto ao ilusório sentimento
de satisfação e de contentamento que este sente ao ver
a desgraça e o infortúnio daquele que inveja. A inveja
é uma verdadeira merda. Ou como deixou escrito Stuart Mill (1806-1873)
no livro On Liberty: A inveja é a mais maligna de
todas as paixões. Não sei se é realmente a
mais maligna, mas que é depauperadora e atrasadora é.
No trabalho digital Justiça Social, Igualitarismo e Inveja:
A Propósito do Livro de Gonzalo Fernandez de la Mora, Eduardo
O. C. Chaves ressalta que uma de três atitudes são passíveis
de ser assumidas, face à possibilidade de que alguém possa
aparentar maior grau de felicidade ou sucesso do que outrem: a) EMULAÇÃO
– desejar ser como o outro, agir como ele e querer possuir as
coisas que o outro possui; b) RESIGNAÇÃO
– Aceitar a real ou suposta inferioridade relativamente ao outro;
e c) INVEJA – Desejar que o outro perca aquilo
que tem, e que, por inveja, gostaria que lhe pertencesse. Essas reflexões
conduzem ao seguinte resumo:
EMULAÇÃO:
POSITIVA —› MOLA PROPULSORA DO
PROGRESSO E DO DESENVOLVIMENTO
RESIGNAÇÃO:
NEUTRA —› CONDUZ À ESTAGNAÇÃO
INVEJA: NEGATIVA —›
LEVA À INVOLUÇÃO |
Faltou a Chaves definir a ATITUDE
MÍSTICA. O MÍSTICO-INICIADO
não é um nefelibata nem, muito menos, um egoísta
ou um simplório. Esforça-se diuturnamente para alcançar
uma percepção íntima e direta da MENTE
UNIVERSAL. Este esforço é exercido pelo EU
INTERIOR, que se empenha para dominar a astralidade, campo
no qual operam os desejos, as cobiças e as paixões. E
também as emulações, as resignações
e as invejas (ódios, desgostos, insatisfações etc.).
Os desejos... andam na contramão do esforço místico-espiritual.
Bhagavad-Gita, II.
É a prevalência do corpo
astral sobre o EU que propicia as falsas emulações,
as resignações estagnantes e as invejas involutivas. Todas
essas coisas têm duas origens: fora e dentro. Mas é dentro
que ferve o caldeirão. Quanto maior o domínio do corpo
astral sobre o EU maior a insegurança ontológica
do ser. Isto pode levar a diversos tipos de transtornos mentais que
não podem ser sanados em uma encarnação. Tenho
afirmado em outros ensaios que a ††††††
††††††
trabalha 24 horas por dia, 365 dias por ano, para cooptar os incautos.
As forças das trevas não dão trégua ao ser
humano. O ideal supremo do MÍSTICO-INICIADO
é sua união consciente com o D’US DE SEU
CORAÇÃO que constrói diuturnamente. O
MÍSTICO-INICIADO sabe que quando soar a hora
querida da COMUNHÃO CÓSMICA CONSCIENTE, o D’US
DE SEU CORAÇÃO haverá de se manifestar
na singular intimidade de seu interior. Nos antigos rituais havia a
seguinte PROMESSA ROSACRUZ: O HOMEM É
DEUS E FILHO DE DEUS, E NÃO HÁ OUTRO DEUS SENÃO
O HOMEM. D’US HOMO EST. Mas, o MÍSTICO-INICIADO
consciente, particularmente o ESTUDANTE ROSACRUZ, filiado
a qualquer Fraternidade Rosacruz autêntica, também sabe
que tudo é parte do UM, e que ele, o(s) outro(s)
e a DIVINDADE formam, portanto, um único CORPO
CÓSMICO. Nestas palavras está dito tudo que pode
ser dito. O que não pode ser dito terá que ser descoberto
in corde.
Por outro lado, retornando ao tema deste
livro digital, a débâcle do Comunismo no Leste Europeu
e na União Soviética não prova absolutamente nada
e pode provar tudo. Depende de como é analisada. E assim, o Japão,
ainda que tenha acabado por aceitar o Capitalismo ocidental, jamais,
em suas entranhas, adotará por inteiro os hábitos da civilização
ocidental. Estas duas últimas considerações podem,
à primeira espiada, não estar interligadas. Mas estão.
O Manual Rosacruz, livro publicado pela Suprema Grande Loja
da AMORC, define evolução como desenvolvimento
progressivo e aperfeiçoamento de tudo que se manifesta ou está
na concepção da Mente Cósmica. Mesmo a chamada
degeneração ou desintegração faz
parte da evolução, representando uma de suas fases. Evolução
significa avanço progressivo. É a Lei fundamental da Natureza
e todo elemento da Natureza tende para a perfeição
e está se tornando cada vez mais elevado em sua freqüência
vibratória e mais perfeito em suas manifestações.
(Sublinhados meus. O vocábulo evolução pode, sem
prejuízo, ser permutado por reintegração, que está
mais de acordo com os próprios princípios rosacruzes e
martinistas e com a Atualidade do Universo).
Assim, não poderia ser distinto.
Diferenças, desigualdades e disparidades são inerentes
ao processo de TOMADA DE CONSCIÊNCIA pelas consciências.
Agora, se e quando as consciências se transmutarem em SUPERCONSCIÊNCIAS...
E os homens em DEUSES... Nesse sentido, reflitam comigo:
como comparar Madre Tereza de Calcutá (1910-1997) com uma mãe
que dá, maltrata ou assassina seu próprio filho?
Uma
pobre mãe que age desta forma, ainda não pode apreender
o que disse, certa vez, Madre Tereza: Cristo em mim: Ele
age através de mim: Ele me inspira e me dirige como Seu instrumento.
Eu nada faço... Ele faz tudo.
Como comparar Tomás de Torquemada
(1420-1498), primeiro inquisidor-mor da Espanha, que durante os dezesseis
anos em que cumpriu sua missão infernal, estimulou, permitiu,
ejaculou e ordenou que fossem instaurados aproximadamente cem mil processos
inquisitoriais e torturadas, humilhadas e executadas milhares de pessoas,
como, por exemplo, o Monge Dominicano Italiano Girolamo Savonarola (1452-1498).
Torquemada aterrorizou toda uma nação. Morreu delirando
aos 78 anos com as mãos encharcadas de sangue. Já Savonarola,
médico, filósofo, profeta, reformador, político
e hábil legislador, passou prematuramente pela transição
imposta pelos tribunais do santo
ofício aos 45 anos, no mesmo ano que Torquemada,
mas, como mártir, por causa de suas idéias contrárias
à decadência desonrante, de todos conhecida, do Pontificado
de Roma. Ao proclamar, em Florença, o Reino do Cristo, verberava
contra os vícios e a luxúria. Ousou acusar a Igreja Católica,
bradando: A tua luxúria fez de ti uma prostituta. És
um monstro abominável. Criaste uma casa de devassidão.
Transformaste-te, de alto a baixo, em casa de infâmia. E o que
faz a mulher pública? Acena a todos que passam; quem tiver dinheiro
pode entrar e fazer o que desejar. Savonarola acabou torturado,
enforcado e queimado. Os pedaços que sobraram foram lançados
no Rio Arno, na bela Florença, que foi fundada no ano 200 a.C.,
como colônia etrusca.
Tomás
de Torquemada
Girolamo
Savonarola
Como comparar, ainda, o Dezoito (1889-1945)
com Albert Einstein (1879-1955)? Uma semana antes de passar pela Grande
Iniciação, o místico Einstein enviou uma carta
a Bertrand Russell (1872-1970) na qual concordava em subscrever um MANIFESTO
contra a proliferação de armas nucleares e no qual também
constava a proibição de seu fabrico. Einstein, em 1944,
já houvera escrito ao Presidente Franklin Delano Roosevelt (1882-1945)
implorando que não lançasse a bomba nuclear sobre o Japão.
Ele sabia, mais do que ninguém, os efeitos devastadores da radiação
nuclear. Roosevelt faleceu repentinamente(?!) em 12 de abril de 1945
sem ter podido ler a carta. O Pedreiro-Livre Harry S. Truman (1884-1972),
pelos motivos conhecidos, não atendeu ao pedido do qual Einstein
era porta-voz e... E de novo. A antiga União Soviética
precisava conhecer o poderio bélico dos EEUU. E o Japão,
que já havia concordado em se render, não foi ouvido.
O establishment fez ouvidos de mercador... Primeiro, Hiroshima; depois,
Nagazaki.
Como
comparar, então, os pilotos do Correio Aéreo Nacional
(criado em 20 de Fevereiro de 1941) com aquele pequeno indivíduo
que pôs a voar e a trovejar o mortífero Enola Gay? E o
outro que arrasou Nagazaki? Primeiro, urânio: LITTLE
BOY. Depois, plutônio:
FAT MAN.
6 de Agosto: Hiroshima. 9 de Agosto: Nagazaki.
Hiroshima
Hiroshima
Nagazaki
Nagazaki
La preuve
est faite: la bombe fonctionne sans intérêt stratégique,
les armes de destruction massive ne peuvent servir qu'a une
seule chose: AFFIRMER SA SUPÉRIORITÉ EN SACRIFIANT
MASSIVEMENT DES POPULATIONS INNOCENTES
.
|
Como
comparar João XXIII com Pio XII ou com Flavius Petrus Sabbatius
Justinianus? Como comparar o destemor de um jornalista investigativo
como Arcanjo (Tim) Lopes, com a covardia insana daqueles que roubam
a vida e buscam calar e ocultar as verdades, como o conhecido traficante
Elias Maluco e seus colaboradores?
Papa
João XXIII
Como
comparar Sérgio Vieira de Mello (1948-2003) com aqueles que o
assassinaram? Como comparar ódio, terrorismo e crueldades com
amor, solidariedade e bem-quereres? O que está em cima não
pode ser comparado com o que está embaixo. Sol e Lua não
são iguais. E o ouro não é igual ao zinco nem ao
chumbo. Falta alguma coisa no zinco e sobra alguma coisa no chumbo para
que ambos possam ser ouro. Entretanto, tudo converge para o ouro! Por
isso, serão, mas ainda não são. Isso está
explicado em outros trabalhos digitais apresentados neste site,
e, nas entrelinhas, no entendimento rosacruz de evolução
apresentado um pouco mais acima. Ora, o que não presta (ainda)
será reprocessado. Apenas isso.
Por que, então, a luta de classes?
Porque os seres, em sua maioria, são ainda dominados e comandados
pelo corpo astral, que impõe desejos, cobiças e paixões
e sentimentos de dúvida, de desconfiança, de indolência,
de orgulho, de avareza, de inveja, de submissão, de despotismo,
de intolerância, de preconceito, de dominação, de
tirania, de crueldade, de ressentimento etc. Explica-se, assim, porque,
contraditoriamente, para uns o Igualitarismo é a solução;
e, para outros, a resposta é a subjugação. E, se
for necessário, violência, guerra e morte. No mínimo.
E em ambas as facções. Opressores e oprimidos, se puderem,
esfolam-se uns aos outros.
Pelourinho
Os seres são diferentes, efetivamente,
porque a reintegração se dá, por assim dizer, em
ritmos diferentes. Nada de novo com esta observação. Então,
um cachorro, por exemplo, não é igual ao vírus
da AIDS (do inglês Acquired Immunodeficiency Syndrome).
Nem uma cobra venenosa pode ser igual a um passarinho. Golfinho é
golfinho; tubarão é tubarão. E bicho de duas patas
é diferente de bicho de quatro patas. Talvez, sem avançar
demais neste tema, o melhor exemplo seja lembrar que, há, conhecidamente,
quatro reinos na Terra: minérios e minerais, vegetais, animas
e seres humanos. Entre os homens, particularmente, há uma longa
lista de classes e de subclasses no domínio das etnias, das religiões,
do conhecimento, das habilidades e da própria manifestação
da autoconsciência da Consciência Cósmica. Equivocam-se
os autores do Manifesto quando, em um reducionismo simplista e insustentável,
admitem, apenas, a existência de duas classes de seres humanos
inimigas e diametralmente opostas: burguesia e proletariado.
Reduzir a Humanidade a dois termos simples é considerá-los
– os termos – mais fundamentais do que o próprio
fenômeno e as Leis que provocam objetivamente, não apenas
a desigualdade social, mas todas as outras mazelas que desarmonizam
e comprometem o próprio processo cósmico do existir, do
conviver e do reintegrar (ou evoluir, se houver preferência por
este termo). No presente momento da peregrinação coletiva
da Humanidade, a única igualdade possível (ainda que isso
não me satisfaça nem um pouco, mas compreendo que deva
ser assim) é a igualdade perante a lei. Logo, fazer justiça
JUSTA é dar a todos e a cada um uma parte proporcionada
JUSTA da riqueza global. Voltarei a este tema mais
adiante.
Em
outro sentido, apenas para reforçar estas lucubrações,
o Positivismo também produziu o seu reducionismo quando pretendeu
ter descoberto a pólvora com a Lei dos Três Estados.
Pólvora molhada. Por que apenas três estados? Estará(ão)
o(s) Universo(s) reduzido(s) a apenas três oitavas? O fim da experiência
humana esgotar-se-á, porventura, no Estado Positivo ou Científico?
Este profetismo é totalmente inconseqüente e fraudador porque
limita o que in potentia é ilimitado. Não deixa
de ser, em certo aspecto, um neocolonialismo positivo ou um arianismo
científico perigosíssimo. Quem não rezar (ou não
puder rezar) nessa cartilha está fadado a ser alijado. Não
aceito isso. A desigualdade social e a luta permanente de classes advêm
exatamente do fato de a sociedade ainda estar desigualmente estruturada
em múltiplas castas (por exemplo, estratificação
tradicional da Índia, de caráter hereditário, cujos
membros pertencem à mesma raça, profissão ou religião),
classes e subclasses e, em virtude desta inconsistência estar
lamentavelmente alicerçada em bases puramente hipotéticas
e superlativamente preconceituosas. Por isso, esta mesma sociedade trata
desigualmente e desumanamente como desiguais os que, na verdade, cosmicamente
e pelo sangue, são iguais. Não em mérito (porque
o mérito é coisa adquirida, conquistada, não herdada),
mas, repito, pelo sangue. Somos todos UM. E se somos todos UM, temos
que nos ajudar em tudo. Sempre. A própria escravidão,
que vinha de longe, foi um dos mais malevolentes subprodutos do poder
absoluto e arbitrário, que só consegue se alimentar do
próprio poder. Spartacus foi assassinado (crucificado) por Marcus
Licinius Crassus porque ousou lutar contra a escravidão desafiando
Roma. Eu sou Spartacus. Todos eles eram Spartacus...
Morreram todos crucificados em uma longa fila de cruzes até chegar
a Roma.
Mas,
o grande Aristóteles (nasceu em 384 a.C., em Stagirus, Grécia;
morreu em 322 a.C., em Chalcis, Grécia) contemporizou com a escravidão
e foi preconceituoso com as mulheres (A Natureza só faz mulheres
quando não pode fazer homens. A mulher é, portanto, um
homem inferior.). Há 2300 anos também disse Aristóteles:
Se cada ferramenta pudesse cumprir, por si só, a sua função;
se, por exemplo, a agulha do tear pudesse trabalhar sozinha, o mestre
não necessitaria de nenhum ajudante e o amo de nenhum escravo.
Então, admitia: a família compõe-se de quatro elementos:
os filhos, a mulher, os bens e os escravos – os instrumentos animados.
Conclusão: há a casta dos homens livres, isto é,
a dos cidadãos, e a dos escravos, ou seja, dos trabalhadores
sem direitos políticos. Resumindo: Aristóteles assemelhou
os escravos às mulheres, e uma família organizada está
composta de escravos e de pessoas livres. Aliás, o Estado de
inconsciência (ou de semiconsciência) da sociedade pode
ser debitado em parte a certas proposituras estabelecidas pelo peripatetismo
e pelo tomismo, que exerceram e ainda exercem certa (na realidade, muita)
influência no pensamento ocidental. O modelo aristotélico-tomista
ainda viceja em certas confrarias retrógradas. Interessa! Muito!
Nos regimes totalitários (que são superlativamente escravocratas
e apocópicos) não há possibilidade de avanço,
nem há, EFETIVAMENTE, igualdade de oportunidades
e liberdade veraz. Exemplo: Comunismo. Há um arremedo deficiente
e esdrúxulo de justiça social, ainda que a teoria comunista
seja magnífica no que encerra de magnífico.
PARA
MEDITAR |
|
|
Vírus
da AIDS |
Cachorro |
Sob outro ângulo e guinando para
um tema que pode parecer não estar vinculado ao anterior, mas
nem tanto, as ideologias políticas e religiosas que sustentam
que o homem (legalmente) deve exigir de deus e tomar posse, por causa
disto ou por causa daquilo... encarnam deturpações manipuladoras,
insanas e hediondas do próprio sentido da vida, da organização
micro e macroscópica universal e da convivência social.
Nesse particular – já comentei essa matéria –
interpretam-se erroneamente os vocábulos direito e privilégio.
Direito vincula-se à legalidade e ao que representa a realidade.
Privilégio submete-se à legitimidade e ao entendimento
do que é atualidade. O direito, como
a moral, são produtos humanos; o privilégio, como a ética,
têm ancoragem cósmica. Logo, a apropriação
e a lucratividade podem ser legais (nos casos em que realmente são);
jamais serão legítimas. Mas, ainda que os diversos diplomas
legais, em sua maioria, sejam cosmicamente ilegítimos, enquanto
não forem modificados e atualizados devem
ser cumpridos e respeitados. Um mau acordo é sempre melhor do
que acordo nenhum. Better a lean peace than a fat victory,
sentenciou o médico e escritor Thomas Fuller (1654-1734). Daí,
a luta de classes. Mas, na medida em que o egoísmo decrescer
e a solidariedade prosperar, os acordos tornar-se-ão mais fraternos
e mais concertados. O próprio Fuller ensinou que só se
dá valor à água quando o poço seca. Por
isso, tão certo quanto AUM
MANI PADME
HUM pode mudar a face do
Planeta, os desterrados e oprimidos de hoje, segundo mérito,
honradez, esforço e purgação de sentimentos abjetos
serão os heróis de amanhã. Mas, a base de sustentação
social tem que estar, sempre e exclusivamente, fundeada em IMPERATIVOS
CATEGÓRICOS. Vou repetir isso até ficar rouco.
A atualidade do Universo não é
cartorial. Ainda que parte do conhecimento possa ser adquirida pela
indução, a verdadeira sabedoria só se instalará
paulatinamente no ser pela via dedutiva. Bons frutos colherá
aquele que se dispuser a fazer um estudo sistemático, adensado
e comparativo das obras platônica e aristotélica. O passo
posterior será examinar criteriosa e cuidadosamente as Eneadas
de Plotino e o pensamento de Francis Bacon, reduzindo o que puder
ser reduzido aos planos dianóico e/ou noético. Como afirmou
o matemático, lógico e metafísico britânico
Alfred North Whitehead (1861-1947), reconhecido como um dos maiores
pensadores do século XX, a ciência moderna
induziu na Humanidade a necessidade de descrer. Seu
progressivo pensamento e sua progressiva tecnologia fizeram da transição
pelo tempo, de geração para geração, uma
verdadeira migração para um ignoto oceano de aventuras.
O próprio benefício da descrença está em
que ela é perigosa e requer habilidade para evitar males. Devemos
esperar, portanto, que o futuro revele perigos... Portanto,
só pelo aprofundamento das reflexões sobre a Filosofia
da Ciência e sobre o Misticismo Tradicional e Autêntico
poderá o homem começar a compreender o Universo, a sociedade
e a si próprio. Ao serem descobertos os padrões dos eventos
estes devem ser ajustadamente interpretados; mas, autenticamente, só
a FiloShOPhYa
esotérico-iniciática poderá unificar as diversas
descobertas da ciência em uma ordem compreensível e harmônica.
Progresso sem harmonia é caos. E ordem baseada principalmente
na indução poderá gerar o supremo caos. O século
XXI está chegando ao limite da dissonância e a Humanidade,
por opção ignorante, está aprendendo pela dor.
Todos esses sistemas hipotéticos criados pela vaidade só
têm produzido entenebrecimento da alma. Talvez, um dia, se descubra
que o Sol é azul e não amarelo, e se aprenda o significado
universal dos números 111 (cento e onze), 144
(cento e quarenta e quatro) e 666 (seiscentos e sessenta
e seis). Este é um breve e sintético resumo do calvário
no qual as paixões humanas estão sendo depuradas. Quando
forem adequadamente compreendidas as Leis da Reciclagem, da Necessidade
e da Reciprocidade Amorosa e Educativa, então, talvez, o processo
de libertação e de reintegração, que é
um, se faça mais concertada e suavemente. Nesta matéria,
desventuradamente, aqueles que presumem compreender estas Leis irredutíveis,
em alta percentagem, também agasalham preconceitos, laboram em
equívocos e demonstram graves distorções de entendimento.
Em duas palavras: a Necessidade é universal e o Carma não
é punitivo. Não há um grão de poeira no
Cósmico que não esteja sujeito tanto à Reestruturação
quanto à Compensação Pedagógica, Amorosa
e Educativa pelas desarmonias praticadas, sejam em comissão,
sejam por omissão. Os próprios exageros altruístas
(teológicos, laicos e outros) deverão ser compreendidos
e ajustados. Ninguém tem o direito de obrigar ou induzir ninguém
a nada, principalmente segundo seu entendimento pessoal, que é
e será sempre falho e relativo, e, justamente por isso, reciclável
e atualizável. Ninguém pode, de forma deliberada, alterar
a experiência alheia. Os ditos Livros Sagrados foram escritos
por homens. Inspirados, até admito. Mas, homens. Em nome de quem
ou do quê alguém pode perdoar ou não perdoar, justificar
ou não justificar, excluir ou não excluir, decidir ou
não decidir, matar ou não matar? Os atos de solidariedade,
de misericórdia, de compaixão, de generosidade devem estar
duplamente apoiados: primeiro, em IMPERATIVOS CATEGÓRICOS;
segundo, em ShOPhYa
(396). Os próprios Avatares, Santos Homens e Mestres Ascensionados
e os nossos Pais Cósmicos não andam por aí realizando
prodígios e fazendo milagres a torto e a direito. Como, então,
os sistemas criados pelo homem (que é, por enquanto, apenas homem)
podem prometer o irrealizável? O aprendizado seguirá sempre(?!)
a ordem:
ShOPhYa |
|
COMPREENSÃO |
|
AMOR |
|
DOR |
A burguesia rasgou o véu
de sentimentalismo que envolvia as relações de família
e reduziu-as a simples relações monetárias.
Esta é outra constatação do Manifesto. Está
correta. Mas este não é só um equívoco da
burguesia. Burgueses, lato sensu, somos todos, comunistas,
capitalistas, religiosos e místicos. Uns, mais; outros, menos;
uma minoria, quase nada. Só os INVISÍVEIS
QUE FAÍSCAM estão fora desta categoria.
O homem, em seu estágio presente de realização
da vida, preso, como já explicado, a desejos, paixões
e cobiças, obriga-se a depender exageradamente de bens materiais.
Valoriza o que é objetivo em detrimento do eterno que está
em seu interior. É preciso dinheiro para comprar whisky
e vodka. É necessária sempre
maior quantidade de dinheiro para satisfazer criações
mentais ilusórias. Enfim, é preciso dinheiro para fazer
mais dinheiro. Em conseqüência, o ente credita à realização
de seus desejos a maior felicidade que possa alcançar. Um exemplo
específico, geralmente desconsiderado nessa dialética,
é a necessidade sexual. Há indivíduos que, patologicamente,
são verdadeiras máquinas sexuais. O desejo descontrolado
e doentio, quando não satisfeito de imediato, leva à prática
compulsiva da masturbação incessante, comprometendo e
destruindo energias constitutivas do ser que deveriam e poderiam ser
utilizadas para finalidades espiritualmente elevadas, que não
a simples satisfação de paixões astrais inferiores.
O infra-sexo é uma condição espúria e anômala
da personalidade que inclui outras formas degradantes de satisfação
sexual. Não é, portanto, correto, reduzir as amarguras
da Humanidade a uma simples exploração descarada,
direta e brutal. O Manifesto, nesta matéria, também
está equivocado. O próprio homem se incumbe de se auto-explorar.
O exemplo sexual foi apenas um. A inconsistência político-ideológica,
a preconceituosa devoção religiosa e a violenta agressão
à vida são mais três de muitos exemplos que poderiam
ser listados. A Humanidade perde tempo com inutilidades de toda ordem;
e a televisão, hoje, também, tornou-se o pior instrumento
de exploração das consciências, abusando, inclusive,
das fragilidades e das patologias abscônditas dos entes. Os perversos
especialistas em comunicação sabem direitinho como manipular
as carências, os temores, as ilusões, os preconceitos e
os fantasmas que povoam e circulam nas cabeças humanas. Mistura-se
de tudo na televisão. De cultos religiosos a sexo explícito.
E por aí vai. Há exceções. Benditos programas
televisivos que funcionam como verdadeiras pedras filosofais virtuais.
[Este conceito foi concebido pelo Frater Vicente Velado – Abade
da Ordo Svmmvm Bonvm (OS+B) – para a Internet, que eu, agora,
estou estendendo aos bons programas veiculados nos poucos canais de
televisão sérios e dignos existentes no Brasil. O site
da OS+B é:
http://svmmvmbonvm.org
Entretanto,
sou viscerosamente contrário a qualquer forma de censura. Quem
pode censurar a minha alma ou a tua? Mas, tenho que concordar com o
Manifesto quando afirma que o dinheiro sempre foi a mola maldita que,
em todos os tempos, produziu os maiores desconfortos e sofrimentos para
o homem. Muitos sabem, mas muitos não sabem o significado cósmico
dos trinta dinheiros! Com trinta dinheiros uma vida foi vendida! E os
parceiros das trevas que vendem e compram vidas não sabem o que
fazem. Se soubessem... Eles, os trinta dinheiros, simbolicamente, representam
as paixões, os desejos, as traições, as incongruidades,
as concupiscências, as promiscuidades, os assassinatos, as violências,
os falsos testemunhos... a degradação.
Outro aspecto do Manifesto: Dissolvem-se
todas as relações sociais antigas e cristalizadas, com
seu cortejo de concepções e de idéias secularmente
veneradas; as relações que as substituem tornam-se antiquadas
antes de se ossificar. Isto é assim e não
é assim. Idéias secularmente veneradas podem ser uma coisa
boa, mas podem ser algo medonho. Tudo que era sólido
e estável se esfuma, tudo o que era sagrado é profanado,
e os homens são obrigados finalmente a encarar com serenidade
suas condições de existência e suas relações
recíprocas, prossegue o Documento. Estou perfeitamente
cônscio de que estou trabalhando em um texto do século
XIX, mais exatamente de 1847. Portanto, sei também que algumas
partes do Manifesto já estão politicamente ultrapassadas.
Mas reconheço que foi um dos mais importantes documentos produzidos
no milênio passado. As conseqüências dele advindas
mudaram a face do Planeta. Dito isto, continuarei a pinçar algumas
meditações do texto e prosseguirei este exercício
salutar. Então, que não se esqueça: foi também
por causa da manutenção de idéias antigas e veneradas
que o Comunismo caiu no Leste Europeu e na União Soviética.
E ainda não desmoronou em outros países porque há
tempo para plantar e tempo para colher. O Capitalismo também
cairá na hora certa. Ambos os sistemas não são
consentâneos à Humanidade. O Sistema Neoliberal usurpou
da Humanidade o sangue e o suor que o Comunismo por descaminhos e equívocos
tentou evitar. A própria Democracia está eivada de erros
e de contradições. Cairá também. As monarquias
e as ditaduras ainda exuberantes serão oportunamente dissolvidas.
O insuportável terá seu fim quando as consciências
estiverem aptas a poder existir em paz, harmonia, solidariedade, justiça
e amor.
Tudo o que era sagrado é
profanado... Bem, o que era realmente SAGRADO
não foi e não poderá ser jamais profanado. Se foi
profanado é porque não era SAGRADO. O
SAGRADO é SAGRADO. E ainda bem que muitos conceitos
tidos como sagrados foram tratados com irreverência e acabaram
por ser desrespeitados. Senão continuaríamos na Idade
da Pedra. Um exemplo contemporâneo de algo considerado sagrado
que haverá de ser repensado é a crença(?) na infalibilidade
papal. O Ultramontanismo (doutrina que defende a posição
tradicional da Igreja católica italiana de sustentar a tese da
infalibilidade do papa) é uma aberração sem amparo
racional e cósmico. Infalibilidade? Há outros exemplos
piores, mas eu desejo reproduzir agora o entendimento (correto) de Sant’Ana
Dionísio (1902-1991) sobre o VÍCIO OU PECADO
COUSISTA apresentado na Introdução às
Obras de Leonardo Coimbra: ...tendência funesta e irreprimível
do homem ... para considerar como estático e definitivo, como
realidade concluída e firme de uma vez para sempre, para não
dizer como coisa feita, as próprias realidades espirituais, as
idéias, os símbolos, as estratificações
jurídicas, os transitórios preconceitos políticos
ou sociais, as convenções históricas tidas como
sagradas ou invioláveis, os princípios ou dogmas de ordem
religiosa, múltiplas idéias-crenças, tidas como
inalteráveis, de ordem científica. Este vício
ou pecado cousista pode se apresentar sob dois aspectos terríveis:
o primeiro, conforme pensava Leonardo Coimbra (1833-1936); o segundo,
como repiques eventuais de cousismos aparentemente ultrapassados.
Contra estes últimos é que o místico deve dar atenção
redobrada. Por exemplo: nada justifica que sejam postas em ação
as forças da Natureza para tentar solucionar pela violência
o que quer que seja. O(s) ser(es) deve(m) compreender que seu(s) julgamento(s)
de valor(es) pode(m) estar [(e geralmente está(ão)] mascarado(s)
e equivocado(s). As conseqüências dessas práticas
acabam afetando diretamente o invocador e, por carambola, todo o Universo.
O místico Vicente Velado adverte: ...no que diz respeito
aos místicos e ocultistas, é muito importante que NÃO
se façam invocações aos Elementais voltadas para
a agressão ou qualquer outro tipo de dano a outros seres. Cada
vez que isso é feito, cria-se uma condição maléfica
para todos e não apenas para aquelas criaturas que alguém
julgue estar atacando legitimamente. Lembrem-se de que a legitimidade
de um ataque é matéria altamente subjetiva e que depende
exclusivamente dos pontos de vista das partes envolvidas. Quando seres
animados, dotados de autoconsciência e de livre-arbítrio,
como as criaturas humanas, exercem ataques – simplesmente atacando
ou como ‘prevenção, para se defender’ –
e envolvem nisso entes da VIDA INCONSCIENTE, um forte e perigoso foco
de negatividade se forma e pode produzir círculos viciosos de
violência, dor, destruição e morte. Pensem nisso
antes de fazerem alguma ‘simples’ invocação
sobre uma ‘mera’ pedra. (O texto integral
está reproduzido, com autorização do autor, no
Anexo I).
Em outro ponto do Manifesto Comunista
pode-se ler: Em lugar das antigas necessidades, satisfeitas
pelos produtos nacionais, nascem novas necessidades, que reclamam para
sua satisfação os produtos das regiões mais longínquas
e dos climas mais diversos. Em lugar do antigo isolamento de regiões
e de nações que se bastavam a si próprias, desenvolvem-se
um intercâmbio universal e uma universal interdependência
das nações. E isto se refere tanto à produção
material como à produção intelectual.
Aqui vou repetir o que escrevi no livro
digital Excertos Escolhidos do Pensamento de Rui Barbosa: As leis(?)
foram e são elaboradas e promulgadas pelos detentores do poder,
para beneficiar, quase exclusivamente, as classes dominantes. O laissez-faire,
laissez-passer – do Liberalismo ao Neoliberalismo –
acabou, também, por produzir a tão famigerada globalização
(por enquanto mera mutação maquilada do imperialismo capitalista
neoliberal), que vem se notabilizando pela ascensional assimetria de
suas diretrizes econômico-financeiras, e pela insensibilidade
político-fiscal que impõe aos países do Terceiro
e do Quarto Mundos, multiplicando geometricamente uma sangria de receitas
e de recursos, e avultando uma dívida externa progressiva impossível
de ser satisfeita, pelo menos no que concerne ao principal. Aliás,
o que menos desejam os países credores é que os saldos
devedores sejam quitados pelos países que se socorrem dos créditos
internacionais. Há instrumento de pressão e de persuasão
mais poderoso do que uma ação isolada ou combinada sobre
países como o Brasil, proprietários de uma dívida
externa absurdamente mal adquirida? Entretanto, é claro que a
globalização é o caminho – o único
caminho – para minimizar as desigualdades sociais dos seres no
mundo; mas é também óbvio que todos os critérios
que a originarem e nos quais ainda está ancorada terão
de ser drasticamente redirecionados e reavaliados. A globalização,
tal como é praticada, é egoísta, é mesquinha,
é interesseira, é falsa, é usurpadora, é
ilegítima e é autoritária. É, na realidade,
da forma como está estruturada, um novo totalitarismo dissimulado,
fraudulento e exterminador. Acreditar que os fatos econômicos
se desenvolvam eticamente por si sem nenhuma interferência legislativa
(ou sob uma legislação privilegiável e anacrônica
– o que é mais desapropriado e mais malévolo, pois
legaliza a usura) é permitir a gestação e o parto
de toda a sorte de rupturas, de desnivelamentos e de impasses. Não
há cidadão de segunda categoria. Cidadão é,
antes e acima de tudo, gente. Portanto, em uma sociedade meritocrática,
todos têm direito a tudo. Privilégio é outra coisa.
Logo, a globalização em curso terá, no futuro,
que estar ancorada, minimamente, em três pilares:
1º) Amorabilidade Universal e Incondicional, isto é,
Fraternidade Categórica
2º) Solidariedade
3º) Cidadania
No Manifesto, a crítica à
burguesia é feroz e, na maior parte das vezes, correta. Mas não
é correto incluir na crítica à sociedade ...
demasiada civilização, demasiados meios de subsistência,
demasiada indústria, demasiado comércio.
Na verdade, hoje, tudo isso ainda é muito pouco. São bilhões
de irmãos e de irmãs com fome, com sede e sem condições
mínimas para viver decentemente. Há doença e miséria
por toda parte. A AIDS (SIDA), infelizmente, não é o último
flagelo. Se a Humanidade não reverter já o ECOCÍDIO,
as VIVISSECÇÕES, as MATANÇAS
EM NOME DE deus e do PODER, as ILEGITIMIDADES
e todas as demais formas de ABUSO e de ANIQUILAMENTO,
acredito que haverá uma intervenção drástica
na Terra para por cobro a toda essa insanidade. Nossos PAIS
CELESTES estão atentos ao que está acontecendo
aqui. Por isso, a recomendação de Vicente Velado e de
outros místicos: TOLERÂNCIA, ORAÇÃO
E SERVIÇO em prol do entendimento entre todos os povos.
Ricos, sem o saber, são aqueles
que possuem, pelo menos, uma cama para dormir. Os autores do Manifesto,
quero crer, não desejavam que a Humanidade continuasse a se locomover
em carros de boi. A globalização é necessária.
Alquimizada. Não da forma como está posta.
O
Sistema Capitalista realmente morreu e não percebeu. Em verdade
foi uma doutrina natimorta. Mas, negar o avanço necessário
da pesquisa, da tecnologia, da civilização, da indústria
e do comércio não é possível. Agora, tudo
isso terá que ser orquestrado de outra forma. Já escrevi
o que vou reproduzir adiante. Acho mesmo que estou ficando meio gagá;
dei, ultimamente, para repetir as coisas como em uma eterna ladainha.
Mas não faz mal, penso. Nem todos lerão todos os livros
digitais que produzi. A maioria jamais os lerá. Muitos são
chatos, difíceis e cansativos. Reconheço. Fazer o quê?
Há, por exemplo, que substantivamente
serem repensados os sentidos dos vocábulos legalidade e legitimidade.
Pergunta-se: Há, porventura, legitimidade na legalidade de alguns
salários que alcançam cifras 100, 200, 300 e até
2000 vezes maiores do que o valor estabelecido para o salário-mínimo
vigente no Brasil? Mais, quem sabe? Pergunta-se: Os sistemas financeiro
e bancário podem continuar a desfrutar os lucros que auferem?
A quem interessa o perpétuo pagamento dos serviços das
dívidas interna e externa dos países devedores (o Brasil
inclusive e primordialmente)? O fato (o nó górdio) inconciliável
é que o que a Natureza oferta gratuitamente não pode ser
comprado ou vendido. E a Natureza tudo oferece sem nada pedir em contrapartida.
Absolutamente nada. Só quer que a deixem em paz. Comprar e vender
são pratos de uma mesma balança cujo fiel é a ética
(universal). O lucro, assim, não pode escravizar, submeter, espoliar
ou amesquinhar. A lucratividade não pode estar baseada na mais-valia,
nem nas diferenças interpessoais, intersociais e internacionais.
A sociedade planetária é um corpo orgânico, uno,
e lucrar, pura e simplesmente, é considerá-la um aglomerado
de partículas inorgânicas. Isto, todavia, nem sequer é
verdade para os minérios e minerais, que nada mais são
do que corpos orgânicos em estado de dormência, cuja vida
está latente. (Que me perdoem meus colegas químicos, mas
isto é assim mesmo). Lucrar, assim, só pode ter um significado
social se embutir os conceitos de partilhar e dividir, apoiados em ações
efetivas que reflitam, transparentemente, o realizar e o concretizar.
O homem é um ser social encravado em uma sociedade múltipla,
todavia, orgânica. TUDO É UM. A
única alternativa de indissolubilidade e de eqüidade sociais
é pela co-participação e co-gestão, não
só de patrões e empregados (ou entre Capital e Trabalho),
mas de toda a sociedade e entre todos os países. O NEOGLOBALISMO
será assim. No futuro do futuro isto nem será assim. Mas,
falar disso agora seria loucura! A última coisa que a Humanidade
haverá de compreender nessa matéria é que o lucro,
tal como hoje é concebido, é uma impossibilidade, ainda
que legalmente amparado. Se alguém lucra é porque outrem
perde. Se uns têm em excesso é porque outros têm
muito pouco, ou nada têm. A Democracia, nos moldes em que hoje
se apresenta, não pode ser a culminação do processo
liberal. O Liberalismo econômico é apenas mais um tentáculo
ideológico da ignorância e da avareza humanas, e a Democracia,
da forma como está estruturada, acabará compulsoriamente
por fracassar.
O mundo caminha inexoravelmente para uma
forma de entendimento global, cujo Sistema que acabará por prevalecer
é a ARISTOCRACIA FILOSÓFICA. Vou
reescrever o que já escrevi. Resumidamente.
Enquanto prevalecerem tipos de razão
(razão filosófica, razão científica, razão
alquímica, razão econômica, razão de Estado
etc.), qualquer análise acabará por produzir sempre um
absurdo – uma razão irracional
– porque qualquer razão isolada,
estanque, é incompleta e insubsistente. E, geralmente, embute
uma generosa dose de vanidade. Reproduzo, abaixo, o quadro digital A
VAIDADE do artista Fernando Carreiro, apresentado no site
infracitado, que vale a pena ser visitado:
http://www.mecenas.com.br/fernando_carreiro/a_vaidade.htm
As razões terão que ceder
espaço à RAZÃO CÓSMICA in corde;
e as vontades individuais, humanas, terão que se submeter (sem
perda do livre-arbítrio) à VONTADE, ou
como disse Plotino, ao UNO-EM-SI. Este evolver ininterrupto
e ilimitado pode ser compreendido como a construção mística
do Mestre-Deus Interior in corde.
A Princesa Adormecida, entretanto, está
acordando. E o Príncipe que já a está a beijar
encontra-se nu e sem adornos. As mais belas jóias e os mais SAGRADOS
SELOS DE SUA AUTENTICIDADE, ele os traz em seu CORAÇÃO.
Em sua mão direita há um pergaminho com uma espiral no
centro da qual, em letras douradas, está inscrita a frase: EU
SOU A LUZ. E quando Príncipe e Princesa compreenderem
e realizarem a UNIDADE, iluminados perceberão
que o ser representa, neste plano, o Centrum & Miraculum
Mundi, e que D'US escolheu o melhor para
sua eterna morada. Assim, deseja-se propor e prever para bem próximo
(o que é bem próximo?):
a) Teodicéia1 + Teodicéia2
+ ... + Teodicéian —›
TEODICÉIA (será isto possível?)
b) TEODICÉIA + Ciência + Filosofia + Alquimia —›
YN-RI —› TEOCIENTISMO DIALÓGICO
(TEOCIÊNCIA DIALÓGICA ou TEOCIENTIFICISMO DIALÓGICO)
E assim nascerá uma nova classe
de pensadores: os TEOCIENTISTAS. A salvaguarda
da Humanidade acontecerá pela (re)aquisição de
um conhecimento superior, percebido e difundido primeiramente por MELQUISEDEQUE,
do qual as FRATERNIDADES INICIÁTICAS, as
IGREJAS OCULTAS e os remanescentes dos atlantes foram e são
fiéis depositários.
Entrementes, pergunta-se: Quosque
Tande esses filhos de mães envergonhadas Abutere PATIENTIA
NOSTRA?
Seguindo, tem-se: As armas
que a burguesia utilizou para abater o feudalismo voltam-se hoje contra
a própria burguesia. A burguesia, porém, não forjou
somente as armas que lhe darão morte; produziu também
os homens que manejarão essas armas — os operários
modernos, os proletários. Aqui aparece outro equívoco
dos Autores. A burguesia não será morta nem pelas armas
que forjou nem pelos homens que foram e são sacrificados por
ela. Se tivesse que ser extinta por esta via, isto já teria acontecido.
Ela será dissolvida porque é ilícita, como são
ilícitas as produções humanas fundadas em imperativos
hipotéticos. Agora, só um cego ou um nefelibata não
percebeu ainda que a sociedade humana está próxima de
cruzar a fronteira do absurdo irretornável. Mas, se os agentes
da ††††††
††††††
e seus acólitos pensam que vão levar a Terra
à insanidade global e coletiva estão enganados. AQUELES
QUE PODEM E FAÍSCAM estão atentos
e intervirão quando e se for necessário. A JUSTIÇA
CÓSMICA, sob qualquer roupagem, não é
atributo de ninguém, e, portanto, não é dos operários,
não é dos proletários e não é dos
que oprimem. Até porque, particularmente, proletários
e operários são, em cumprimento a LEIS que
possivelmente tenham começado a compreender, escolhendo conscientemente
uma dada experiência em uma encarnação específica,
ou, em outro nível, por não poderem, ainda, ter outra
escolha. Reconheço que esta matéria é quase impossível
de ser compreendida imediatamente. Ao primeiro exame, parece uma total
insanidade. Mas aqui não é o momento adequado para uma
explicação justa e concertada sobre esse tema. Isso daria
um livro digital completo. Recomendo aos que se escandalizaram, para
uma iniciação ao assunto, a obra de Harvey Spencer Lewis,
Mansões da Alma, a Concepção Cósmica.
Isto não quer significar, acho que não há
dúvida, que eu esteja defendendo as sobrevalias, as insânias
do Liberalismo e seus filhotes e todo o resto de incongruências
que os vários sistemas, incluindo o próprio Comunismo,
impuseram e impõem aos seres. Não. Minha posição
é clara. Mas, da mesma forma que o Muro de Berlim caiu, cairão
todos os muros. Da mesma forma que se esgotou o ciclo revolucionário-ditatorial
brasileiro, esgotar-se-ão todas as ditaduras. Só não
podem se esgotar e cair todos de uma vez. Seria o caos. E ai daquele
que pegar em armas para resolver pela força qualquer querela.
Pobres terroristas! Pobres homens-bomba! Pobres inocentes úteis!
Pobres revolucionários! Pobres Ches! Com inteligência,
sagacidade, diálogo, exemplo, tolerância, prudência...
tudo se resolve. Ou quase tudo.
Lições são dadas
e lições são aprendidas, até com simples
notas oficiais, declarações públicas e matérias
pagas na imprensa. O lado bom e construtivo da Internet também,
maiormente, está auxiliando a transmutar mentes e corações.
Há poucos dias recebi um e-mail relatando que, em uma recente
feira de informática (COMDEX), Bill Gates (de todos nós)
fez uma infeliz e impensada comparação entre a indústria
de computadores e uma específica (bobeira vaidosa de amador)
indústria automobilística, e declarou: Se a GM tivesse
evoluído tecnologicamente tanto quanto a indústria de
computadores, estaríamos todos dirigindo carros que custariam
25 dólares e que fariam 1000 milhas por galão (algo
como 420 km/l). A General Motors, respondendo na bucha o atrevimento,
divulgou o seguinte comentário a respeito desta declaração:
SE A MICROSOFT FABRICASSE CARROS:
1)
Todas as vezes que fossem repintadas as linhas das estradas você
teria que comprar um carro novo.
2)
Ocasionalmente, dirigindo a 90 km/h, de repente, seu carro morreria
na auto-estrada sem nenhuma razão aparente, e você teria
apenas que aceitar isso e religá-lo (desligar o carro, tirar
a chave do contato, fechar o vidro, sair do carro, fechar e trancar
a porta, abrir e entrar no carro, sentar-se no banco, abrir o vidro,
colocar a chave no contato e ligar) e... seguir adiante.
3)
Ocasionalmente, a execução de uma manobra à esquerda,
poderia fazer com que seu carro parasse e falhasse. Você teria
então que reinstalar o motor! Por alguma estranha razão,
você aceitaria isso também.
4)
A Apple faria um carro em parceria com a Sun, confiável, cinco
vezes mais rápido e dez vezes mais fácil de dirigir. Mas
apenas poderia rodar em 5% das estradas.
5)
Os indicadores luminosos de falta de óleo, de gasolina e de bateria
seriam substituídos por um simples ‘Falha Geral ou Defeito
Genérico’.
6)
Os novos assentos obrigariam a todos a terem o mesmo tamanho ‘default’
de bumbum.
7)
Em um acidente, antes de entrar em ação, o sistema de
‘air bag’ perguntaria: ‘Você tem certeza
de que quer usar o ‘air bag?’.
8)
No meio de uma descida pronunciada e perigosa, quando você ligar
ao mesmo tempo o rádio, o ar condicionado e as luzes, ao pisar
no freio, apareceria uma mensagem do tipo ‘este carro realizou
uma operação ilegal e será desligado’!
9)
Se desligar o seu carro 98 utilizando a chave, sem antes ter desligado
o rádio ou o pisca-alerta, quando for ligá-lo novamente,
ele iria checar todas as funções do carro durante meia
hora, e ainda lhe daria uma bronca para não fazê-lo novamente.
10)
A cada novo lançamento de carro, você teria que reaprender
a dirigir, voltar à auto-escola e tirar uma nova carteira de
motorista.
11)
Para DESLIGAR seu carro, você teria que apertar o botão
‘Iniciar’...
Todos nós que, por necessidade,
tivemos que cair nos braços da MICROSOFT, conhecemos, por exemplo,
o que me foi ensinado recentemente por um irmão querido: os problemas
apresentados pelo MS Word são incompatíveis com publicações
na Internet, a não ser que se use o MS Front Page (mais um estratagema
da Microsoft para prender usuários aos seus produtos). E o MS
Word, particularmente, deve ser evitado porque facilita a ação
dos vírus de Windows. Mas, há problemas mais complexos
(e até e principalmente éticos), e muito piores do que
os apontados acima, que o usuário comum desconhece. Enfim, como
bem comentou minha amiga Waldéa Barcellos, pode não ser
verdade que o fato (a gaffe do nosso Billy) tenha ocorrido,
mas que é ‘verdade’ é. E, se tiver sido, mister
Gates bem que poderia ter ido dormir sem essa... se realmente fosse
um CIDADÃO DO MUNDO. Mas, inquestionavelmente, por mais romântico
que pareça, tenho certeza de que alguém na MICROSOFT registrou
a mensagem. Essa Empresa (como todas as empresas do mundo) não
é constituída só de desalmados e de usurpadores.
Vou me arriscar a fazer uma profecia, algo que não é do
meu feitio: Até 2106 (no máximo) todas as pessoas do Planeta
terão livre acesso aos computadores e receberão gratuitamente
todos os programas necessários para sua utilização.
Eu, que reencarnarei em 2090 como médico e alquimista, com certeza
verei isto acontecer. Mas é preciso que sobrevivamos até
lá. Então, devemos orar, trabalhar e assumir compromissos
efetivos em prol da PAZ, da TOLERÂNCIA,
da CIDADANIA, da FRATERNIDADE REAL,
enfim, de todas as virtudes categóricas que possam reverter o
imbróglio global no qual está enfiada a Humanidade. Vingança,
armas, terrorismo, guerra, matança... JAMAIS. Um puxão
de orelha de quando em quando, de vez em quando ou de quando em vez,
tudo bem. Armar uma certa zona em meio aos vendilhões é
uma estratégia inteligente. Mas, vou insistir, matar NÃO.
NUNCA. SOB NENHUMA ALEGAÇÃO.
Aqui, outra incompreensão posta
no Manifesto. O lumpemproletariado, esse produto passivo
da putrefação das camadas mais baixas da velha sociedade,
pode, às vezes, ser arrastado ao movimento por uma revolução
proletária; todavia, suas condições de vida o predispõem
mais a vender-se à reação.
Segundo a Doutrina Marxista, o lumpemproletariado
é composto de lumpemproletários, isto é, a camada
flutuante do proletariado que é destituída de recursos
econômicos e é especificamente caracterizada pela ausência
de consciência de classe. Ausência de consciência?
Ou consciência incipiente? A explicação que já
ofereci anteriormente também se aplica aqui. Por isso vou repeti-la,
ampliando: A JUSTIÇA CÓSMICA, sob qualquer
roupagem, não é atributo de ninguém, e, portanto,
nem dos operários, nem dos proletários, nem dos lumpemproletários.
Nem dos burgueses que gozam de situação social e econômica
confortável e muitas vezes mal adquirida. De ninguém.
Infelizes carrascos de sempre. Infelizes soldados especializados que
compõem pelotões de fuzilamento. Infelizes juízes
que condenam à morte. Infelizes cientistas que sacrificam animais.
Infelizes incendiários que queimam florestas. Infelizes aqueles
que exaurem ecossistemas. Deixem o(s) ouro(s) e as pedras preciosas
em paz. Também são nossos irmãos. Mas, ninguém
pode ser morto por ser avaro ou cobiçoso. Quem é quem
para julgar alguém e condenar esse alguém à morte?
Baseado em que padrões? Reproduzo, abaixo, o quadro digital A
CANÇÃO DAS ARARAS do artista Sérgio de
Abreu, apresentado no site infracitado, que também vale
a pena ser por todos visitado:
http://www.mecenas.com.br/sergio_de_abreu/a_cancao_das_araras.htm
Repetindo,
então: proletários, operários e lumpemproletários
são, em cumprimento a LEIS que começaram
a compreender, escolhendo conscientemente uma dada experiência
em uma encarnação específica, ou, em outro nível,
por não poderem, ainda, ter outra opção. Todos
nós, idem. Em um curso superior qualquer, não se passa
do 1° período para o 3°,
nem do 5° para o 10°. Ninguém
pode aprender a escrever sem saber o alfabeto. Repito, também:
é preciso meditar e compreender o número 2144.
Não há, assim, putrefação das
camadas mais baixas da velha sociedade. Há, sim,
uma sociedade heterogênea constituída de camadas e subcamadas
que compõe a SOCIEDADE HUMANA. Não se arranca simplesmente
um dente porque está doendo. Operar preventivamente as amígdalas
é um crime contra a natureza humana. E não se liquida
a burguesia porque ignora as primícias das LEIS CÓSMICAS.
Um bom exemplo: de que forma o Presidente Lula alcançou a Suprema
Magistratura da Nação? Era um sem-nada que chegou à
Presidência da República do Brasil. Lula não se
vendeu à reação para servir às suas manobras.
Por tudo que já foi comentado,
foi também uma visão distorcida ter disseminado: É
natural que o proletariado de cada país deva, antes de tudo,
liquidar sua própria burguesia.
Nessa mesma linha, continua contrária
aos preceitos místicos a insuflação então
proposta: ...até a hora em que essa guerra explode
em uma revolução aberta e o proletariado estabelece sua
dominação pela derrubada violenta da burguesia.
Nesse sentido, os comunistas
podem resumir sua teoria nesta fórmula única: abolição
da propriedade privada, proclama também o Manifesto.
E proclama ainda: Os proletários nada têm de
seu a salvaguardar; sua missão é destruir todas as garantias
e seguranças da propriedade privada até aqui existentes.
E também: É natural que o proletariado de
cada país deva, antes de tudo, liquidar sua própria burguesia.
Reconheço que qualquer propriedade
pessoal é antagônica à LEI MAIOR
constitutiva e inerente à própria existência do
Universo. Fala-se de e em deus, e negócios de toda ordem são
feitos em nome dele e presumidamente com ele. Até terrenos no
céu já foram vendidos em determinadas confrarias. E houve
quem os comprasse. Indulgências foram vendidas no passado. Et
cetera. Busca-se apoiamento em deus para explorar, negociar, comprar,
vender, prosperar e até matar. A propriedade privada está
incluída nessa maracutaia azeda. Tudo isso é verdade.
Mas, há um Direito Internacional Público e Privado vigente
que deve ser respeitado e cumprido. A propriedade particular adquirida
honestamente, com o suor do rosto, tem que ser preservada. Ainda. Sei
que este pensamento é recusado pelos comunistas. Mas, repito,
repito e repito: não haverá de ser pela guerra e pela
luta armada que a compreensão será enfiada na cabeça
da chamada burguesia. Parafraseando Victor Hugo (1802-1885), eu já
escrevi isto, as reformas e as mudanças podem reformar e mudar
tudo, menos o coração do homem. Este mesmo coração
só muda e se reconstrói por volição pessoal,
por esforço pessoal e por compreensão pessoal. E mudar
não implica em estagnar depois de mudar. O mudamento está
associado à reintegração do ente rumo ao CENTRO
DA IDÉIA. A petrificação ou cristalização
de um conceito impõe a horizontalidade, contrário, em
essência, à verticalidade reintegratória, ambas
filosoficamente desvinculadas de qualquer entendimento teológico
ou de qualquer presunção teleológica, ainda que,
no Universo, não haja dentro ou fora, em cima ou embaixo, e,
conseqüentemente, horizontal ou vertical. O Universo é.
Pode-se até admitir a existência de vários universos.
Mas todos compõem um único Universo. A propriedade privada
particular desaparecerá gradualmente. Lentamente. Na porrada
só gerará reações. Drásticas, dolorosas,
cíclicas e odientas. Quem é você, cara-pálida,
para tomar o que eu conquistei e comprei com meu dinheiro? Essa será
sempre a reação natural e a resposta que será dada
quando, pela força, se tentar mudar in statu quo ante.
Um exemplo; quando os governos aumentam impostos ou fazem confiscos,
a grita é geral. Ou não? Não adianta, por último,
pretender enxugar a vampirização capitalista se a vampirização
emocional e espiritual continuar. A liberdade, primeiro, terá
que ser conquistada dentro, não fora. E, na hora propícia,
em amor e por amor, o Capital não será mais apenas uma
força pessoal; será, como requestam os comunistas, uma
força social.
O Manifesto Comunista, em suas múltiplas
argumentações contra a burguesia, afirma: Os
operários não têm pátria. Não se lhes
pode tirar aquilo que não possuem. Aqui reside
uma questão complicada e de difícil compreensão.
A pátria deve ser respeitada, como devem ser cumpridas as leis
que dão sustentação a qualquer regime. O ordenamento
jurídico não pode ser rompido. Não são boas
as leis? Não está adequado o ordenamento jurídico?
Que se os mudem. O Brasil, por exemplo, mudou com sua Constituição
Cidadã. (Consultar o Anexo III). Hoje, em 2004, dezesseis anos
depois, muito do que estava disposto naquela Carta mudou. E muito do
que lá ainda está nem sequer foi aplicado ou implementado.
O próprio Deputado Ulysses Guimarães, Presidente da Assembléia
Nacional Constituinte, afirmou: Existem imprecisões, reconheço.
Vamos corrigi-las, estou certo. Não disse o poeta Navegar,
é preciso? Mas o que haverá de ser internalizado
e realizado é que a pátria é efêmera, o Universo
é eterno. E, antes de sermos nacionais, somos universais. O que
não nos desobriga (em termos) com o local, qualquer que seja,
em que nascemos. Agora, demonstração ostentatória
de patriotismo, ufanismo etc, como classificar? Os operários
têm pátria, sim. Todos temos uma origem. Transferimos nossas
emoções para o lugar onde nascemos, porque esquecemos
de onde viemos. Não sabemos ou não nos importamos com
o místico Mistério do Golgotha, e muito menos com o irredutível
fato de que todos somos UM, porque pensamos que somos
mais um entre milhões. Terei eu o direito de esbofetear ou matar
meu irmão ou meu filho porque surrupiou R$ 50,00 de minha carteira?
Teremos nós o direito de esfolar e triturar os capitalistas porque
nos furtam todos os dias e ainda nos chamam de otários? Ou devemos
dialogar até desidratar para educá-los e fazê-los
compreender que ir a Paris e não visitar o Louvre será
uma viagem incompleta e culturalmente insatisfatória? Mesmo que,
em lá chegando, perguntem: Onde está a Bastilha? Ou queiram,
no Louvre, ver os quadros do Conde Vaiss Füdderr ou do Barão
de Itararé [Al Baron de Itararé, un grande entre los
grandes, com respeto lê saluda de pie el poeta de los Andes: Neruda.
(Pablo Neruda, 1945)]. Não importa. De grão em grão
a galinha enche seu papo. E água mole em pedra dura tanto bate
até que fura. Paciência, Tolerância, Argumentação
e Saliva. Com inteligência e astúcia. Estou me repetindo,
eu sei. Sempre com AMOR NO CORAÇÃO. Esse
é o Caminho. Mas é preciso estar alerta e trabalhar para
que os senhores de negro (††††††
e †††††††)
e seus prepostos não transformem este ASTRO AZUL
em um fudelhufas de cagahouse. No mínimo, estão conspirando
para transformá-lo em um fudehouse de cagalhufas. Para eles e
seus associados, quanto pior, melhor.
Para amenizar este longo livro-reflexão,
vou contar uma história que parece ser verídica. Esta
história foi extraída de um livro de 1912: A História
do Futebol em Uberaba. Lá consta que o Coronel Tomás
de Aquino Cunha Campos, um dos primeiros presidentes do Uberaba Sport
Club, já estava com 87 anos e resolveu se casar com uma menina
de 14. Virgem. Toda a família foi contra. Para seus parentes,
o Coronel tinha ficado maluco. Pudera! Até um padre, um certo
Vigário Silva (que depois colaboraria com o livro) foi conversar
com o Coronel Cunha Campos, e disse que duvidava da capacidade do militar
de levar a bom proveito a lua-de-mel. Dele, ouviu esta frase:
— Padre, água
mole em pedra dura tanto bate até que fura!
O vigário entendeu. Dois anos depois
nascia o Tomasinho. Que, aliás, foi um grande ponta-esquerda
do Uberaba Sport nos anos 20, chegando mesmo até a defender a
seleção mineira em um amistoso com um time argentino.
Fez dois gols. Mesmo assim os mineiros perderam. Mas a expressão
vem do latim: guta cavat lapidem, que significa, literalmente,
a gota acaba por furar a pedra. (Obrigado, Mário Prata). Enfim,
se o Coronel Cunha Campos furou o que presumidamente não estava
furado (e naquela época não havia o diamante azul!!!),
com 87 anos, todos nós podemos abrir caminho com paciência,
tolerância, argumentação e saliva. Com inteligência
e astúcia. Sempre com AMOR NO CORAÇÃO.
Esse é o Caminho. Foi isso que, simbolicamente, ensinou a todos
nós o enxuto Coronel. Repetir também é preciso!
Está absolutamente correto o Manifesto
quando assevera: As idéias dominantes em qualquer
época nunca passaram das idéias da classe dominante.
Que fazer? Argumentar com solidez, com perseverança, com coerência
e com real conhecimento de causa. Achologia inconsistente retrograda,
desacredita e enfurece. As pessoas não gostam de perder tempo
e gostam menos ainda de ser feitas de tolas. Sentar à mesa para
negociar e não estar conscientemente munido de argumentos irrefutáveis
é já ter perdido a primeira batalha. E, se for preciso
negociar com a dureza do mármore, então que se negocie
assim. E, se for preciso negociar com a dureza do aço, então
que se negocie assim também. É preciso ter sempre em mente
que eles invariavelmente estão preparadíssimos. Não
brincam em serviço. Dormem com um olho aberto. As metas estão
traçadas com uma antecedência de décadas. Talvez
séculos. Talvez milênios.
Os vendilhões (novamente os eternos
vendilhões) que se aproveitam da fragilidade humana, tirando
indevido proveito material dessa fragilidade, haverão de passar.
Na realidade, cumprem satisfeitos e lampeiros uma tarefa que eu não
desejo ao pior inimigo que não possuo. O sacrifício do
11 de Setembro e o sacrifício do 11 de Março não
serão em vão. Não foram em vão. Não
o dos terroristas que morreram, mas a via crucis sacrificial
dos que foram assassinados para que a Humanidade acorde do sonambulismo
secular, egoísta e hipócrita. TODOS SOMOS RESPONSÁVEIS...
Não apóio, definitivamente,
sob nenhuma alegação, os atos de terror; não apóio,
igualmente e na mesma medida, as soluções hórridas
e incompetentes que os aliados têm implementado pelo mundo afora.
A semente do terrorismo está no horrorismo. Na verdade acredito
que o TRIÂNGULO FINAL de toda essa insanidade
será:
|
Então, cantemos e oremos:
CRESTOS SOLAR,
miserere nobis.
CRESTOS SOLAR,
miserere nobis.
CRESTOS SOLAR,
dona nobis PACEM.
O proletariado utilizará
sua supremacia política para arrancar, pouco a pouco, todo Capital
da burguesia, para centralizar todos os instrumentos de produção
nas mãos do Estado, isto é, do proletariado organizado
em classe dominante, e para aumentar, o mais rapidamente possível,
o total das forças produtivas, continua o Documento.
Acho
que apresentei todos os motivos que minha consciência conhece
e que podem ser divulgados neste ensaio para repelir esse tipo de insuflação.
Mas agora me surgiu uma dúvida: no poder, o proletariado e as
classes oprimidas tentariam se locupletar da nova situação?
Aceitariam propinas? Comeriam brioches? Repetiriam os erros daqueles
que tanto combateram? Que fariam com os vencidos? Sabe-se que, em passado
não tão distante, onde o Comunismo prevaleceu, a matança
incluiu também antigos colaboradores das primeiras horas. Até,
inclusive, antropofagismo foi cometido. E houve locupletamento sim.
Todo e qualquer regime totalitário, ao longo da história,
foi cruel, tirânico, opressor e, muitas vezes, covarde. Despótico,
também, como está avisado no próprio Manifesto.
A Humanidade quer e precisa de mudanças. Quem não sabe?
Mas não quer sangue nem revanchismos estéreis. Não
aceita mais quaisquer tipos de ditaduras. Por exemplo: o que sobrou
do comtismo foi uma Religião da Humanidade agonizante. Para os
formuladores de todas essas misérias, em suas lápides
deveria ser escrito: PRONTO ESQUECIMENTO.
Estas últimas linhas (e as que se seguirão) foram escritas
para reflexão dos saudosistas e dos cruéis: comtistas,
racistas, terroristas, stalinistas, carrascos, pinochetistas, franquistas,
coronelistas, fascistas, mussolinistas, salazaristas, desumanos, militaristas,
somozistas, maoístas, castristas, trumanistas, hitleristas e
revanchistas de um modo geral. A esses, rogo que reflitam um pouco.
De coração para coração. Peço que
procurem meditar na harmonia do Cósmico. O que se afigura como
possível entropia nada mais é do que a metade de uma fase
que cederá lugar à fase oposta. No Universo não
há desordem. A própria desordem é um prenúncio
de uma futura ordem. O mesmo ocorre com a autoconsciência ao longo
das sete Rondas e das sete Raças-raízes. A curva que melhor
representa essa Lei é a parábola. Para alento de todos,
asseguro que a maioria da Humanidade já transita no ramo ascendente.
Mas, para realizar o CRESTOS SOLAR interiormente é
preciso renunciar à violência. Esse é apenas o primeiro
passo. Mas, se esse passo não for dado, 359
continuará prevalecendo sobre 360 e a imantação
progressiva junto à ††††††
††††††
será inevitável. A ilusão messiânico-beligerante
de hoje será amanhã sentida espiritualmente como desespero,
dor, fracasso, arrependimento tardio, e impossibilidade educativa temporária.
Não me autorizo a comentar o que penso sobre o que seja a impossibilidade
educativa temporária. Apenas advirto: sei que é mais horripilante
do que as horripilações praticadas na encarnação
que gerou tal ajuste. O inferno católico é glacial se
comparado a este cone de sombra. Não há virgens esperando
para saciar um simbolismo incompreendido. O mínimo que passam
esses irmãos que lá se encontram é a inconsciência
da própria morte. Pensam que continuam encarnados e não
se conformam em não poder atuar diretamente neste Plano. É
um sofrimento que parece não ter fim. Isto é o mínimo.
O alerta está feito. Longe de ser uma ameaça. É
um simples ALERTA.
Novamente, para amenizar, asseguro que
a piada abaixo jamais poderá ser concretizada. Rir é um
ótimo remédio; depois de rir, meditar na piada é
muito melhor.
Já nos estertores, rodeado de fantasmas,
o famoso causídico Barnabé Epaminondas Sobrinho de Maçaranduba
e Pessegueiro (para os muito muito íntimos Bebé), no leito
de morte, pede urgentemente uma Bíblia. Ao recebê-la, começa
a lê-la avidamente. Todos se surpreendem com a atitude do advogado,
que sempre se dissera ateu convicto e admirador do materialismo dialético.
Em uma expiração parecia dizer: Ffffriedrichhhhhh. Em
outra: Ennngelsssssss. Na cabeceira da cama fúnebre, um dos amigos,
que o conhecia de longa data, perguntou o motivo inopinado da conversão.
Bebé, arquejando, sibilando e suando profusamente, responde:
— Conversão é
o cacete. Estou procurando brechas na Lei.
Não há brechas na LEI.
Só na cabeça de bebés que ainda são bebês.
A LEI é a LEI porque foi, é
e será sempre a LEI. Não há perdão,
não há punição. Não existem indulgências
nem nove primeiras sextas-feiras. Nove noves fora zero. Há tão-só
e simplesmente cumprimento da LEI. O Grande Ajustador
é implacável. A LEI sempre foi, é
e sempre será cumprida educativamente por AMOR,
em AMOR e pelo AMOR. Ainda que doa.
As figuras legais do habeas corpus preventivo e do habeas
corpus remediativo inexistem. Não há brechas na LEI.
Está correto o Manifesto quando
assevera: Sabe-se que os monges recobriam os manuscritos
das obras clássicas da Antigüidade pagã com absurdas
lendas sobre santos católicos. Não farei
nenhum comentário sobre esta afirmação, porque
não há nada a comentar. Apenas sei que os porões
do Vaticano escondem da Humanidade tesouros místicos, esotéricos
e iniciáticos inestimáveis. A Cúria Romana oculta
e guarda aquilo que não entende e que a atemoriza. Essas cortes
papais milenares vão ter muito que explicar! Os autores do Manifesto
estavam mais certos do podiam saber.
Entretanto, há um recorte do Manifesto
indigno de ser comentado por tudo o que já foi examinado. Mas,
vou escrever umas palavrinhas adicionais. O excerto: Os
comunistas... Proclamam abertamente que seus objetivos só podem
ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social
existente. Com isto eu realmente não posso me conformar.
Não se derruba violentamente nem um castelo de cartas, quanto
mais a ordem social existente. Isto foi um equívoco flagrante
que produziu na ex-União Soviética males, os quais, hoje,
aquele conjunto desmembrado de nações, tão cedo
não solucionará. Ludwig Borne (1786-1837) ensinou: A
amizade inalterável e a paz eterna entre os povos seriam sonhos?
Não. Sonhos são o ódio e a guerra, sonhos dos quais,
um dia, os homens despertarão. Quanto sofrimento já não
tem causado à Humanidade o amor à pátria?
Quanto sofrimento, acrescento, já não têm causado
à Humanidade o amor à religião, o amor às
ideologias, o orgulho, o patriotismo fraudulento, a prepotência,
a tirania, o horror, o terror...
|
E a última impossibilidade do Manifesto
Comunista foi: Proletários de todos os países
uni-vos! Se eu tivesse que enumerar todas as diferenças
entre os seres humanos, entre os continentes, entre os países,
cidades, aldeias, vilas etc., talvez precisasse digitar umas cinqüenta
páginas em arial 8. Não há a mínima possibilidade
de unir areia, óleo e água. Estes três componentes
formam uma permanente mistura heterogênea. Ainda que a massa de
despossuídos, de humilhados, de explorados - os lumpemproletários
– fosse e continue sendo imensa, jamais poderá ocorrer
uma fusão de pensamentos, emoções e ações
que levem a uma revolução proletária internacional.
Não é possível fundir m
+ n + p
vontades em uma só em um nível desta magnitude. Isto é
impossível e utópico. Por enquanto. Mas, açular
parte de um país é possível. E isto aconteceu em
diversos pontos da Terra. Mas a retrocessão acabou se tornando
inevitável, porquanto as promessas, as virtudes e as soluções
propagadas pelos próceres do Partido não puderam se concretizar.
Mas, essa análise eu não me dispus a fazer. Preferi, conforme
anunciei, discutir alguns aspectos da proposta de implantação
do Comunismo e suas implicações místicas. Sei que
não esgotei o assunto, nem cheguei perto de poder examinar tudo
aquilo que penso. Até porque muitas coisas não devo dizer.
Mas, como não consigo e não devo me controlar, vou dizer
umas coisinhas. Sem ofensa, sem indelicadeza e sem mágoa. Gostaria
de estar equivocado nestas reflexões finais.
REFLEXÕES
FINAIS
Vou encerrar este ensaio repassando alguns
pontos e acrescentando outros, para que se possa tentar fazer uma reflexão
um pouco mais aprofundada desta matéria. Vou me arriscar um pouco
mais.
Em primeiro lugar, como salienta Engels
no Prefácio à edição alemã de 1872:
O próprio Manifesto explica que a aplicação
dos princípios dependerá, sempre e em toda a parte, das
circunstâncias históricas existentes, e que, portanto,
não se deve atribuir demasiada importância às medidas
revolucionárias enumeradas no final do capítulo II. Esta
passagem, atualmente, teria de ser redigida de maneira diferente, em
mais do que um aspecto.
Tudo pode (e deve) ser mudado em qualquer
doutrina, em qualquer tempo. E, no que concerne às revoluções
paridas pelos homens, geralmente, cada nova revolução
se inicia não pela base da qual a anterior partiu, mas do ponto
em que ela sofreu um revés moral. Mas, como já recordei,
toda e qualquer revolução pode mudar qualquer coisa, menos
o coração do homem. Este – o coração
– só se transmuda por volição pessoal. Isto
porque, já expus meu pensamento, o ser não poderá
jamais ter acesso à VERDADE ABSOLUTA. Haverá
mesmo uma VERDADE ABSOLUTA? As teses de hoje serão
antitéticas amanhã. Como decorrência necessária
do segundo momento do movimento dialético (negação
da tese), surgirá inapelavelmente uma superação
sintética da própria tese e da antítese que a sucedeu,
e, dos dois pontos anteriores, um novo triângulo é estabelecido.
Como sempre foi, será sempre assim:
TESE a —› ANTÍTESE
b —› SÍNTESE c
SÍNTESE c —› ANTÍTESE
d —› TESE e
TESE e —› ANTÍTESE
f —› SÍNTESE g
SÍNTESE g —› ANTÍTESE
h —› TESE i
Ad æternum...
Mas, qualquer doutrina que contemple ou
venha a contemplar as proposituras violentas expressas sem nenhum pudor
no Manifesto de Novembro de 1847, e que saíram do controle a
partir de 1921, é natimorta e não se sustentará.
Todavia, devo confessar, não acredito em panacéias e não
acredito em nada que produza o SVMMVM BONVM
pela força, pelo despotismo e pelo derramamento de sangue. As
conquistas sangrentas pelo poder das armas só produziram (e produzirão)
o summum malum. A Mathesis Megiste
conjuga-se na segunda pessoa do plural do imperativo afirmativo do verbo
amar: AMAI-VOS. Hoje IMMANUEL diria: —
Eu vos amei e vós ainda não compreendestes.
Por isso, é também inconcebível
e egoísta a velha reclamação comunista: As
criações intelectuais de uma nação tornam-se
propriedade comum de todas. A estreiteza e o exclusivismo nacionais
tornam-se cada vez mais impossíveis; das inúmeras literaturas
nacionais e locais, nasce uma literatura universal. Ainda
bem que isto vem acontecendo. Enquanto houver, por parte dos Governos,
classificação de informações (de qualquer
teor ou natureza), não será alcançada a paz. Classificação
é sinônimo de tentativa de dominação. Ou
melhor: é dominação mesmo. É egoísta
e, portanto, não-solidária. Nesse sentido, concordo com
Einstein: O nacionalismo é uma doença infantil.
É o sarampo da Humanidade. A verdadeira nacionalidade
humana é a universalidade. Todo nacionalista é retrógrado
e meio imbecil, pois só consegue borboletear em meio a idéias
fixas e contraditoriamente voláteis. Somos todos, ainda que não
saibamos, Cidadãos do Universo. Nossa bandeira é o SVMMVM
BONVM e nosso hino a MÚSICA DAS ESFERAS.
O
Manifesto também criticou o desenvolvimento do intercâmbio
universal e a universal interdependência das nações.
Ora, isto não é ruim; é também muito bom,
desde que ancorado em uma globalização fraterna e equidosa,
isto é, respeitando a igualdade de direito de cada um, que independe
da lei positiva, mas de um sentimento do que se considera
justo, tendo em vista as causas e as intenções.
Mas, o que acabou sendo feito na Revolução
Soviética? Não foi exatamente o que condenou o Manifesto?
Províncias independentes, apenas ligadas por débeis
laços federativos, possuindo interesses, leis, governos e tarifas
aduaneiras diferentes, foram reunidas em uma só nação,
com um só governo, uma só lei, um só interesse
nacional de classe, uma só barreira alfandegária.
Lá foi assim: Exasperem-se com nossas denúncias, apóiem-nos,
mas aqui fazemos exatamente o oposto daquilo que pregamos. Fazemos o
que queremos. Vamos extinguir a burguesia tsarista e implantar a burguesia
comunista. Solidariedade? Qual nada. Liberdade? Nenhuma. Respeito às
diferenças? Zero. Fuzilamentos? Sim. Perseguições?
Incontáveis. Assassinatos dos líderes da Revolução
Russa? Sim. Carnificina em Kronstadt? Medonha. Argumento: Vestiam
elegantes calças largas e penteavam-se como cafetões.
Fome e desorganização? Sim,
para o povo. Fausto? Sim. Mas só para a cúpula do Partido
bolchevique. Dachas (casas de férias nas quais acontecia de tudo,
inclusive estupros de crianças, orgias com jovens raptadas e
bebedeiras)? Não para o proletariado. Ainda bem. Mas, sim para
Stalin, Malenkov, Khrushchev (o formulador da doutrina da coexistência
pacífica), Bulganin, o eficiente e frio Béria (que
acabou preso, julgado e provavelmente fuzilado) e demais sacanas do
Presidium. Noitadas de bebidas e sacanagens escabrosas? Ah! Isto só
para os poderosos. Para o povo: gelo e vodka barata. Supressão
da ditadura da classe pela ditadura do partido? Sim. Messiânica
auto-suficiência do aparato bolchevique? Também. Impedimento
da restauração burguesa... pela eliminação
do caráter proletário da revolução? Aconteceu,
sim. Dispersão, fome, miséria, doença e enfraquecimento
pela desorganização econômica? Superlativamente,
sim. Supressão [por determinação de Wladimir Ilitch
Ulianov – dito Lenin – (1870-1924)], da democracia nos sovietes
e no Partido? Sucedeu. Privilégios no Kremlin, cujas rações
eram muito melhores do que as de todos os outros? Os próprios
comunistas sempre souberam dessa locupleta parcialidade. Diversas depurações
manchadas de sangue executadas pela burocracia? O mundo inteiro sabe
disso. União, patrocinada principalmente por Lenin e Lev Davidovitch
Bronstein – dito Trotsky – (1879-1940), sem democracia política,
de burocratas com os kulaks (camponeses ricos) contra o proletariado
pela introdução da NEP (Nova Política Econômica)?
Sim. O próprio Lenin, constatando o estado de coisas vigente,
teria dito: uma mistura de tsarismo com práticas capitalistas
besuntadas por um verniz soviético. Mas, nos olhares...
Olhos gélidos de icebergs petrificados. Eu acho que
estes senhores meus irmãos não sorriam.
|
|
Lenin |
Trotsky |
Houve consolidação de tendências
nacionalistas, burocráticas e capitalistas de estado? Houve,
totalmente. Nos famosos julgamentos de Moscou houve uma enxurrada de
mentiras, de calúnias e de falsificações? Houve.
Tudo isso, hoje, está esclarecido. Houve antagonismo de classes?
Houve. Os oprimidos de antes acabaram se tornando muito mais oprimidos
e trabalhavam exaustivamente para que o Conglomerado viesse a se tornar
uma superpotência bélica? Sucedeu exatamente assim.
|
Lenin Acenando para
o Povo |
O que foi praticado contra a família
Romanov (o Tsar Nicolau, a tsarina Alexandra, as quatro filhas, as Grã-duquesas
Olga, Tatiana, Maria e Anastácia, e o tsarevich Alexei) em 17
de julho de 1918 foi um ato da mais hedionda e injustificável
barbárie. Olhares empedernidos. Chegam os anãos. Revólveres
nas mãos. Alaridos e gemidos. Fel nos coraçãos.
Tiros repetidos. Corpos retorcidos. Tremores nas mãos. Nada condoídos.
Cumprida a missão. Morte. Sangue. Desertificação.
Inaceitável solução.
Em menos de um ano a dinastia
Romanov, que governava há três séculos o Império
Russo, foi posta abaixo e seus derradeiros herdeiros fuzilados por um
comando revolucionário. De março de 1917 a julho de 1918,
todo o fantástico poder que Nicolau II possuía esboroou-se,
desabando como se fora um castelo de cartas. O tsar e sua família,
aprisionados na cidade de Ekaterinburg, foram então sumariamente
executados por ordem de Lenin. Abaixo reproduzo um quadro
da família Romanov retirado do site:
http://www.angelfire.com/mac/romanovmania/galeria.html
Família
Romanov
O
Domingo Sangrento (ordem de Nicolau II para que a passeata pacífica
de 22 de Janeiro de 1905 fosse dissolvida à metralha), estopim
da primeira revolução que Lenin posteriormente denominaria
de ensaio geral, não justifica a trucidação de
toda uma família. Nem que se lhe atribua, justa ou injustamente,
o título de pai do moderno terrorismo de extrema direita. Nem
o panfleto anti-semita Os Protocolos dos Sábios do Sião,
fraude construída pela Okhrana (polícia secreta russa),
que culpa os Judeus pelos males do País. Este livro, absolutamente
infernal, foi publicado privadamente em 1897 e tornado público
em 1905. É copiado de uma novela do século XIX (Biarritz,
1868) e afirma que uma cabala secreta Judaica conspira para conquistar
o mundo. Há, sim, outra coisa: a ††††††
††††††
comandada por ††††††
e †††††††.
Eu ontem fui à festa/Na casa
do Bolinha/Confesso não gostei/Dos modos da Glorinha...
Então vou matá-la. Assanhada essa Glorinha! Não
gosto, mato. Discordo, mato. Matou? Mato também. Não matou,
mas vai matar? Então, mato primeiro. Est modus in rebus,
sunt certi denique fines (Há uma justa medida em todas as
coisas), como ensinou Horácio (Livro I, Sátira
1). Matar não é uma justa medida. IMMANUEL, A ROSA DE
SHARON não conheceu Kant, mas recomendou que se cumprisse
o IMPERATIVO CATEGÓRICO SUPREMO:
NÃO MATARÁS
Abaixo, uma curiosidade histórica:
está reproduzido o Ovo de Fabergé que homenageia a dinastia
Romanov.
Um ovo! Quanta perda de tempo
e de energia! Quanta inutilidade! Quanto servilismo! Quanta vaidade!
Quanta vacuidade! 0!
A maldade não pode ser respondida
com crueldade. Nem o horror com terror. Em ensaio recente afirmei: ...
a patologia do terror é cíclica. As trevas agem... o terror
revida... as trevas reagem... o terror responde com mais violência...
A bola de sangue e ossos cresce... A Humanidade sofre... É preciso
aguardar... 2034... A PAZ É POSSÍVEL... SURSUM
CORDA!
Mas, ai do infeliz que fosse preso pelo
não-sei-falar-nem-escrever-esse-nome —
o maior aparelho de espionagem, o Comitê de Segurança do
Estado, conhecido popularmente na ex-URSS e no restante do mundo pela
sigla KGB — e caísse nos gélidos subterrâneos
da Lubianka (amorzinho). Um dos problemas básicos ainda não
solucionados pela Humanidade é que todos os ideólogos
pensam estar defendendo a verdade, a justiça e o bem comum, geralmente
arrastando no vagalhão demolidor os distraídos, os desinformados,
os aproveitadores, os patomaníacos e os bem-intencionados. Implantados
os messiânicos regimes, passa a prevalecer a regra: aos correligionários,
tudo; aos indiferentes, a lei: e, aos opositores e inimigos do regime,
calúnia, difamação e morte sempre que necessárias.
Resumo: absolutismo de idéias e de atos maníacos. Lubianka,
Lubianka... Amorzinho... Amorzinho... É esse maldito psicopatológico
dualismo ético (que não é ético, mas moral)
transcendente que vem de longe – e que contaminou o pensamento
de homens ilustres como por exemplo o de de Santo Agostinho via Manichæus
– que continua entranhado na mente da Humanidade e que é
tão difícil de ser extirpado. A dialética do
Bem e do Mal que o maniqueísmo provoca leva o alegado defensor
da Verdade a recorrer a qualquer instrumento para eliminar o Outro,
como refletiu o Embaixador José Osvaldo de Meira Penna.
Niet para tudo isso.
Lubianka
A repressão de Kronstadt, a
supressão da democracia dos trabalhadores e sovietes pelo partido
bolchevique russo, a eliminação do proletariado da gestão
da indústria e a introdução da NEP significaram
a morte da Revolução.
Acredito que seja hora de encerrar este
ensaio digital. Estou triste e cansado. Preciso relaxar. Só um
pouquinho. Não completei, confesso, meu pensamento sobre esta
matéria. Prometo aperfeiçoá-lo um dia. Ao relê-lo
e revisá-lo em 31/3/2004, achei que ficou entrecortado demais.
Voltei a lê-lo em 15/11/2004. Misturei lé com cré
porque estão mesmo baralhados. Só uma inteligência
esforçada consegue separar cré de lé e compreendê-los
unitariamente. Este é um dos esforços que todos devem
se empenhar em fazer. Mas, tenho certeza, apresentei idéias para
serem meditadas. Agradeço aos pesquisadores que disponibilizaram
na Internet os sites que consultei. Algumas poucas vezes copiei
literalmente alguns pedacinhos dos seus textos. Perdão. Suas
palavras eram melhores do que as minhas em idéias coincidentes.
As fontes estão apresentadas adiante. Assim, autorizo a quem
quiser copiar meus trabalhos, que o faça e os divulgue. Por Favor.
Ficarei feliz com isso. Eu acredito no que escrevo: Todos nós
somos UM e ninguém é dono de nada. E, enquanto o que auguro
não pode acontecer, obrigo-me a constatar sem concordar com o
que deixou gravado Anatole France (1844-1924): A paz universal
se realizará um dia, não porque os homens se tornarão
melhores (não se pode contar com isso), mas porque uma nova ordem
de coisas, uma ciência nova, novas necessidades econômicas
hão de impor-lhes o estado de paz, assim como outrora as próprias
condições da sua existência os punham e os mantinham
em estado de guerra.
A
Humanidade está se tornando melhor. Sim.
Uma nova ordem virá. Certamente.
Não uma ciência nova. Mas,
a TEOCIÊNCIA.
Necessidades econômicas são
ilusões astrais. Sempre.
A PAZ jamais poderá
ser imposta. Ela é conquistada. Se quisermos a PAZ,
teremos que nos esforçar para construí-la.
Sim. São as condições
vibratórias dos seres que impõem as beligerâncias
interpessoais e coletivas.
Recentemente
recebi um folder da AMORC
apresentando uma lista de suprimentos para eventualmente serem adquiridos
pelos membros da Ordem. Como resumo de um determinado vídeo está
apresentado o seguinte texto:
Orienta,
não doutrina.
Conscientiza,
não impõe ou pune.
Confia,
não desqualifica.
Proporcionando a cada um,
segundo suas forças;
A todos,
conforme o dever
e a dignidade.
O
futuro é hoje. AGORA. Temos TODOS
que trabalhar, pois SOMOS TODOS RESPONSÁVEIS. SURSUM
CORDA.
Dominus
vobiscum.
Et cum spiritu tuo.
SURSUM CORDA.
Habemus ad Dominum.
Gratias agamus
Domino Deo nostro.
Dignum et iustum est.
SITES CONSULTADOS (entre 1º e 30/3 2004).
Primeira revisão efetuada em 3/5/2004. Segunda revisão
efetuada em 15/11/2004:
www.terravista.pt/IlhadoMel/1188/manifesto_comunista.htm
jornal.publico.pt/2004/03/04/EspacoPublico/OEDIT.html
users.hotlink.com.br/marielli/matematica/geniomat/einstein.html
www.timlopes.com.br
www.mcaconsult.com.br/homenagemasérgiovieirademello..htm
www.rjliban.com
www.viagensimagens.com/index.htm
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http://www.olavodecarvalho.org/convidados/mpenna2.htm
http://www.ohistoriador.com.br/consulta.php?tab=mis&id=19
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http://laplage.blogs.sapo.pt/arquivo/026797.html
http://www.culturabrasil.pro.br/capetalismo.htm
http://www.webciencia.com/10_aids.htm
http://www.murilo_in_japan.blogger.com.br/
http://www.grandecomunismo.hpg.ig.com.br/imagens.htm
DADOS SOBRE O AUTOR
Rodolfo
Domenico Pizzinga: Mestre em Educação, UFRJ, 1980. Doutor
em Filosofia, UGF, 1988. Professor Adjunto IV (aposentado) do CEFET-RJ.
Consultor em Administração Escolar. Presidente do Comitê
Editorial da Revista Tecnologia & Cultura do CEFET-RJ. Professor
de Metodologia da Ciência e da Pesquisa Científica e Coordenador
Acadêmico do Instituto de Desenvolvimento Humano - IDHGE.
ANEXO
I
O
MISTÉRIO DA VIDA E A GRANDE AMEAÇA
Frater Velado
- OS+B*
A
Vida é Eterna. As criaturas são transitórias.
Mestre
Apis,
Hierofante da Ordo Svmmvm Bonvm
(Ankh, Udja, Seneb)
Dignos irmãos e irmãs
de todos os credos místicos e políticos, de todas as raças,
incluindo ateístas e céticos: aceitem minha saudação
em o Nome do Cristo Cósmico, o CRESTO SOLAR, sob os auspícios
da LOJA DA GRANDE FRATERNIDADE BRANCA.
Atravessamos uma época
neste Planeta em que a vida humana tem cada vez menor valor. Terroristas
matam inocentes para promover a guerra e a guerra açula o terror.
É um círculo vicioso que precisa ser quebrado pelos místicos
que possuam poder de ação sobre as circunstâncias.
A violência é inerente ao Reino Animal e no que tange ao
homem remonta aos albores da Antigüidade. Atualmente, porém,
o fanatismo fundamentalista e o moderno armamento, incluindo artefatos
nucleares, configuram a mais grave ameaça à Vida na Terra
já manifestada em toda a história deste Planeta. Devemos
examinar este fato à luz do Misticismo para encontrar soluções
efetivas que sejam capazes de formar um escudo eficaz contra tal ameaça.
Deus não fará isso por nós se permanecermos inertes.
Devemos entrar em ação.
Examinemos
o Mistério da Vida. Essencialmente, vida é o Existir,
aparentemente o contrário do Não-Existir, embora nessa
instância não haja ainda a Dualidade tal como se a conhece
nos Universos. É como se o Número Um saísse (continuamente,
eternamente) de dentro do Zero Absoluto, que é a Não-Existência,
mas também não é o Nada. Essa pulsação
é que produz o Fluxo da Vida, como se um Ponto piscando, desde
sempre, criasse infinitos círculos concêntricos - cada
um deles um Universo inteiro, com suas miríades de galáxias
ou outras manifestações de existência. Tudo perfeitamente
interligado: cada ação isolada interfere no todo e vice-versa.
O
Universo em que a Terra está inserida, com sua Humanidade e seus
renovados atentados à Vida, que ora se aguçam ao máximo
já detectado, funciona sob a LEI DO TRIÂNGULO, e é
por isso que nele a Vida se apresenta em três formas básicas:
VIDA LATENTE, VIDA INCONSCIENTE E VIDA INTERATIVA. Devemos estudar esses
três estados e sua harmonização, para que possamos
melhor compreender o que se passa e ficarmos em condição
de promover uma interferência benéfica para tudo e para
todos. Todos vocês que acessam a Internet para se instruir e trocar
informações, meus irmãos e irmãs, independentemente
de serem ou não vinculados a religiões, ordens e fraternidades,
místicas e/ou ocultistas, devem procurar entender, ainda que
por alto, o funcionamento das Leis Cósmicas que regem a Vida
e todas as suas manifestações. Esta é uma instrução
necessária a todos os seres humanos nesta atual etapa da evolução
da Humanidade. Ninguém deve se entregar cegamente ao exercício
de algo, sem questionamentos e sem compreensão. A fé deve
ser uma certeza intuitiva vinda de dentro para fora e nunca algo adquirido
mediante algum método ou importado de alguma fonte externa.
Falemos
da VIDA LATENTE, para iniciar este breve estudo. A VIDA LATENTE é
o tipo de existência manifestada pelos corpos siderais, como planetas
e estrelas: eles geram vários tipos de formas individualizadas
de Vida, os seres animados (animais), as criaturas vegetais e os entes
inanimados, como as pedras. Os corpos siderais possuem personalidade
combinatória, isto é: de acordo com posições
conjuntas assumidas ciclicamente, em função de Leis Cósmicas,
influenciam as formas individualizadas de vida e suas aglutinações
comunitárias. Para os seres de VIDA LATENTE as criaturas animadas
são pouco mais do que eventos momentâneos em um turbilhão
contínuo e persistente de renovações. Existem certos
tipos de conjunções astronômicas em que as posições
de vários corpos celestes, cada um com a sua maneira de ser,
afetam profundamente o ritmo da Vida naqueles em que Ela se manifesta,
tanto como criaturas animadas como seres vegetais ou como minerais.
Tudo interage onde a Vida se manifesta e quando a VIDA INTERATIVA propriamente
dita assume parte do domínio das circunstâncias, obviamente
tudo pode ser afetado. Pensamentos, palavras e atos tornam-se capazes
de gerar mutações e produzir cenários excelsos
ou lamentáveis, dependendo da personalidade e da mente daqueles
que exercem sua vontade própria, importando-se ou não
se importando com os demais. É assim que vemos interesses de
grupos e simplesmente de pessoas serem colocados acima de tudo, em detrimento
de todo um vasto conjunto de seres e do próprio meio-ambiente.
Normalmente, a grande maioria dos personagens envolvidos nesse drama
existencial não se questiona amplamente sobre a interatividade
e o reflexo de seus eventos na esfera da VIDA LATENTE, ou seja: as pessoas
costumam não se importar com o que estejam projetando mentalmente
para a aura do Planeta em que vivem e para a dos demais corpos siderais
do Sistema em que estão inseridos, como o Sistema Solar, que
é o caso específico aqui enfocado. A maioria simplesmente
nem sabe que isso ocorre. É preciso saber que toda vez que pensamentos,
palavras e atos de violência e de agressão à Vida
são exercidos, sua carga energética atinge todos os corpos
celestes do Sistema, que a refletem conforme suas características
próprias. Quando essa emissão é feita de um ponto
- como a Terra - que esteja sob má conjunção astronômica,
essa carga energética é refletida de forma potencializada,
retornando pior ainda. É quando ocorrem sérios conflitos
internacionais e a sucessão de eventos violentos fecha um círculo
vicioso que precisa ser interrompido para que não ocorra algo
ainda mais terrível, como, por exemplo, uma catástrofe
nuclear. O que nós todos podemos fazer diante disso usando o
Misticismo, algo que a Ciência já reconhece, apesar de
sua inerente subjetividade? Talvez vocês pensem que possamos fazer
muito pouco, mas na verdade podemos operar fortemente. Uma das ferramentas
para isso é o EXPERIMENTO DE AUM-RAH, que se destina a purificar
a aura da Terra, e que está disponível on line
em:
http://svmmvmbonvm.org/aumrahexp/
Vocês
podem ver esse experimento e podem baixar o e-Book que o contém,
a fim de que possam executá-lo em suas casas sem necessidade
de estarem ligados à Internet. A conexão entre todos que
estiverem realizando o experimento se faz automaticamente, independente
de tempo. Esse Experimento afeta diretamente a troca de energias entre
a VIDA INTERATIVA e a VIDA LATENTE, filtrando os fluxos para que ocorra
harmonização das boas condições e neutralização
das más (conjunção astronômica e emissões
produzidas por seres animados). Façam, portanto, esse Experimento,
que é muito simples e muito eficiente.
Examinemos
agora a VIDA INSCONSCIENTE e a VIDA INTERATIVA independente de relacionamento
com a VIDA LATENTE. A VIDA INCONSCIENTE é o tipo de existir manifestado,
por exemplo, pelas pedras, pelo ar, pela água e pelo fogo, que
não possuem personalidade em suas manifestações
mínimas, mas a adquirem quando formam uma congregação
de vulto, como montanhas, lagos, rios e mares; furacões, tornados
e brisas; faíscas elétricas, raios e grandes labaredas
em incêndios. De uma forma geral, pode-se dizer que isso constitui
o meio ambiente e suas manifestações; e deve-se compreender
que respeitar esse contexto é fundamental. Assim, todas as pessoas
devem se empenhar a fundo na preservação do meio-ambiente
e, no que diz respeito aos místicos e ocultistas, é muito
importante que NÃO se façam invocações aos
Elementais voltadas para a agressão ou para qualquer outro tipo
de dano a outros seres. Cada vez que isso é feito, cria-se uma
condição maléfica para todos e não apenas
para aquelas criaturas que alguém julgue estar atacando legitimamente.
Lembrem-se de que a legitimidade de um ataque é matéria
altamente subjetiva e que depende exclusivamente dos pontos de vista
das partes envolvidas. Quando seres animados, dotados de autoconsciência
e de livre-arbítrio, como as criaturas humanas, exercem ataques
- simplesmente atacando ou como prevenção, para se defender
- e envolvem nisso entes da VIDA INCONSCIENTE, um forte e perigoso foco
de negatividade se forma e pode produzir círculos viciosos de
violência, dor, destruição e morte. Pensem nisso
antes de fazerem alguma simples invocação sobre uma mera
pedra.
A VIDA INTERATIVA se constitui
de todas as expressões de Vida dotadas de consciência,
de autoconsciência e de consciência cósmica, como
é o caso dos seres humanos e dos demais animais, e das plantas.
Todos os Reinos Animal e Vegetal devem ser profundamente respeitados,
tendo-se em conta que a utilização de qualquer um de seus
representantes para ações agressivas como descrito no
parágrafo anterior, cria condições negativas piores
ainda e todas as formas de Vida acabam sendo afetadas. A interatividade
é a chave do bem-viver, que compreende PAZ MENTAL, HARMONIA,
SAÚDE E PROSPERIDADE como funções e como leis.
São os QUATRO PILARES sobre os quais se assenta a ambicionada
felicidade, que se expressa na alegria de viver e que é o que
todos os seres desejam. Como já procurei expor em textos anteriores
a este, igualmente divulgados na Internet, as criaturas humanas criam
mentalmente concepções do que elas julgam ser a Divindade,
e depois essas formas acabam sendo manipuladas politicamente para controle
das massas e exercício do poder por uma cúpula que se
julga superior a tudo. Vocês já viram o que vem sendo feito
em nome de Deus e através das religiões na face da Terra:
coisas boas e coisas más. As várias concepções
de Deus e as diversas religiões e as interpretações
que se fazem delas, têm resultado em conflitos mortais mediante
a intolerância. Mentalizem, sempre que possam, em suas orações
e rituais habituais, a palavra TOLERÂNCIA, como algo calmo, equilibrado
e imperturbável que se situa entre partes em contenda e que atua
sobre elas de maneira equânime, neutralizando os ímpetos
de afirmação da vontade, de vingança e de ira.
Meditem sobre os últimos acontecimentos internacionais envolvendo
terrorismo e guerra e façam a mentalização que
lhes está sendo proposta. Sempre haverá quem ache que
isso de nada adianta, mas em verdade eu lhes digo que isso é
fundamental. Lembrem-se de que todos são um no contexto de um
Universo e que a mente de cada ser é interligada com as demais
na grande rede cósmica da Vida!
O
conjunto de tudo isso é o FLUXO DA VIDA, eterno e imortal, dentro
do qual as criaturas são transitórias, porém fundamentais
e dotadas de perspectivas de propagação na Eternidade.
Propaguem agora um futuro melhor do que o presente, no qual vocês
mesmos poderão viver, se quiserem.
Com
sinceros votos de PAZ e HARMONIA, sob a égide da ROSA+CRUZ VERDADEIRA,
ETERNA E INVISÍVEL.
+ Vicente Velado
Abade ORDO SVMMVM BONVM (OS+B)
http://svmmvmbonvm.org/
_______
* O Frater Velado é Abade Especial da OS+B para o Terceiro Mundo
e vive como eremita desde 1995.
ANEXO II
HOMENAGEM
A SÉRGIO VIEIRA DE MELLO E À
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU
Amigas e Amigos.
O mundo perdeu um guerreiro da PAZ.
A Humanidade ganhou um exemplo de vida.
Nós brasileiros perdemos um irmão querido.
As bandeiras da Organização das Nações Unidas,
do Brasil e do todo o mundo tremulam a meio pau.
Gostaria de homenagear Sérgio Vieira de Mello com esta oração
para a PAZ NO MUNDO, pois acho que nosso Embaixador vivia esta oração
dia-a-dia.
A
IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO PARA A PAZ NO MUNDO
ORAR é um estado de atenção, de expansão
da consciência, de amor.
ORAR é estar entusiasmado, ou seja, é estar com Deus dentro
de si.
ORAR é fazer com qualidade, adequação e dedicação
tudo o que pode ser feito; é, portanto, valorizar o como se faz
e não o que se faz.
ORAR é dar importância a tudo o que se faz.
ORAR é viver o aqui e o agora com plenitude e com consciência.
Tudo o que se faz ou se deixa de fazer é para sempre e fica registrado
em nossa memória e na memória universal. O momento e a
eternidade são a mesma coisa.
ORAR é estar à disposição do outro; é
compreender e aceitar os pontos de vista dos outros.
ORAR é conviver em harmonia e em paz com as diferenças.
ORAR é evoluir, mudar de opinião, adequar-se às
circunstâncias.
ORAR é curtir um amanhecer identificando que ele é único.
ORAR é ver cada entardecer de forma sempre diferente.
ORAR é expandir, é compartilhar e é, ao mesmo tempo,
se recolher e criar. É sístole e é diástole.
ORAR é viver plenamente a vida.
ORAR é amar a vida, as pessoas, os lugares, os países.
ORAR é ter posse sem ser possuído.
ORAR é abrir mão com desprendimento e sem apego.
ORAR é construir a Paz do Mundo.
Geraldo Leal de Moraes
Consultor de Estratégia Empresarial
e Educação Corporativa
ANEXO III
A
CONSTITUIÇÃO CIDADÃ
O
povo nos mandou fazer a Constituição; não ter medo*
Deputado
Ulysses Guimarães
Presidente da Assembléia Nacional Constituinte
Quando
iniciamos a votação do segundo turno do Projeto da futura
Constituição, testemunho o trabalho competente e responsável
dos constituintes nas subcomissões, comissões temáticas,
comissão de sistematização e no plenário.
São os tecelões do tecido constitucional. 39.000 emendas
estudadas e apresentadas documentam esse extraordinário esforço
e o empenho posto pelos constituintes em contribuir conscienciosamente
para a qualidade do texto.
Foi longa a travessia de dezoito
meses.
Cerca de 5.400.000 pessoas
livremente ingressaram no edifício do Congresso Nacional. Quem
leva, sem discriminação, contribuição ou
crítica a fazer, pode ou pôde, tempestivamente, fazê-lo.
As portas estavam e continuam abertas. É só transpô-las.
A Constituinte teve o foro
de multidões.
Saúdo o relator Bernardo
Cabral, que confirmou seu renome de jurista e sua espartana dedicação,
coadjuvado pelos relatores adjuntos Konder Reis, José Fogaça
e Adolfo Oliveira, também dignos de reconhecidos encômios,
bem como os eficientes membros da mesa.
Sem a compreensão e
o talento dos líderes partidários não chegaríamos
à fase atual de nossos trabalhos. Os funcionários, representados
pelo Secretário-geral da Mesa, Dr. Paulo Affonso Martins de Oliveira,
e pelo Diretor-geral, Dr. Adelmar Silveira Sabino, bem como a imprensa,
o rádio e a televisão com justiça integrarão
este evento histórico.
O Projeto, submetido a segundo
turno, é longo - 321 Artigos - versando matéria complexa
e tantas vezes controvertida.
Inevitavelmente abriga imperfeições,
previstas pela instituição de um segundo turno revisionista
e pelo avultado número de emendas e de destaques apresentados.
Existem imprecisões,
reconheço. Vamos corrigi-las, estou certo.
Mas, mesmo na fase atual,
o projeto tem muito mais do que nos orgulharmos do que nos arrependermos.
Impõe-se mais defendê-lo do que reformá-lo.
Assinale-se sua coragem em
inovar, a começar pela arquitetura original de sua confecção,
rompendo padrões valetudinários e enfrentando a rotina
do status quo.
Dissemos NÃO ao establishment,
encarnado no velho do restelo, conclamando, na praia alvoroçada
da partida, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e Camões
a permanecerem em casa, saboreando bacalhau e caldo verde, ao invés
da aventura das Índias, do Brasil e dos Lusíadas,
e amaldiçoando O Primeiro que, no mundo, nas ondas velas quis
em seco lenho.
Esta Constituição
terá cheiro de amanhã, não de mofo.
Para não me alongar,
reporto-me a alguns aspectos, que reputo inaugurais, do texto ora submetido
ao crivo da revisão constituinte.
A soberania popular, sem intermediação,
poderá decidir seus destinos. Os cidadãos apresentarão
proposta de lei, portanto terão a iniciativa congressual, e também
poderão rejeitar projetos aprovados pela Câmara dos Deputados
e pelo Senado Federal. Portanto, os cidadãos propõem e
vetam. São legisladores, exercitam a democracia direta.
Poucas constituições
no mundo democrático têm essa presença direta e
atuante da sociedade na elaboração dos preceitos de império
em seu ordenamento jurídico. O Brasil será, assim, uma
república representativa e participativa. Teremos a convivência
e a fiscalização de mandante e mandatários a serviço
da sociedade.
Após quase 500 anos,
o Projeto redime a geografia do Brasil.
Nossa geografia é violentada
pela concentração nacional de rendas e de competência.
Nossa geografia é regional, é local, é municipal,
com municípios maiores do que muitos países.
As urnas dão votos
para os governadores e os prefeitos administrarem. Mas só a autêntica
Federação, que estamos organizando, dá o dinheiro
para que tais governos dêem respostas às necessidades localizadas.
Federação é
governo junto com o homem. Não homem correndo atrás do
Governo Estadual ou de Brasília, freqüentemente
longínquo e indiferente.
Esta alforria, do homem e de seus governantes, foi decretada pela transferência
de 47% dos recursos da União para os Estados e Municípios,
21,05% àqueles e 22,5% para estes.
Se não tivéssemos
feito mais nada, só com isso teríamos feito muito.
Cooperamos para reversão
da instável e irracional pirâmide social brasileira de
130 milhões de brasileiros carentes na base projetada para o
ar e apoiada em seu vértice em Brasília, onde estão
os recursos.
Com os hodiernos conceitos
de seguridade, estamos, entre os este países que a adotam, instituindo
a universalidade dos beneficiários, mesmo aos que comprovadamente
não possam contribuir. Desobstruiu-se o acesso à Previdência,
sem desequilíbrio, às donas-de-casa, arrendatários
e pescadores.
Diminuiu-se, pela equivalência,
a separação entre o trabalhador rural, com oito benefícios,
e o urbano, com trinta e dois.
Governar é encurtar
distâncias. Governar é administrar pressões, e as
pressões primárias e diretas são as do lugar onde
se vive, trabalha, estuda, sofre e ama.
Quanto aos onze milhões
de aposentados, foi-lhes garantido o valor real dos proventos através
do tempo, para que não sejam destroçados pela inflação,
como hoje ocorre, ocasionando a humilhação, o desespero
e a morte.
Senhoras e Senhores Constituintes.
A Constituição,
com as correções que faremos, será a guardiã
da governabilidade.
A governabilidade está
no social. A fome, a miséria, a ignorância, a doença
inassistida são ingovernáveis.
Governabilidade é abjurar,
o quanto antes, uma carta constitucional amaldiçoada pela Democracia
e jurar uma Constituição fruto da Democracia e da parceria
social.
A injustiça social é
a negação e a condenação do governo.
A boca dos constituintes de
1987-1988 soprou o hálito oxigenado da governabilidade pela transferência
e distribuição de recursos viáveis para os municípios,
os securitários, o ensino, os aposentados, os trabalhadores,
as domésticas e as donas-de-casa.
Repito: essa será a
Constituição Cidadã, porque recuperará como
cidadãos milhões de brasileiros, vítimas da pior
das discriminações: a miséria.
Cidadão é o
usuário de bens e serviços do desenvolvimento. Isso hoje
não acontece com milhões de brasileiros, segregados nos
guetos da perseguição social.
Esta Constituição,
o povo brasileiro me autoriza a proclamá-la, não ficará
como bela estátua inacabada, mutilada ou profanada.
O povo nos mandou aqui para
fazê-la, não para ter medo.
Viva a Constituição
de 1988!
Viva a vida que ela vai defender
e semear!
Brasília, 27 de Julho
de 1988.
Constituinte
Ulysses Guimarães - Presidente da Assembléia Nacional
Constituinte.
_______
*Discurso
pronunciado pelo Presidente Ulysses Guimarães na Sessão
da Assembléia Nacional Constituinte, em 27 de Julho de 1988.