Antes
de mais nada (expressão, às vezes, contestada, mas,
usada por Camilo Castelo Branco e Ruy Barbosa), quero dedicar este
rascunho ao magistrado, escritor, juiz federal da 4ª Região
e professor de Direito Processual Penal da Universidade Federal
do Paraná Sérgio Fernando Moro (Maringá, 1º
de agosto de 1972), que está ajudando a todos nós
a passar o Brasil a limpo. Então, obrigado Juiz Moro.
Nas
oitenta e duas páginas da delação premiada,
entregues em 2016 ao Ministério Público Federal, o
ex-vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo
Odebrecht (um conglomerado brasileiro de capital fechado que atua
em diversas partes do mundo), Cláudio Melo Filho, botou a
bocarra no trombone, e cagüetou às autoridades da Operação
Lava Jato como a Empresa fazia doações espúrias
em dinheiro a diversos políticos brasileiros (o maior e o
mais escandaloso toma-lá-este-cala-a-boca-dá-pra-cá-esse-contrato
da História do Patropi), e acabou revelando os apelidos pelos
quais senadores, deputados federais e outros coronelaços
e generalíssimos do establishment
brasileiro eram alcunhados dentro do secretíssimo e corruptíssimo
Departamento de Propinas da Empreiteira (apelidado pelo bom humor
dos jornalistas brasileiros de DEPROP), no momento de serem efetuadas
as bolinhas, as bolas e os bolões. As inspirações
eram as mais diferentes, variadas e sortidas, e eu, que não
perco uma chance, inspirado nessas chocarrices, criei outras, para
escrever este poeminha de merda ou merda de poeminha, o que dá
na mesma e na mesma dá. Agora, muita atenção,
para não fazer confusão, e misturar Grupo Odebrecht
com Bertolt Brecht nem propina (que é coisa de debilóide)
com atropina (que é um alcalóide): os apelidos com
letra maiúscula são odebrechtianos,
existem mesmo e constam das planilhas do DEPROP; as chalaças
com letra minúscula são rodolfianas
(de minha autoria) – uma colaboração graciosa
e desinteressada para futuros trambiques, maracutaias, traficâncias,
bandalheiras, maracutaias, tratantadas, fraudes, ilicitudes, transgressões,
devassidões, depravamentos, arranjos, ladroeiras, roubalheiras,
falcatruas, negócios escusos, negociatas, panamás,
patropizeiras,
filhas-da-putice e outras choldraboldrices
jeitosas ou desajeitadas, engonçadas ou desengonçadas,
tronchas ou deslumbrantes em geral. Só mesmo cantando esta
modinha:
Eu
sou pobre, pobre, pobre,
muitcho
rico irei ficar.
Sou canalha, não sou nobre,
eu só quero me arrumar.
Eu
sou pobre, pobre, pobre,
e só penso em afanar.
Sou escroto, não sou nobre,
e Brasília é meu lugar.
Eu
sou pobre, pobre, pobre,
e não posso esperar.
Sou ribaldo, não sou nobre,
e sei bem confabular.
Eu
sou pobre, pobre, pobre,
dou banana pro azar.
Sou mucufa, não sou nobre,
sou expert
em conluiar.
Eu
sou pobre, pobre, pobre,
Lava Jato nem pensar.
Sou patife, não sou nobre,
e do Moro vou escapar.
Eu
sou pobre, pobre, pobre,
e acabei de me estrepar.
Sou tratante, não sou nobre,
com o Italiano irei morar!
Eu
fui pobre, pobre, pobre,
e a velhice eu vi chegar.
Fui velhaco, não fui nobre,
mudarei ao reencarnar!
Eu
fui pobre, pobre, pobre...
E morri... E quis voltar.
Fui nefando, não fui nobre...
Onde a Terra foi parar?
Eu
fui pobre, pobre, pobre...
Mânvântâra
vi passar!
Fui sacana, não fui nobre...
Um Prâlâya
vi chegar!
Eu
fui pobre, pobre, pobre...
Aprendi a Transmutar!
Fui indigno, não fui nobre...
Consegui me Illuminar!
Agora,
reflita rapidinho só um pouquinho:
A
pior das corrupções não é aquela que
desafia as leis, mas, a que se corrompe a si própria. (Louis
de Bonald).
Por
dinheiro, de um não se faz um sim! (Dante Alighieri).
Corrupção,
peculato, fraude, todas estas são características
que existem por todo o lado. É lamentavelmente a forma como
a natureza humana funciona, quer queiramos ou não. O que
as Economias bem-sucedidas fazem é mantê-las no mínimo.
Ninguém alguma vez conseguiu eliminar qualquer dessas coisas.
(Alan Greenspan).
A
corrupção não é uma invenção
brasileira, mas a impunidade é uma coisa muito nossa.
(Jô Soares).
O
homem que se vende recebe sempre mais do que vale. (Barão
de Itararé).
Enquanto
forem permitidas campanhas eleitorais milionárias, haverá
corrupção no Governo, pois, alguém precisará
pagar a conta da campanha. Certo? Ninguém doa tanto dinheiro
para uma campanha eleitoral à-toa. Não existe tanto
idealismo assim neste mundo ou a Humanidade não padeceria
de tantos males. (Augusto Branco).
Quando
você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização
de quem não produz nada; quando você
comprovar
que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas,
com favores; quando você
perceber
que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais
do que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles,
mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos
de você; quando você
perceber
que a corrupção é recompensada e a honestidade
se converte em auto-sacrifício; então, você
poderá
afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.
(Ayn Rand).
Se
o homem fizer de si mesmo um verme, ele não deverá
se queixar quando for pisado. (Immanuel Kant).
A
corrupção, as medidas provisórias e o vazio
do Congresso são os mosquitos que contaminam a Democracia.
(Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque).
Com
a corrupção morre o corpo; com a impiedade morre a
alma. (Santo Agostinho).
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se
os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da
virtude, a rir-se da honra e ter vergonha de ser honesto.
(Ruy Barbosa).
Se
gritar pega ladrão, não fica um meu irmão...
(Ary do Cavaco e Bebeto di São João).