CHAMADA À COBRAR
(Aconteceu Comigo)

 

Rodolfo Domenico Pizzinga

 

 

 

 

 

 

O que vou relatar a seguir não é uma construção voluntária da imaginação nem uma criação imaginária; aconteceu mesmo comigo. Ocorreu em um dia do último feriadão, que começou em 21 de abril de 2.010. Espero que sirva de exemplo para quem passar pelo que eu passei, pois, ao final, darei umas dicas sobre o indecoroso incidente.

 

Não me lembro mais se foi na quarta, na quinta ou na sexta deste último feriadão, mas, lá por volta da uma da madrugada tocou um dos dois telefones aqui em casa. Eu estava trabalhando em um texto no computador, e fiz o que geralmente não faço: fui atender o telefonema. Explicando: minhas duas linhas telefônicas moram permanentemente em duas secretárias eletrônicas distintas, e eu só atendo um telefonema se reconheço a voz de quem quer falar comigo ou se o recado que está sendo deixado na secretária eletrônica merece ou deve ser atendido, isto porque, particularmente, telemarketing ou pessoas inconvenientes eu não atendo. Mania? Não. Apenas há algumas coisas que eu não gosto, e uma delas é perder tempo com tolices, papos-furados, inutilidades, fofocas e por aí vai. No caso das pessoas inconvenientes, depois de ouvir o recado na secretária eletrônica, se for o caso ou se for emergencial, eu retorno a ligação. Mas, desta vez, resolvi atender à chamada. Eis exatamente o que aconteceu:

 

Plimplim... plimplimplim... plimplimplim... E aí, a Patrícia Godoy comunicou: Chamada a cobrar, para aceitá-la continue na linha após a identificação.

 

Decidi continuar na linha porque meu filho (eu tenho um casal de filhos) está temporariamente sem celular, e – quem sabe? – poderia ser ele querendo falar comigo. Mas, imediatamente, logo no plimplimplim, depois do plimplim, entrei em estado de atenção, porque algo em meu interior me preveniu que não era o meu filho que estava ligando e que eu deveria tomar uma decisão rápida quanto ao teor do telefonema.

 

Aos prantos, uma mulher gemeu: — Pai... Pai... Sou eu... Sua filha... Me ajuda... Pai... Pai... Me ajuda...

 

Como eu estava em estado de atenção e preparado para o que desse e viesse, imediatamente percebi que a voz não era de minha filha, e respondi: Minha senhora, eu não tenho filha. Deve ser um engano.

 

Aos prantos, a mulher insistiu: Pai... Sou eu... Sua filha... Me ajuda...

 

Aí, eu perdi um pouco a paciência, e disse: Minha senhora, já lhe disse, eu não tenho filha. A senhora está perdendo o seu tempo com essa ligação descabida. A mulher simplesmente desligou... Meu coração não acelerou um batimento, e eu voltei a trabalhar no computador no texto que estava atualizando naquela madrugada, e que já divulguei – Agrapha Extra-Evangelho (Fragmentos).

 

 

 

 

 

Dicas:

1º) Não entre em pânico ao receber uma ligação deste tipo. Repito e insisto: não entre em pânico. O pânico, talvez, poderá fazer você mentalmente interpretar a voz do outro lado como sendo a do parente que o safadão filho-da-puta (ou, no meu caso, a safadona filha-da-puta) está dizendo ser.

2º) Se você ficar em dúvida, pergunte algo que só a pessoa que está se identificando como seu parente pode saber e ninguém mais. Por exemplo:

a - qual é o nome do nosso gato, do nosso cachorro, do nosso papagaio, do nosso elefante, do nosso hipopótamo, do nosso camelo-de-uma-bossa, do nosso periquito-de-asa-amarela, do nosso tubarão, do nosso dinossauro et cetera?

b - qual é o nome da sua avó, do seu avô, da nossa empregada et cetera?

c - qual é o seu (o meu) cantor preferido? (No meu caso, se alguém disser algum nome que não seja o do Frank Sinatra vai quebrar a cara).

d - qual é marca do meu carro?

e - qual é a minha profissão?

f - quantos anos tem sua mãe?

g - quantas viagens internacionais eu já fiz?

h - em quem eu votei nas últimas eleições?

i - qual é o meu e-mail?

j - qual é o meu nome completo?

k - qual é o nome completo de sua mãe?

l - em que dia eu nasci?

m - quantos andares tem o prédio em que moramos?

n - qual é o apelido do seu irmão?

o - quantos anos eu tenho?

p - qual é o seu nome completo?

q - onde nós fomos ontem à noite?

r - qual é a cor dos olhos de sua mãe?

s - Hermengarda? Nepomuceno? Mas os nomes dos seus filhos (ou parentes) são Pedro e Maria. Se o filho-da-puta confirmar, então, claro, é golpe.

t - o que nós jantamos (almoçamos) hoje?

u - qual é o nome do porteiro do nosso prédio?

v - qual é a minha (sua) religião?

w - quantos computadores nós temos?

x - ...............................................

y - ...............................................

z - ...............................................

 

Em 99,9999999999...% dos casos, este tipo de telefonema é uma puta sacanagem e só tem uma finalidade: extorquir. Não entre em pânico, não se submeta, não se dobre. Com este tipo de lixo, faça assim:

 

 

 

 

 

Música de fundo:

Chamada à Cobrar
Composição: Donizete Santos & Tião Carreiro
Interpretação: Tião Carreiro & Pardinho

Fonte:

http://www.umnovoencontromusical.com/
sertanejas2-M-Z.htm

 

Página da Internet consultada:

http://vemosouvimoselemos.blogspot.com
/2006_07_01_archive.html