O
que vou relatar a seguir não é uma construção
voluntária da imaginação nem uma criação
imaginária; aconteceu mesmo comigo. Ocorreu em um dia do último
feriadão, que começou em 21 de abril de 2.010. Espero que
sirva de exemplo para quem passar pelo que eu passei, pois, ao final, darei
umas dicas sobre o indecoroso incidente.
Não
me lembro mais se foi na quarta, na quinta ou na sexta deste último
feriadão, mas, lá por volta da uma da madrugada tocou um dos
dois telefones aqui em casa. Eu estava trabalhando em um texto no computador,
e fiz o que geralmente não faço: fui atender o telefonema.
Explicando: minhas duas linhas telefônicas moram permanentemente em
duas secretárias eletrônicas distintas, e eu só atendo
um telefonema se reconheço a voz de quem quer falar comigo ou se
o recado que está sendo deixado na secretária eletrônica
merece ou deve ser atendido, isto porque, particularmente, telemarketing
ou pessoas inconvenientes eu não atendo. Mania? Não. Apenas
há algumas coisas que eu não gosto, e uma delas é perder
tempo com tolices, papos-furados, inutilidades, fofocas e por aí
vai. No caso das pessoas inconvenientes, depois de ouvir o recado na secretária
eletrônica, se for o caso ou se for emergencial, eu retorno a ligação.
Mas, desta vez, resolvi atender à chamada. Eis exatamente o que aconteceu:
— Plimplim...
plimplimplim... plimplimplim... E
aí, a Patrícia Godoy comunicou: Chamada a cobrar,
para aceitá-la continue na linha após a identificação.
Decidi
continuar na linha porque meu filho (eu tenho um casal de filhos) está
temporariamente sem celular, e – quem sabe? – poderia ser ele
querendo falar comigo. Mas, imediatamente, logo no plimplimplim,
depois do plimplim,
entrei em estado de atenção, porque algo em meu interior me
preveniu que não era o meu filho que estava ligando e que eu deveria
tomar uma decisão rápida quanto ao teor do telefonema.
Aos
prantos, uma mulher gemeu: —
Pai... Pai... Sou eu... Sua filha... Me ajuda... Pai... Pai...
Me ajuda...
Como
eu estava em estado
de atenção e preparado para o que desse e viesse, imediatamente
percebi que a voz não era de minha filha, e respondi: —
Minha senhora, eu não tenho filha. Deve ser um engano.
Aos
prantos, a mulher insistiu: —
Pai... Sou eu... Sua
filha... Me ajuda...
Aí,
eu perdi um pouco a paciência, e disse: —
Minha senhora, já
lhe disse, eu não tenho filha. A senhora está perdendo o seu
tempo com essa ligação descabida. A
mulher simplesmente desligou... Meu coração não acelerou
um batimento, e eu voltei a trabalhar no computador no texto que estava
atualizando
naquela madrugada, e que já divulguei
– Agrapha
Extra-Evangelho (Fragmentos).
Dicas:
1º) Não
entre em pânico ao receber uma ligação deste tipo. Repito
e insisto: não entre em pânico. O pânico, talvez, poderá
fazer você mentalmente interpretar a voz do outro lado como sendo
a do parente que o safadão filho-da-puta (ou, no meu caso, a safadona
filha-da-puta) está dizendo ser.
2º) Se você
ficar em dúvida, pergunte algo que só a pessoa que está
se identificando como seu parente pode saber e ninguém mais. Por
exemplo:
a - qual é o
nome do nosso gato, do nosso cachorro, do nosso papagaio, do nosso elefante,
do nosso hipopótamo, do nosso camelo-de-uma-bossa, do nosso periquito-de-asa-amarela,
do nosso tubarão, do nosso dinossauro et cetera?
b - qual é o
nome da sua avó, do seu avô, da nossa empregada et cetera?
c - qual é o
seu (o meu) cantor preferido? (No meu caso, se alguém disser algum
nome que não seja o do Frank Sinatra vai quebrar a cara).
d - qual é marca
do meu carro?
e - qual é a
minha profissão?
f - quantos anos tem
sua mãe?
g - quantas viagens
internacionais eu já fiz?
h - em quem eu votei
nas últimas eleições?
i - qual é o
meu e-mail?
j - qual é o
meu nome completo?
k - qual é o
nome completo de sua mãe?
l - em que dia eu nasci?
m - quantos andares
tem o prédio em que moramos?
n - qual é o
apelido do seu irmão?
o - quantos anos eu
tenho?
p - qual é o
seu nome completo?
q - onde nós
fomos ontem à noite?
r - qual é a
cor dos olhos de sua mãe?
s - Hermengarda? Nepomuceno?
Mas os nomes dos seus filhos (ou parentes) são Pedro e Maria. Se
o filho-da-puta confirmar, então, claro, é golpe.
t - o que nós
jantamos (almoçamos) hoje?
u - qual é o
nome do porteiro do nosso prédio?
v - qual é a
minha (sua) religião?
w - quantos computadores
nós temos?
x - ...............................................
y - ...............................................
z - ...............................................
Em
99,9999999999...% dos casos, este tipo de telefonema é uma puta sacanagem
e só tem uma finalidade: extorquir. Não entre em pânico,
não se submeta, não se dobre. Com este tipo de lixo, faça
assim:
Música
de fundo:
Chamada à Cobrar
Composição: Donizete Santos & Tião Carreiro
Interpretação: Tião Carreiro & Pardinho
Fonte:
http://www.umnovoencontromusical.com/
sertanejas2-M-Z.htm
Página
da Internet consultada:
http://vemosouvimoselemos.blogspot.com
/2006_07_01_archive.html