Introdução
e Objetivo do Trabalho
– filho de Nicômaco,
aluno de Platão e criador da Lógica – nasceu em
Estagira em 384/383 a.C., colônia grega da Trácia, na
fronteira com a Macedônia. A Trácia, na Antigüidade,
abrangia as margens do Danúbio, o Ponto Euxino, o Mar de Mármara,
o Mar Egeu e o Rio Nestos. Por volta dos dezoito anos, Aristóteles
viajou para Atenas e ingressou na Academia de Platão (com o
intuito de desenvolver e aprimorar sua espiritualidade), lá
permanecendo por vinte anos, isto é, enquanto Platão
viveu. Aristóteles morreu no exílio, em Calcis, em 322
a.C., com pouco mais de 60 anos de idade.
Sua
obra se divide em dois grandes grupos: os escritos exotéricos
(destinados ao grande público) e os escritos denominados de
esotéricos (que constituíam
o fruto e a base do seu pensamento mais íntimo e destinados
apenas aos seus discípulos, contudo são destituídos
dos componentes místico-iniciático e escatológico
como os encontrados nas obras platônicas). Seu livro esotérico
mais famoso é a Metafísica – constituído
de catorze capítulos (ainda que para ela Aristóteles
usasse as expressões 'Filosofia Primeira' ou 'Teologia'
em oposição à 'Filosofia Segunda' ou
simplesmente 'Física'). O Filósofo deu quatro
definições para Metafísica: 1ª - ciência
que indaga causas e princípios; 2ª - ciência que
indaga o ser enquanto ser; 3ª - ciência que investiga a
substância; e 4ª - a ciência que investiga a substância
supra-sensível. Os conceitos de ato e potência, matéria
e forma, substância e acidente possuem especial importância
na Metafísica de Aristóteles. Para Aristóteles,
existem quatro causas implicadas na existência de algo: 1ª
- a
causa material (aquilo do qual alguma coisa é feita); 2ª
- a causa formal (a coisa em si); 3ª - a causa motora (aquilo
que dá origem ao processo em que a coisa surge); e 4ª
- a causa final (aquilo para o qual a coisa é feita). Para
Aristóteles, todas as coisas são ou estão em
potência ou em ato. Uma coisa em potência
tende a ser outra; uma coisa em ato é algo que já
está realizado. É interessante notar que todas as coisas,
mesmo em ato, também são ou estão em
potência. A única coisa total e exclusivamente
em ato é o Ato Puro, que Aristóteles
identifica com o Bem. Esse Ato Puro não é
nada em potência, nem é a realização
de potência alguma. Ele é sempre igual a si
mesmo, e não é um antecedente de coisa alguma. Deste
conceito, Santo Tomás de Aquino, que bebeu inteiramente em
Aristóteles, derivou sua noção de Deus, em que
Deus seria Ato Puro.
Dentre
os tratados de filosofia moral e política, encontra-se, entre
outros, a Ética a Nicômaco (provavelmente publicado
por seu filho Nicômaco ao qual o livro é dedicado),
objeto principal desta coletânea de fragmentos. Utilizei para
este estudo a publicação da Ética a Nicômaco
traduzida por Leonel Vallandro e Gerd Bornheim (que tive o prazer
conhecer pessoalmente) da versão inglesa de W. D. Rosá.
A Ética a Nicômaco é a principal obra
de Aristóteles sobre Ética. Nela o Filósofo expõe
sua concepção teleológica e eudemonista (o Eudemonismo
é uma teoria ou um
sistema filosófico-moral
segundo o qual o fim e o bem supremo da vida humana é a felicidade;
é uma doutrina que considera a busca de uma vida feliz, seja
em âmbito individual seja em
âmbito
coletivo, o princípio e o fundamento dos valores morais, julgando
eticamente positivas todas as ações que conduzam o homem
à felicidade) de racionalidade prática, sua concepção
da virtude como mediania (o meio-termo) e suas considerações
acerca do papel do hábito e da prudência na Ética.
Em Aristóteles, toda racionalidade prática é
teleológica, quer dizer, orientada para um fim (ou um bem,
como está no texto). À Ética cabe determinar
qual a finalidade suprema (o Svmmvm Bonvm) que preside e
justifica todas as demais e qual a maneira de alcançá-la.
Esta finalidade suprema é a felicidade (eudaimonia),
que não consiste nem nos prazeres, nem nas riquezas, nem nas
honras, mas em uma vida virtuosa. A virtude, por sua vez, se encontra
em um justo meio entre os extremos, que será encontrada por
aquele dotado de prudência (phronesis) e educado pelo
hábito no seu exercício. É importante que se
compreenda que a virtude, na época dos gregos, não é
idêntica ao conceito atual, muito influenciado pelo Cristianismo.
A virtude era entendida no sentido da excelência de cada ação,
de fazer bem feito, na justa medida, cada pequeno ato.
Contudo,
mais do que tratados de filosofia moral
e política, também
se pode dividir a obra do Estagirita em cinco grupos, a saber: escritos
lógicos, escritos sobre a Física, escritos metafísicos,
escritos morais e políticos e escritos retóricos e poéticos.
A
educação [paidéia]
tem raízes amargas, mas os frutos são
doces, dizia Aristóteles.
Como professor, estou parcialmente de acordo com esta reflexão
aristotélica. Os
frutos da educação – às vezes (ou muitas
vezes) – podem ser amargos e tenebrosos, mais do que as próprias
raízes. A bomba nuclear e outros brinquedinhos usados nos jogos
de guerra não saíram da cartola de um mágico,
pois não? Mas, se o sofrimento for considerado um aprendizado,
então tudo pode ser considerado relativamente doce.
Para esta percepção já tive oportunidade de citar
Mâ Ananda Moyi (1896-1982), e citarei novamente: Jo
ho jâye (O que acontece é desejado e bom).
Mas isto não significa
que não devamos lutar para vencer nossas imoderações-ignorâncias,
e que, por covardia, locupletação ou acomodação
nos entreguemos aos nossos desejos, paixões e misérias
astrais, bem assim aos poderosos (como inocentes úteis ou inúteis)
para sermos simplesmente utilizados como bucha de canhão ou
mesmo sacrificados. A própria conivência e mesmo a indiferença
são incompatíveis com a liberdade, com a autodeterminação
e com a (presumida) trajetória ascensional do ente enquanto
ente.
Reflita
rapidamente sobre as antinomias abaixo, entre tantas outras, que permeiam
toda a obra do Estagirita. Ao invés de vício eu prefiro
o vocábulo-conceito ignorância. É a ignorância
que provoca o círculo vicioso do sofrimento, que no aristotelismo
é definido como falha lógica que consiste em se alcançar
dedutivamente uma proposição por meio de outra que,
por sua vez, não pode ser demonstrada senão através
da primeira. Estou convencido de que vencida a ignorância que
alimenta o(s) agente(s) viciador(es), o círculo vicioso é
transmutado em um círculo virtuoso ascensional, libertador
e iluminador. Talvez, ao invés de círculo virtuoso,
se deva pensar em uma espiral virtuosa ascensional, libertadora e
iluminadora.
VÍCIOS
E VIRTUDES |
Imoderação |
Temperança |
Temeridade |
Prudência |
Covardia |
Coragem
|
Avareza |
Liberalidade |
Vaidade |
Desvaidade |
Vileza |
Dignidade |
Indiferença |
Solidariedade |
Descortesia |
Delicadeza |
Indolência |
Presteza |
Fatuidade |
Modéstia
|
Malignidade |
Benignidade |
Inveja |
Desapego |
Injustiça |
Justiça |
Indecorosidade |
Decorosidade |
É
importante, entretanto, ficar esclarecido que no sistema aristotélico,
a Ética é uma ciência menos exata na
medida em que se ocupa com assuntos passíveis de modificação.
Ela não se ocupa com aquilo que no homem é essencial
e imutável, mas de aquilo que pode ser obtido por ações
repetidas, de disposições adquiridas ou de hábitos
que constituem as virtudes e os vícios. Seu objetivo último
é garantir ou possibilitar a conquista da felicidade.
Contudo, como já
tive oportunidade de discorrer sobre essa matéria em outros
ensaios, apenas direi agora que esse entendimento trivial, para mim,
contrariamente, define o que seja (ou o que possa ser) a Moral
(que é humana, construída pelos seres humanos e que,
muitas vezes, é apenas de conveniência humana, por ser
humana), não a Ética (que é Cósmica e
está além da vontade e da interferência humanas
por ser impessoal e inconsciente de si mesma). A Ética (filha
do Svmmvm Bonvm) é simplesmente inalcançável
e incompreensível no seu todo para
o homem enquanto estiver encarnado neste Plano, e, penso que jamais
poderemos ter acesso integral à Ética Cósmica.
Logo, a Ética<—>(Summum-Bonum)
não pode ser confundida com a Moral nem pode
ser sinônimo de Moral, ainda que esta, ao longo
da história da Humanidade, venha tentando ser inspirada na
Ética e pela Ética. Logo, como a Ética poderá
ser passível de modificação como propõem
e defendem aqueles que têm um entendimento diferente? E a felicidade
[eudaimonia] (melhor
seria grafar com F maiúscula), como
propôs Aristóteles, não se conquista porque não
pode ser conquistada; ela é pura e simplesmente uma decorrência.
Simbolicamente, conquista-se o Castelo... Mas, como tudo é
mudança e movimento... E se tudo é mudança e
movimento, nada pode existir no homem (e em nada) que seja
essencial e imutável, que,
ao longo do tempo, por exemplo, geralmente tentou fazer negócios
com os deuses que lhe impuseram, e que ele, homem, por uma mistura
básica de conveniência + medo, aceitou, engoliu e se
tornou dependente e docilmente cabresteado.
Enfim,
todas essas especulações e incompreensões decorrem
de diversos fatores, mas os dois principais são a fé
degenerante e a razão obliterante. Deixo a seguinte pergunta
para reflexão: Desde sempre, quantos milhões de pessoas
foram torturadas e assassinadas em nome da fé e da razão
para sustentação de uma moral (política, teológica
etc.) – apelidada de ética – mutável de
acordo com as predileções esquizofrênico-racionais
e com as ancoragens estupidificante-fideístas dos seres humanos,
em geral, e dos donos do poder, em particular? Portanto, a Ética
é possivelmente exata; a Moral é certamente inexata.
E é impossível que alguém possa ser feliz simplesmente
porque é um ser moral, qualquer que seja a base de sua moralidade.
O simplesmente não adianta nada. Pior é quando
o simplesmente é baseado no medo covarde ou na conveniência
hipotética.
Recordando:
admito que ninguém desconheça o que foi a 'Santa'
(sangueira absurdo-hipotética) Inquisição Católica
e que também não tenha esquecido, por exemplo, o que
representaram para a Humanidade o Movimento Nacional-socialista (Nazismo)
– fundado e liderado na Alemanha por Adolf Hitler (1889-1945)
et caterva sob e com o silêncio do Papa Pio XII –
e o Fascismo – regime estabelecido na Itália por Benito
Mussolini (1883-1945) et caterva com o apoio do rei Vittorio
Emanuelle III e com a simpatia do Estado do Vaticano e de Sua Santidade
o Papa Pio XI (que chegou a afirmar ele [Benito Mussolini]
está sob a completa proteção de Deus, depois
de o tirano italiano ter escapado ileso de dois atentados)
– que foi estruturado
(igualzinho ao Nazismo) para apoiar, validar e sustentar um governo
trevoso-autocrático-ditatorial centralizado na figura do
piccolino Duce, que
avisou na década de trinta: Il Fascismo non vi promette
nè onori, nè cariche, nè guadagni, ma il dovere
e il combattimento. Adolf
Hitler, aos berros-'gesticulosos', disse e, desumanamente,
fez coisas piores. O troco dos aliados e particularmente de Winston
Churchill (1874-1965) – um dos Três Grandes – para
esses dois déspotas foi blood, toil, tears and sweat.
Muito toil
e muito sweat.
No seu primeiro discurso
como Primeiro Ministro, em 13 de Maio de 1940, à House
of Commons, Churchill disse: I have nothing to offer
but blood, toil, tears and sweat.
A Inglaterra
sangrou, mourejou, chorou e suou, mas, com o apoio dos aliados, ganhou
a maldita Guerra. Adolf Hitler acabou se matando e sendo incinerado
(há quem especule que não); Benito Mussolini foi morto
de cabeça para baixo (aí não dá para especular,
pois as fotografias comprovam o episódio). Pode-se, aqui, pensar
em moral ou em ética nazi-facista? Ora, em nenhuma das duas;
pura e simplesmente tudo foi uma 'cabrestação'
ignorante, 'desfraternizante' e deformante.
É
preciso que fique claro que o arianismo nunca foi, não é
e jamais poderá ser estruturado em uma simples, absurda e presumida
superioridade dos homens brancos (ou de outra etnia) pressupondo uma
descendência do antigo povo ariano. Agora, se se quiser pensar
em um Arianismo Místico, ele é obviamente outra coisa,
e não implica, obviamente, em qualquer tipo de preconceito
ou na interrupção de quaisquer conexões.
Ao contrário do generalizado, as tribos Arianas não
possuíam, em maioria, olhos azuis, cabelo louro, ou alta estatura,
características, todas elas, Germânicas e Nórdicas,
embora muitas tribos Arianas se tenham misturado com ambas, assim
como todos os povos pela Europa. Para
ficar apenas com
um exemplo, o Jesus histórico
– que era essênio e misticamente
um Iniciado Ariano –
jamais foi louro e não
tinha olhos azuis. O fato inquestionável é que o arianismo
político-belicista foi (e continua sendo) uma mera justificativa-tentativa
transfigurada para dominação, como sucedeu na primeira
metade do século XX. Hoje, neste Terceiro Milênio, maquiladamente,
continuamos todos a assistir à mesma maluquice esquizofrênica.
Foram (re)paridos nos conventículos das trevas até os
conceitos políticos estapafúrdios de 'eixo do mal',
de 'legítima defesa preventiva', de 'terra arrasada'
e de 'assassinato seletivo' (maldades que não têm
nada de novo, mas que agora são ditas descaradamente na mídia)
para varrer da Terra quem for contra ou atrapalhar ambições
imperialistas e expansionistas. O mais lamentável nessa avalanche
de loucuras é que há religiosos e místicos que
apóiam essas idéias. Como há religiosos que apóiam
– via terror – o desmanche do Ocidente e vice-versa, como
se a Terra pudesse ser dividida em duas metades.
Ou
somos todos irmãos ou não somos todos irmãos.
Se somos todos irmãos, todas as guerras são fratricidas;
se não somos todos irmãos, elas são homicidas.
Mas como o fratricídio é um homicídio, todos
esses bestalhões belicistas são realmente quadruplamente
homicidas, pois em qualquer guerra há assassinato
de seres humanos, morte de animais e de microorganismos, destruição
de vegetais e comprometimento do ar, da água e dos minerais.
Isso para baratear o horror bélico e sem levar em conta outras
perturbações que envolvem o nosso Sistema Solar, a nossa
Galáxia e o Universo. Raios partam esses gajos! A vida responde
com dor aos interesses tenebrosos da morte. Ou não? Mas, se
este raciocínio estiver correto, não podemos reclamar
dos tsunamis, dos furacões, dos tornados, das enchentes,
dos vulcões, dos desastres, dos terramotos, dos desabamentos,
das reivindicações trabalhistas, das greves, dos crestamentos
citadinos, da violência urbana e rural, da febre aftosa, da
tuberculose bovina, do HIV, do Vírus H5N1
da Gripe Aviária, do... da... etc., etc., etc. Em duas palavras:
dos ajustamentos. Ou não? Afinal, somos nós que, direta
ou indiretamente, fabricamos tudo isso. Ou permitimos que seja fabricado.
Pergunta: o que a Ética poderá ter com tudo isso? Resposta:
nada. Então, repetindo; a Ética<—>(Summum-Bonum)
não pode ser confundida com a Moral nem pode
ser sinônimo de Moral, ainda que esta seja,
às vezes, inspirada por aquela.
Quase
me esqueci do Estagirita! Seguindo. Todavia, curiosamente, hoje se
sabe que Aristóteles depois de ter aderido ao platonismo critica-o
crescentemente, mais ou menos a partir de seus quarenta anos, passando
por uma posição Metafísica, para, finalmente,
resvalar para o mais profundo desinteresse pela própria Metafísica,
voltando-se para as ciências empíricas e valorizando
os dados classificados e constatados empiricamente. Ou como explicam
Reale e Antiseri: Em resumo, a história espiritual
de Aristóteles seria a história de uma 'desconversão'
do platonismo e da Metafísica e uma conversão ao Naturalismo
e ao Empirismo. Portanto,
a obra de Aristóteles não apresenta nem uma 'unidade
literária' nem
uma 'homogeneidade filosófica e doutrinária';
antes nasceu de sucessivas
estratificações, ou seja, por uma hereditária
cristalização de camadas superpostas, apresentando,
por isso mesmo, diversas contradições (como, por exemplo,
uma demonstração incontroversa e inexplicável
de preconceito contra as mulheres, contra os escravos e contra os
homossexuais), ainda que revele, inegavelmente, uma 'unidade
filosófica de fundo'. De
qualquer forma, Diógenes Laércio escreveu: Aristóteles
foi o mais genuíno dos discípulos de Platão.
E Dante, na Divina
Comédia, sentenciou: Mestre dos que sabem.
Eu, particularmente,
discordo de Dante. Ainda que eu respeite Aristóteles, prefiro
Platão que foi um autêntico Iniciado. De
qualquer maneira, o que Aristóteles lavrou no Livro X, capítulo
VII, da sua Ética a Nicômaco) foram
efetivamente idéias preconceituosas contra as mulheres, contra
os escravos e contra os homossexuais. Ou será que Aristóteles
admitia que mulheres, escravos e homossexuais não poderiam
se tornar imortais tanto quanto ele? Que pensava, realmente, Aristóteles
a respeito da imortalidade? Para mim, tudo isso é um grande
mistério que não consigo deslindar. Mistério
triste, entenda-se.
Mas,
com a morte de Aristóteles, seu sucessor imediato Teofrasto
(que em 323/322 a.C. sucedeu o Estagitita no cargo de reitor da Escola
do Perípatos mantendo-o até 288/284 a.C.) não
compreendeu e não conseguiu fazer com que os freqüentadores
do Perípatos (os peripatéticos) compreendessem
os aspectos mais profundamente filosóficos do pensamento aristotélico,
cabendo a Estratão de Lâmpsaco (dirigente do Perípatos
de 288/284 a.C. a 274/270 a.C.) a ruptura final com o pensamento aristotélico.
O renascimento do aristotelismo se deu com a edição
sistemática dos escritos de Aristóteles por Andrônico
de Rodes – décimo sucessor de Aristóteles –
na segunda metade do século I antes de Cristo. Enquanto isso,
os Iniciados sempre trabalharam em silêncio! Como continuam
a trabalhar.
Finalmente,
para concluir esta breve introdução, devo explicar três
coisas relativamente à metodologia que empreguei para produzir
este rascunho: a) editei, quando foi necessário, alguns fragmentos
do pensamento aristotélico, contudo, obviamente, sem alterá-los;
b) em alguns casos, aproveitei o fragmento aristotélico selecionado
para comentá-lo, dar alguns exemplos com fatos da contemporaneidade
e apresentar ligeiras reflexões místicas – cacoete
de professor e de Rosa+Cruz; e c) este trabalho – não
poderia ser diferente – está incompleto. Mas, ainda devo
dizer que a escolha dos fragmentos da densa Ética Aristotélica
recaiu, nomeadamente, sobre alguns temas pouco discutidos ou valorizados,
de uma maneira geral, mas que interessam sobremodo aos místicos,
ou seja, são propícios para reflexões de natureza
mística. E assim – e por este principal motivo –
mais uma vez repito: este estudo está consciente e absolutamente
incompleto, principalmente se considerado sob o aspecto acadêmico.
Mas, como foi preparado para místicos em geral e para Rosacruzes
em particular, eu me dou por satisfeito da forma como está.
Depois desta primeira parte, há uma segunda com outros fragmentos
do pensamento de Aristóteles.
Primeira
Parte
Ética a Nicômaco
(Fragmentos)
|
|
O
bem [agathon] é
aquilo a que todas as coisas tendem. [As
coisas realmente tendem para o Bem, ainda que o Universo não
seja nem teleológico nem escatológico. Mas,
o que é o Bem? A Teleologia é a doutrina que identifica
a presença de metas, fins ou objetivos últimos guiando
a Natureza e a Humanidade, considerando a finalidade como o princípio
explicativo fundamental na organização e nas transformações
de todos os seres existentes no plano das realidades (temporais).
A Escatologia é
a doutrina das coisas que devem presumidamente acontecer no fim dos
tempos. Teologicamente, a Escatologia trata do destino final do homem
e do mundo, e, geralmente, se apresenta em tom profético e
em um contexto apocalíptico. Então, acho que não
errarei muito se concluir que tanto a Escatologia quanto a Teleologia
interessam mais às religiões organizadas do que ao Misticismo
Iniciático. O Bem, que na verdade não se sabe exatamente
o que possa ser, independe de dogmas ou de doutrinas escatológicas
e teleológicas.]
Os defeitos não
dependem da idade, mas do modo de viver e de seguir, um após
outro, cada objetivo que lhe depara a paixão.
'Ótimo
é aquele que de si mesmo conhece [melhor
seria dizer procura conhecer] todas as coisas; bom o que
escuta os conselhos dos homens judiciosos; mas o que por si não
pensa, nem acolhe a sabedoria alheia, este é, em verdade, uma
criatura inútil.' (Hesíodo,
Trabalhos e Dias, apud Aristóteles). [Ainda que isto
seja uma norma geral e correta, no esoterismo ela é fundamental.
Não se aprende nada no âmbito esotérico pela experiência
alheia. Quando muito, são obtidas indicações.
O esforço tem que ser – e só pode ser –
pessoal.
Por outro lado, pergunto: há criaturas inúteis?
O que é inútil?]
Com
uma opinião verdadeira todos os dados se harmonizam, mas com
uma opinião falsa os fatos não tardam a entrar em conflito.
[Que melhor exemplo
se poderia escolher para esta afirmação aristotélica
do que a miríade de deuses fabricados pelos homens e, em conseqüência,
a miríade de religiões daí derivadas? O pior
é que cada um quer que o outro aceite e admita o seu Deus como
o verdadeiro. Mas, onde estará e qual será o verdadeiro
Deus? Esteja onde estiver, se estiver, não engendra ou apóia
qualquer tipo de discriminação, de vendetta
ou de conflito. No seu Credo da Paz, Sâr Validivar sentenciou:
Sou responsável pela guerra, se acredito que o deus de
minha concepção é aquele em que os outros devem
acreditar.]
Pode-se
dizer que existem três tipos de vida: a vida dos gozos
[hedonen],
a vida política [politikos]
e a vida contemplativa [theoretikos].
Falamos dos bens em dois
sentidos: uns devem ser bens em si mesmos; e os outros, em relação
aos primeiros.
Nem
todos os fins são absolutos; mas o sumo bem [ariston
teleion] é claramente algo de absoluto. [Por
isto, Moral é uma coisa e Ética outra completamente
diferente.]
Absoluto
e incondicional é aquilo que é sempre desejável
em si mesmo e nunca no interesse de outra coisa.
[Kant denominou
este entendimento de imperativo categórico.]
O
homem nasceu para a cidadania. [Ou
será que ele caminha para a Cidadania?]
O
bem, no homem, aparece como uma atividade da alma em consonância
com a virtude; e, se há mais de uma virtude, com a melhor e
mais completa [teleias].
As
coisas nobres e boas da vida só são alcançadas
pelos que agem retamente.
Confiar ao acaso o que
há de melhor e de mais nobre seria um arranjo muito imperfeito.
A
nobreza de um homem se deixa ver quando aceita com resignação
muitos grandes infortúnios, não por insensibilidade
à dor, mas por nobreza e grandeza de alma. [Cervantes
(1547 - 1616), em Colóquio dos Cães escreveu:
A humildade é o fundamento de todas as virtudes e sem ela
não há nenhuma que o seja.]
O
homem verdadeiramente bom e sábio [emphrona]
suporta com dignidade todas as contingências da vida,
e sempre tira o maior proveito das circunstâncias...
Tornamo-nos justos praticando
atos justos... Pelos atos que praticamos em nossas relações
com os homens nos tornamos justos ou injustos...
Está
em a natureza das coisas o serem destruídas pela falta [phtheireta]
e pelo excesso [hyperboles]...
e preservadas pela mediania.
Na
alma se encontram três espécies de coisas: as paixões
[pathe] (os
apetites, a cólera, o medo, a audácia, a inveja, a alegria,
a amizade, o ódio, o desejo, a emulação, a compaixão
etc.), as faculdades [dynameis]
(as coisas em virtude das quais somos capazes de sentir as paixões)
e as disposições de caráter [exeis]
(as coisas em virtude das quais nossa posição
com referência às paixões é boa ou má).
[Este entendimento
de Aristóteles, smj, é, de certa forma, simplista ou
simplificador, porque a constituição humana não
se resume apenas em corpo e alma.]
A virtude do homem é
a disposição de caráter que o torna bom e que
o faz desempenhar bem a sua função.
Um
mestre em qualquer arte evita o excesso e a falta buscando o meio-termo...
A virtude deve ter o atributo de visar ao meio-termo... A virtude
é uma espécie de mediania... Há na justiça
[dikaiosynes] dois
tipos de disposições, uma delas é o meio-termo...
[No quadro abaixo podem
ocorrer pequenas divergências conceituais. Por outro lado, para
um místico, o que poderão representar o justo
orgulho e a ambição justa? Misticamente
também se deve tomar muito cuidado com a denominada justa
indignação, para não fazer como eu que
ainda, de vez em quando, me irrito e me indigno um pouco além
da medida. O indignar-se justamente não pode dar azo a exageros.
E por falar em misticismo, não se pode confundir HUMILDADE
com humildade indébita ou improcedente.
O humilde indébito e contumaz é um subserviente por
natureza. Um místico deve ser humilde; jamais e sob qualquer
alegação um humilde subserviente, indébito e
contumaz. Um humilde subserviente, indébito e contumaz poderá
ser tudo, menos um Iniciado. Há algum tempo, escrevi um texto
denominado Em Torno da Questão da Humildade,
que pode ser lido em:
http://paxprofundis.org/
livros/humildade/humildade.htm
Contudo,
essa questão do justo meio-termo não pode ser considerada
universal. O melhor exemplo que encontro para essa rápida reflexão
que ora levanto é a fome mundial. A Organização
das Nações Unidas sabe e revela que 6 (seis) milhões
de crianças morrem a cada ano por causa da fome e de doenças
ligadas à desnutrição, e os países ricos
continuam inteiramente indiferentes para dar solução
a esses problemas. Preferem fabricar bombas. Quando ajudam, a ajuda
é pirotécnica, para aparecer na fotografia colorida,
isto é, para inglês ver como é costume se dizer.
Nesta matéria, portanto, não pode haver meio-termo,
pois não se combatem problemas dessa magnitude com meias medidas.
Sem ser catastrofista ou pessimista, acredito firmemente que está
se esgotando o tempo para que a Humanidade proceda a um tipo de reengenharia
internacional: terá que optar entre continuar a fabricar canhões
e esquentar o Planeta e ser solidária. Se não quiser
optar rapidamente, terá em curto prazo que optar mesmo não
querendo. Epílogo: ou opta já, ou optará daqui
a pouquinho, pois, inclusive, já começam a faltar alimentos.]
EXTREMO A |
MEIO-TERMO |
EXTREMO B |
Confiança |
Coragem |
Medo |
Intemperança |
Temperança |
Insensibilidade
|
Prodigalidade |
Liberalidade |
Avareza |
Vulgaridade |
Generosidade |
Mesquinhez |
Vaidade
Oca |
Justo
Orgulho (?) |
Humildade
Indébita |
Ambição |
Ambição
Justa
(?) |
Desambição |
Irascibilidade |
Serenidade |
Pacatez |
Arrogância |
Veracidade |
Falsa
Modéstia |
Insolência |
Espirituosidade |
Rusticidade |
Lisonjaria |
Amabilidade |
Ranzinzice |
Impudor |
Modéstia |
Acanhamento |
Inveja |
Justa
Indignação |
Despeito |
Extremo A —>
VIRTUDE <— Extremo B
Os homens são bons
de um modo só, e maus de muitos modos.
Do excesso ou da falta
não há meio-termo, como também não há
excesso ou falta de meio-termo. O meio-termo é determinado
pelos ditames da reta razão.
Se
não dermos ouvidos ao prazer, correremos menos perigo de errar.
As
pessoas que, agindo por ignorância, se arrependem do que fazem
podem ser consideradas agentes involuntários;
as pessoas que não se arrependem dos seus atos podem ser chamadas
de agentes não-voluntários.
Assim, tudo que se faz por ignorância é não-voluntário
e o que produz dor e arrependimento é involuntário.
Há, portanto, uma distinção entre agir por ignorância
e agir na ignorância.
[No fundo, smj,
tudo é produto da ignorância. Mas, confundir pedra com
pedra-pomes, como classificar? Portanto, por exemplo, a invasão
do Iraque, a destruição da Palestina e a ocupação
do Tibete não foram atos nem involuntários nem não-voluntários;
foram inconcebível e maldosamente voluntários.]
O princípio
motor está em nós. [E
assim, somos responsáveis por tudo. Sem qualquer exceção.]
Ninguém é involuntariamente
feliz, mas a maldade é voluntária. [Repetindo
para fixar: somos responsáveis por tudo. Sem qualquer exceção.]
São
as atividades exercidas sobre os objetos particulares que fazem [moldam]
o caráter correspondente.
A
morte é a mais terrível de todas as coisas, pois ela
é o fim, e acredita-se que para os mortos já não
há nada de bom ou de mau... Quanto mais virtuoso e feliz for
o homem, mais lhe doerá o pensamento da morte...
[É evidente
que estes são dois excertos do pensamento aristotélico
com os quais não posso concordar. Eles exemplificam, em parte
e claramente, o porquê do afastamento – ou mesmo da 'desconversão'
–
de Aristóteles do
platonismo e da Metafísica. Loucura especulativa: talvez se
Platão (428 - 348/347 a.C.) tivesse vivido mais uns vinte anos
e morrido com cem anos ao invés de com oitenta, o aristotelismo
talvez também tivesse permanecido em potência. E,
duplamente especulando um pouco mais, quem sabe a Svmma Theologica
de Santo Tomás de Aquino (Roccasecca, 1225 – Fossanova,
1274) fosse mais platônica do que aristotélica, e o Catolicismo
construído sobre o pensamento racionalista-tomista não
tivesse se afastado tanto do Cristianismo gnóstico que o originou.]
Na justiça
estão compreendidas todas as virtudes, e ela é a virtude
completa no pleno sentido do termo... A justiça não
é uma parte da virtude, mas a virtude inteira; nem é
o seu contrário – a injustiça – uma parte
do vício, mas o vício inteiro.
O
menor mal é considerado um bem em comparação
com o mal maior, visto que o primeiro [o
mal menor] é escolhido de preferência ao segundo
[o mal maior], e
o que é digno de escolha é bom, e de duas coisas a mais
digna de escolha é um bem maior. [Este
fragmento, por si só, daria um ensaio completo, mas vou resumir
minha inteira discordância com esta linha de especulação
exemplificando com um ato terrorista. Os terroristas acreditam que
matando mil poderão evitar a morte de cem mil, e assim tratam
e vêem a vida meramente em termos estatísticos. Admitem
estrategicamente os terroristas,
portanto, que um carro-bomba ou um homem-bomba que explodam e matem
pessoas inocentes, farão (ou obrigarão) com que seus
opositores se acovardem ou se retraiam ante o horror produzido e provocado
por uma devastação terrorista. Contudo, não tem
sido assim. Raciocinam que mil mortes inocentes sejam um mal menor
relativamente a cem mil ou a um milhão de pessoas que possam
vir a morrer ou a sofrer por causa de uma invasão, de uma ocupação
ou de uma espoliação sistemática (males maiores).
A doutrina política do assassinato seletivo, por exemplo, também
leva em consideração o mesmo princípio. Eu penso
diferente. Não há mal maior ou mal menor. Mal é
mal. Perversidade é perversidade.
Sobrevalia é
sobrevalia. Locupletação é locupletação.
Guerra é guerra. Invasão é invasão. Ocupação
é ocupação. Assassinato é assassinato.
Terror é terror. Não há, assim, mal justificável,
guerra justa, assassinato justo, terror justo e, conseqüentemente,
mal menor. Tudo isso é ética
e misticamente injustificável.
Só nos vários e conflitantes entendimentos morais e
teológicos (porque não há uma única moral
nem mesmo uma única teologia,
mas várias) poderão ser encontrados alguns tipos de
amparos ou de justificações (isto é, os próprios
amparos e as próprias justificativas) para essas decisões
antagônicas (mas equivalentes), e, portanto, no confronto de
morais e de teologias, se justificam – em si e por si –
os atos e os sacrifícios
belicistas e terroristas. Agora, a amputação de uma
perna gangrenada é mesmo um mal menor ou mesmo um bem [agathon],
e é melhor (e necessário) amputar uma perna infectada
do que morrer por causa da infecção.]
A
ação justa é intermediária entre o agir
injustamente e o ser vítima de injustiça. A Justiça
é uma espécie de meio-termo, porque se relaciona com
uma quantia ou quantidade intermediária, enquanto a injustiça
se relaciona com os extremos. Justiça é aquilo em virtude
do qual o homem justo pratica, por escolha própria, o que é
justo, e que distribui, seja entre si mesmo e um outro, seja entre
dois outros, não de maneira a dar mais do que convém
a si mesmo e menos ao seu próximo (e inversamente no relativo
ao que não convém), mas de maneira a dar o que é
igual [o meio-termo
entre o que é injusto para mais e o que é injusto para
menos] de acordo com uma proporção justa;
e da mesma forma quando se trata de distribuir entre duas pessoas.
A injustiça, por outro lado, guarda uma relação
semelhante para com o injusto, que são o excesso e a deficiência,
contrários à proporção, do útil
ou do nocivo. Na ação injusta, ter demasiado pouco é
ser vítima de injustiça, e ter demais é agir
injustamente. [No âmbito
do Misticismo Iniciático não há nada mais detrimentoso,
nocivo e prejudicial do que o(s) excesso(s), e, neste caso, os excessos
– para mais, ou para menos – só
levam a um (anti)resultado: irrealização.
O misticamente sadio é o meio-termo.]
As
disposições em virtude das quais a alma possui a verdade
– quer afirmando, quer negando – são em número
de cinco: a arte, a cognição [ou
razão] científica, a sabedoria [ou
experiência] prática, a sabedoria [ou
razão] filosófica e a razão [ou
Sabedoria] intuitiva. [Aqui
Aristóteles mantém os dois últimos níveis
de razão ensinados do platonismo (entendimento ou razão
discursivo-científica – cognição ou razão
científica ou conhecimento científico para Aristóteles
– e
inteligência ou razão filosófico-intuitiva –
sabedoria filosófica
para Aristóteles) como estão definidos em A República,
de Platão, como dianoia e noesis,
mas colocando intermediariamente
a
Sabedoria ou experiência prática
(deliberar bem, na Ética aristotélica) e acrescenta
como diferenciador o nível intuitivo para além
da própria inteligência
ou razão filosófico-intuitiva
platônica, talvez, smj, uma supranoesis(!) ou uma noesis
mais refinada que, como explica Aristóteles, apreende os primeiros
princípios (que, no final, refere-se ao mesmo conceito platônico,
porque não poderia ser diferente). Eu, como tenho afirmado
em outros trabalhos e em virtude de ser um estudante Rosacruz,
descomplico tudo isso: primeiro, não compreendo que possa haver
uma verdade definitiva ou absoluta (nem mesmo os meus conceitos de
bem, de beleza e de justiça são absolutos e definitivos),
e, segundo, por isto mesmo, penso que o alcançamento da inalcançável
verdade seja um processo ininterrupto e modificativo (ou melhor, alquímico-aprimorador),
cuja via insubstituível seja a transrazão
(nível no qual nem a razão e nem a própria personalidade
do ente enquanto ente podem ou conseguem interferir, ou seja, apenas
podem apreender, isso quando logram
decodificar o apreendido, para, então, promoverem juntas –
razão e personalidade –
as necessárias
mudanças pessoais e coletivas – quando for o caso –
no Plano de suas
respectivas atuações), que é, em si, superior
tanto à
sabedoria (ou razão) filosófica, quanto à sabedoria
(ou
razão)
intuitiva, como propõe Aristóteles, e que para Platão,
smj, eram uma só e a mesma coisa.
Finalmente, entendo que a Iniciação Mística só
possa se dar no Nível ou Plano Transracional.]
A
Sabedoria deve ser o resultado da razão intuitiva combinada
com o conhecimento científico – uma ciência dos
mais elevados objetos que recebeu, por assim dizer, a perfeição
que lhe é própria. [Fica
a pergunta: haverá perfeição? Pois, o que é
perfeito não necessita de aprimoramento, e isto, simplesmente,
representaria o fim de um processo que não tem fim –
como também não teve começo. Conclusão:
a perfeição, como o fim do que quer que seja, não
pode existir.]
A
Sabedoria filosófica, que é superior à sabedoria
prática, é um conhecimento científico combinado
com a razão intuitiva daquelas coisas que são as mais
elevadas por natureza. A sabedoria filosófica produz felicidade,
porque sendo ela uma parte da virtude inteira torna um homem feliz
pelo fato de estar na sua posse e de se atualizar. Por outro lado,
a obra de um homem só é perfeita quando está
de acordo com a sabedoria prática e com a virtude moral.
[Mesmo comentário
do fragmento anterior.]
As disposições
morais a ser evitadas são de três espécies: o
vício, a incontinência e a bruteza. Os contrários
de duas delas são evidentes: a um chamamos virtude e ao outro
continência. À bruteza, o mais apropriado seria opor
uma virtude sobre-humana, uma espécie heróica e divina
de virtude como a que Príamo atribui a Heitor em Homero, dizendo:
'Pois ele não parecia o filho de um homem mortal,/Mas alguém
que viesse da semente dos deuses.' [Ilíada,
XXIV, 258 ss.]
A boa fortuna,
quando em excesso, é um obstáculo... pois que o seu
limite é fixado com referência à felicidade.
Todas as coisas contêm
em si, por natureza, algo de divino. [Daí
o aforismo: Somos todos um.]
Não
existe coisa alguma que seja sempre agradável. [Este
fragmento também daria um ensaio completo, particularmente
se objetivasse analisar o porquê de uma grande quantidade de
pessoas que busca a Iniciação desiste no meio do Caminho
(às vezes desiste no começo, às vezes já
quase no final). Ora, as desistências advêm de variadas
ordens de conflitos que não examinarei neste momento; mas resumirei
todos os conflitos possíveis e os simbolizarei com a imagem
de um copo: um copo cheio de água simplesmente transborda.
E há
copos de todos os tamanhos. E há, ainda, copos que têm
uma certa vocação-predileção para transbordar
primeiro pelo lado esquerdo. E mais: algumas vezes, o que parecia
ser agradável, no âmbito da Iniciação,
pode dar origem a dissenções e/ou traições.
O fato é que a Peregrinação Iniciática
– ilusão de muitos –
em si, não
é agradável nem desagradável:
é neutra. A agradabilidade ou a (agradabilidade)–1
vai de cada um e de como cada um reage às dificuldades inevitáveis
da Senda Iniciática. De qualquer forma, a Peregrinação
Iniciática é
incompatível com a vaidade, a incontinência, a intemperança,
a desobediência, o autoritarismo, a curiosidade, a pressa, o
locupletamento etc. Em suma: com qualquer imperativo hopotético.
Daí, muitas desistências, diversas 'desconversões'
e algumas traições. Não há mesmo, considerando
desta forma e como pensava Aristóteles, coisa alguma
que seja sempre agradável. Quem espera da Via
Iniciática apenas flores sem espinhos e céu de brigadeiro
haverá de se decepcionar muito. Usando uma linguagem menos
formal direi que nessa Via prestigiosa que escolhemos não há
nem poderá haver moleza.]
De que serve a prosperidade
sem um ensejo de fazer o bem?
A amizade entre
os bons – e só ela – é invulnerável
à calúnia.
Uma vida virtuosa exige esforço
e não consiste em divertimento.
Segunda
Parte
(Outros
Fragmentos)
O
infinito é a falta de limite, logo, a concepção
do mal. [Independentemente
do fato de a falta de limite ser ou não ser a concepção
do mal, a categoria
infinito é uma coisa e a
categoria ilimitado
é outra. Já ponderei, em outros ensaios, que o Universo
não pode ser infinito, pois isto redundaria em permanente produção-criação
de matéria universal, o que é mística e cientificamente
um absurdo, pois, como ensinou Sâr Alden, para o Ser nunca
houve começo, pois o Nada não pode dar origem a alguma
coisa. Metafisicamente, pode-se pensar em um Universo Ilimitado,
mas não infinito. Seja como for, quando perguntavam ao Senhor
Buddha como havia sido criado o Universo, Ele respondia:
— O átomo
não pode compreender o Cosmos.
É
necessário admitir, em princípio, que as ações
honestas e virtuosas, e não apenas a vida comum, são
a finalidade da sociedade política.
O
verdadeiro discípulo é aquele que supera o mestre.
[Ah!, eu não posso
concordar com isto de jeito algum! Não comentarei esta obviedade-escorregadela
de Aristóteles, mas sei que, no meu caso, não tenho
e não terei jamais a intenção de superar aqueles
que me transmitiram alguma coisa. Por que eu haveria de tentar superar
ou de querer superar Akhnaton? Por que eu haveria de tentar superar
ou de querer superar Sâr Alden? Por
que eu haveria de tentar superar ou de querer superar Sâr Validivar?
Só a ilusória individualidade pode quimerizar ultrapassagens
em qualquer sentido. Somos todos Um.]
Meu
melhor amigo é aquele que, ao me desejar boas coisas, o faz
para o meu bem.
Deus
é demasiado perfeito para poder pensar em outra coisa senão
em si próprio. [Aqui
está uma clara transferência equivocada de um conceito
humano para uma presumida divindade que Aristóteles não
conheceu, e que ninguém poderá conhecer, porque inexiste
como tal. O que existe são deuses egregórico-coletivos
criados e inventados pelo ser-no-mundo. O único Deus,
por assim dizer, que poderá ser conhecido é o nosso
Deus Interior, e, certamente, não é um Deus egoísta
que só pense em si próprio, pois, se assim fosse, não
seria Deus, mas um demônio. Entretanto, é claro, que
no processo de construção deste Deus
Interior, o que ocorre, efetivamente, é uma espécie
de Alquimia que transmuta nossos demônios multimilenares em
um Deus, que, no tempo que não é tempo e que é
tempo, acabará se tornando uno com todos os Deuses, pois, como
já afirmei, a individualidade é uma ilusão. Para
muitos, isto é duro de admitir, mas é assim que é.]
Em
tudo o que fazemos temos em vista alguma outra coisa. [Hipoteticamente,
sim; categoricamente, não.]
A
primeira qualidade do estilo é a clareza.
Quando
Aristóteles foi interrogado sobre o que havia aprendido com
a Filosofia, disse: —
A fazer, sem ser comandado, aquilo que os outros fazem apenas por
medo da lei.
Deixe
que cada um exercite a arte que conhece.
Geralmente
são os bens que provêm do acaso que provocam inveja.
[Haverá acaso?]
O
homem prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto
diz.
A base da sociedade é
a Justiça. O julgamento constitui a ordem da sociedade: ora,
o julgamento é a aplicação da Justiça.
A
dúvida é o principio da Sabedoria. [A
dúvida metódica é o método com qual o
filósofo francês René Descartes (31 de março
de 1596, La Haye en Touraine, França – 11 de fevereiro
de 1650, Estocolmo, Suécia) procurou chegar à prova
da existência de verdades absolutas, logicamente necessárias
e de reconhecimento universal, tal como exige a defesa do dogmatismo
por ele preconizada e defendida, na questão da possibilidade
do conhecimento. Este
método consistia da filtragem de todas as idéias, eliminando
aquelas que não se afigurassem como verdadeiras e que fossem
dúbias, e apenas retendo aquelas idéias que não
suscitavam qualquer tipo de dúvida. Descartes para dar seguimento
a este processo isolou-se no seu quarto durante vários dias
em profunda reflexão. Réne Descartes, sendo dogmático,
ou seja, acreditando na possibilidade de conhecer a realidade e de
apreender mentalmente as suas características, apenas usou
o processo da dúvida, enquanto método, para atingir
o fim da descoberta de verdades absolutas, não se podendo lhe
associar ou lhe conceder o estatuto de céptico, ou seja, da
corrente oposta que nega a possibilidade de conhecer qualquer parte
integrante da realidade. Assim sendo, com a dúvida a ser utilizada
apenas temporariamente como método, a máxima associação
que podemos fazer a Descartes com o Cepticismo é considerando-lhe
um céptico moderado durante esta fase despoletada pelo seu
processo de reflexão.]
É
lícito afirmar que são prósperos os povos cuja
legislação se deve aos filósofos.
Nunca
decidas antes de ouvir ambas as partes. [Recentemente,
escrevi um texto sobre o Budismo e o pensamento do Senhor Buddha.
Um dos excertos foi este: Uma
mente perturbada está sempre ativa, saltitando daqui para lá,
sendo difícil de controlar; mas a mente disciplinada é
tranqüila. Portanto, é bom ter sempre a mente sob controle.
[Sim. Só controlando a mente será possível evitar
ou minimizar possíveis erros de avaliação, como,
por exemplo, o prejulgamento, coisa inaceitável que está
acontecendo em muitas cabeças atualmente no Brasil, relativamente
àquela monstruosidade que está sendo diariamente divulgada
pela mídia como o Caso Isabella. Como escreveu Christiano Fragoso
no texto Prejulgamento Induz Suspeição, o
prejulgamento em que incorra um Magistrado transforma o processo em
um jogo de cartas marcadas conspurcando a obra de realização
da Justiça, de que somos todos operários. Decididamente,
não devemos e não podemos dar vazão aos nossos
instintos não satisfeitos, pois, todos são inocentes
perante a lei, até que se prove o contrário. Por outro
lado, também não devemos e não podemos nos esquecer
jamais de que aos acusadores cabe o ônus da prova. Agora, o
óbvio: se haveremos de compensar todos os nossos equívocos,
haveremos de compensar também, oportunamente, todos os prejulgamentos
que fizermos.]
A
grandeza não consiste em receber honras, mas merecê-las.
Só
há um princípio motor: a faculdade de desejar. [Supondo
que isto seja verdade, o fato é que enquanto quisermos ou desejarmos,
faremos parte da massa insatisfeita que cultiva a ilusória
individualidade, permitindo que a fragmentação prevaleça
sobre a Unidade, que o individual prevaleça sobre o coletivo
e que o varejo prevaleça sobre o atacado.]
O
homem livre é senhor de sua vontade e somente escravo de sua
consciência.
Nós
somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então,
não é um modo de agir, mas um hábito.
O
que você tem capacidade de fazer, tem capacidade também
de não fazer.
O
começo de todas as ciências é o espanto das coisas
serem o que são.
É
bom não exercer qualquer profissão, pois um homem livre
não deve viver para servir outro. [Aqui também
não posso concordar com o Filósofo, pois, é claro,
a liberdade independe do exercício de uma profissão.
Na verdade, a liberdade independe de tudo.]
Nosso
caráter é resultado de nossa conduta.
O
egoísmo não é amor por nós próprios,
mas uma desvairada paixão por nós próprios.
O
prazer no Trabalho aperfeiçoa a Obra.
A
Natureza tem horror ao vazio. [Por isto, não existe
vazio.]
O
amor é o sentimento dos seres imperfeitos, posto que a função
do amor é levar o ser humano à perfeição.
[Se considerarmos que acima do amor está a compreensão...]
O
sábio procura a ausência de dor, e não o prazer.
Não
há nada que envelheça tão depressa como um benefício.
Os
avarentos entesouram como se devessem viver eternamente, e os pródigos
dissipam como se estivessem à beira do túmulo.
De
maneira evidente, o Estado está na ordem da Natureza e antecede
ao indivíduo; pois, se cada indivíduo, por si a si mesmo,
não é suficiente, o mesmo modo acontecerá com
as partes em relação ao todo. Ora, o que não
consegue viver em sociedade, ou que não necessita de nada porque
se basta a si mesmo, não participa do Estado; é um bruto
ou uma divindade. A Natureza faz assim com que todos os homens se
associem. Ao que primeiro estabeleceu esta fórmula se deve
o bem maior; pois se o homem, chegado à sua perfeição,
é o mais excedente dos animais, também é o pior
quando vive isolado, sem leis.
Todas
as coisas são definidas por suas funções.
O que, especialmente, diferencia
o homem é que ele sabe distinguir o bem do mal, o justo do
que não o é.
O
Estado é formado pela reunião de famílias.
A
autoridade e a obediência não constituem coisas necessárias,
apenas; mas, são também coisas úteis. Alguns
seres, quando nascem, estão destinados a obedecer; outros a
mandar.
Fica
evidente, portanto, que a cidade participa das coisas da Natureza,
que o homem é um animal político, por natureza, que
deve viver em sociedade, e que aquele que, por instinto e não
por inibição de qualquer circunstância, deixa
de participar de uma cidade, é um ser vil ou superior ao homem.
Este indivíduo é merecedor, segundo Homero, da cruel
censura de um sem-família, sem leis, sem-lar. Pois ele tem
sede de combates e, como as aves rapinantes, não é capaz
de se submeter a nenhuma obediência.
O
homem nada pode aprender senão em virtude do
que já sabe.
Chamo
demonstração o silogismo científico; chamo científico
aquele silogismo com base no qual, pelo fato de possuí-lo,
temos ciência.
Seria
melhor, talvez, considerar o Bem Universal e discutir a fundo o que
se entende por isto, embora tal investigação nos seja
dificultada pela amizade que nos une àqueles que introduziram
as Idéias. No entanto, os mais ajuizados dirão que é
preferível – e que é mesmo nosso dever –
destruir o que mais
de perto nos toca, a fim de salvaguardar a verdade, especialmente
por sermos filósofos ou amantes da Sabedoria. Porque embora
ambos nos sejam caros, a piedade exige que honremos a verdade acima
de nossos amigos.
O
homem, quando perfeito, é o melhor dos animais,
mas é também o pior de todos quando afastado da lei
e da justiça, pois a injustiça é mais perniciosa
quando armada, e o homem nasce dotado de armas para serem bem usadas
pela inteligência e pelo talento, mas podem sê-lo em sentido
inteiramente oposto. Logo, quando destituído de qualidades
morais, o homem é o mais impiedoso e selvagem dos animais,
e o pior em relação ao sexo e à gula.
Em
todas as artes e ciências, o fim é um bem, e o maior
dos bens e bem em mais alto grau se acha principalmente na ciência
todo-poderosa; esta ciência é a Política, e o
bem em Política é a Justiça, ou seja, o interesse
comum; todos os homens pensam, por isso, que a Justiça é
uma espécie de igualdade, e até certo ponto eles concordam
,de um modo geral, com as distinções de ordem filosófica
estabelecidas por nós a propósito dos princípios
éticos.
O
belo é o esplendor da ordem.
O menor desvio inicial da verdade
multiplica-se ao infinito à medida que avança.
O
historiador e o poeta não se distinguem um do outro pelo fato
de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso. Diferem entre
si, porque um escreveu o que aconteceu e o outro o que poderia ter
acontecido.
A
alma é a causa eficiente e o princípio organizador do
corpo vivente. [Os
elementos constitutivos da realidade são, portanto, a forma
e a matéria. A realidade, porém, é composta de
indivíduos, substâncias, que são uma síntese
de matéria e forma. Por conseqüência, estes dois
princípios não são suficientes para explicar
o surgir dos indivíduos e das substâncias que não
podem ser atuados – bem como a matéria não pode
ser atuada –
a não ser por
um outro indivíduo, isto é, por uma substância
em 'ato'. Daí a necessidade de um terceiro princípio,
a 'causa eficiente', para poder explicar a realidade efetiva das coisas.
A 'causa eficiente', por sua vez, deve operar para um fim, que é
precisamente a síntese da forma e da matéria, produzindo
esta síntese o indivíduo. Daí uma quarta causa,
a 'causa final', que dirige a 'causa eficiente' para a atualização
da matéria mediante a forma. Este comentário, que
eu apenas concordo em parte, foi retirado da Página da Internet,
cujo endereço é:
http://www.mundodosfilosofos.com.br/aristoteles.htm]
No
fundo de um buraco ou de um poço, acontece descobrir-se as
estrelas.
A
Natureza não faz nada em vão.
[Por isto, repito, não existe vazio.]
Haverá
flagelo mais terrível do que a injustiça de armas na
mão?
O
ignorante afirma; o sábio duvida; o sensato reflete.
O
erro acontece de vários modos, enquanto ser correto é
possível apenas de um modo.
A
esperança é o sonho do homem acordado.
Nada
do que está em potência passa ao ato senão por
outra coisa que está já em ato.
As revoluções
não concernem a pequenas questões; mas nascem de pequenas
questões e põem em jogo grandes questões.
A
Democracia surgiu quando, devido ao fato de que todos são iguais
em certo sentido, acreditou-se que todos fossem absolutamente iguais
entre si.
Nunca
existiu uma grande inteligência sem uma veia de loucura.
Que
vantagem têm os mentirosos? A de não serem acreditados
quando dizem a verdade.
A
felicidade consiste em ações perfeitamente conformes
à virtude, e entendemos por virtude não a virtude relativa,
mas a virtude absoluta. Entendemos por virtude relativa a que diz
respeito às coisas necessárias e por virtude absoluta
a que tem por finalidade a beleza e a honestidade.
Qualquer
pessoa pode se indignar. É fácil. Mas se
indignar com a pessoa certa, no grau certo, no momento
certo, pela razão certa e da forma certa – isso não
é fácil.
Sócrates
é meu amigo, mas sou mais amigo da verdade.
O
homem ideal de Aristóteles:
Ele não se expõe desnecessariamente ao perigo, uma vez
que são poucas as coisas com que se preocupa o suficiente;
mais está disposto, nas grande crises, a dar até a vida,
sabendo que em certas condições não vale a pena
viver. Está disposto a servir aos homens, embora se envergonhe
quando o servem. Fazer um favor é sinal de superioridade; receber
um favor é sinal de subordinação... Ele não
toma parte em manifestações publicas... É franco
quanto a suas antipatias e preferências, fala e age com franqueza,
devido a seu desprezo por homens e coisas... Nunca se deixa tomar
de admiração, já que a seus olhos nada é
excelente. Não consegue viver com complacência para com
terceiros, a menos que se trate de um amigo; a complacência
é a característica de em escravo... Nunca tem maldade
e sempre esquece e passa por cima das injustiças... Não
gosta de falar... Não lhe preocupa o fato de que deve ser elogiado
ou que outros devam ser censurados. Não fala mal dos outros,
mesmo de seus inimigos, a menos que seja com eles mesmos. Seus modos
são serenos, sua voz é grave, sua fala e comedida; não
costuma ser apressado, pois não acha nada muito importante.
Uma voz estridente e passos apressados são adquiridos pelo
homem através das preocupações... Ele suporta
os acidentes da vida com dignidade e graça, tirando o máximo
proveito de suas circunstâncias, como um habilidoso general
conduz suas limitadas forças com toda a estratégia da
guerra... Ele é o melhor amigo de si mesmo e se delicia com
a privacidade, ao passo que o homem sem virtude ou capacidade alguma
é o pior inimigo de si mesmo e tem medo da solidão.
Bibliografia
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Nicola. Dicionário de Filosofia. 2ª ed. Tradução
coordenada e revista por Alfredo Bosi. São Paulo: Editora Mestre
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ARISTÓTELES.
Ética a Nicômaco. In: — Os pensadores.
1ª edição. Tradução de Leonel Vallandro
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LOGOS
– ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA. vol. 1. Lisboa/São
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MORA,
José Ferrater. Diccionario de Filosofia. 8ª ed.
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Música
de fundo: Desconheço o título e o autor da música.
Fonte:
http://www.bairrovilaolimpia.com.br/HTMSomMid
Digital/SomMidi/MidisGregasBVO/Gregas.htm