Rodolfo Domenico Pizzinga


 

 

 

 

 

 

ÁGUA E ENVELHECIMENTO

(Arnaldo Lichtenstein*)

 

 

 

Arnaldo Lichtenstein

Arnaldo Lichtenstein

 

 

 

Sempre que dou aula de Clínica Médica a estudantes do quarto ano de Medicina, lanço a pergunta: — Quais são as causas que mais fazem o vovô ou a vovó terem confusão mental? Alguns arriscam: — Tumor na cabeça. Eu digo: — Não. Outros apostam: — Mal de Alzheimer. Respondo, novamente: — Não. A cada negativa, a se turma espanta. E fica ainda mais boquiaberta quando enumero os três responsáveis mais comuns: — 1º) diabetes descontrolados; 2º) infecção urinária; E 3º) a família passou um dia inteiro no shopping, enquanto os idosos ficaram em casa.

 

Parece brincadeira, mas não é. Constantemente, vovô e vovó, sem sentir sede, deixam de tomar líquidos. Quando falta gente em casa para lembrá-los, desidratam-se com rapidez. A desidratação tende a ser grave e afeta todo o organismo. Pode causar confusão mental abrupta, queda de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos (batedeira), angina (dor no peito), coma e até morte.

 

Insisto: isto não é brincadeira. Ao nascermos, 90% do nosso corpo é constituído de água. Na adolescência, isto cai para 70%. Na fase adulta, para cerca de 60%. Na terceira idade, que começa aos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água. Isto faz parte do processo natural de envelhecimento. Portanto, de saída, os idosos têm menor reserva hídrica.

 

Mas, há outro complicador: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar água, pois os seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam muito bem.

 

Explico: nós temos sensores de água em várias partes do organismo. São eles que verificam a adequação do nível de água no organismo. Quando ele cai, aciona-se automaticamente um alarme. Pouca água significa menor quantidade de sangue, de oxigênio e de sais minerais em nossas artérias e veias. Por isto, o corpo pede água. A informação é passada ao cérebro, a gente sente sede e sai em busca de líquidos.

 

Nos idosos, porém, esses mecanismos são menos eficientes. A detecção de falta de água corporal e a percepção da sede ficam prejudicadas. Alguns, ainda, devido à certas doenças, como a dolorosa artrose, evitam se movimentar até para ir tomar água. Conclusão: idosos desidratam-se facilmente. Não apenas porque possuem reserva hídrica menor, mas também porque percebem menos a falta de água em seu corpo. Além disso, para a desidratação ser grave, eles não precisam de grandes perdas, como diarréias, vômitos ou exposição intensa ao sol. Basta o dia estar quente – e o verão já vem aí ou a umidade do ar baixar muito, como tem sido comum nos últimos meses.

 

Nestas situações, perde-se mais água pela respiração e pelo suor. Se não houver reposição adequada, é desidratação na certa. Mesmo que o idoso seja saudável, ficam prejudicados o desempenho das reações químicas e as funções de todo o seu organismo.

 

Por isso, aqui vão dois alertas. O primeiro é para vovós e vovôs: tornem voluntário o hábito de beber líquidos. Bebam toda vez que houver uma oportunidade. Por líquido entenda-se água, sucos, chás, água-de-coco, leite. Sopa, gelatina e frutas ricas em água, como melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina também funcionam. O importante é, a cada duas horas, botar algum líquido para dentro. Lembrem-se disso!

 

Meu segundo alerta é para os familiares: ofereçam constantemente líquidos aos idosos. Lembrem-lhes de que isto é vital. Ao mesmo tempo, fiquem atentos. Ao perceberem que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro, ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção. É quase certo que esses sintomas sejam decorrentes de desidratação. Líquido neles e rápido para um serviço médico.

 

 

 

 

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* Arnaldo Lichtenstein (46), médico, é clínico-geral do Hospital das Clínicas e professor colaborador do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Fonte:

http://www.caras.com.br/edicoes/730/textos/261/

 

Observação:

Há algum tempo, escrevi o trabalho Água: Ímã da Vida (Algumas Propriedades Terapêuticas da Água e Alguns Exercícios Místicos). Se você tiver interesse em lê-lo, o endereço é:

http://paxprofundis.org/livros/agua/agua.html

 

 

 

 

 

 

 

 

Além destas explicações,

a água tem lá um segredo

que bem pouca gente sabe:

afasta o medo de ter medo,

impede a detestável tabe

 

 

A água também protege

contra coisas tenebrosas,

pois tem poder polarizador.

Torna as pessoas amorosas,

o mundo parece ter mais cor

e transmuta qualquer frege.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fundo musical:

Three Coins in the Fountain
Compositor: Jule Styne & Sammy Cahn
Intérprete: Frank Sinatra

Fonte:

http://www.boemio.com.br/
internacionais.php?letra=F

 

 

 

Fontana di Trevi

Fontana di Trevi – Roma