A
mente que se mantém ocupada (com o que alguém disse, com alguma
notícia recebida, com o que faremos amanhã, com a vida, com
a morte etc.) é incapaz de resolver um problema. Só a mente
que não está ocupada está fresca e pode compreender
um problema. Enquanto a mente estiver ocupada com o que quer que seja –
com as coisas mais elevadas ou com as mais insignificantes –
será sempre limitada e medíocre. E a mente medíocre
é incapaz de resolver qualquer problema; só sabe se manter
ocupada, mastigando e remastigando. Só se a mente estiver desocupada
e, por conseguinte, fresca, poderá considerar e resolver um problema.
Mas, ao contrário, a mente que está desocupada, que tem espaço,
pode se aplicar a um problema e resolvê-lo, porque essa mente é
fresca, e, portanto, se aplica ao problema de maneira nova, criativa, e
não com a velha herança das suas próprias lembranças,
manias e tradições. [In:
A Cultura e o Problema Humano (título do original: This
Matter of Culture), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

—
Onde se meteu o
meu pica-pau-de-barriga-vermelha?
—
Meu dragão-de-komodo adoeceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Minha
andorinha-de-rabo-branco emagreceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Meu
pica-pau-de-barriga-vermelha se escondeu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Meu
camelo-de-uma-bossa morreu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Meu
bonitão no couro não deu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Minha
bundequinha amoleceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Minha barriga cresceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Minha sombra engrandeceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Minha
penugem capilar abrandeceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
(Ficar
careca é 10.000 vezes pior do que ficar aquilo!)
— Meu candidato não
venceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Meu time dançou hully gully e perdeu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
O inverno se aqueceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
O
verão arrefeceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A
manhã anoiteceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A
noite amanheceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
O juiz absolveu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A umidade aboloreceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
O dia se entristeceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
O dollar desceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Meu dinheiro encolheu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A
tentação recrudesceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
O
desejo de violar reapareceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Minha
debilidade prevaleceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A
corda se rompeu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
—
O enforcado sobreviveu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A
causa—›efeito—›aprendizado
amadureceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A
compensação se estabeleceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A
face se contorceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
—
O tango se desvaneceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
—
O ideal se corrompeu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A
dignidade estremeceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A
sacanagem floresceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A
merda aumentou e fedeu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A
direção se inverteu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
O
esqueleto se remexeu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.

— João de Deus a muitas
precisadas constrangeu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
João de Deus o repúdio popular incorreu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
João
de Deus ao seu Manipura cedeu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
João
de Deus a espiritualidade torceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
João
de Deus no lamaçal se perdeu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
João
de Deus atraiçoou e não correspondeu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
João
de Deus a Inácio de Loyola ofendeu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
João
de Deus da fé humilde escarneceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
João
de Deus seu nobre ideal perverteu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
João
de Deus, hoje enjaulado, lágrimas verteu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
João
de Deus, ao fim e ao cabo, esmoreceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
JD
Enjaulado

Santo
Inácio de Loyola, S.J., Perplexo
—
Abadiânia inteirinha ensombreceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A
comunidade espírita se transverteu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
O
povo brasileiro se encheu de vergonha e sofreu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
O
Universo, horrorizado, emudeceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A
confiança-esperança, magoada, desapareceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
De
júbilo, toda a geena se encheu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Lá,
cada pedro-botelho gargalhou e agradeceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
A torpidade desvirtuou e apodreceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Aturdido,
eu não sei o que aconteceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Na Hora Certa, minha vida se interrompeu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Um dia, minha personalidade-alma renasceu,
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Eu... Eu... Eu...
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
Meu... Meu... Meu...
e eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
E
o tempo-hoje envelheceu,
e
eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
E,
de novo, a morte irrompeu,
e
eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.
E
o
permaneceu,
e
eu, encafifado, não conseguia
deixar de mastigar e de lamentar isso.

Música
de fundo:
Por
Una Cabeza
Composição: Carlos Gardel (música) & Alfredo Le
Pera (letra)
Fonte:
https://www.youtube.com/watch?v=H7xtMmwLlFo
Páginas
da Internet consultadas:
https://tenor.com/
https://pascomsaobenedito.com/
https://pt.wikipedia.org/wiki/In%C3%A1cio_de_Loyola
https://politica.estadao.com.br/
https://veja.abril.com.br/
https://www.canstockphoto.pt/
https://www.vectorportal.com/
https://www.photofunky.net/i/df2f84
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