O
importante não é o prazer nem a dor. É, antes, estar
em comunhão com todas as coisas, ser sensível tanto ao feio
como ao belo. Poderemos estar rodeados de grande beleza, por montanhas,
campos e rios, mas, se não estivermos plenamente despertos para tudo,
isto equivale a estarmos mortos. Poderemos ter um belo rosto e traços
finos, poderemos nos trajar com gosto e ter maneiras polidas, poderemos
pintar ou descrever bem a beleza de uma paisagem, mas, se não houver
aquele íntimo sentimento de bondade, todos os acessórios exteriores
da beleza só conduzem a uma vida muito superficial, a uma vida sofisticada,
a uma vida sem muita significação. É a Beleza Interior
que dá graça e singular delicadeza à forma e ao movimento
exteriores. Quando a mente só está preocupada consigo mesma
e com suas próprias atividades, não é bela. O que quer
que fizer, ela permanecerá feia, limitada e, por conseguinte, incapaz
de saber o que é a Beleza. Por isto, só a Bondade Interior
nos dará Beleza. E só da sensibilidade à totalidade
da existência brotam a Bondade e o Amor. E só a mente que Ama
é, de fato, uma mente Religiosa, porque está inserida no movimento
da Realidade, da Verdade, de Deus; só esta mente pode saber o que
é a Beleza. Enfim, a mente que não pertence a nenhuma nação,
a nenhum grupo e a nenhuma sociedade, que de nenhuma autoridade depende,
que não é impelida pela ambição nem contida
pelo medo – só
esta mente está sempre florescendo em Amor e Bondade. Porque está
no movimento da Realidade, ela sabe o que é a Beleza. Porque é
sensível tanto ao feio como ao belo, é uma mente criadora,
de ilimitada compreensão.
[Esta é mente de um Iniciado nos Mistérios Eternos, porque
fora da Iniciação nada do que acima foi dito poderá
ser compreendido nem realizado.] [In: A Cultura e o Problema Humano
(título do original: This
Matter of Culture), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

—
Se eu visse um homossexual,
interiormente, eu o criticava.
Se
eu
visse um bissexual,
interiormente, eu o acoimava.
Se
eu
visse um multissexual,
interiormente, eu o estigmatizava.
Se
eu
visse um zerossexual',
interiormente, eu o menosprezava.
Se
eu
visse um drag queen
(ou uma drag king),
interiormente, eu chorava.
Se
eu
visse um despudorado,
interiormente, eu o criminava.
Se
eu
visse uma lesbiana,
interiormente, eu a condenava.
Se eu visse uma bocetinha,
interiormente, eu a censurava.
Se
eu visse um garoto de programa,
interiormente, eu o ridicularizava.
Se eu visse um proxeneta,
interiormente, eu me horrorizava.
Se
eu visse uma alcoviteira,
interiormente, eu me persignava.
Se eu visse um soropositivo,
interiormente, eu me afastava.
Se eu visse um chincheiro,
interiormente, eu o desprezava.
Se
eu visse um traficante,
interiormente, eu o desqualificava.
Se
eu visse uma criança de rua,
interiormente, eu me atemorizava.
—
Se eu visse um descuidista,
interiormente, eu o depreciava.
Se eu visse um mexicano,
interiormente, eu o emparedava.
Se
eu visse um soteropolitano,
interiormente, eu o acordava.
Se
eu visse um muçulmano,
interiormente, eu o degredava.
Se
eu visse um judeu ortodoxo,
interiormente, eu o anatematizava.
Se
eu visse um pastor evangélico,
interiormente, eu o catequizava.
Se
eu visse um ayatollah,
interiormente, eu o amesquinhava.

Ayatollah
Ruhollah
Musavi Khomeini1
—
Se eu visse um babalorixá,
interiormente, eu o apequenava.

Babalorixá Joãozinho
da Goméia
—
Se eu visse um esquimó,
interiormente, eu me congelava.
Se
eu visse um feioso,
interiormente, eu vomitava.
Se eu visse um pedófilo,
interiormente, eu o amputava.
Se eu visse um bororó,
interiormente, eu o separava.
Se
eu visse um burro-sem-rabo,
interiormente, eu o desengatava.
Burros-sem-rabo
— Se eu visse um
sem-teto,
interiormente, eu o enxotava.

Sem-teto
—
Se eu visse um sem-ventura,
interiormente, eu o enjeitava.
Sem-ventura
— Se eu visse um quiquiqui,
interiormente, eu tataranhava.
Se
eu visse um nariz apertado,
interiormente, eu fanhoseava.
Se
eu visse um 'kojeka',
interiormente, eu me 'kojekava'.
Se eu visse um comunista,
interiormente, eu o transfigurava.
Se
eu visse um serial killer,
interiormente, eu o eletrocutava.
Se
eu visse um meliante do
,
interiormente, eu o 'solitarizava'.
Se
eu visse um descrente,
interiormente, eu o desvalorizava.
Se
eu visse um abracadabrista,
interiormente, eu o esconjurava.
Se
eu visse um extraterrestre,
interiormente, eu ordenava: go
home now.
—
Se eu visse uma múmia paralítica,
interiormente, eu a embalsamava.
Se
eu visse o Boi Xavante,
interiormente, eu o 'pirogava'.
Se eu visse um corrupto(r),
interiormente, eu o exprobrava.
Se
eu visse um Papai Noel,
interiormente, eu não me emocionava.
Se
eu visse uma árvore de Natal,
interiormente, eu não me sensibilizava.

Árvore
de Natal
— E assim, preconceituoso
+ bronco, eu sempre fui
gentil por fora,
mas,
insolente por dentro.
E,
±
como o Dorian Gray, acabei esticando,
horrendo
por fora e execrável por dentro.
Mas,
de tanto perambular pelo Multiuniverso,
eu
acabei 'compreentindo'2:
somos todos um.
E
pude, enfim, transmutar minha cuca ignóbil
em
uma mente criadora de
ilimitada compreensão,
sempre
florescendo em Amor, Bondade e Beleza,
Piedade, Solidariedade e Unimultiplicidade,
pois,
tudo isto sempre esteve em meu interior,
como
está no interior de todos os seres-aí.
Dorian
Gray
(Estamos o que não Somos,
e, por não sermos o que Somos,
morremos e samsarizamos!)
______
Notas:
1. Ruhollah
Musavi Khomeini, nascido em Khomein, em 24 de setembro de 1902 e falecido
em Teerã, em 3 de junho de 1989, foi uma autoridade religiosa xiita
iraniana, líder espiritual e político da Revolução
Iraniana de 1979, que depôs Mohammad Reza Pahlavi, na altura o Xá
do Irã, e instaurou uma República Islâmica. Governou
o Irã desde a deposição do xá Reza Pahlavi até
a sua morte em 1989. Costuma ser referido como Imã Khomeini dentro
do Irã e no mundo ocidental como Ayatollah Khomeini. Após
a Revolução, Khomeini se tornou o Líder Supremo do
País, uma posição criada na Constituição
da República Islâmica como a autoridade política e religiosa
mais alta da nação, que ele manteve até sua morte.
Ele foi sucedido por Ali Khamenei, em 4 de junho de 1989.
2.
'Compreentindo'
= Compreendendo
+ Sentindo.
Música
de fundo:
Ding
Dong Merrily on High
Composição: George Ratcliffe Woodward
Fonte:
http://www.freexmasmp3.com/ding-dong-merrily.html
Páginas
da Internet consultadas:
https://cardplayer.com.br/
https://www.metropoles.com/
http://www.palmares.gov.br/?p=31927
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ruhollah_Khomeini
http://conceitosetemas.blogspot.com/
https://medium.com/@edysenador/pcc-a-
ascensão-do-crime-organizado-9678743319a6
https://www.animatorpete.com/
https://br.pinterest.com/pin/235735361723497583/
https://www.mob76outlook.com/
https://gifer.com/en/2aSq
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