A vida é um processo totalmente integrado, em que há muita alegria. Mas, isto só poderá nos acontecer se/quando não estivermos mais psicologicamente dependentes de ninguém e de nenhuma sociedade, quando houver completo desapego interior, porque só assim teremos a possibilidade de amar realmente o que fizermos. Se amarmos o que fizermos, deste amor nascerá um extraordinário sentimento de criação, a experiência de alegria e aquela sensação/percepção de paz interior. Enfim, só se não nutrirmos nenhuma espécie de preconceito e nenhuma tendência casuística, só se estivermos abertos para tudo, só se notarmos todas as coisas, só se observarmos sem crítica, sem preconceito, sem julgar e sem concluir, então, nos poremos em relação direta com todas as pessoas e todas as coisas, e tudo o que nos cerca se tornará extraordinariamente interessante e intensamente vivo. Só compreenderemos a vida por nós mesmos, e isso só poderemos fazer quando estivermos plenamente cônscios, muito atentos e vigilantes, observando com interesse tudo o que nos cerca. Então, descobriremos o que é realmente ser feliz. [In: A Cultura e o Problema Humano (título do original: This Matter of Culture), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

 

 

 

— Eu nasci brasileiro,

mas, não amava o Patropi.

Eu achava a necessária e útil,

mas, não amava o Deltan Martinazzo Dallagnol.

Sempre admirei a Filosofia Satyagraha,

mas, não amava o .

Sempre defendi a autonomia do Tibete,

mas, não amava o .

Eu respirava,

mas, não amava o ar atmosférico.

Eu bebia ,

mas, não amava a água que eu bebia.

Eu brincava de polícia e ladrão,

mas, não amava ser polícia nem ladrão.

Eu ia à escola,

mas, não amava escola nem a minha professora.

Eu morava em uma bela e confortável,

mas, não amava a minha casa.

Sempre fui flamenguista,

mas, não amava o Zico.

Eu namorei uma supergata chamada Tereza,
(de meter inveja até no belo Alain Delon),

 

 

O Belo Alain Delon

 

 

A Supergata Tereza

 

 

— Eu ia à praia,

mas, não amava tomar banho de mar.

Eu fazia trilha,

mas, não amava a floresta.

Eu era cursilhista,

mas, não amava as pessoas.

Eu praticava jardinagem,

mas, não amava os arranjos florais.

Eu morava em Maranguape,

mas, não amava o Ceará.

Mudei-me para Feira de Santana,

porém, eu também não amava a Bahia.

Depois, fui morar no Arroio dos Ratos,

mas, igualmente, eu não amava o Rio Grande do Sul.

Eu me casei e tive quatro filhos,

mas, não amava nenhum deles.

Eu tinha um gato, um papagaio e uma jibóia,

mas, não amava nenhum desses bichos.

Eu estava bem empregado,

mas, não amava o meu chefe nem o meu emprego.

Para gaguinho, votei no Ary Leite,

mas, eu não amava o cacacacacacaquiiiiiiii.

 

 

Ary Leite

 

 

— Para rei, votei em Manuel Bandeira,

mas, eu não amava a Pasárgada.

Para Poeta, votei no Fernando Pessoa,

mas, eu não amava o fingidor.

Para Capitão, votei no Gay,

mas, eu não amava o Carlos Suely.

 

 

Carlos Suely e Capitão Gay

 

 

— Para meu guru, votei no Tim Tones,

mas, eu não amava a sacolinha.

Para ditador, votei no Adenoid Hynkel,

mas, eu não amava a Tomainia.

 

 

 

 

— Eu gostava de ver o Garrincha jogar,

mas, não amava o Anjo de Pernas Tortas.

De vez em quando, eu ouvia o Sinatra,

mas, não amava o Ol' Blue Eyes.

Eu também ouvia o Rei da Pilantragem,

mas, não amava o Simona nem as suas músicas.

Eu era amigo do Príncipe,

mas, não amava o Niccolò nem o seu principado.

Eu li a obra completa de Platão,

mas, não amava a República nem as Epístolas.

Eu fui criado no Catolicismo,

mas, não amava o Papa Francisco.

Eu acreditava que existia um Deus,

mas, não amava esse Deus.

Eu respeitava os Santos Cosme e Damião,

mas, não amava as suas santidades.

 

 

Ícone Ortodoxo de São Cosme e São Damião

 

 

— Quando eu via um desgraçado,

eu era insensível à sua dor.

Sempre autocentradíssimo,

eu só me importei comigo e comigo mesmo.

Sempre pensei assim:

se eu me virei,

os outros que se virassem também;

se eu fui à luta,

os outros que fossem também;

se eu conquistei,

os outros que conquistassem também.

Eu nunca dei mole para ninguém.

Eu nunca soube o que é a empatia.

Eu nunca soube o que é a misericórdia.

Eu nunca soube o que é a solidariedade.

Eu nunca soube o que é o desapego.

Eu nunca soube o que é a boa vontade.

Eu nunca soube o que é a Vontade para o Bem.

Eu nunca soube o que é o Amor.

Eu nunca soube o que é a unimultiplicidade.

Para mim, todas essas coisas eram de somenos.

Eu sempre quis (ser) mais... Mais... Mais...

'Ego... Ego... Ego... Primus inter totum.'

Ególatra, eu vivi sem amar nada nem ninguém.

E, no fim, eu morri doente, só e abandonado,

como sapo-cururu vadio em terreno baldio,

morrendo de fome e tremendo de frio,

coaxando, sofrendo e, de viver, com fastio!

No céu, ninguém abriu a porta para mim,

e, do inferno, fui escorraçado.

Hoje, triste, vagueio ao léu por aí,

procurando um lugarzinho para descansar.

Quem sabe, em Saramandaia!

Ou, talvez, em Sucupira!

Só espero que não me mandem para

algo semelhante à Casa de Saúde Doutor Eiras!

 

 

 

— Eu quero descansar só um pouquinho!

 

 

 

Música de fundo:

País Tropical
Composição: Jorge Ben Jor
Interpretação: Wilson Simonal

Fonte:

http://muzmo.ru/info?id=48787050

 

Páginas da Internet consultadas:

http://www.ofuxico.com.br/

https://www.youtube.com/channel/
UC0W5bclFxAaMxcxdVY2AKgQ

https://br.vexels.com/

https://gfycat.com/gifs/search/old+lady+dancing

http://pt.fanpop.com/

https://ocaisdamemoria.com/

https://en.wikipedia.org/wiki/Alain_Delon

http://revistadonna.clicrbs.com.br/

https://tenor.com/search/feels-bad-man-gifs

https://dribbble.com/

https://www.goalcast.com/

http://dalailamaportland2013.net/the-dalai-lama/

http://www.visaonoticias.com/

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:
Water_molecule_rotation_animation_large.gif

https://pt.wikipedia.org/wiki/Cosme_e_Dami%C3%A3o

 

Direitos autorais:

As animações, as fotografias digitais e as mídias digitais que reproduzo (por empréstimo) neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright são exclusivos de seus autores. Entretanto, como nem sempre sei a quem me dirigir para pedir autorização para utilizá-las, se você encontrar algo aqui postado que lhe pertença e desejar que seja removido, por favor, entre em contato e me avise, que retirarei do ar imediatamente.