MINHAS MÃOS
E MINHAS ORELHAS
(7 de Setembro Sempre!)
Rodolfo Domenico Pizzinga
O que poderá haver de mais semelhante e de mais inteiramente igual à minha mão ou à minha orelha do que as suas imagens no espelho? E, no entanto, não posso substituir à imagem primitiva a mão vista no espelho, pois, se era mão direita, no espelho, ela é mão esquerda, e a imagem da orelha direita é uma orelha esquerda, que, de nenhum modo, pode ser trocada pela outra. [In: Prolegômenos a Toda Metafísica Futura (em alemão, Prolegomena zu Einer Jeden Künftigen Metaphysik, die als Wissenschaft Wird Auftreten Können), de autoria do filósofo Immanuel Kant.]
A nossa representação sensível de nenhum modo é uma representação das coisas-em-si1 mesmas, mas, apenas, da maneira como elas nos aparecem. [Ibidem.]
— Fiquei me olhando no espelho,
e vi mãos no lugar das orelhas
e orelhas no lugar das mãos.
Assustado e preocupado, perguntei:
— Espelho, espelho meu, há Rofoldo mais bonito do que eu?
E o espelho suspirou e respondeu:
— Oh!, Rofoldo ignaro! Então não há o Bolsonaro?— Vivi confundindo alhos com bugalhos
e sempre tomando bugalhos por alhos.— Vivi delirando, imaginando e crendo que as minhas
representações sensíveis eram as coisas-em-si mesmas.— Vivi vendo fantasmas boiando no ar.
Umas vezes, eu achava que eram deuses;
outras, eu achava que eram demônios.— Vivi construindo fantasmagóricos castelos de cartas,
no meu árido e estéril deserto mental.
— Olhei para a minha mão direita
e pensei que era a minha orelha esquerda;
depois, olhei para a minha orelha direita
e pensei que era a minha mão esquerda.
— Sonhei que eu era um trovador da Idade Média,
mas, acordei no século XXI totalmente fora do tom.— Pensei que o melhor regime é uma ditadura;
conspirei, mas o Alexandre de Moraes me encanou.— Admiti que o melhor é laissez faire, laissez aller, laissez passer;
todavia, nem faire, nem aller, nem passer.— Esculachei o sistema eleitoral brasileiro,
e acabei me tornando inelegível por oito anos.— Cri que vacina antiCOVID faz virar jacaré,
não me vacinei e o SARS-CoV-2 me jantou.
João-teimoso Antivacinista Jantado por um Coronavírus Faminto
— Fui a favor do antivacinismo e do apartheid de vacinas,
e por pouco não me tornei uma fedorenta não-entidade absoluta.
Não há melhores nem piores,
não há mais importantes nem menos importantes,
não há meritosos nem demeritosos,
não há os que podem e os que não podem,
não há incluídos nem excluídos,
não há abençoados nem condenados,
não há escolhidos nem preteridos.
Tudo, sem exceção, tem que ser para todos.
— Achei que a poluição ambiental era um exagero;
ela só aumentou e eu fiquei todo emporcalhado.
— Achei que o aquecimento global era papo-furado;
o clima mudou e eu, que nunca soube dançar, dancei.
— Acreditei que um apocalíptico armagedom estava próximo,
e, lentamente, fui me destruindo interiormente.— Acreditei que as alegorias eram verdades irredutíveis,
e admiti que todas as idéias tropológicas eram incontestáveis.— Acreditei que em rio que tem piranhas,
jacaré, se quiser viver, tem que nadar de costas.— Sempre acreditei que comunista come criancinhas,
e que melancia é um perigo para o Estado Democrático de Direito.— Sempre acreditei que a Humanidade acabaria sendo dominada,
exatamente como está relatado em Os Protocolos dos Sábios de Sião.2
— Botei fé no Valdemiro Santiago e nos seus feijões;
comprei sete @s de feijão, mas, continuei faminto.— Meti fé no R. R. Soares e na sua H2O milagrosa;
comprei 100 litros de H2O, mas, continuei boquisseco.— Negociei com deus e ofereci um baita trízimo especial;
continuei mais duro que coisinha de adolescente.— Convidei o Kim Jong-un para tomar um chá das cinco,
mas, ele bombardeou a minha casa com um foguete-de-assobio.
— Convidei o Maduro para comer umas mães-paridas lá em casa,
mas, ele disse: — No lo haré; no me gustan las tostadas francesas.— Pedi ao Tio Patinhas uns marcaureles emprestados;
ele me emprestou um tostão furado, e pediu o troco.
— Perguntei ao Antônio Houaiss o significado de cagahouse,
e ele me respondeu: — É a mesmíssima coisa que fudelhufas.
— Insisti
e perguntei o significado de fudelhufas,
e ele me respondeu:
— Foi
o que tentaram fazer no Brasil em 8 de janeiro de 2023.
Continuei:
—
E se o 8
de janeiro tivesse dado certo?
Em espanhol, ele me respondeu:
—
Estaríamos jodidos y mal pagados.
— Perguntei ao Anderson Torres o porquê da tal minuta,
e ele me respondeu em latim: — Ego sum natus conspirátor.— Perguntei ao Coronel Cid por que ele cumpria as maluquices,
e ele, humilde, me respondeu: — Se um mandar, o outro deve obedecer.
— Perguntei ao Bolsonaro por que ele gosta tanto de jóias,
e ele me confidenciou: — Sou belo, e elas me aformoseiam ainda mais!
Donald John Trump, enfim, descascado pelo tempo e despentelhado!
— Perguntei ao Pinochet por que ele pinochetou tanto assim,
e ele, pinochetante, disse: — Si no pinochetasse yo, ¿quién lo pinochetaria?— Perguntei ao Tim Tones por que ele matou tanta gente,
e ele, peremptório, disse: — Eu não matei ninguém; eles é que se suicidaram!— Perguntei ao Papa
por que ele havia renunciado,
e ele, cauteloso, explicou: — Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar!— Perguntei ao Dr. Getúlio por que ele havia se suicidado,
e ele, patriota, declarou: — Deixei a vida para entrar na História!
— Perguntei
ao João Divino por que ele se tornou um criminoso sexual,
e ele, incorporado,
me contou:
—
Bobeatus sunt, encaçapatus est!
— Perguntei ao Lobo Mau por que ele era tão mau assim,
e ele, amoroso, disse: — Eu não sou tão mau assim; você é que bom demais!
— Perguntei
ao hipotético por que ele não se tornava categórico,
e ele, ladinamente, confessou:
—
Uma vez hipotético, sempre hipotético!
— Perguntei
ao Immanuel Kant o porquê de tantas Críticas,
e ele, kantisticamente,
falou:
—
Para ver se a Humanidade toma juízo na fuça!
— Perguntei ao José: — E agora, José? Como é que é?
E ele, inspirado no Carlos Drummond de Andrade, versejou:
— Pois é, né? Fazer o quê, né?
O elástico se 'desresilienciou'!
Oh! A choppeidança acabou!
A Selma se enforcou!
A babaquice se espatifou!
O Gabinete do Ódio gangrenou!
Mas, a Democracia triunfou!
A República se firmou!
O Lula vitoriou!
Sem saber o que fazia,
eu fiz o que me mandaram,
mas, a luz apagou,
o dia escureceu,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
o diabo gargalhou!
Esqueci o meu nome,
só zombei dos outros,
protestei e conspirei,
vandalizei e destruí!
Nunca soube quem fui
e nem sei quem eu sou!
Serei eu José?
Ou só mais um mané?
Por isso, eu imitei!
Fui inocente útil,
analfabeto político,
bucha de canhão,
papagaio de pirata,
pau-mandado,
menino de recado,
ajudante-de-desordens,
postador denews
e maria-vai-com-as-outras!
A noite esfriou,
minh'alma congelou,
a coruja chiou,
o fantasma peidou
e a bruxa cozinhou!
O dia não veio
e o bonde também não;
o riso não veio
e não veio a utopia!
E o golpe mancou,
a conspiração palidejou,
a balbórdia anemizou,
a ditadura mixou,
o bolo solou!
E tudo acabou,
e tudo fugiu,
e tudo gorou,
e tudo mofou!
Mas, ele 'floridou'!
E eu me lasquei!
Só incoerência!
Só inconseqüência!
Uma grande demência!
Só anticiência!
E o mar secou!
Sozinho no escuro,
escondido num furo,
qual bicho-de-toca
– sem teogonia,
sem alegria,
sem qualquer valia,
no espelho, um espectro,
no Coração, um inferno,
o futuro incerto,
sem parede nua
para poder me encostar –
esperancei um milagre!
Mas, minha esperança morreu,
porque era uma esperança de merda,
mistura de miragem com ilusão!
E – seme sem
–
aindavivo, eu morri com ela!
Perdão! Perdão! Perdão!
8 de janeiro nunca mais!
Golpe de Estado nunca mais!
Ditadura nunca mais!
7 de setembro sempre!
Democracia sempre!
Liberdade sempre!
______
Notas:
1. Em Filosofia, coisas-em-si, são as coisas que existem, mas, não podem ser sensivelmente experimentadas pelos seres humanos, pois, não podem ser intuídas. Em princípio, a coisa-em-si é algo que existe por si próprio, independentemente de o sujeito perceber sua existência, tornando-o um objeto. Em Kant, o termo númeno é usado para falar da coisa-em-si, isto é, da coisa em sua existência pura, independentemente de qualquer representação.
2. Os Protocolos dos Sábios de Sião (ou Os Protocolos de Sião) é um texto anti-semita que descreve um escabroso projeto de conspiração, por parte dos judeus e dos maçons, de modo a atingirem a dominação mundial através da destruição do mundo ocidental. O texto foi uma referência bibliográfica importante e fundamental para a elaboração do livro Mein Kampf (em português: Minha Luta), de autoria de Adolf Hitler, e, de acordo com o Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, influenciou sobremaneira o Nazismo, e permanece em circulação até os dias atuais, sobretudo na Internet. Os Protocolos incluem planos para subverter os valores morais do mundo não-judeu, planos dos banqueiros judeus para controlar a Economia mundial e planos dos Judeus, em geral, para controlar a imprensa, tudo isso visando a destruição da civilização. Resumindo: Os Protocolos dos Sábios de Sião é uma obra de magia negra, apócrifa, covarde, fraudulenta, inexata, sem fundamento, de muito mau gosto e contrária à realidade-verdade. A Maçonaria e o Judaísmo nunca tiveram como meta a dominação mundial através da destruição do mundo ocidental. Isto não é menos do que um delírio psicopático-esquizofrênico. Aqueles que tentaram (como foi, por exemplo, o caso de Adolf Hitler) e tentarem (como está sendo o caso atual de
) dominar a Humanidade, seja lá pelos motivos que forem e do jeito que for, quebraram e sempre quebrarão a cara. Shambhala e a Grande Loja Branca jamais permitirão que isto aconteça. Está feito. está selado. Há, por outro lado, um Plano Espiritual Educativo Shambhálico e um Projeto Iniciático Illuminador e Libertador Hierárquico para a nossa Humanidade, dos quais nada sabemos, mas, que, estes, sim, lentamente, estão sendo implementados e cumpridos. Você terá uma idéia melhor sobre este Plano e este Projeto, se, pelo menos, ler os livros escritos por Helena Petrovna Blavatsky, Alice Ann Bailey, Platão, Edward George Bulwer-Lytton, Joseph Alexandre Saint-Yves d'Alveydre, Manly Palmer Hall e Raymond Bernard, todos Discípulos-estudantes Aceitos da Augusta G.'. L.'. B.'. Enfim, se você resolver ler Os Protocolos, multiplique por – 1 tudo o que nele está contido.
Os Procolos x – 1 = Realidade + Verdade.
Música de fundo:
Modinha para Gabriela
Compositor: Dorival Caymmi
Interpretação: Gal CostaFonte:
https://www.palcomp3.com.br/tresemum/modinha-pra-gabriela-tres-em-um/
Páginas da Internet consultadas:
https://www.reflexoesdofilosofo.blog.br/2014/10/mauthner-e-o-mundo-fenomenico.html
https://www.deviantart.com/edhoartwork/art/Khalil-Gibran-in-WPAP-468612005
https://www.pensador.com/bondade/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Coisa_em_si
https://www.vexels.com/free-vectors/desert/
https://thenounproject.com/browse/icons/term/house-of-cards/
https://pt.vecteezy.com/arte-vetorial/2494915-foguete-de-fogos-de-artificio
https://www.insidehighered.com/
https://www.amazon.com.br/Teimoso-Infl%C3%A
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