Dezembro.
Domingo, cinco horas da tarde. Um calor infernal. Rofofócrates –
Filósofo grego da melhor qualidade que havia trocado Peiraieús
pelo Brasil – tomava uma geladíssima água do fruto da
Cocos nucifera
em um quiosque em Copacabana, no Rio de Janeiro, quando...
—
Rofofócrates?
Que surpresa agradável!
O
Filósofo parou de chupar o canudinho mergulhado no fruto da Cocos
nucifera, e olhou na direção de quem o chamara.
Imediatamente reconheceu Pizzintóteles – um aluno particular
de Filosofia que tivera há alguns anos, que queria saber tudo, mas
que, apesar de se esforçar muito, não conseguia entender lhufas
de bulhufas de nada que dissesse respeito à Filosofia. Relampadejante,
Rofofócrates se lembrou de quando desistira, depois de muito relutar,
de dar aulas particulares a Pizzintóteles. Depois de tentar explicar,
de todas as maneiras possíveis, a diferença inconciliável
entre Filosofia e FiloSOPhIa,
e de seu aluno contestar todas elas, Rofofócrates, educadamente,
propôs a Pizzintóteles que lesse todos os pré-socráticos
e as obras completas de Platão e de Aristóteles. Se quisesse,
o que recomendava, também deveria ler As Enéadas,
de Plotino. Quando ele completasse esta leitura, com uma presumida base
mais sólida em Filosofia, ainda que elementar, as aulas particulares
poderiam recomeçar. Continuar do jeito que estava, para ambos, era,
mais do que uma perda de tempo, um padecimento inútil. Sete anos
se passaram e Pizzintóteles sumira. Agora, ali, em Copacabana, no
Rio de Janeiro, domingo, cinco horas da tarde, logo quando ele placidamente
desfrutava da chupação de sua água de coco...
—
Pizzintóteles!
Há quanto tempo! Por onde você tem andado?
—
Pois
é, Rofofócrates. Você me mandou ler aquela montanha
de livros do tempo dos Afonsinhos, mas eu não consigo entender como
é possível que o 'a-peiron' seja algo não-surgido,
embora exista, e que seja imortal. Como uma coisa pode ser, ao mesmo tempo,
não-surgida
e imortal? Leio,
releio, torno a ler, e não entendo. Como não entendo, não
consigo ir adiante. Para mim, isto tem sido um martírio.
—
Eu
compreendo. E Platão? Leu alguma coisa? —
Perguntou Rofofócrates.
—
Não
li nada — Respondeu
Pizzintóteles.
—
Aristóteles?
—
Nem
pensar. Mas, já que nos encontramos —
emendou rapidinho Pizzintóteles
— eu
gostaria de ouvir sua opinião sobre um assunto que está me
preocupando muito. Na verdade, são dois assuntos.
—
Está
bem, com muito prazer. Mas, como você sabe, minha forma de pensar,
seja lá o tema que for, nada adiantará para você. Já
lhe expliquei isto. É você quem deve chegar às suas
próprias conclusões. Experiência pessoal é normalmente
intransferível, particularmente no âmbito das idéias.
—
O.k.
É sobre o Irã, Rofofócrates.
Há duas questões que estão me tirando o sono. Ahmadinejad
quer ou não quer fazer a bomba? O que você acha? E, em segundo
lugar, estou preocupadíssimo com esta moça, a Sakineh Ashtiani,
que, teve sua pena morte por apedrejamento comutada para enforcamento.
—
Uma
coisa de cada vez —
advertiu Rofofócrates.
—
Então,
se você concordar, comecemos pela sentença de morte imposta
à Sakineh Ashtiani —
propôs Pizzintóteles.
—
Está
bem —
concordou Rofofócrates.
Você
lembra quando discutíamos a questão da unicidade do Universo?
—
Lembro
perfeitamente bem; mas a diferença entre
Filosofia e FiloSOPhIa ainda não compreendo
—
respondeu Pizzintóteles.
—
Para
o momento, isto não tem importância. Mas, se você compreendeu
que o Universo é um, haverá alguma diferença, quanto
à proveniência cósmica primordial, entre um centauro
e uma mula-sem-cabeça?
—
Oh!
Rofofócrates! O centauro
é um ente fantástico com torso e cabeça humanos e corpo
de cavalo; e a mula-sem-cabeça
é uma personagem do folclore brasileiro – uma mulher que foi
amaldiçoada por seus pecados. Eles não existem.
—
Sim,
eu sei —
admitiu pacientemente
Rofofócrates —
Mas, afinal,
se existissem, haveria alguma diferença quanto à proveniência
cósmica primordial
de cada um? Proveniência cósmica primordial, insisto neste
ponto, porque, conforme você mesmo concluiu no passado, em termos
secundários, terciários, quaternários et cetera, nossas
origens são distintas. Você sabe
muito bem, por exemplo, que o útero que gera um 'serial killer' não
poderá gerar um avatar, e vice-versa. Então, haveria alguma
diferença, quanto à proveniência cósmica, entre
uma mula-sem-cabeça e um
centauro, se eles existissem?
—
Não;
não haveria
diferença alguma
quanto
à proveniência cósmica primordial.
—
E
qual a diferença,
quanto à proveniência cósmica, entre um ouriço-do-mar
e um tubarão-baleia?
—
Nenhuma.
—
E entre um
mico-de-topete e um homem?
—
Nenhuma.
—
E entre um
santo e um adúltero?
—
Também
nenhuma.
—
E entre um
áyatolláh e um homem do povo?
—
Penso
que não haja nenhuma.
—
Logo, se
não há diferença, quanto à proveniência
cósmica primordial,
entre qualquer um destes seres,
sejam existentes, sejam não-existentes, como é o caso do centauro
e da mula-sem-cabeça,
tudo deriva do mesmo Um. Não é certo isto?
—
Não
posso contestar —
anuiu Pizzintóteles.
—
Bem, se tudo deriva do mesmo Um, tudo é
parte do Um.
—
Sim, tudo é
parte do Um; como poderia não ser? —
anuiu novamente Pizzintóteles.
—
Portanto, se uma das partes do Um se insurge contra
o próprio Um, do qual foi originada, e fere, apocopa ou mesmo mata
uma outra parte do Um, não estará ferindo, apocopando e matando
a si mesma?
—
Nunca pensei desta forma; mas não posso
discordar do seu argumento. Quem fere, apocopa ou mata uma outra parte do
Um está, realmente, ferindo, apocopando e matando a si mesmo.
—
Muito bem. Já que estamos de acordo quanto
a isto, qual a diferença entre matar por apedrejamento
e matar por enforcamento?
—
Creio que nenhuma; matar é matar.
—
Então, se
matar
é matar, como você acabou de concluir, apedrejamento,
enforcamento, fuzilamento, guilhotina, empalamento, injeção
letal, eletrocussão em uma cadeira elétrica, garrote vil,
crucificação, fogueira, esmagamento por elefante e tantas
outras formas de dar cumprimento a uma pena capital, foram e continuam sendo
um dos muitos resultados nocivos derivados do desconhecimento e da incompreensão
de nossa origem primordial comum – o Um. Você concorda?
—
Concordo absolutamente —
murmurou Pizzintóteles.
—
Então, creio que podemos concluir que o
Poder Judiciário de qualquer país que condena à pena
de morte uma parte do Um, seja pelo motivo que for, por desconhecimento
e incompreensão está condenando
à morte a si mesmo e aos seus membros, ou seja, está inconscientemente
se suicidando.
—
Sim, Rofofócrates,
creio
que podemos concluir exatamente isto.
—
Pois é, meu
caro Pizzintóteles, nesta matéria, não há qualquer
diferença entre a República Islâmica do Irã,
que ainda mantém o apedrejamento e o enforcamento como formas de
fazer cumprir a 'Shariah', que é o Código de Leis do Islamismo,
e os Estados Unidos da América – que representam a maior economia
nacional do mundo, com um produto interno bruto (PIB) superior a US$ 14
trilhões (um quarto do valor do PIB nominal mundial e um quinto do
PIB mundial por paridade do poder de compra) – onde a pena capital
é sancionada para certos crimes federais e militares em trinta e
seis dos cinqüenta estados federados, bem como pelo Governo Federal.
Os Estados Unidos da América são o segundo país onde
mais pessoas são executadas anualmente, principalmente por injeção
letal; apenas a República Popular da China possui um número
maior. Apesar da vigência da pena de morte, na maioria dos estados
da federação mais antiga do mundo, os Estados Unidos da América,
entre os países desenvolvidos, têm níveis acima da média
de crimes violentos e níveis particularmente altos de violência
armada e de homicídio. Bem, penso que a pena capital não seja
uma solução consistente para resolver os problemas de ordem
interna de um país, e, pelo que concluímos, inquestionavelmente
nenhum Estado é possuidor de uma delegação do Um para
mandar matar qualquer uma de suas partes.
—
Não posso discordar.
—
Então, Pizzintóteles, quando o Poder
Judiciário de um país aplica e faz cumprir a pena capital,
o que, realmente, está fazendo é se suicidando pela via do
assassinato de uma parte do Um. É certo isto?
—
Sim, sem qualquer dúvida, isto é
certo.
—
Quanto
à Sakineh Ashtiani ou
a qualquer outra moça iraniana, se não há perturbação
da ordem pública, quem pode dizer ou determinar de que forma elas
podem ou devem se comportar quanto às suas respectivas sexualidades
e formas de dar vazão aos seus desejos e impulsos sexuais?
—
Ora,
na verdade, ninguém; cada um é responsável pelo que
pensa, diz e faz.
—
Pois
é, meu amigo, os seres-no-mundo ainda são muito preconceituosos
e, na maioria das vezes, incongruentes. Cada um é responsável
pelo que pensa, diz e faz, como você disse muito bem, mas
os os seres-no-mundo querem
porque querem que os outros façam e cumpram o que eles acreditam
que seja o certo e o melhor, e que não façam e não
cumpram o que acreditam que seja o errado e o pior, segundo suas próprias
convicções, interpretações e padrões
de certo e de errado, de melhor e de pior. Para o movimento tradicionalista
radical católico, que admite a infalibilidade do magistério
ordinário do Papa, e para os defensores do puro Islamismo, coisas
como o homossexualismo e o adultério, por exemplo, são abominações
inaceitáveis que devem ser punidas com excomunhão ou com morte.
O que ambos os grupos não percebem, porque não têm a
Compreensão Iniciática desejável e necessária,
é que, quando excomungam, excomungam-se a si próprios; e que
quando apedrejam ou enforcam, estão, em termos cósmicos e
Iniciáticos, se suicidando. Sakineh
Ashtiani é apenas mais uma vítima de
um entendimento equivocado do 'Sagrado Alcorão', que não
faz menção ao apedrejamento como forma de punição.
Os patrocinadores deste martírio argumentam que este tipo de condenação
está no 'Hadith', uma compilação sagrada de leis, lendas
e histórias sobre Muhammad – a paz esteja com Ele –
e, por
isto, faz parte da 'Sharia', a Lei Muçulmana. Assim, o 'Hadith' é
a interpretação autorizadora do 'Sagrado Alcorão',
mesmo quando a prática corrente está em conflito com o significado
do texto. Para que você compreenda melhor este ponto, da mesma forma
que o 'Talmude' está para a 'Torá', no Judaísmo, o
'Hadith' está para as Leis do 'Sagrado
Alcorão', no Islã.
—
Entendi suas explicações e estou
de pleno acordo com elas —
apoiou Pizzintóteles.
—
Já que estamos de acordo quanto a isto,
podemos, agora, examinar a questão nuclear iraniana. Para iniciarmos
esta discussão, você está lembrado de como e por qual
motivo os Estados Unidos da América invadiram o Iraque?
—
A invasão do Iraque, segundo o que eu sei,
teve início em 20 de março de 2003, através de uma
aliança entre os Estados Unidos da América, o Reino Unido
e muitas outras nações, aliança esta que ficou conhecida
como Coalizão. A ofensiva terrestre foi iniciada a partir do Kuwait,
depois de uma série de ataques aéreos com mísseis e
bombas a Bagdad e arredores ter aberto o caminho para as tropas em terra.
Bagdá caiu em 9 de abril, e em 1º de maio o presidente norte-americano
George W. Bush declarou o fim das operações militares, dissolvendo
o Governo do Partido Ba'ath. As forças da Coalizão capturaram
Saddam Hussein em 14 de dezembro de 2004, dando início ao processo
de transição de poderes à população iraquiana.
A invasão procedeu segundo uma doutrina militar de intervenção
rápida ao estilo 'Blitzkrieg' e ao custo de apenas 173 mortos da
Coalizão. Resumidamente, é isto que eu sei.
—
E qual foi o motivo, Pizzintóteles?
—
A alegação foi a existência
de armas de destruição biológica e caseira
em massa que existiriam no território iraquiano e as supostas ligações
de Saddam com grupos terroristas islâmicos.
—
Muito bem. Ainda que estes motivos longe estejam
de ser verdadeiros, pois, inclusive, as armas de destruição
em massa jamais foram encontradas e as ligações de Saddam
Hussein com grupos terroristas nunca foram efetivamente comprovadas, vamos
considerar estas justificativas conformes com a realidade, para efeito de
podermos examinar, depois, a questão nuclear iraniana, que é
o que interessa a você.
—
Examinemos pormenorizadamente —
concordou Pizzintóteles.
—
Considerando que o Governo de Saddam Hussein possuía
armas de destruição em massa, por acaso os países-membros
da Coalizão também não possuíam estas mesmas
armas?
—
Sim, possuíam e continuam a possuir; talvez
até mais sofisticadas e em muito maior quantidade do que as que eles
afirmavam e presumiam que o Governo de Saddam tivesse.
—
Exatamente —
exultou
Rofofócrates com a perspicácia de Pizzintóteles
—
Agora,
é justo ou injusto criminalizar o outro pelos mesmos crimes que cometemos?
—
Injusto.
—
Então podemos afirmar que, neste particular,
a invasão do Iraque foi injusta, já que seus invasores o invadiram
sendo também possuintes de armas de destruição em massa?
—
Rofofócrates,
acho
que a invasão do Iraque foi mais do que injusta; além de hipotética,
foi hipócrita.
—
Hipócrita,
sim, mais do que tudo, porque o norte do Iraque é uma região
riquíssima em gás natural e em
petróleo, com
uma reserva estimada em 112 bilhões de barris – a segunda maior
do Planeta. Entretanto, não acredito que a invasão tenha sido
orquestrada para roubar o petróleo iraquiano pura e simplesmente,
já que seria mais barato comprar o petróleo do que tomá-lo
através de uma guerra que custou quase US$ 100 bilhões, somente
na fase inicial. Mas adquiri-lo a preço vil ou em meio a artimanhas
econômico-comerciais heterodoxas, muito possivelmente. Veja bem: o
petróleo do Iraque permite que os Estados Unidos da América
não tenham que gastar o seu próprio dinheiro e desequilibrar
o
seu próprio orçamento com
a reconstrução do Iraque. Comprando o petróleo Iraquiano,
os
Estados Unidos da América estão
a pagar a reconstrução do País e recebendo algo em
troca, que, para eles, é insubstituível e necessário
ao seu 'american way of life'. O que contrariou as expectativas foi que
os responsáveis militares e políticos pela invasão
e pela deposição de Saddam nunca esperaram nem calcularam
que o conflito convencional entre Coalizão e Iraque fosse tão
rápido, ao mesmo tempo que também nunca imaginaram que as
forças iraquianas anticoligação fossem tão fortes
e retaliatórias como têm se apresentado até hoje. Então,
enfim, estamos de acordo que a invasão do Iraque foi injusta, pois
seus dominadores o avassalaram sendo igual e descaradamente possuidores
de armas de destruição em massa?
—
Você quer o meu petróleo?
Então, pague um preço justo.
—
Sim,
estamos de acordo —
assentou Pizzintóteles.
—
Ora,
se você concorda com este raciocínio, não discordará
que a
questão nuclear iraniana é semelhante. Você acha razoável
que um país que tenha armas nucleares possa censurar outro que também
tenha ou que queira vir a ter armas
nucleares?
—
Não;
acredito que seja desrazoável.
—
Muito
bem. Para que um país deseje que outro não tenha armas nucleares
o que você acha que ele deveria propor ou fazer?
—
Pizzintóteles nem pestanejou.
— Desnuclearizar-se.
—
Exatamente.
Aplicar
a energia nuclear e empregar
radioisótopos na
geração nucleoelétrica utilizando
reatores nucleares de potência, lançar mão de radioisótopos
em medicina nuclear para fins terapêuticos e de diagnóstico,
esterilizar equipamentos e materiais hospitalares, preservar alimentos,
estudar o solo e as plantas utilizando traçadores radioativos, analisar
não-destrutivamente os materiais, empregar radionuclídeos
como traçadores, modificar materiais pela radiação
e outras pesquisas científicas voltadas à melhor qualidade
de vida da população, sim; isto é desejável
e bom. Mas, fabricar bombas é
ruinoso e cruel.
—
Isto
é incontestável
—
reforçou Pizzintóteles.
—
Então,
argumentar que o Irã, se vier a ter armas nucleares,
se tornaria um pólo desestabilizador da paz mundial é falaz.
—
Sim,
é falaz. Mas que solução você propõe,
Rofofócrates?
—
Albert
Einstein afirmou: 'Não sei como será a terceira guerra mundial,
mas sei como será a quarta: com pedras e paus.' Se a República
Islâmica do Irã, sorrateiramente, pensa em produzir armas nucleares,
esta questão, em um certo sentido, é menor, porque, simplesmente,
quando o mundo ocidental tiver certeza absoluta de que o Governo de Teerã
produziu e tem armas nucleares,
no mesmo dia, destruirá o País.
Mas este fratricídio pode e deve ser evitado. Tem que ser
evitado. Basta
que se estabeleça um cronograma adequado de desnuclearização
planetária. Ou todos têm direito a ter armas nucleares ou ninguém
tem. Essa coisa tradicionalista extremista, de ambos os lados, de que o
Grande Satã é o outro, poderá levar a Humanidade e
a Terra a um retrocesso irreversível. Poderá acontecer, inclusive,
que este Planeta não mais possa sustentar a vida como hoje nós
a conhecemos. E isto, caro Pizzintóteles, porque, de maneira quase
universal, os seres-no-mundo de estrutura
,
apesar se serem minoria, conseguem dominar e comandar os que estão
estruturados na base
.
Os ditos homens-sem-alma têm um poder avassalador sobre as consciências,
particularmente no que concerne a questões econômicas, estratégicas
e militares. Veja, por exemplo, a ação de homens como Hitler,
Benito Mussolini, François Duvalier, Anastasio Somoza García,
Idi Amin Dada, Robert Mugabe, Slobodan Miloševic e tantos outros. Enfim,
se houver vontade política, poderá ser estabelecido um
cronograma adequado de desnuclearização.
Um dos pontos fundamentais deste programa seria a concordância, sem
exigências, de todos os países serem inspecionados por todos
os países, em qualquer tempo e a qualquer hora. Criminalizar o outro
e fazer a mesma coisa é exatamente como você disse: uma atitude
hipotética e hipócrita. E as hipoteticidades e as hipocrisias
sempre defraudam, sempre
frustram
e sempre
ferem.
—
Concordo
com tudo isto. Mas será que o Irã quer mesmo fazer bombas
nucleares
— insistiu Pizzintóteles.
—
Como
lhe disse, isto é irrelevante. Mas que o Irã precisa, como
todos os países precisam, de energia nuclear para impulsionar o seu
desenvolvimento, isto é incontestável. O petróleo haverá
de acabar, e a hidroeletricidade e as fontes alternativas de energia não
serão suficientes para atender à demanda energética
planetária.
No futuro, bem no futuro, o homem haverá de ter acesso à uma
fonte de energia inesgotável e absolutamente não-poluidora
nem devastadora. Mas para que possa conhecê-la terá que merecer.
Os que já a conhecem não ensinam o modo de obtê-la a
preço de nada.
—
Hum!
Hum! —
anuiu Pizzintóteles. Adorei
este nosso encontro; aprendi muito. Obrigado. Quando poderemos nos reencontrar?
Rofofócrates
olhou suavemente para Pizzintóteles,
e disse: — Depois
que você tiver lido os
pré-socráticos, as obras completas de Platão e de Aristóteles
e As Enéadas, de Plotino.
—
Então,
acho que só poderá ser em uma próxima encarnação
—
brincou Pizzintóteles.
Os
dois riram desta tirada pizzintoteliana
e se despediram cordialmente.
Fundo
musical:
Never
on Sunday
Fonte:
http://www.eadcentral.com/go/1/1/0/
http://home.online.no/~gunnar-a/eng8.htm
Páginas
da Internet consultadas:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hadith
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Invas%C3%A3o_do_Iraque_em_2003
http://www.rockapneia.com.br/novo/
educacao/ver-noticia.asp?id=1036880&_=&titulo=
http://nuclearexplosion.mylastdesire.com/
freenuclearexplosionwallpaper/