Na
percepção clara da vastidão e da beleza da Terra –
um arco-íris, por exemplo –
o que tem muito mais importância é o próprio sentimento,
o êxtase que acompanha a apreciação profunda do belo;
e este sentimento não pode ser despertado pelo mero cultivo do conhecimento
ou da memória. E isto porque enquanto em um certo nível o
conhecimento é necessário, em outro nível ele se torna
um empecilho. A tradição, em coisas mecânicas, é
de grande importância, mas, quando a tradição é
utilizada como meio de guiar o ser-humano-aí-no-mundo espiritualmente,
ela se torna um obstáculo ao descobrimento de coisas mais grandiosas.
Dependemos do conhecimento e da memória nas coisas mecânicas
e em nosso viver diário. Sem conhecimento, seríamos incapazes
de fazer muitas coisas. Mas, o conhecimento é um obstáculo
quando se torna tradição, crença, para guiar o espírito,
a psique, o ser interior. E, também, separa os seres-humanos-aí-no-mundo,
cria inimizades e também impede o descobrimento do profundo significado
da Verdade, da Vida e de Deus. [Haverá
maior exemplo disto do que as guerras religiosas?] O que divide
as pessoas é a tradição, as crenças que condicionam
a mente de uma certa maneira (hinduístas, maometanos, budistas, cristãos,
judeus etc.). Todavia, para descobrirmos o que é Deus [o
nosso Deus Interior], deverá a nossa mente estar livre
de tudo quanto é tradição, acumulação
e conhecimento, que servem apenas de proteção psicológica.
A função da educação é proporcionar ao
estudante abundantes conhecimentos em vários setores do esforço
humano, e, ao mesmo tempo, libertar sua mente de toda tradição,
para ser capaz de investigar e descobrir. De outro modo, a mente se tornará
mecânica, totalmente ocupada pelo mecanismo do conhecimento. A menos
que se liberte constantemente de sua acumulação das multimilenares
tradições, a mente será incapaz de descobrir o Supremo,
o Eterno, o Verdadeiro. Reconhecer a diferença, ou seja, perceber
onde o conhecimento é destrutivo, e onde ele é essencial,
de tal sorte que funcione o mais amplamente possível –
eis o começo da inteligência. As filosofias, as teorias e as
crenças que haurimos dos livros e que se tornam nossa tradição
constituem um verdadeiro empecilho à mente, porque esta se serve,
então, de tais coisas como meios de segurança psicológica,
para si própria, e, por conseguinte, fica por elas condicionada.
Portanto, é necessário, ao mesmo tempo que a mente se liberta
de todas as tradições, que cultive o conhecimento técnico.
[Uma coisa não exclui
a outra.] E tal é a função da educação.
É preciso ter conhecimentos para se estudar um problema, mas, a mente,
para encontrar a solução, deve estar desembaraçada
destes conhecimentos. O que se necessita não é filosofia ou
crença, porém, uma mente livre para investigar, para descobrir
e para ser criadora. Definitivamente, se ou quando a mente não for
livre, nos tornaremos escravos do sistema vigente, e isto, em verdade, significa
que não seremos entes humanos criadores [dialéticos].
Enfim, se a nossa mente for livre para descobrir o Verdadeiro, veremos aparecer
uma abundante e incorruptível riqueza, na qual se encontra uma inefável
Alegria. Então, todas as nossas relações –
com as pessoas, com as idéias e com as coisas [mas,
principalmente, conosco] – assumem um significado totalmente
diferente. [In: A Cultura
e o Problema Humano (título do original: This
Matter of Culture), de autoria de Jiddu Krishnamurti.]

—
A cabeça cheia de problemas,
vi
um arco-íris no céu,
mas,
o achei igual a todos os outros.
—
A cabeça cheia de restrições,
vi
um pôr do Sol distante,
mas,
o achei igual a todos os outros.
—
A cabeça cheia de manias,
vi
um palhaço de circo sorrir,
mas,
o achei igual a todos os outros.
—
A cabeça cheia de quizumbas,
vi
um garoto brincar na pracinha,
mas,
o achei igual a todos os outros.
—
A cabeça cheia de restringências,
vi
um velhinho se alegrar,
mas,
o achei igual a todos os outros.
—
A cabeça cheia de coarctações,
vi
um galho de uma árvore balouçar,
mas,
o achei igual a todos os outros.
—
A cabeça cheia de mixórdias,
vi
um seixo rolar no rio,
mas,
o achei igual a todos os outros.
—
A cabeça cheia de rebulícios,
vi
um alísio ventar suavemente,
mas,
o achei igual a todos os outros.
—
A cabeça cheia de turbulências,
vi
um canário cantar regozijante,
mas,
o achei igual a todos os outros.
—
A cabeça cheia de resistências,
vi
um novedio Natal pintar,
mas,
o achei igual a todos os outros.
—
A cabeça cheia de travancas,
vi
um papai-noel presentear,
mas,
o achei igual a todos os outros.
—
A cabeça cheia de empecilhos,
vi
que o tempo estava 'cold outside',
mas,
o achei igual a todos os outros.
—
A cabeça livre de tradições,
vi
um novo dia nascer,
Música
de fundo:
Baby,
It's Cold Outside
Composição: Frank Loesser
Interpretação: Idina Menzel & Michael Bublé
Fonte:
http://converterino.online/?url=http://youtu.be/6bbuBubZ1yE
Páginas
da Internet consultadas:
https://giphy.com/
https://dribbble.com/shots/2510880-Pacman-gif
https://www.ilikesticker.com/
Direitos
autorais:
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neste texto têm exclusivamente a finalidade de ilustrar e embelezar
o trabalho. Neste sentido, os direitos de copyright
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