As
Estâncias
de Dzyan (tese ou dogmas de Dzyan
– ensinamentos ocultos da Sabedoria Oriental antiga) são pergaminhos
antigos, de origem tibetana, citados por Helena Petrovna Blavatsky (1831
– 1891)no livro A Doutrina Secreta – uma coletânea
de pensamentos científicos, filosóficos e religiosos. Blavatsky
alegava não ser a autora da obra, mas que esta teria sido escrita
pelos Mahatmas, que utilizaram o seu corpo físico em um
processo denominado Tulku, que, segundo a autora, não é
um processo mediúnico. Esta obra monumental foi dedicada por Blavatsky
a todos os verdadeiros teosofistas.
Quanto
às Estâncias
de Dzyan, Blavatsky alegava que teria tido acesso e estudado
estes pergaminhos em sua longa estada no Tibete. Segundo Blavatsky, as Estâncias
de Dzyan seriam um manuscrito arcaico, escrito em uma coleção
de folhas de palmeira, resistentes à água, ao fogo e ao ar,
devido a um processo de fabricação desconhecido, e que conteriam
registros de toda a evolução da Humanidade, em uma língua
desconhecida pelos filólogos denominada Senzar. As Estâncias
de Dzyan, segundo Blavatsky, estão relacionadas com o
Livro dos Preceitos
de Ouro e com os Livros
de Kiu-te, que são uma série de tratados do Budismo
Esotérico.
As
Estâncias
de Dzyan postulam o seguinte em relação ao homem:
1º) uma origem poligenética (origem múltipla, tanto no
tempo como no espaço); 2º) diferentes formas de reprodução;
e 3º) uma evolução animal (pelo menos referente aos mamíferos)
que seguiu a dos homens, em lugar de precedê-la, tal e como postula
nossa ciência moderna.
Estâncias
de Dzyan
(Alguns Fragmentos)
O
Pai Eterno, envolto em suas vestes sempre invisíveis,
havia dormido, mais uma vez, por sete eternidades.1
A
última vibração da sétima eternidade
palpita através do ilimitado. A mãe intumesce, expandindo-se
de dentro para fora, como um botão de lótus. A vibração
se propaga, tocando com sua asa veloz todo o Universo e o germe que mora
nas trevas – as trevas que respiram sobre as dormentes águas
da vida. As trevas irradiam luz e a luz projeta um raio solitário
no meio das águas, no abismo-mãe. O raio projeta-se por meio
do ovo virgem. O raio faz o ovo eterno vibrar e deixa cair o germe não-eterno,
que se condensa no interior do ovo-mundo.2
O
Pai-mãe dos deuses ainda é um só.3
O
germe é Aquilo e Aquilo é LLuz, o brilhante
Filho Branco e Luminoso do Pai Negro oculto.4
A
luz é chama fria, e a chama é fogo e o fogo produz calor que
resulta em água: a água da vida na grande mãe.5
Ouvi,
filhos da Terra... Aprendei: não há nem primeiro, nem último,
porque tudo é um; o número procedeu do não-número.6
Do
esplendor da LLuz – o raio das trevas eternas – espalham-se
pelo espaço as energias redespertadas; o um do ovo, os seis e os
cinco. Então, os três, o um, os quatro, o um, os cinco –
o duas vezes sete, a soma total. E essas são as essências,
as chamas, os elementos, os construtores, os números, os sem-forma,
as formas e a Força ou Homem Divino – a soma total. E do Homem
Divino, emanaram as formas, as centelhas, os animais sagrados e os mensageiros
dos pais sagrados dentro dos quatro santos.7
Quando
o Um se torna dois, o tríplice aparece e os três são
um; e é nosso fio, ó Lanu, o coração do homem-planta
chamado Saptaparna.8
A
Lei sempre se repete periodicamente... Não existe nenhuma Lei cega
ou inconsciente.9
Sânscrito
=
Língua dos deuses.
O
espaço abstrato não tem princípio nem fim; é
visível e invisível. É a realidade onipresente e impessoal;
contém tudo e todas as coisas. Permanece latente em todos os átomos
do Universo e é o próprio Universo.
O
Absoluto e a matéria-raiz são um, embora sejam dois na concepção
universal do manifestado. Mesmo na concepção do Logos Único
– sua primeira manifestação – ao qual parece,
do ponto de vista do Logos Único, como matéria-raiz e não
como Absoluto, como sem véu e não como a Realidade Única
que traz oculta, sendo incondicionada e absoluta.
O
Universo é chamado, com tudo que contém, de 'Mâyâ',
porque tudo é transitório – da vida efêmera de
um vaga-lume à vida do Sol.
Aos
deuses antropomórficos11
– ciumentos e exclusivistas, alegres e irritáveis – agradam
os sacrifícios e as oferendas.
O
homem não pode dominar nem obter favores ou a boa vontade dos Seres
Superiores. Entretanto, se aprender a ter controle sobre sua personalidade
inferior e, assim, alcançar a Sabedoria da não-separatividade
do seu Ego Superior do Ego Único e Absoluto, o homem poderá,
mesmo durante uma determinada vida terrenal, tornar-se um Ser Superior.
Enfim, só se alimentando do Fruto da 'SOPhIa' – que destrói
a ignorância – o homem poderá ser equiparado às
Inteligências Espirituais.
Todo
o sistema e toda a ordem da Natureza demonstram uma marcha progressiva para
uma Vida Superior. As Leis imutáveis que suprimem as espécies
fracas e débeis, para dar lugar às mais fortes, garantindo
a sobrevivência dos mais aptos, apesar de tão cruéis
em sua ação imediata, trabalham para o Grande Objetivo (ou
Grande Obra).
Neste
Universo, tudo é relativo; tudo é ilusão. No entanto,
a experiência em qualquer Plano é uma realidade para o ser
perceptivo, cuja consciência se encontra neste Plano, embora esta
experiência, encarada de um ponto de vista puramente metafísico,
possa ser concebida como despojada de qualquer realidade objetiva.12
Ninguém
poderá compreender as Ciências Ocultas e os ensinamentos antigos
antes de saber alguma coisa e de acreditar em sua própria personalidade-alma.
As verdades de hoje são as falsidades e os erros de ontem, e vice-versa.
Seja como for, é bom recordar Zaratustra (século VII a.C.),
o fundador do Masdeísmo ou Zoroastrismo: 'Quando duvidares, abstém-te.'
E também Francis Bacon (1561 – 1626): 'Na contemplação,
se o homem começa com certezas, acabará com dúvidas;
mas, se se contentar em começar duvidando, acabará tendo a
certeza.'
A
evolução dos acontecimentos – seja da Humanidade, seja
de tudo o que existe em a Natureza – processa-se em ciclos.
Três
Regras Iniciáticas: 1ª) Fecha a tua boca para que
não fales dos Mistérios; 2ª)
Se teu Coração te fugiu, traze-O de volta; este é o
objetivo da Aliança; 3ª)
O Santo Segredo causa a Morte; não O reveles ao vulgo. Comprime teu
cérebro para que dele nada possa escapar e cair para fora.

______
Notas:
1. Pai
Eterno = o tempo-espaço
mãe; envolto em suas vestes sempre invisíveis =
a matéria-raiz; sete eternidades =
311.040. 000.000.000 anos.
2. Mãe
= águas do espaço;
águas da vida =
caos, simbolicamente, o princípio feminino; não-eterno
= periódico; ovo-mundo
= existência real,
concreta.
3. OEAOHOO
(Pai-mãe dos deuses) – a Raiz Setenária que dá
origem a tudo.
4. Aquilo
=
princípio irrevelado; a divindade abstrata.
5. Chama
fria =
alma das coisas, nem quente nem fria.
6. Tudo
é um número saído do não-número.
6.
Os
três, o um, os quatro, o um, os cinco
= 3,1415 (
)
8.
Saptaparna
= planta de sete folhas.
9.
Tenho dito que aquilo que muitos estudantes de Misticismo chamam de Consciência
Cósmica é inconsciente. Bem, vou explicar melhor e acrescentar,
agora, que esta inconsciência deve ser entendida no sentido de que
a (presumida) Consciência Cósmica não faz escolhas nem
é determinante de nada. O Universo é o que é, e se
manifesta ciclicamente sem parar o bonde para dar carona aos retardatários.
Nós, sim, por outro lado, é que temos que pegar o bonde ou
ficaremos a pé sem eira nem beira, semi-acordados como paspalhões
contando níqueis no mânvântâra,
e entorpecidos como debilódes atarantados e lamentosos no prâlâya
– que, entenda-se bem,
não significa propriamente repouso, pois não há repouso
no Universo no sentido de ausência ou cessação de movimento.
Logo, não custa repetir: tudo depende tão-somente de
nós. Sus!, vamos nessa! Mas, enquanto confusionarmos alho com bugalho,
quebra-galho com rebotalho e estropalho com espantalho não poderemos
realizar o Santo Trabalho. Precisamos, antes, descoagular o coalho!
10.
A Língua Sânscrita ou simplesmente Sânscrito (pronuncia-se
samskrita) é uma língua da Índia, com uso
litúrgico no Hinduísmo, no Budismo e no Jainismo. O Sânscrito
faz parte do conjunto das vinte e três línguas oficiais da
Índia. Um dos sistemas de escrita tradicionais do Sânscrito
é o Devanagari
(em português, a palavra é acentuada como proparoxítona
– devanágari), uma escrita silábica cujo nome é
um composto nominal formado pelas palavras Deva
[Deus, Sacerdote] e nagari
[urbano(a)], que significa [escrita] urbana dos Deuses. O orientalista,
jurista britânico e juiz da Corte Suprema de Calcutá Sir William
Jones (1746 – 1794) disse certa vez: A
linguagem Sânscrita, seja qual for sua idade, é de uma linda
estrutura; mais perfeita do que o Grego, mais copiosa do que o Latim, e
mais precisamente refinada do que os dois, ainda compartilha com ambos uma
forte afinidade, tanto nas raízes dos verbos quanto nas formas de
gramática, mesmo que, possivelmente, tenha sido criada por acidente;
é, na verdade, tão forte, que nenhum filólogo poderia
examinar as três sem acreditar que tenham nascido de uma fonte comum,
que, talvez, nem exista mais.
11.
O antropomorfismo é uma visão de mundo da qual deriva uma
forma de pensamento que atribui características, preferências
ou aspectos humanos a um deus, a deuses, a elementos da natureza, a animais
e a constituintes da realidade em geral. Neste sentido, toda a mitologia
grega, por exemplo, é antropomórfica. Uma
outra acepção de antropomorfismo se refere a dar características
humanas a animais ou a objetos inanimados, usados em contos morais, como
os contos de fadas, e, posteriormente, em livros infantis. Neste sentido,
toda a mitologia grega, por exemplo, é antropomórfica. Enfim,
não posso deixar de comentar que, talvez, a maior irracionalidade
imposta pelo(s) Catolicismo(s) seja a de que Jesus foi a encarnação
de Deus, no sentido filial, divino e exclusivo.
12.
Podemos entender isto da maneira que quisermos ou da maneira que pudermos;
o que não podemos é desistir jamais!
Bibliografia:
BLAVATSKY,
H. P. O livro perdido
de Dzyan (Novas revelações sobre a doutrina secreta).
Prefácio de Murillo Nunes de Azevedo. Tradução de M.
P. Moreira Filho. São Paulo: Pensamento, 2009.
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.netanimations.net/gears.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropomorfismo
http://www.santeewelding.com/
http://media.photobucket.com/image/%252522
atoms.gif%252522/diclonius01/atoms.gif
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A2nscrito
http://magusfaber.wordpress.com/
2009/08/17/livros-da-blavatsky/
http://www.spectrumgothic.com.br/
ocultismo/personagens/helena.htm
http://www.levir.com.br/salao7.php?num=0234
http://www.levir.com.br/teosofia133.php
http://www.blavatsky.net/portuguese/
a_doutrina_secreta/stanzas_of_dzyan_vol_II.htm
http://www.blavatsky.net/portuguese/
a_doutrina_secreta/stanzas_of_dzyan_vol_I.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Doutrina_Secreta
http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A2ncias_de_Dzyan
Fundo
musical:
Limelight
(Charles Chaplin)
Fonte:
http://www.hotshare.net/pt/file/144402-98223737d9.html