É
lícito, foi lícito e sempre será lícito procurar
as coisas grandes. E nunca será em vão o trabalho começado
em nome do Senhor.
Propostas
educacionais de Comenius: educação
realista e permanente; método pedagógico rápido, econômico
e sem fadiga; ensinamento a partir de experiências quotidianas; conhecimento
de todas as ciências e de todas as artes; e ensino unificado.
Ensinar
tudo a todos.
Resumo
do método de Comenius: tudo o que se deve saber deve ser
ensinado; qualquer coisa que se ensine deverá ser ensinada em sua
aplicação prática, ou seja, no seu uso definido; deve-se
ensinar de maneira direta e clara; deve-se
ensinar a verdadeira
natureza das coisas, partindo de suas causas; deve-se
explicar primeiro os princípios gerais; deve-se
ensinar as coisas em seu devido tempo; não se deve abandonar nenhum
assunto até sua perfeita compreensão; deve-se
dar a devida importância
às diferenças que existem entre as coisas.
Justificativa
do método de Comenius: 1º)
o fim é o mesmo: sabedoria, moral e perfeição; 2º)
todos são
dotados da mesma natureza humana, apesar de terem inteligências diversas;
3º)
a diversidade das
inteligências é tão-somente um excesso ou uma deficiência
da harmonia natural; e 4º)
o melhor momento
para remediar excessos e deficiências acontece quando as inteligências
são novas.
Projeto
Pedagógico e organização escolar de Comenius: 1º)
que toda a juventude
seja educada; 2º) que
seja educada em todas as coisas que possam tornar o homem sábio,
honesto e piedoso; 3º) que
a preparação para a vida seja concluída antes da idade
adulta; 4º) que
se desenvolva sem severidade e sem pancadas, sem qualquer coarctação,
com a máxima delicadeza e suavidade, quase de modo espontâneo
(assim como um corpo vivo aumenta lentamente sua estrutura, sem que seja
preciso esticar e distender seus membros, visto que alimentado com prudência,
assistido e exercitado, o corpo adquire robustez); da mesma forma, os alimentos,
os nutrientes, os exercícios se convertam no espírito em sabedoria,
virtude e piedade; 5º) que
todos sejam educados para uma cultura não vistosa, mas verdadeira,
não superficial mas sólida, de tal sorte que o homem, como
animal racional, seja guiado por sua própria razão e não
pela de outrem, e se habitue não só a ler e a entender nos
livros a opiniões alheias, mas a penetrar, por si mesmo, na raiz
das coisas e delas extrair autêntico conhecimento e utilidade. A mesma
solidez é necessária para a moral e a piedade;
e 6º) que essa
educação não seja cansativa, mas facílima, e
que aos exercícios de classe não sejam dedicadas mais do que
quatro horas, de tal modo que um só preceptor possa ensinar até
cem alunos.
Tudo
o que deve ser aprendido deve ser disposto segundo a idade, para que nunca
se ensine nada que não possa ser compreendido.
Os
exemplos devem preceder as regras.
Deve-se
começar a formação muito cedo, pois não se deve
passar a vida a aprender, mas a fazer.
Age
idioticamente aquele que pretende ensinar aos alunos não quanto eles
podem aprender, mas quanto ele próprio deseja.
Quanto maior é o número
de problemas em que pensamos, maior é o perigo de não compreendermos
nenhum.
Objetivo
fundamental da obra de Comenius: reforma radical do conhecimento
humano e da educação, unidos e sistematizados em uma ciência
universal.
Negar
oportunidades educacionais é, antes, ofender a Deus do que aos homens.
Um
melhor conhecimento de si mesmo e uma melhor capacidade de autocrítica
levam a uma melhor vida social, assim como deve haver a solidez moral que
pode ser conseguida por meio da educação.
A
didática é, ao mesmo tempo, processo e tratado. É tanto
o ato de ensinar como a arte de ensinar.
A
razão humana deve assumir uma atitude de pesquisa diante do Universo
com uma visão integrada das coisas.
A aprendizagem inicia pelos sentidos.
As impressões sensoriais obtidas e internalizadas através
da experiência mais tarde serão interpretadas pela razão.
Compreensão |
Retenção |
Experimentação |
Erudição |
Virtude |
Religião |
Intelecto |
Vontade |
Memória |
Se
queremos igrejas e Estados bem ordenados e florescentes e boas administrações,
primeiro, ordenemos as escolas e façamo-las florescer, a fim de que
sejam verdadeiras e vivas oficinas de homens, e viveiros eclesiásticos,
políticos e econômicos. Assim, facilmente atingiremos nosso
objetivo; doutro modo nunca o atingiremos.
Quem ingressar na escola deve ser
perseverante; para qualquer estudo encetado, é preciso predispor
as mentes dos alunos; devem ser afastados dos estudantes todos os tipos
de obstáculos.
Há
uma grande confusão que deriva de se querer abarrotar as mentes dos
alunos com muitos conhecimentos ao mesmo tempo.
Erram
os instrutores que querem levar a cabo a formação da juventude
ditando muitas coisas e obrigando a decorá-las sem uma cuidadosa
explicação. Erram também os que querem explicar mas
não conhecem o método, não sabem de que modo abrir
lentamente a raiz para nela inserir o enxerto das ciências. Deste
modo, estragam os alunos como alguém que, para cortar uma planta,
usasse um bastão ou um bate-estacas em vez de uma faca. Por isso:
antes se forme o entendimento das coisas, depois a memória e, em
terceiro lugar, a língua e as mãos.
Os
docentes devem procurar todos os caminhos para abrir o intelecto e usá-los
com sabedoria.
Que
qualquer língua, ciência ou arte seja ensinada no início
apenas por meio de rudimentos simples, de modo que delas se tenha uma idéia
geral para depois se aprimorar o estudo por meio de regras e exemplos, e,
depois, por meio de sistemas completos, incluindo as irregularidades; finalmente,
se necessário, que sejam incluídos comentários. Na
verdade, quem compreende uma coisa desde seus fundamentos não precisa
de comentários; aliás, pouco depois poderá fazê-los
por conta própria.
Todas as ações educacionais
exigem o momento oportuno, e não só o momento, mas os graus,
e não só os graus, mas uma série de inumeráveis
graus.
É
um absurdo que os mestres não distribuam os estudos, para si e para
os alunos, de tal modo que não só uns se sucedam naturalmente
aos outros, mas que cada matéria seja completada em dado limite de
tempo. Se não se estabelecem muito bem os fins, os meios para atingir
esses fins e a ordem dos meios, será fácil esquecer ou inverter
alguma coisa, e todo o estudo, de algum modo, será prejudicado. Conclui-se,
pois, que: 1º)
todas as matérias de estudo devem ser divididas em aulas, de tal
modo que as primeiras sempre aplanem e iluminem o caminho das seguintes.
2º)
O tempo deve ser bem distribuído para que, a cada ano, mês,
dia, hora, seja atribuída uma tarefa particular.
3º) A medida
do tempo e dos trabalhos deve ser rigidamente observada, para que nada seja
esquecido ou invertido.
É
prejudicial mandar as crianças para a escola a intervalos de meses
e de anos, distraindo-as com outras preocupações. O preceptor
também erra se inicia, com o aluno, ora uma coisa, ora outra, sem
nunca se aprofundar em nada com seriedade. Também erra se a cada
hora não estabelece nem leva a termo nada de definitivo, de tal modo
que o progresso seja cada vez mais notável. Onde falta esse calor
tudo se esfria; não por acaso se diz que o ferro deve ser batido
enquanto está quente; se esfriar, batê-lo com o martelo será
em vão, sendo necessário levá-lo de volta ao fogo com
prejuízo inevitável, seja de tempo, seja de ferro. Porque
a cada vez que se volta ao fogo, perde-se um pouco do material.
Primordialmente, as Sagradas Escrituras
nos ensinam que não há caminho mais eficaz para corrigir a
corrupção humana do que a correta educação da
juventude.
Se
for preciso curar a corrupção do gênero humano, é
preciso fazê-lo, sobretudo, por meio de uma atenta e prudente educação
da juventude.
Educar
os jovens com sabedoria significa, ademais, prover a que sua alma seja preservada
da corrupção do mundo; favorecer para que germinem, com grande
eficácia, as sementes de honestidade que neles se encontram, por
meio de ensinamentos e exemplos castos e assíduos.
Grande
parte da juventude cresce sem a devida educação, como uma
selva que ninguém cuida de plantar, irrigar, podar e fazer crescer
bem. Por esse motivo, hábitos e costumes selvagens e indômitos
acabaram prevalecendo em todo o mundo.
O
que somos, fazemos, pensamos, dizemos, inventamos, conhecemos e possuímos
é como uma escada com a qual, subindo sempre mais, alcançamos
degraus mais altos, mas nunca chegamos ao topo.
A
caridade manda que o que Deus manifestou para salvação do
gênero humano (assim fala o eminente Lubin da sua Didática),
se não esconda dos mortais, mas se manifeste a todo o mundo. Efetivamente,
é da natureza de todos os bens (continua o mesmo Lubin) que sejam
comunicados a todos; e quanto mais é a riqueza e se põe em
comum, tanto melhor é e tanto mais cabe a todos.
Quem
ama o poder e a riqueza não encontrará onde saciar sua fome,
mesmo que possua todo o Universo. Quem almeja demasiadas honras não
ficará satisfeito nem que seja adorado por todo o Universo. Quem
se entrega aos prazeres, por mais que os sentidos se engolfem em rios de
delícias, tudo acaba se consumindo, e o desejo se volta de um objeto
para outro. Quem aplica o espírito no estudo da sabedoria nunca encontrará
o fim: quanto mais souber, tato mais compreenderá que falta muito
por saber.
Três
são as espécies de vida para cada um de nós e três
são as moradas: o útero materno, a Terra e o céu.
Da primeira morada, se entra na segunda pelo nascimento. Da segunda,
se entra na terceira pela morte e pela ressurreição. Da terceira,
nunca se sai, por toda a eternidade. Na primeira, recebemos apenas a
vida, com movimentos e sentidos incipientes; na segunda, recebemos a vida,
o movimento e os sentidos com os primórdios do intelecto; na terceira,
a plenitude absoluta de tudo.
(Grifos meus).
É
também uma lei de humanidade que, se se conhece qualquer meio de
ir em auxílio do próximo para o tirar das suas dificuldades,
não se deve hesitar; sobretudo quando se trata, não de um
homem só, mas de muitos, e não apenas de muitos homens, mas
de muitas cidades, províncias e reinos e, digo até, do gênero
humano inteiro, como é o caso presente.
Entendo
por Instrução todo conhecimento das ciosas, das artes e das
línguas; por Costumes, não só a correção
do comportamento externo, mas o equilíbrio interno e externo dos
movimentos da alma; por Religião, a interna veneração
com que o espírito humano se liga e se vincula à Divindade
Suprema.
Quem
prefere as coisas agradáveis às saudáveis é
tolo. É ainda mais tolo quem, desejando ser homem, cuide mais dos
ornamentos do homem que da essência.
Todo
homem nasceu com a capacidade de adquirir a ciência das coisas, antes
de mais nada, porque é imagem de Deus.
O
homem nada recebe do exterior; só precisa expandir e desenvolver
o que já traz implícito em si, fazendo desabrochar a natureza
de cada coisa.
No
homem, é inerente o desejo de saber e também de enfrentar
(e não apenas de suportar) os esforços que isto implica. Tal
já acontece na primeira infância e nos acompanha por toda vida.
Os
exemplos dos autodidatas mostram com muita clareza que o homem, com a orientação
da Natureza, tudo pode alcançar.
Nosso
cérebro, forja de pensamentos, é com justiça comparado
à cera, sobre a qual são impressos os selos ou com a qual
se moldam estatuetas. De fato, assim como a cera, que se adaptando a todas
as formas, pode ser plasmada e replasmada de todas as maneiras, também
o cérebro, abrangendo as imagens de todas as coisas, recebe em si
o que o Universo contém.
Como
somos cegos não reconhecemos que estão em nós as raízes
de toda a harmonia.
Nos
movimentos da alma, a roda principal é a vontade; os pesos que a
fazem se mover são os desejos e os afetos que a fazem pender para
um lado ou para outro. O escapo, que aumenta e diminui o movimento, é
a razão que mede e determina o que deve acolher ou do que deve fugir,
onde e em que medida. Os outros movimentos da alma são como as rodas
menores que seguem a principal. Se aos desejos e aos afetos não for
atribuído um peso excessivamente grande, e se o escapo, que é
a razão, aumentar ou diminuir os movimentos do discernimento, só
poderá se seguir a harmonia e o acordo perfeito nas virtudes, ou
seja, um equilíbrio conveniente entre as ações e as
paixões.
É
coisa torpe e nefanda, sinal evidente de ingratidão, insistir na
degeneração e esquecer a regeneração!
A
Natureza dá as sementes da ciência, da honestidade e da religião,
mas não dá a ciência, a virtude e a religião;
estas são adquiridas apenas com a prece, com o estudo e com o esforço
pessoal.
A
educação é necessária para todos.
O
que são os ricos sem Sabedoria, senão porcos engordados com
farelo? Os pobres sem o conhecimento das coisas o que são, senão
burros de carga? Um homem de bom aspecto mas ignorante o que é, senão
um papagaio de bela plumagem? Ou então, como disse Diógenes
Laércio, uma bainha de ouro com um punhal de chumbo? A quem um dia
caberá comandar outros, como reis, príncipes, magistrados,
pastores e doutores de igreja, a estes, mais do que a ninguém, é
necessária a educação profunda da Sabedoria. Assim
como os guias precisam ter olhos treinados e os intérpretes a língua,
a trompa precisa ser capaz de tocar e a espada de cortar. Do mesmo modo,
os súditos precisam ser iluminados, para que saibam obedecer com
prudência os que comandam com sabedoria; não por obrigações
e com servil obséquio, mas de bom grado e por amor à ordem.
Isto porque uma criatura racional deve ser guiada pela razão, e não
por meio de gritos, cárcere, pancadas; e aqueles que agem de modo
diferente ofendem a Deus, que neles também apôs sua imagem.
Lamentavelmente, os assuntos humanos estarão cheios – como
estão – de violência e descontentamento. Fique estabelecido,
pois, que a todos os que nasceram homens a educação é
necessária, para que sejam homens e não animais ferozes, não
animais brutos, não paus inúteis. Segue-se que alguém
só estará acima dos outros se for mais preparado do que os
outros.
No
homem é sólido e dourado apenas e o que foi absorvido na primeira
idade.
Para
orientar e guiar as crianças, são mais úteis os exemplos
do que as regras: se algo é ensinado a uma criança, pouco
fica gravado, mas se for mostrado o que os outros fazem, ela logo os imitará,
sem precisar de ordens.
Se
quisermos servir a Deus, ao próximo e nós mesmos, devemos
ter piedade em relação ao próximo e ciência em
relação a nós mesmos.
Quem
se vê a si mesmo e os outros cobertos de infinitas manchas, e sente
já que as suas úlceras e as dos outros supuram cada vez mais,
e tem o nariz cheio do terrível odor que delas sai; quem se vê
a si e aos outros estar no meio de perigosíssimas voragens e despenhadeiros
a girar entre laços tensos; mais ainda, quem se vê conduzido
por precipícios ininterruptos, e que este e aquele se precipitaram
já, é difícil que não se arrepie, que não
se sinta aterrado, que não morra de dor.
A
maior parte dos homens é presa de coisas terrenas e passageiras,
e até da iminentíssima morte... No lugar do amor mútuo
e da mansidão, estão ódios recíprocos, inimizades,
guerras e carnificinas. No lugar da justiça, está a iniqüidade,
a injustiça, as opressões, os furtos e as rapinas. No lugar
da castidade, está a impureza e a obscenidade dos pensamentos, das
palavras e das ações. No lugar da simplicidade e da veracidade,
estão as mentiras, as fraudes e os enganos. No lugar da humildade,
está o fausto e a soberba de uns para com os outros.
Sob
o Sol não há nenhum outro caminho mais eficaz para corrigir
as corrupções humanas do que a reta educação
da juventude... 'Instrui o jovem no caminho que deve seguir, e ele não
se afastará dele, mesmo quando for velho.' (Provérbios, XXII,
6, apud Comenius).
Se
se devem aplicar remédios às corruptelas do gênero humano,
importa fazê-lo de modo especial por meio de uma educação
sensata e prudente da juventude. Importa fazer precisamente como quem quer
renovar um pomar, o qual tem necessariamente de plantar novas arvorezinhas
e de as tratar com muito cuidado, para que cresçam belas e grandes.
Com efeito, para transplantar árvores velhas e nelas infundir fecundidade,
não basta a força da arte. Portanto, as mentes simples e não
ainda ocupadas e estragadas por vãos preconceitos e costumes mundanos
são as mais aptas para amar a Deus.
Educar providamente a juventude é
providenciar para que os espíritos dos jovens sejam preservados das
corruptelas do mundo e para que as sementes de honestidade sejam neles lançadas
por meio de admoestações e de exemplos castos e contínuos,
estimuladas para que germinem felizmente, e, por fim, providenciar para
que as suas mentes sejam imbuídas de um verdadeiro conhecimento de
Deus, de si mesmas e da multiplicidade das coisas, de tal forma que se habituem
a ver a luz à Luz de Deus, e a amar e a venerar, acima de tudo, o
Pai das Luzes.
A
arte de ensinar não exige mais do que uma disposição
tecnicamente bem feita do tempo, das coisas e do método.
Que
tesouro de instrução conseguirás, se a cada hora aprenderes,
nem que seja um único teorema de uma ciência, uma única
regra de aplicação técnica, uma narrativa ou uma máxima
elegante (coisas que, claramente, não requerem esforço).
As
coisas todas só atraem a juventude quando adequadas à sua
idade e quando as explicações são muito claras e intercaladas
com algumas amenidades ou com assuntos menos sérios, mas sempre aprazíveis.
É isso que significa unir o útil ao agradável. [Se
é assim, e como minha mãe era tripeira, posso, aqui, contar
uma amenidade. Conta-se que em um shopping center do Porto, terra
natal de minha mãe, lá uma tarde acabou a luz. Dez portugueses
ficaram presos no elevador e trinta nas escadas rolantes!!!]
Facilitará
o estudo do aluno quem lhe mostrar como usar na vida cotidiana aquilo que
está sendo ensinado.2
A
escola tem a missão de ocupar os jovens só com coisas sérias.
Por
que vagar entre opiniões diferentes sobre as coisas quando se busca
conhecer o que são as coisas realmente?
O
homem instruído com fundamento é como uma árvore que
se sustenta com as próprias raízes e a linfa; por isto, estará
sempre vigoroso (aliás, fica mais robusto a cada dia que passa) verdejante,
e produz flores e frutos.
Tudo
o que se ensina deve ser consolidado por razões que não permitam
dúvidas nem esquecimentos.
De
tudo que se aprende, é preciso buscar logo a utilidade, para não
se aprender nada de inútil.3
A
instrução nunca chegará a ser realmente sólida
se, paralelamente, não se instituírem repetições
e exercícios, freqüentes e bem feitos.
É
melhor ter no bolso uma moeda de ouro do que cem de chumbo.
Devem
ser banidos das escolas todos os autores que ensinam só palavras,
sem dar a conhecer nada de útil.4
O
juízo correto acerca das coisas é o verdadeiro fundamento
de todas as virtudes.5
O
triste vício do egoísmo é estritamente relacionado
com a natureza corrupta que faz desejar apenas o proveito próprio,
sem atentar para as necessidades dos outros.6
É
preciso manter os filhos longe das más companhias para que não
sejam por elas corrompidos.
Antes
de mais nada, acredito que todos concordam que a disciplina deve ser exercida
contra quem erra, mas não porque errou (o que foi feito, feito está),
mas para que não erre mais. Portanto, deve ser exercida sem paixões,
sem ira, sem ódio, mas, com simplicidade e sinceridade, de tal modo
que mesmo aquele a quem for aplicada a disciplina perceba que é para
seu bem e que é ditada pelo afeto paterno de quem tem a responsabilidade
de guiá-lo; assim, poderá percebê-la com o mesmo espírito
com que se toma um remédio amargo receitado pelo médico.
Quem
ignora o seu próprio mal dele não cuida; quem não sente
dor não geme; quem não percebe o perigo não estremece
nem quando está sobre o abismo ou sobre o precipício. Assim,
não é de espantar que não se preocupe aquele que não
nota as desordens que afligem o gênero humano.
Nada
é mais difícil do que perder os hábitos adquiridos.
O hábito de fato é uma segunda natureza, e tu podes expulsar
a natureza à força, mas ela sempre retorna. É lógico
que nada é mais difícil do que reeducar um homem que recebeu
má educação; depois que a árvore cresceu –
seja ela alta ou baixa, com ramos esticados ou curvos – uma vez adulta,
assim permanecerá e não se deixará modificar.7
Se
quisermos igrejas, famílias e Estados bem organizados e florescentes,
antes de mais nada, ponhamos em ordem as escolas, fazendo-as florescer para
que se tornem realmente forjas de homens e viveiros de homens de igreja,
de família e de Estado; só assim alcançaremos nossos
fins, e não de outro modo.
Quem
nos deu a vontade nos fará atingir o objetivo: devemos pedir à
Misericórdia Divina e esperar com confiança.
Todos
os que têm a tarefa de formar homens devem educá-los de tal
forma que vivam conscientes de sua dignidade e de sua excelência:
que procurem, pois, orientar seus esforços para este supremo fim.
Tudo
existe em função do homem, inclusive o tempo. Por isto, não
será concedido ao mundo uma duração maior do que a
necessária para completar o número dos eleitos.8
O
número dos maus é infinitamente maior que o dos bons.9
Assim
como é certo que o tempo transcorrido no útero materno é
uma preparação para a vida no corpo, também o tempo
transcorrido no corpo é preparação para a vida que
dará continuidade à vida presente e durará por toda
a eternidade. Bem-aventurado aquele que sai do útero materno com
os membros bem formados; mil vezes bem-aventurados é aquele que deixar
esta vida com a alma limpa.
Se
fosse concedido ao homem mil anos, durante os quais fosse adquirindo sempre
novos conhecimentos, e se ele passasse de um conhecimento a outro, ainda
assim teria novos objetos para conhecer, tal é a inexaurível
capacidade da mente humana. O conhecimento é como um abismo sem-termo.
Devemos
admirar o espelho da Sabedoria de Deus, que obrou de tal modo que a massa
não muito grande do cérebro fosse suficiente para receber
milhares e milhares de imagens.
Abstenhamo-nos
de limitar a graça de Deus, pois Ele está pronto a derramá-la
sobre nós com prodigalidade.
Ninguém
cuide realmente de ser se não tiver aprendido a se comportar como
homem, ou seja, se não tiver sido formado nas coisas que fazem o
homem.
A
educação deverá ser iniciada muito cedo, porque, na
vida, não se deve só aprender por aprender; deve-se aprender
a agir. Convém, pois, que sejamos instruídos o mais depressa
possível sobre o que se deve fazer na vida, para que não nos
aconteça ter de abandoná-la antes de termos aprendido a nos
comportar.
O
homem – que por toda a vida tem infinitas coisas para conhecer, experimentar
e fazer – deve abrir a tempo os seus sentidos à contemplação
das coisas.
Para
que o homem possa ser formado para a Humanidade, Deus lhe concedeu os anos
da juventude, durante os quais é incapaz de fazer outras coisas,
tendo condições apenas de se formar.
É
muito perigoso deixar de infundir no homem, desde o berço, regras
salutares de vida.
Em
primeiro lugar, todo o homem nasceu para o mesmo fim principal: o de ser
homem, ou seja, criatura racional senhora das outras criaturas, imagem manifesta
de seu criador. Portanto, todos, quando forem devidamente instruídos
nas letras, nas virtudes e na religião, devem se tornar capazes de
levar a vida presente de modo útil e de se preparar dignamente para
a vida futura.
A
essência da alma é composta por três faculdades (que
correspondem à Trindade incriada): intelecto, vontade e memória.
O intelecto aplica-se à observação da diversidade dos
objetos (até as pequeníssimas minúcias). A vontade
provê a opção, ou seja, a escolha das coisas profícuas
e a rejeição das coisas nocivas. A memória retém,
para uso futuro, as coisas que antes ocuparam o intelecto e a vontade, recordando
à alma a sua dependência de Deus e suas missões; sob
esse aspecto, chama-se também consciência. Para que estas faculdades
possam cumprir bem as suas tarefas, é necessário instruí-las
nas coisas que iluminam o intelecto, dirigem a vontade e estimulam a consciência,
para que o intelecto conheça com agudeza, a vontade escolha sem erros
e a consciência anseie por consagrar tudo a Deus. Portanto, assim
como essas faculdades (intelecto, vontade e consciência), por constituírem
uma só alma, não podem ser separadas, também os três
ornamentos da alma (instrução, virtude e piedade) não
devem ser separados.
Vãos
desejos: os dias passados não voltarão. Nenhum de nós,
já entrado em anos, voltará a ser jovem para poder aprender
a levar a vida de modo mais idôneo. Só nos resta uma coisa
a fazer: ajudar nossos pósteros na medida do possível, mostrando
os erros em que nossos preceptores nos lançaram e indicando o caminho
para evitá-los.
Não
se faz um mercúrio com qualquer madeira, dizem alguns; eu respondo
que de qualquer homem se faz um homem, desde que não haja corrupção.
Deus
quis nos conceder apenas o tempo que considerou suficiente à preparação
de uma vida melhor. Para este fim, a vida é suficientemente longa,
se soubermos dela fazer bom uso.
Quem
trabalha com destreza e paixão, sabendo o que, onde, quando e como
é necessário fazer e deixar de fazer, não terá
desenganos. No entanto, é verdade que às vezes até
os mais experientes não obtêm resultados (pois para o homem
é quase impossível realizar tudo com tal precisão que
não lhe escape algum erro de um modo ou de outro), mas aqui não
ocupamos da perícia ou do acaso, porém da arte, ou seja, do
modo como é possível prevenir os acidentes.
A
criança não pode ser instruída enquanto é pequena
demais, porque a raiz da inteligência ainda está escondida.
Instruir o homem na velhice é tardio demais, pois a inteligência
e a memória começam a arrefecer; na idade madura, isto é
difícil porque é trabalhoso reunir as forças da mente,
que estão dispersas nas várias ocupações. Portanto,
isto deve ser feito na juventude, quando o vigor da vida e da mente estão
em ascensão; neste momento, todas as faculdades estão crescendo
e lançando raízes profundas.
Se, em qualquer parte do mundo, há
alguém que possa dar ou descobrir algum bom conselho, ou que possa,
à força de gemidos, de suspiros, de prantos e de lamentações,
obter de Deus a graça de ver qual a melhor maneira possível
de conduzir a juventude, não deve estar calado, mas aconselhar, pensar
e pedir. 'Maldito aquele que faz um cego errar no caminho' (Deuteronômio,
XXVII, 18). Maldito, portanto, também aquele que, podendo reconduzir
o cego ao bom caminho, o não reconduz. 'Ai daquele que escandalizar
um só destes pequeninos' (Mateus, XVIII, 6 e 7). Portanto, ai também
daquele que, podendo afastar os escândalos, os não afasta.
'Deus não quer que se abandone o jumento ou o boi que anda errante
pelas selvas e pelos campos ou que caiu debaixo da carga, mas, quer que
se socorra, ainda que se não saiba de quem é, ainda que se
saiba que é de um inimigo nosso' (Êxodo, II, 3, 4; Deuteronômio,
XXII, 1).
O
fim último do homem está fora desta vida... Esta vida não
é senão uma preparação para a Vida Eterna...
Os graus da preparação para a eternidade são três:
conhecermo-nos a nós mesmos (e conosco todas as coisas), governarmo-nos
e dirigirmo-nos para Deus.
Toda
a juventude, de ambos os sexos, deve ser enviada às escolas... Nas
escolas, a formação deve ser universal.
O
fundamento das reformas escolares é a ordem em tudo... A ordem perfeita
da escola deve ir buscar-se em a Natureza... Para uma educação
perfeita do homem todo, requer-se todo o tempo da juventude, ou seja, 24
anos.
Os
anos da idade ascendente sevem ser subdivididos em quatro partes distintas:
infância, puerícia, adolescência e juventude, atribuindo
a cada uma destas partes seis anos e uma escola peculiar, de modo que: 1º)
O regaço materno seja a escola da infância; 2º) A escola
primária ('ludus literarius') ou escola pública de língua
vernácula seja a escola da puerícia; 3º) A escola de
latim ou o ginásio seja a escola da adolescência; e 4º)
A Academia e as viagens sejam a escola da juventude.
Exortação
aos pais: Vós, caríssimos pais, a cuja fé
Deus confiou preciosíssimos tesouros – as suas pequeninas imagens
vivas – educai os vossos filhos no temor de Deus, preparando, assim,
dignamente, o caminho para aquela cultura mais universal.
Exortação
aos formadores da juventude: Vós, formadores da juventude,
que com fé consagrais os vossos esforços a plantar e a regar
as pequeninas plantas do paraíso, fazei sérios votos para
que estas pequeninas plantas, conforto das vossas fadigas, se tornem belas
o mais cedo possível e se preparem para ser úteis no máximo
grau. Efetivamente, sendo vós chamados 'a plantar os céus
e a fundar a Terra' (Isaías, LI, 16), poderá acontecer-vos
coisa mais agradável do que ver o fruto abundantíssimo das
vossas fadigas? Que esta vossa celeste vocação, assim como
a confiança em vós depositada pelos pais, entregando-vos os
seus filhos, seja como que um fogo na medula dos vossos ossos que vos não
dê a paz e, por meio de vós, também aos outros, até
que o fogo desta luz inflame e ilumine brilhantemente toda a nossa pátria.
Exortação
às pessoas ilustradas: vós, pessoas instruídas,
a quem Deus dotou de sabedoria e de juízo penetrante, para que possais
julgar destas coisas e, com o vosso prudente conselho, melhorar sempre mais
os projetos bem ideados, não hesiteis em trazer também as
vossas centelhas, e mesmo até os vossos archotes e os vossos foles,
para atiçar melhor este fogo sagrado. Que cada um de vós pense
nestas palavras de Cristo: 'Eu vim trazer o fogo à Terra, e que quero
eu, senão que ele se acenda?' (Lucas, XII, 49). Se Ele quer que o
seu fogo arda, ai daquele que, podendo trazer qualquer coisa para inflamar
essas chamas, não traz senão, talvez, os fumos da inveja,
da denigração e da oposição. Lembrai-vos da
remuneração que promete aos servos bons e fiéis que
empregam os talentos que lhes foram confiados para negociar, de modo a ganharem
outros, e como ameaça os preguiçosos que enterram os seus
talentos! (Mateus, XXV). Temei, portanto, que só vós sejais
instruídos, e esforçai-vos por fazer progredir também
os outros na instrução. Sirva-vos de estímulo o exemplo
de Sêneca, que afirmou: 'Desejo transfundir nos outros tudo aquilo
que sei'. E igualmente: 'Se a sabedoria me fosse dada com a condição
de a manter fechada e de a não comunicar, recusá-la-ia'10
(Carta 27). Não negueis, portanto, a ninguém, de todo o povo
cristão, o vosso saber e a vossa sabedoria, mas dizei antes com Moisés:
«Quem me dera que todo o povo de Deus profetizasse!» (Números,
11,29). Uma vez que, formar bem a juventude, é formar também
e reformar a Igreja e o Estado[5], nós, que não ignoramos
isto, havemos de estar para aí ociosos, enquanto os outros estão
vigilantes?
______
Notas:
1. A
Escolástica (ou Escolasticismo) é uma linha dentro da filosofia
medieval, de acentos notadamente cristãos, surgida da necessidade
de responder às exigências da fé, ensinada pela Igreja,
considerada, então, como a guardiã dos valores espirituais
e morais de toda a Cristandade. Por assim dizer, a Escolástica foi
responsável pela unidade de toda a Europa, que comungava da mesma
fé. Esta linha vai do começo do século IX até
ao fim do século XVI, ou seja, até ao fim da Idade Média.
Este pensamento cristão deve o seu nome às artes ensinadas
na altura pelos escolásticos nas escolas medievais. Estas artes podiam
ser divididas em trivio (Gramática, Retórica e Dialética)
ou quadrívio (Aritmética, Geometria, Astronomia e Música).
A Escolástica resulta essencialmente do aprofundar da Dialética.
2.
Pitágoras
de Samos foi um filósofo e matemático grego que nasceu em
Samos entre 570 a.C. e 571 a.C. e morreu em Metaponto entre 496 a. C. e
497 a.C. Na época de Pitágoras, um problema não solucionado
era determinar as relações entre os lados de um triângulo
retângulo. Pitágoras provou que, em um triângulo retângulo,
a soma dos quadrados (das áreas) dos catetos é igual ao quadrado
(da área) da hipotenusa.
O primeiro número irracional a ser descoberto foi a raiz quadrada
do número 2, que surgiu exatamente da aplicação do
teorema de Pitágoras em um triângulo de catetos valendo 1:

Por
ser um número irracional, a raiz quadrada de dois não pode
ser expressa como um número finito de casas decimais. Uma aproximação
é: 1, 41421 35623 73095 04880 16887... Na vida cotidiana, tanto o
teorema de Pitágoras quanto a raiz quadrada de dois têm trocentas
mil aplicações.
3.
O que poderá interessar a um aluno que faz Engenharia Mecânica
aprender, entre outras inutilidades, que os subníveis eletrônicos
são subdivisões das camadas eletrônicas de um átomo,
e que são designados pelas letras minúsculas, s, p, d, f,
g, h et cetera? O que poderá interessar a um aluno que faz
Engenharia Mecânica saber que o subnível s tem 2 elétrons,
que o subnível p tem 6 elétrons, que o subnível d tem
10 elétrons e que o subnível f tem 14 elétrons? O que
poderá interessar a um aluno que faz Engenharia Mecânica conhecer
que a ordem crescente dos subníveis de energia é 1s < 2s
< 2p < 3s < 3p < 4s < 3d < 4p < 5s < 4d < 5p
< 6s < 4f < 5d < 6p < 7s < 5f < 6d ... Envergonhado,
confiteor
Deo omnipotenti que
eu já ensinei esta baboseira!
4.
Da mesma forma que é impossível se estudar anatomia sem um
cadáver disponível, da mesma forma que é impossível
se aprender a dar injeção sem uma bunda disponível,
é uma total inutilidade se estudar Química, Física
e Biologia sem um laboratório de apoio. E assim, qual a utilidade
de se fazer um garoto decorar que o sódio é menos reativo
do que o potássio, que o precipitado de sulfato de bário é
branco e que a diluição de ácido sulfúrico concentrado
(em água) produz uma reação perigosíssima e
altamente exotérmica? Bolas! Lhufas! Em laboratório, em pequenas
quantidades, tudo isto pode ser demonstrado com a maior facilidade e à
saciedade.
5.
Por que vender a idéia de um céu, de um purgatório
e de um inferno, se estas coisas não existem? Por que fazer as pessoas
acreditarem em arrebatamento, em salvação eterna e em milagres,
se estas coisas não existem? Por que o Sagrado Coração
de Jesus e o Imaculado Coração de Maria necessitam que as
pessoas comunguem reparadoramente em nove primeiras sextas-feiras (consecutivas)
e em nove primeiros sábados (consecutivos) para serem consolados?
Se falhar uma sexta-feira ou um sábado, porventura os referidos Sagrados
Corações se desconsolarão? Será necessário
recomeçar do zero a Dupla Novena? E se a pessoa morrer no meio do
caminho?
6.
Não deixa de ser uma forma de egoísmo (pois é uma argüição
em proveito próprio) querer que as pessoas contribuam obrigatoriamente
com, pelo menos, R$ 30,00 por mês a título de dízimo.
Ora, R$ 30,00, para mim, não representa nada; mas, para quem ganha
salário-mínimo, é uma fortuna. Pior são os negócios
com Deus, estimulados, todos os dias, ao limite da insânia, por mil
e um pastores eletrônicos! E assim, por induzimento, pensa o pacóvio:
Darei tanto de dízimo;
mas receberei de volta dez vezes esse tanto!
7.
Acredito que os nove meses de gestação e os primeiros sete
anos de vida são a base para o futuro. Tudo que for incorporado neste
espaço de tempo dificilmente será modificado no futuro. Certas
espoletas poderão ou não inflamar no tempo está por
vir dependendo de como foram as experiências e o intercurso familiar
neste período.
8.
A palavra AThMa é equivalente a um Número: 1440 (1000
+ 400 + 40). Em sonometria moderna, é o Hierarca Sonométrico
do Modo Musical de Mi, ao mesmo tempo em que corresponde à Harpa
Arcangélica Solar do Zodíaco. Mi, em sânscrito, expressa
tudo o que atravessa, irradia e penetra, ao mesmo tempo em que abarca, circunda
e compreende. MIHAeL. 1440 multiplicado por 100, corresponde ao
Hierarca do Modo Inarmônico da Sabedoria Divina. Por isso, para não
haver nenhum equívoco, no Livro da Revelação
(VII, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e XIV, 1, 2, 3), ele soa através de 144000
Harpas, e é cantado por 144000 Eleitos. Mas, 144000
9 (1 + 4 + 4). Logo, em princípio, todos são elegíveis.
E assim, como não poderia deixar de ser, a elegibilidade depende
só de nós, já que somos responsáveis por tudo.
9.
Aqui discordo integralmente de Comenius. Direi, até que o número
dos maus é infinitamente menor do que o dos bons. O que acontece
é que a perversidade é mais retumbante e nos causa maior impressão;
basta lembrar, por exemplo, da Segunda Guerra Mundial. Simplesmente, como
advogou Comenius, se o número dos maus fosse infinitamente maior
do que o número de homens de boa vontade, este Planeta, há
muito tempo, já não seria a Escola Cósmica para o qual
foi programado. Mutatis mutandis, belalugosiando*,
é como borboletas que caíssem em um formigueiro; depois de
laceradas e tragadas as borboletas, as formigas, como se estivessem em um
festim diabólico, acabariam por, freneticamente, se devorar a si
próprias. Não! Sem dúvida, estamos melhorando! Quem
sabe, um dia, sejamos todos borboletas!
*
O ator Béla Lugosi (1882 – 1956) foi catapultado para o estrelato
por suas interpretações cinematográficas vampirescas.
10.
Esta sentença faz lembrar um episódio da vida de Max Heindel.
Max Heindel em uma certa época estava em Berlim, e quando se aprestava
para partir, recebeu, inesperadamente, a visita de um dos Irmãos
(Fratres Seniores) da Ordem Rosacruz – um dos Hierofantes
dos Mistérios – que se prontificou a lhe transmitir os ensinamentos
Rosacruzes, desde que Max se comprometesse e mantê-los em segredo.
Sabendo, por experiência própria, o que é sofrer devido
à ânsia de conhecimento, foi incapaz de satisfazer o pedido
do Irmão Maior, e recusou aceitar o que quer que fosse que não
pudesse partilhar com os seus irmãos no mundo, que sabia tão
animicamente famintos como ele. O Hierofante se retirou, mas ao cabo de
um mês apareceu-lhe novamente e disse-lhe que tinha passado na prova
do egoísmo. Se Max Heindel tivesse aceitado a oferta de guardar os
conhecimentos sem os partilhar, ele, o Hierofante, não teria regressado.
Quem guarda só para si o que deve ser distribuído acaba implodindo;
o saber egoísta se torna veneno e a solidão corrói
o homem por dentro. Todavia, deve ser dito que só não pode
ser divulgado o que for estritamente pessoal, e cada qual, certamente, sabe
bem a diferença entre o que é pessoal e o que pode e deve
fraternalmente ser comunicado.
Bibliografia
básica para consulta recomendada e referida em coladaweb.com:
GASPARIN,
João Luiz. Comenius ou
da arte de ensinar tudo a todos.
São Paulo: Papirus, 1994.
COVELLO,
Sérgio Carlos. Comenius,
a construção da pedagogia.
São Paulo: SEJAC, 1991.
RIBOULET,
L. História da Pedagogia.
São Paulo: F.T.D., 1951.
WALKER,
Daniel. Comenius, o criador da
didática moderna. Juazeiro
do Norte: HB Editora, 2001.
COMENIUS,
João Amós. Didáctica
Magna.
Fundação Caloustre Gulbenkian. 4ª ed. Praga, 1957.
Páginas
da Internet consultadas:
http://www.fraternidaderosacruz.org
/mh_bibliografia.htm
http://pt.shvoong.com/humanities/
1659593-idade-m%C3%A9dia-idade-das-trevas/
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Pit%C3%A1goras
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Escol%C3%A1stica
http://www.ebooksbrasil.org/
eLibris/didaticamagna.html
http://www.coladaweb.com/
perso/comenius.htm
http://www.culturabrasil.pro.br/
didaticamagna/didaticamagna-comenius.htm
http://www.centrorefeducacional.com.br/
comenius.htm
http://pt.wikiquote.org/
wiki/Com%C3%AAnio
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Comenius
Fundo
musical:
Come
Rain Or Come Shine
Fonte:
http://www.electrofresh.com/