Se
nós não conhecermos ou se conhecermos mal a história
política do nosso País, entenderemos mal ou até não
entenderemos o atual momento histórico-político brasileiro
e o porquê das coisas, e poderemos até, ainda que bem-intencionados,
fazer escolhas ambíguas, ainda que escolhas ambíguas sejam
sempre muito melhor do que não escolher. Por isto, nesta oportunidade,
estou divulgando alguns fragmentos do pensamento político e das memórias
de Carlos Lacerda. Discorde, se achar que deve discordar do polêmico
Lacerda; mas, por favor, não deixe de ler o estudo até o final
sobre uma das figuras mais marcantes da vida nacional, conhecido e reconhecido
por seu raciocínio relampagueante e fulminante.
Breve
Biografia de Lacerda
Carlos
Frederico Werneck de Lacerda (Rio de Janeiro, 30 de abril de 1914 –
Rio de Janeiro, 21 de maio de 1977) foi um jornalista e político
brasileiro. Foi membro da União Democrática Nacional (UDN),
vereador (1945), deputado federal (1947 – 1955) e governador do estado
da Guanabara (1960 – 1965). Foi o fundador-proprietário, em
1949, do jornal Tribuna da Imprensa, e criador, em 1965, da editora Nova
Fronteira.
Nasceu no Rio de Janeiro, mas foi
registrado como tendo nascido em Vassouras, cidade onde seu avô residia
e seu pai tinha grandes interesses políticos. Recebeu o nome de Carlos
Frederico como homenagem aos pensadores políticos Karl Marx (1818
– 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895).
Em
1929, ingressou no curso de Ciências Jurídicas e Sociais da
então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual
Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Durante seu período acadêmico, destacou-se como orador
e participou ativamente do movimento estudantil de esquerda no Centro Acadêmico
Cândido de Oliveira. Devido ao grande envolvimento em atividades políticas,
abandonou o curso em 1932. Tornou-se militante comunista, seguindo os passos
de seu pai, Maurício de Lacerda, e do seu tio, Paulo Lacerda, antigos
militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Lacerda negou esta afirmação
(você lerá a negativa em um fragmento do item Pensamento Político
de Lacerda).
Sua
primeira ação contra o Governo de Getúlio Vargas (1882
– 1954), implantado com a revolução de 1930, deu-se
em janeiro de 1931, quando planejou, junto com outros comunistas, incentivar
marchas de desempregados no Rio de Janeiro e em Santos, durante as quais
ocorreriam ataques a lojas comerciais. A conspiração comunista
foi descoberta e desbaratada pela polícia liderada por João
Batista Luzardo (1892 – 1982), o que até virou notícia
no jornal americano The New York Times. Em março de 1934,
leu o manifesto de lançamento oficial da Aliança Nacional
Libertadora (ANL) em uma solenidade no Rio de Janeiro à qual compareceram
milhares de pessoas. Quando ocorreu o fracasso da Intentona Comunista de
1935, teve que se esconder na velha chácara da família em
Comércio (atual Sebastião Lacerda, Vassouras), e ser protegido
pela família influente. Rompeu com o movimento comunista em 1939
dizendo considerar que tal doutrina levaria
a uma ditadura, pior do que as outras, porque muito mais organizada, e,
portanto, muito mais difícil de derrubar. A partir de
então, como político e escritor, consagrou-se como um dos
maiores porta-vozes das ideologias conservadora e direitista no Brasil,
e grande adversário de Getúlio Vargas e dos movimentos políticos
Trabalhista e Comunista.
Inimigo
político de Getúlio Vargas, Carlos Lacerda foi o grande coordenador
da oposição à campanha de Getúlio à presidência,
em 1950, e durante todo o mandato constitucional do presidente, até
agosto de 1954. Uniu-se a militares golpistas e aos partidos oposicionistas
(principalmente a UDN) num esforço conjunto para derrubar o Presidente
Vargas, através de acusações que publicava em seu jornal,
Tribuna da Imprensa.
Lacerda
foi vítima de atentado à bala na porta do prédio onde
residia, em 5 de agosto de 1954, quando voltava de uma palestra no Colégio
São José, no bairro da Tijuca. No atentado, morreu o major
da Aeronáutica Rubens Vaz (1922 – 1954), membro de um grupo
de jovens oficiais que se dispuseram a acompanhá-lo e protegê-lo
das ameaças que vinha sofrendo. Atingido de raspão em um dos
pés, Lacerda foi socorrido e medicado em um hospital. Lá mesmo
acusou os homens do Palácio do Catete como mandantes do crime.
A
pressão midiática e a comoção pública
com a morte do major Rubens Vaz obrigaram o Governo a instaurar um IPM (Inquérito
Policial Militar) para investigar o atentado. Rapidamente, os militares
ligados a Lacerda fizeram do inquérito o palco perfeito para fomentar
ainda mais a crise. Uma série de investigações levou
à prisão dos autores do crime, que confessaram o envolvimento
do chefe da guarda pessoal de Vargas, Gregório Fortunato (1900 –
1962) e do irmão do presidente, Benjamim Vargas (conhecido pelo apelido
de Bejo).
Com
a conclusão do IPM (chamado na imprensa de República do
Galeão), instaurado pelo Brigadeiro Nero Moura (1910 –
1994), Ministro da Aeronáutica, o presidente do Inquérito,
indicado pelo Ministro, Coronel João Adil de Oliveira (1907 –
1976), informou, em audiência com o Presidente Vargas, que havia a
existência de indícios sólidos sobre a participação
de membros da Guarda no atentado.
Dezenove
dias depois, com o agravamento da crise política e o ultimato das
Forças Armadas pela sua renúncia, Getúlio Vargas suicidou-se
em 24 de agosto.1
O suicídio reverteu a opinião pública e provocou uma
imensa onda de comoção e revolta. Isto obrigou Lacerda e parte
de seu grupo a deixar o País. Na época, milhares de revoltosos
tomaram as ruas, empastelando jornais ligados à oposição.
Lacerda
participou ainda de nova tentativa de golpe de Estado, em 1955, quando se
uniu aos militares e à direita udenista para impedir a eleição
e a posse do presidente eleito Juscelino Kubitschek (1902 – 1976)
e de seu vice-presidente, João Goulart (1919 – 1976). As
manobras golpistas começaram já no período eleitoral,
quando ocorreu o episódio da Carta Brandi, uma notícia falsa
plantada pelos opositores no jornal de Lacerda, envolvendo João Goulart
em um pretenso contrabando de armas da Argentina para o Brasil.
Depois
de eleito Juscelino, Carlos Luz (1894 – 1961), Presidente interino
na época, aliado aos militares e a Carlos Lacerda, tramaram um novo
golpe, mas foram impedidos pelo General Teixeira Lott (1894 – 1984),
da ala legalista do Exército. Durante anos, o episódio ficou
conhecido como o golpe de Lott, principalmente pela ação da
mídia conservadora.
Vencido
na tentativa de golpe, Lacerda partiu para um exílio breve em Cuba,
que ainda era uma ditadura conservadora nas mãos do general Fulgêncio
Batista (1901 – 1973), antes da Revolução Cubana. Voltou
em seguida para reassumir sua cadeira de deputado, e continuar a oposição
a Juscelino Kubitschek, atacando, entre outras coisas, a construção
de Brasília.
Juscelino,
por sua vez, não permitiu jamais o acesso de Carlos Lacerda à
Televisão. Juscelino confessou a Lacerda, no encontro de Lisboa,
em 1966, que se deixasse Lacerda falar na televisão, Lacerda o teria
derrubado do Governo.
Com a transferência da capital
para Brasília, Lacerda se candidatou ao Governo do recém-criado
Estado da Guanabara. Apesar do grande favoritismo inicial, Lacerda foi eleito
por pequena margem, tendo sido ajudado pela divisão de votos populares
que ocorreu com a candidatura de Tenório Cavalcanti (1906 –
1987) ao mesmo cargo. A título de curiosidade, Tenório andava
sempre ao lado de sua Lurdinha,
uma submetralhadora MP–40, de fabricação alemã,
similar àquelas utilizadas por soldados nazistas durante a Segunda
Guerra Mundial. Esta arma foi um presente do general Góis Monteiro
(1889 – 1956).
O
Governo de Lacerda do antigo Estado da Guanabara destacou-se pela construção
de grandes obras que mostraram suas habilidades de administrador e consolidaram
a simpatia da classe-média. No seu Governo foi construída
a estação de tratamento de água do Guandu (até
hoje a maior do País) e um sistema de distribuição
que resolveram um centenário problema de abastecimento (a falta de
água era crônica e inspirava marchinhas de carnaval como Rio
de Janeiro,/Cidade que nos seduz,/de dia falta água,/de noite falta
luz, sucesso de Vitor Simon e Fernando Martins, do Carnaval
de 1954). Construiu túneis importantes para o trânsito de veículos,
como o Santa Bárbara e o Rebouças, ligando a Zona Norte à
Zona Sul da Cidade do Rio de Janeiro. Terminou a construção
e reurbanização do Aterro do Flamengo. Removeu favelas de
bairros da Zona Sul e do Maracanã, criando o Parque da Catacumba,
o Campus da UEG (atual UERJ) e instalando seus antigos habitantes
em conjuntos habitacionais afastados como Cidade de Deus e Vila Kennedy.
Construiu inúmeras escolas e manteve um alto padrão de qualidade
dos hospitais públicos.
Durante
seu Governo, descobriu-se que policiais assassinavam os mendigos que perambulavam
pela Cidade e jogavam seus corpos no Rio da Guarda, afluente do Rio Guandu.
O Governo de Carlos Lacerda foi acusado pela imprensa de oposição
de ter dado instruções aos policiais para que realizassem
estes assassinatos. Lacerda demitiu o Secretário de Segurança
e o envolvimento dos escalões superiores do Governo nestes fatos
nunca foi provado.
Foi
um dos líderes civis do golpe militar de 1964. Todavia, voltou-se
contra ele em 1966, com a prorrogação do mandato do Presidente
Castelo Branco (1897 – 1967). Segundo Lacerda, a prorrogação
do mandato de Castelo Branco levaria à consolidação
do Governo Revolucionário em uma ditadura militar permanente no Brasil,
o que realmente aconteceu. Muitos acreditam que a sua oposição
à prorrogação se devia ao fato de já se haver
lançado como candidato a Presidente da República, em 1965.
Confiava no sucesso do Governo que havia realizado no Estado da Guanabara
para enfrentar o candidato de oposição Juscelino Kubitschek.
Lacerda
foi cassado em 1968 pelo regime militar, provando o fel da perseguição
de um regime ditatorial que tanto lutara para que se instaurasse.
Em
novembro de 1966, lançou a Frente Ampla, movimento de resistência
ao golpe militar de 1964, que seria liderado por ele juntamente com seus
antigos opositores João Goulart e Juscelino Kubitschek – uma
alternativa civil para o retorno do Brasil à Democracia.
Por
toda a vida, Carlos Lacerda foi, a seus próprios olhos, um mártir
perseguido. Lacerda morreu
na madrugada 21 de maio de 1977, em uma clínica particular, após
ter contraído uma gripe comum, pouco depois de completar 63 anos
de idade. Sua morte repentina levantou a suposição de que
Lacerda e os dois ex-presidentes (primeiro, Castelo Branco, depois, Juscelino)
teriam sido assassinados pelo CIE (Centro de Informações do
Exército) da ditadura militar, pois todos eles faleceram em datas
próximas.
Em
20 de maio de 1987, através do Decreto Federal nº 94.353, Lacerda
teve restabelecidas, post
mortem, as condecorações nacionais que foram retiradas
e reincluído nas ordens do mérito das quais fora excluído
em 1968.
Carlos Lacerda
Pensamento Político e Memórias
O
momento culminante da minha vida pública foi chegar ao poder. O poder
é muito bom. Não adianta querer enganar.2
O
poder bem exercido é extremamente gratificante... É, talvez,
um prazer único em seu gênero. É um prazer muito especial.
É uma espécie de alegria permanente, mesmo nas horas de indignação...
Consegui tudo isso porque sempre tive certo desprezo pela política,
quero dizer, pela política do favor pessoal, no sentido de clientela,
no sentido de dar emprego em troca de voto ou o voto em troca de emprego.
O
futuro não é o que tememos. É o que ousamos.
Dentro em mim não me envaideço
de êxito algum; não me sinto capaz de suscitar inveja.
Sou
um tímido. Tenho pela vida um encantamento geral, um deslumbramento
permanente, que, muitas vezes, me impede, com a agravante da timidez, de
forçar a porta dos outros, de – por exemplo –
fazer visitas, comparecer
a aniversários, alimentar a convivência social que, nos acasos
imprevistos, tanto estimo. E gosto de preservar um pouco de solidão
–
porque a solidão
também é necessária.
As
qualidades mestras de JK eram a tolerância, a compreensão e
o respeito à inteligência. Que a sua morte sirva para restabelecer
estas virtudes no Brasil.
Certa
tarde, o deputado Carlos Lacerda estava na tribuna da Câmara, mais
virulento do que nunca. Com a sua metralhadora giratória, disparava
tiros em todas as direções. Foi aparteado pela deputada Ivete
Vargas (1927 – 1984), do PTB, nos seguintes termos:
—
Vossa Excelência é um grande purgante!
E
Lacerda, vendo bem de onde lhe vinha o aparte, respondeu de bate-pronto:
—
Se eu sou um grande purgante, Vossa Excelência é um enorme
efeito!
Livre,
enfim, de compromissos com tudo mais, fiquei unicamente obrigado para com
a minha mestra e ama – a inteligência.
Para
alguns, público é o ensino falsamente chamado 'gratuito' pago
por todos, com o dinheiro dos impostos. Distinguir o ensino, não
pela sua qualidade, nem mesmo por sua quantidade, mas segundo seja ele pago
direta ou indiretamente, é uma característica da sociedade
que faz do dinheiro a medida de todas as coisas.
A
impunidade gera a audácia dos maus.
Creio
que morrerei com essa capacidade de me apaixonar, sem a qual a vida se transforma
em um deserto de cálculos e ambições. O que tive, o
que vier a ter na vida, será sempre sem cálculo. Recebo o
que Deus me dá, sem Lhe pedir senão a graça de merecer.
Sou um homem desprevenido. Tenho feito mesmo questão de manter, ao
longo da vida, essa reserva de boa-fé freqüentemente desapontada,
mas que uma simples, uma única confirmação, de vez
em quando, basta para renovar.
A
lei tem que ter origem legítima para ser legal.
No Brasil, até os repórteres,
os observadores e os analistas de temas e personalidades confundem a Democracia
com a bagunça e o líder democrático com uma espécie
de Macunaíma político.
Revolução
no Brasil é como casamento na França: não tem sangue.
O
Sr. Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à
Presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não
deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução
para impedi-lo de governar.
Juscelino não deve ser candidato.
Se for, não deve ser eleito. Se for, não deve tomar posse.
Se tomar posse, não deve governar; deve ser deposto.
Porque
a vida não existe por definição. É aí
que eu quero chegar. Viver não é apenas se deixar viver. É
ter, a cada momento, a consciência de cada momento, a mão que
guarda um pássaro e saber que a todo instante poderá abrir-se
para deixar voar essa presença enternecedora e palpitante de um pássaro
na mão. Este é o senso dramático da vida, o movimento
patético pelo qual cada um pode provar a si mesmo esta verdade não
axiomática: Eu vivo. Minha profissão é viver... Penso
no meu destino. Sou feliz, sem nenhum ressentimento, com alguns arrependimentos
e uma ferocidade superficial, que me defende da ingenuidade nativa e desta
incansável alegria de viver, que, se não cuidar, me domina.
Nunca me preparei para a História... Meu destino, parece, é
fazer às pressas o que requer vagar e devagar o que, a rigor, demanda
pressa... Agora, neste forçado remanso, quando os apressados me julgam
vencido e querem passar por cima para chegarem mais depressa, e outros,
alegando as minhas ambições, pressurosamente satisfazem as
suas, tenho de fazer o que sempre tentei evitar – falar de mim –
pois é através
de minha experiência e testemunho que se encomenda um panorama do
Brasil nestes tempos em que perambulo pelo mundo de Deus afora.
Sobre
a construção do Emissário do Guandu: Não
me importa que não se lembrem, quando abrirem as bicas, quem foi
que botou a água. O que importa é que eu me lembre.
Citando
Ruy Barbosa (1849 – 1923) : Só os burros não
cometem incoerências. Só os burros não mudam de opinião.
Não
gosto de política. Acho conversa política uma conversa chatíssima.
Acho os interlocutores em geral muito chatos, no que estou já fazendo
uma injustiça a vários deles. Gosto é do poder. Política,
para mim, é um meio de chegar ao poder. Acho que ser oposicionista
é muito mais difícil do que ser Governo. Exatamente na medida
em que ser oposicionista de verdade, quer dizer cumprir o seu dever de oposição,
de vigilância, de crítica, é muito mais frustrante do
que ser Governo.
Explicando
o por quê de ter concluído
o Curso
de Direito na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro:
A advocacia era uma profissão muito estranha, porque os casos que
me interessavam não davam dinheiro, e os casos que davam dinheiro
não me interessavam.
Coleciono inimigos também.
Sempre pronto a me livrar deles, transformando-os em amigos. É natural,
pois, que alguns amigos, às vezes, se transformam em inimigos, como
compensação.
Nunca
pertenci ao Partido nem à Juventude Comunista. Deixei que durante
tantos anos amigos e inimigos repetissem essa informação errada,
apenas por amor à idéia geral e horror à covardia.
Para ser comunista só me faltou, precisamente, ser membro do Partido
ou de uma de suas organizações autorizadas. Portanto, não
havia o que desmentir, senão por amor à informação
exata. E quem se importa com a informação exata? Quando ser
comunista se tornou prova de inteligência, ter sido, e não
ser mais, converteu-se em demonstração de reacionarismo e
traição. Deixei que o dissessem aqueles muitos comunistas
que me conheceram e que por força do artigo 13 do primitivo estatuto
do Partido no Brasil eram proibidos de falar com os renegados.
Quando
[o jornalismo], porém, busca o êxito imediato e
se submete aos poderosos, corteja uma popularidade nascida da adulação
ao povo – quando é este o poderoso, ou o do tirano, quando
este é o dispensador de favores, então está condenado
a não ser mais do que uma pálida, inconseqüente crônica
de cada dia. Será, então, apenas folhinha, cartaz, volante,
boletim.
Se
[o
jornalista]
visa, constante e progressivamente, a melhoria da sociedade, a restituição
do homem ao seu natural pendor para a bondade e o amor, o uso do seu livre-arbítrio,
de sua razão, de sua inclinação para o reconhecimento
do bem, então ele desempenha retamente a sua missão.
Próprio
do jornalista, antes de tudo, é 'ver'. E, uma vez visto, dizer o
que viu... Pois, do jornalista não se exija que construa senão
aquilo que lhe é próprio construir: uma opinião pública
bem informada, atenta, vigilante, esclarecida.
Então,
desde logo, havemos de reconhecer que o fenômeno de decomposição
moral, que permite a certos jornais explorar a vida íntima até
dos mortos, não é apenas causa, é, sobretudo, resultado
da condescendência, digamos logo, da decomposição de
uma sociedade que se roja aos pés desses donos da opinião,
enquanto estes, cansados de vender a própria consciência, dedicam-se
à tarefa, sem dúvida mais arrojada, de lotear a consciência
do povo.
Não se publica o que realmente
interessa, e, sim, com mais freqüência, aquilo que se quer que
venha a interessar.
Toda
a delicadeza do problema consiste em que o jornal, como indústria,
não perca, antes aperfeiçoe aquela característica de
paixão pelo bem público, que lhe deu alento nas suas bravas
e humildes origens.
Não é meu propósito
denegrir a imprensa. Os seus defeitos não são incuráveis,
mas a condição para corrigi-los está em que lealmente
se diga quais são. Dos defeitos de concepção, ou aqueles
da ordem material, não há escapar. Mas dos que dependem de
um pouco de decência, de respeito próprio e de respeito pelo
leitor, ou escapamos ou levamos, na desmoralização da imprensa,
a do próprio País, de seu povo, de suas instituições,
de todo esse conjunto a que chamamos, com certa ligeireza, civilização
cristã.
Detesto
a política, e a faço com certo desprezo; embora consciente
da sua grandeza.
Decidi
perder os amigos para conservar aquilo que justifica a Amizade.
Antevendo
a vitória de Getúlio Vargas, Lacerda tentou convencer Cristiano
Machado (1893 – 1953), candidato do PSD, a renunciar e a apoiar o
brigadeiro Eduardo Gomes (1896 – 1981). São suas as palavras:
—
Dr. Cristiano, parece que o senhor vai ser candidato do PSD. E já
está lançada a candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes. Isto
significa a vitória do Dr. Getúlio Vargas. Só há
uma maneira, talvez, de os senhores se entenderem: ou é o Brigadeiro
desistir da candidatura dele em seu favor ou é o senhor desistir
da sua candidatura em favor da
candidatura do
Brigadeiro. A segunda hipótese me parece melhor; não por nenhum
desapreço ao senhor, mas é porque é muito mais fácil
levar o seu eleitorado para o Brigadeiro do que trazer o do Brigadeiro para
o senhor.
Cristiano
Machado, então, pondera: —
Mas você sabe, sou um homem de partido. O PSD está me escolhendo.
Não compete me envolver nisso. Eu não posso renunciar a uma
coisa que não é minha.
Lacerda
conclui: —
É, nesse caso, nós vamos para a derrota, o senhor e nós!
Com a diferença que o senhor vem em terceiro lugar.
A
vitória de Getúlio Vargas se confirmou por maioria.
Amizade
não é um sentimento capaz de justificar o silêncio e
a cumplicidade quando o amigo erra.
O
erro da vida pública, que prejudica inocentes, milhares, milhões
de inocentes, vítimas do erro desses que se perdoam tudo entre si
porque encobrem as suas complacências recíprocas, com o forte
e doce nome de amizade. Isto não é amizade. Tem outro nome.
Chama-se cumplicidade.
Por
mais que faça, não nasci para me poupar nem para ser poupado.
Gostaria de passar despercebido. Não. Não é questão
de gostar. É que não sei. Faço com naturalidade o que
alguém precisa fazer. Digo com insistência o que muitos preferem
não ouvir. Quando me escutam, dizem que falo muito alto. Quando não
me ouvem, será por que não falei? Quando silencio, atribuem
a algum propósito meu silêncio. Nunca tive outras intenções
senão as que declaro. Muito visto e pouco conhecido, creio que assim
ficarei até morrer. Mas nunca passarei em silêncio pela vida
catando, para arvorar como insígnia os sinais da alienação.
O
próximo grande passo da Frente Ampla é começar a luta,
dentro da lei, pela recuperação do direito de o povo votar.
Fala-se
em aumentar produção, mas não se fala em aumentar consumo.
Se os consumidores não tiverem dinheiro para comprar a produção,
não adianta aumentar a produção porque não resolve.
Nunca
foi intenção do FMI fazer nada em particular a favor do Brasil...
O FMI não é nem de Niterói; ele é de Nova Iorque,
de Paris, de Londres. Não tem nada que ver com o problema brasileiro.
Ele não tem nada a fazer pelo Brasil.
As
minhas dificuldades eu vou vencendo.
A
luta que sempre travei foi pela Democracia e pelo progresso do Brasil.
Há
quatro anos, o Dr. João Goulart é que era o perigo... O perigo
agora é outro; é ficarmos passando da mão de general
para general, e o povo não ter mais liberdade nem possibilidade de
fazer valer os seus direitos. Em 64 o perigo era o Comunismo, neste momento
o perigo é eles entregarem o Brasil a grupos econômicos americanos,
como entregou o Governo Castelo Branco.
Porque
é a mais arriscada, o
protesto é a mais alta forma de
colaboração.
Quando
se é pago para mudar de opinião é coerência;
quando se muda de opinião de graça é incoerência.
Então, assim não é possível argumentar.
Sou
contra o Comunismo. Mas eu prefiro o Partido Comunista defendendo suas idéias
dentro da lei, do que o Partido
Comunista fora
da lei conspirando contra a lei... Quem tem medo do Comunismo deve trabalhar
pela Democracia, e não substituir a Democracia por uma ditadura.
Rara é a pessoa capaz de pesar
os defeitos dos outros, sem botar um dedinho na balança para acusar
um pouco mais do peso.
É
preciso sacudir o País!
Se Jânio trair os meus ideais,
terá que trair primeiro os seus.
No
Palácio das Laranjeiras:
Jânio
pergunta: — Carlos,
você está conseguindo governar a Guanabara?
Lacerda
responde:
— Bem, comecei
outro dia e ainda estou fazendo a Constituição.
Jânio
replica: — Pergunto
se você consegue fazer alguma coisa com esta Assembléia? E
quanto ao Governo Federal, Jânio acrescenta:
—
Eu tenho a impressão de que vai ser muito difícil governar
o Brasil com este Congresso.
Quem
não foi comunista aos dezoito anos não teve juventude; quem
é depois dos trinta não tem juízo.
A educação da prole
é direito inalienável e imprescritível da família...
A escola é, fundamentalmente, prolongamento e delegação
da família... Para que a família, por si ou por seus mandatários,
possa desobrigar-se do encargo da educar a prole, compete ao Estado oferecer-lhe
os suprimentos de recursos técnicos e financeiros indispensáveis,
seja estimulando a iniciativa particular, seja proporcionando ensino oficial
gratuito ou de contribuição reduzida.
Eu
prefiro ser surpreendido pela traição do que ficar a vida
inteira esperando por ela.
Quanto ao chamado lacerdismo, foi
realmente um fenômeno que existiu e que teve várias conotações,
umas muito nobilitantes, no sentido de que o lacerdismo seria um estado
de espírito, digamos, reformador e honesto; outras mais pejorativas,
como 'as mal-amadas', termo inventado pelo Antônio Maria, exatamente
depois daquela história da greve da PANAIR, um certo fanatismo...
As 'mal-amadas', segundo Antônio Maria, seriam criaturas que não
eram suficientemente amadas pelos respectivos maridos ou namorados e que
se fixavam em mim, como um mito, assim, machista. Era essa a intenção
dos que usavam o termo pejorativamente. Era como se você dissesse
'as solteironas'.
Sobre
o suicídio de Getúlio Vargas, na madrugada de 24 de agosto
de 1954: No primeiro momento, eu mesmo disse: ‘Que coisa
horrível terminar assim! Podia ter renunciado ou qualquer coisa,
mas ficava vivo’. Alguém teve até essa frase: ‘Puxa,
ele puxou a toalha debaixo da nossa festa'.
Se
for para criar algo ruim, melhor continuar a copiar algo bom.
Justificando a Frente Ampla:
O
povo está sem voz. Com a suspensão do povo de escolher os
seus governantes essa ausência de líderes se torna ainda mais
grave. É preciso, portanto, reunir tudo o que for útil, tudo
o que for válido para mobilizar a fé do povo, a confiança
do povo em seu próprio destino, no seu próprio futuro. A Revolução
foi traída e, portanto, só lhe resta um caminho: o da redemocratização.
O
que peço a Deus é que me conserve exatamente essa capacidade
de parecer incoerente, quer dizer, de elogiar o sujeito quando o sujeito
me parece que está fazendo a coisa certa e, amanhã, espinafrá-lo
quando me parece que ele está fazendo a coisa errada... Incoerente
seria eu se continuasse a elogiá-lo.
O
regime democrático é, no Brasil, uma promessa há muito
tempo adiada.
Getúlio
conseguiu dar um golpe que era uma mistura estranha entre fascismo, fascismo
mesmo, de caudilhismo sul-americano e até de um vago socialismo.
Mas, mesmo para dar o golpe Getúlio hesitava – foi sempre um
hesitante, um vacilante; nunca foi um homem de decisões. As decisões
é que vinham ao seu encontro. Podemos dizer que ele sempre foi um
filho legítimo do oportunismo. Foi um grande oportunista.
Getúlio
era absolutamente incompatível com um regime democrático.
Venho
à esta comissão como testemunha de um tempo de subversão
de valores, na qual – como na sátira de George Orwell –
fala-se em liberdade
para matá-la, em Democracia para destruí-la, em legalidade
para negá-la na sua própria essência. As palavras adquirem
um sentido oposto ao seu significado; e os homens afetam sentimentos nobres
para justificar, na perplexidade das idéias, a política dos
mais baixos instintos.
Sobre
a aproximação do homem público com o privado:
Existe entre os fatos da vida pública e os da vida particular certa
ação recíproca, regular e, talvez, periódica.
Perfil
psicológico de Getúlio Vargas. Após relatar dois episódios
em que Getúlio teria dito que iria se matar, Lacerda conclui:
Esses dois episódios, se verdadeiros, e eu não tenho motivo
para supor que não sejam, denotariam, no Getúlio, uma vocação
suicida, que justificaria essa teoria dos psicólogos sobre o suicida,
que nunca tem realmente uma razão para se suicidar; o que o
suicida tem
é uma inclinação ao suicídio. É um impulso
de autodestruição ou de vingança, conforme o caso,
que tem dentro de si.
Nesta
fase da minha vida, me preocupa saber que, no passar do tempo, talvez a
minha oportunidade de ser Presidente da República – cargo para
o qual me preparei –
venha quando minha
saúde já não me ajudar e as disposições
do espírito se recusarem às disposições
do corpo. Isto que
alguns chamam de ambição, para esconder a sua, é apenas
a consciência de uma tarefa a executar, de uma missão séria
a cumprir.
Há
pessoas inteligentes que, por força de se deixarem adular, acabam
estúpidas.
Na
condução política da coisa pública não
basta saber fazer. Igualmente importante é fazer saber.
Se
amar a vida fosse crime, o Rio não teria perdão.
Não
se deve confundir o popular com o populista. Nem o democrático com
o demagogo. O que não tenho, ou se tenho luto por extirpar do meu
ser político, é algum traço de vocação
para demagogo. Na medida em que o consiga, chegarei a ser, se até
lá não acabar antes da hora, um verdadeiro líder democrático.
Isto é: um líder e não um chefe. Mas, um líder
que, por ser líder, não se vulgariza, não se abastarda,
não degrada a sua liderança.
Se
mudam as soluções para levar à prática os princípios
que defendo, adoto as novas soluções e não mudo os
princípios. Seria incoerente mudar de princípios para servir
às soluções diversas que se impõem a uma consciência
verdadeiramente livre, aberta às retificações do tempo
e da experiência. É isto, no meu entender, a coerência.
O contrário disto é apenas a teimosia...
A
história só é válida quando contada com todos
os seus valores, negativos e positivos.
Sou
dos que pensam – e sentem –
que os meios não
justificam os fins; mas não devem substituir os próprios fins,
e, sim, apenas, servirem para atingi-los. Os meios mudam. E devemos mudá-los,
para atingir os fins, que não devem mudar.

Para
Concluir
Contam
– não sei se é verdade – que, certa vez, em uma
sexta-feira treze, chuvosa e trovoenta, de um mês de agosto, às
treze horas, apareceu no Palácio da Guanabara uma senhora muito velha
e encarquilhada, com um bafo de tigre louco infernal, um buço que
mais parecia um escovão, maltrapilha de dar dó, chinelas encardidíssimas,
e que, enfim, queria porque queria ter uma audiência com o então
Governador Carlos Lacerda. Insistiu, esperou, pacientou e conseguiu.
No encontro reservado, a macróbia
deu ao Governador um presente – um espelho mágico que respondia
a qualquer pergunta. Mas avisou: — Este
espelho mágico pertenceu ao Mago Merlin. Veja lá o que o Senhor
vai perguntar ao espelho. Ele não tem papas na camada de prata. Perguntou,
ele responde; seja lá o que for.
Lacerda
agradeceu, não disse nada, mas ficou intrigado com a história
da velha. Escondeu o espelho mágico embaixo de um sofá, e
quando seu chefe de gabinete lhe perguntou o que a velha queria, Lacerda
desconversou e respondeu: — Nada;
apenas parabenizar o nosso Governo.
De noite, lá pelas dez horas,
sozinho em seu gabinete, trancou a porta, pegou o espelho mágico
e o pendurou na parede. Era um espelho negro, lindíssimo, mas meio
assustador. Mas Lacerda não se intimidou, e resolveu testar se o
espelho respondia mesmo às perguntas que lhe eram feitas. Vaidosíssimo,
sem pestanejar, perguntou de chofre:
Lacerda:
— Espelho,
espelho meu: há, neste Brasil um político mais bonito do que
eu?
E
o espelho respondeu: — Ora
Carlos, que papel! Então não há o Raphael?3
Lacerda,
enfurecido com a resposta, quebrou o espelho mágico em mil pedaços.
Vai ver que foi cassado, silenciado e nunca foi Presidente por isto. Dizem
que quem quebra um espelho arruma sete anos de azar! Sei lá! Vai
ver que é!
O
Espelho Mágico
______
Notas:
1. CARTA-TESTAMENTO
DE GETÚLIO DORNELES VARGAS
Mais
uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente
e se desencadeiam contra mim. Não me acusam, insultam; não
me combatem, caluniam-me; não me dão o direito de defesa.
Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para
que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo, e principalmente
os humildes. Sigo
o destino que me é imposto. Depois de decênios de espoliação
dos grupos econômico-financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma
revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação
e instaurei um regime de liberdade social. Tive que renunciar. Voltei ao
Governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos
internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra
o regime de garantia do trabalhador. A Lei de Lucros Extraordinários
foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário-mínimo
se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade na potencialização
das nossas riquezas através da PETROBRAS e, mal começa esta
a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás
foi obstaculada [sic]
até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.
Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro
da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho.
Os lucros das empresas estrangeiras alcançaram até 500 por
cento ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos
existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares
por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto.
Tentamos defender seu preço, e a resposta foi uma violenta pressão
sobre a nossa Economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho
lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma agressão
constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo,
renunciando a mim mesmo para defender o povo, que agora se queda desamparado.
Nada mais posso dar, a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina
querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro,
eu ofereço, em holocausto, a minha vida. Escolho este meio para estar
sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao
vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso
peito a energia para a luta, por vós e por vossos filhos. Quando
vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação.
Meu sacrifício vos manterá unidos e meu sangue será
a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama
imortal na vossa consciência e manterá a vibração
sagrada para a resistência. Ao ódio, respondo com o meu perdão.
Aos que pensam que me derrotam, respondo com a minha vitória. Era
escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem
fui escravo não será mais escravo de ninguém. Meu sacrifício
ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço
de seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei
contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto.
O ódio, as infâmias e a calúnia não abateram
meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte.
Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da Eternidade e
saio da vida para entrar na História.
2. O
jornalista Hélio Fernandes (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1920)
certo dia escreveu: Carlos
Lacerda desejou o poder com devoção, com grandeza, com seriedade,
com a consciência de que estava preparado para exercê-lo no
sentido coletivo e não no individual. Nesse sentido individual era
que Carlos Lacerda não tinha nenhuma ambição. No sentido
coletivo sua ambição de poder era colossal; não se
continha nos limites dele mesmo. Sua
ambição era
verdadeiramente aterrorizadora.
3. Raphael
Hermeto de Almeida Magalhães (Belo Horizonte, 1930) é um advogado
e político brasileiro. Foi membro da UDN carioca, Vice-governador
da Guanabara (na gestão de Carlos Lacerda) Governador do antigo Estado
da Guanabara, ex-deputado federal e Ministro da Previdência Social
no Governo José Sarney, entre 18 de fevereiro de 1986 e 22 de outubro
de 1987.
Páginas
da Internet consultadas:
http://my.opera.com/molahms/blog/
http://www.institutodehumanidades.com.br/
arquivos/a_ingerencia_militar_arsenio.pdf
http://www.conamp.org.br/Lists/
artigos/DispForm.aspx?ID=120
http://www.farmaciadepensamentos.com/
pautorl02.htm
http://www.mondoweb.com.br/_
JOB/FUNDAMAR03/boletins%5C166.pdf
http://juventudenegra.ning.com/profiles/blog
/list?user=03vtzzz8ojj59&xg_source=activity
http://chocarrice.blogspot.com/
2009_12_01_archive.html
http://www.memoriaviva.com.br/
ocruzeiro/24091960/240960_2.htm
http://www.frazz.com.br/
autor.html/Carlos_Lacerda-1960
http://www.encontro2010.rj.anpuh.org/
http://www.usp.br/anagrama/
Venancio_jornalistapolitico.pdf
http://www.sbhe.org.br/
http://www.pensador.info/
autor/carlos_Lacerda/
http://www.jornalorebate.com.br/
http://educaterra.terra.com.br/
voltaire/500br/vargas_agosto548.htm
http://www.intercom.org.br/bibliocom/
sete/pdf/fabio-caldas.pdf
http://abaciente.blogs.sapo.pt/
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/
artigos/al2305200191.htm
http://www.eca.usp.br/pjbr/
arquivos/monografia1_g.htm
http://www.pitoresco.com.br/
historia/republ303x.htm
http://blogdosanharol.blogspot.com/2009/08/
carlos-frederico-werneck-de-lacerda-por.html
http://romance-historico.blogspot.com/
http://www.alashary.org/
versos_para_meu_irmao_de_sangue_te_amo/4/
http://tigredefogo.wordpress.com/
2007/09/26/carlos-lacerda/
http://www.amoreamor.com/
frases-do-autor--carlos-lacerda--4378.html
http://www.frasesonline.com.br/
frases.php?id=1746
http://pt.wikiquote.org/
wiki/Carlos_Lacerda
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Ten%C3%B3rio_Cavalcanti
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Carlos_Lacerda
Música
de fundo:
Vagalume
Composição: Vitor Simon e Fernando Martins
Interpretação: Violeta Cavalcanti
Fonte:
http://decadade50.blogspot.com/
2006/08/carnaval-das-denncias_27.html